Ordenação Presbiteral de Frei Josemberg Cardozo Aranha
Ordenação
Duque de Caxias (RJ) – Frei Josemberg é admitido à Ordem Presbiteral. Na tarde deste sábado, 07, às 15h, na Catedral de Santo Antônio de Duque de Caxias, Frei Josemberg Cardozo Aranha foi ordenado presbítero pelas mãos de Dom Tarcísio Nascentes dos Santos, bispo desta Diocese.
Na presença dos confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, o frade eleito ao ministério presbiteral foi ordenado. Entre os presentes estavam o Ministro Provincial Frei Paulo Roberto Pereira e o Vigário Provincial Frei Gustavo Wayand Medella, e muitos outros confrades das mais diversas Fraternidades, inclusive Frei Samuel Ferreira de Lima, mestre de noviços na Fraternidade de Frei Josemberg e que trouxe consigo dois noviços de Rodeio (SC).
A celebração iniciou-se com um clima fresco na Baixada e uma leve garoa. O clima festivo dos frades logo preencheu o presbitério da Igreja Mãe da Diocese de Duque de Caxias, revivendo seus primeiros anos de história. Dedicada a Santo Antônio, a Catedral na qual aconteceu a ordenação nasceu pelas mãos dos religiosos de nossa Província.
As vozes dos Corais dos Canarinhos de Petrópolis se fizeram presentes cantando a liturgia. Logo no início da celebração, Dom Tarcísio acolheu ao Frei Josemberg, seus pais e familiares, e acolheu a todos os frades na pessoa do nosso Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira.
O povo de Deus, que acompanha os frades nas Fraternidades locais, Imbariê e Campos Elíseos, e que acompanharam o nascer da vocação de Frei Josemberg, também marcaram presença nesta celebração.
Após o Evangelho, Frei Josemberg se apresentou como candidato à ordenação e Dom Tarcísio prosseguiu. Em sua homilia, o bispo começou por destacar a missão do apóstolo Paulo entre os gentios, a salvação veio para todos e isso é “a superação de uma mentalidade exclusivista que queria reservá-la apenas a Israel, superação que não e fácil nem indolor”. Dito isso, salientou o pedido do Papa Francisco por uma Igreja em Saída.
Ao refletir sobre a liturgia que remete a figura do Cristo Bom Pastor, Dom Tarcísio trouxe as imagens do Cordeiro e do Bom Pastor para o centro de sua reflexão: “Aos que se doaram por Cristo durante a sua vida, encontrarão consolo junto ao Cordeiro-Pastor da visão de João. E o Cordeiro será o seu pastor, Frei Josemberg, nessa missão”.
Sobre o lema da ordenação, o bispo ainda refletiu: “Elevar as mãos para a oração é um gesto externo, estético, mas elevar o coração é uma atitude interior, não é um movimento de fora para dentro, mas de dentro para fora, e, por isso, de muita entrega”. E prosseguiu, aconselhando o eleito: “A oração alimenta a amizade com Cristo e o seu ministério. Por isso, é importante gastar tempo com a oração, gastar tempo em querer estar com Deus. É do dom total de nossa entrega a Deus que brota a nossa doação ao povo de Deus”. Falou ainda sobre a dimensão do ministério presbiteral de ser mestre, pastor e guia.
Após a homilia, Frei Josemberg foi admitido à Ordem dos Presbíteros da Igreja e deu sua primeira bênção aos pais, gesto de muita emoção! O neopresbítero foi acolhido, então, com um abraço pelos presbíteros, com quem dividirá o ministério e pelos confrades presentes, com que quem ele divide a sua caminhada e vocação.
Ao final da celebração, Frei Gustavo Medella agradeceu ao bispo local, as comunidades que incentivaram e nutriram a vocação de Frei Josemberg, aos familiares do confrade, aos animadores do SAV provincial, aos missionários e a todos os envolvidos.
Muito emocionado, Frei Josemberg agradeceu ao bispo, à Província e aos demais. Porém, um agradecimento lhe embargou a voz: “Deus me deu a graça de pertencer a uma família temente a Deus, trabalhadora, que sempre enfrentou tantos problemas, mas que nunca deixou de se apegar a Deus e a Nossa Senhora. A maior herança, o maior tesouro, a maior fortuna que recebi na vida, foi a fé de meus pais. A vocês, pai e mãe, e a toda a minha família, muito obrigado!”. Os agradecimentos se estenderam também aos demais familiares e aos que de perto ou longe rezaram por sua missão.
Frei Gilberto Silveira da Costa Junior, OFM (texto) e Frei Roger Strapazzon, OFM (fotos).
Primeira Missa
Duque de Caxias (RJ) – O menino travesso da Baixada Fluminense foi acolhido de braços bem abertos pela sua Comunidade de origem, a capela dedicada a São Domingos, que viu-se cheia com a presença dos frades e do povo de Deus para celebrar, juntos com Frei Josemberg Cardozo, a sua Primeira Missa, às 9h, deste domingo (8/5).
O clima solene e festivo foi marcado pela gratidão que toda a Comunidade sentia pelo ‘Sim’ de Frei Berg, como é conhecido: “Ele foi gerado não apenas pela sua mãe, mas por toda a comunidade e, hoje, toda a comunidade se alegra com ele!”
Foi na ordenação de Frei Vanilton Aparecido Leme, dia 13 de maio de 2006, em Itu (SP), que Frei Josemberg sentiu-se atraído pela vida franciscana. E em sua primeira Missa, agora como presbítero, foi Frei Vanilton quem fez a pregação.
“Hoje nos reunimos com um sentimento comum de Ação de Graças pela ordenação presbiteral de Frei Josemberg. E nada mais significativo do que fazer isso em torno à mesa Eucaristia e quando a liturgia nos convida a celebrar tendo Jesus como o Bom Pastor”. Seguiu sua reflexão acerca da imagem do bom pastor recordando as comunidades primitivas e o seu verdadeiro significado: “E quando os primeiros cristãos falam de Jesus como ‘Bom Pastor’, não o fazem, para apresentá-lo como chefe e comandante, mas para destacar sua preocupação pela vida das pessoas, a ponto de chegar a ‘dar sua vida’ por elas”.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Frei Vanilton trouxe ainda uma reflexão do Papa Francisco muito pertinente à missão que Frei Josemberg acabara de assumir: “Repito a você, Frei Josemberg, as palavras de nosso Papa Francisco: ‘Que o alimento da sua vida seja alimento para o povo de Deus, sua doutrina, alegria e apoio aos fiéis de Cristo. Que você pelo Ministério presbiteral possa levar Deus às pessoas e as pessoas a Deus e, assim, que todos possam continuar construindo a Casa de Deus. Pois o sacerdócio é a continuidade da obra de Cristo: a Igreja'”.
Encerrou sua pregação lembrando o Dia Mundial das Vocações, pedindo ao Cristo Bom Pastor que continue a atrair mais vocações. E, sendo Dia das Mães, não poderia deixar de agradecer à mãe de Frei Josemberg, a senhora Maria Lúcia, pela vida e educação transmitidas ao filho.
Num gesto fraterno, relembrando o que o seu pregador fizera contigo em sua primeira Missa, Frei Vanilton abençoou a Frei Josemberg com a bênção de São Francisco de Assis.
“Que o Senhor te abençoe e te guarde,
te mostre a sua face e se compadeça de ti
e te proteja em todos os dias de tua vida,
guardando-te fiel no seu amor;
E que produzas muitos frutos para o bem da Igreja,
da Ordem Franciscana, da tua família
e de todas as criaturas
Amém!”
A liturgia seguiu solene, levando todos os presentes à oração. Após a comunhão, a comunidade fez a leitura da biografia de Frei Josemberg, relembrando a sua trajetória e suas histórias junto à Comunidade. Como um gesto de gratidão, a Comunidade colocou novas sandálias nos pés do frade. “Aqui você deu os primeiros passos na fé e aqui você começa uma nova caminhada, nós estamos com você!”
Frei Paulo Roberto Pereira, nosso Ministro Provincial, dirigiu algumas palavras à Comunidade e a Frei Josemberg. “Ao chegar aqui ouvi muitos relatos da Irmã Terezinha, Irmã Catequista Franciscana, que muito fez por essa Comunidade. Quando me encontrei com ela, disse-me que estava diferente, ao que respondi que cresci em graça, em virtudes e em estatura para chegar ao céu. Ela me perguntou: ‘E onde é o céu, frei?’. Agora eu respondo: Aqui é o céu, Ir. Terezinha. Nós experimentamos o céu pelo acolhimento que recebemos, porque aqui Deus nos fala, a experiência de hoje é uma experiência de céu. E que o céu se multiplique em nossas realidades e em cada Missa presidida pelo Frei Josemberg”.
Frei Paulo ainda refletiu sobre aquilo que Frei Berg disse em sua entrevista: “Você disse que estava calmo, tranquilo quanto à ordenação, mas com medo por reconhecer as suas fragilidades. Na insígnia “JHS” (Jesus Salvador dos Homens), presente nas mãos da imagem de São Domingos, nós reconhecemos o jeito humano de ser de Jesus Cristo, e esse jeito humano salva! Nesse jeito humano de ser do Cristo, nós não nos medimos pelas virtudes, nós nos medimos pelas limitações e nisso somos todos iguais. Obrigado, Frei Josemberg, pelo reconhecimento de suas fragilidades e por assumir essa missão!”. Seus agradecimentos se ampliaram também à Fraternidade local, que, no silêncio, trabalhou para que tudo isso pudesse acontecer.
Frei Josemberg, mais uma vez, agradeceu à Província, na pessoa de Frei Paulo, Frei João Reinert e demais confrades. E, em uma homenagem ao Dia das Mães, presenteou a sua mãe com o manustérgio que amarrou as suas mãos em sua ordenação presbiteral. Símbolo de uma tradição já antiga na Igreja.
E, como um gesto de reconhecimento da presença materna da mãe de Jesus em sua caminhada, Frei Josemberg consagrou à Virgem de Fátima o seu ministério.
Frei Gilberto Silveira da Costa Junior, OFM (texto) e Frei Roger Strapazzon, OFM (fotos).
Entrevista
A Catedral de Santo Antônio, em Duque de Caxias, que foi erguida pelos frades da Província da Imaculada Conceição, voltará a ver os filhos de São Francisco de Assis em grande número. Frei Josemberg Cardozo Aranha, filho desta terra, será ordenado presbítero no dia 7 de maio, às 15 horas, pelas mãos do Bispo Diocesano de Duque de Caxias, D. Tarcísio Nascentes dos Santos. No dia seguinte, às 9 horas, ele celebrará as Primícias na Comunidade São Domingos, no Jardim Anhangá.
Frei Berg, como é chamado, ingressou no Aspirantado no Seminário São Francisco de Assis, em Ituporanga (SC) em 2010 e, no ano seguinte, no Postulantado no Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP). Vestiu o hábito franciscano no Noviciado em 2012, fazendo a 1ª Profissão no término deste ano em Rodeio (SC). Entre 2013 e 2015, cursou Filosofia na FAE-Centro Universitário de Curitiba (PR). Viveu o Ano Missionário em São Paulo (SP), no Sefras, em 2016. Em 2017 iniciou a etapa da Teologia em Petrópolis (RJ). Fez a Profissão Solene em 15 de setembro de 2018, dia de Nossa Senhora das Dores. Concluiu os estudos de Teologia em 2020 no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), sendo ordenado Diácono em 19 de dezembro do mesmo ano. Sua primeira transferência, após o tempo de formação, em 2021, foi como vice-mestre e a serviço da evangelização no Noviciado Franciscano São José e Paróquia São Francisco de Assis, em Rodeio (SC).
Site Franciscanos – Frei Berg, fale um pouco de sua vida?
Frei Berg – Sou filho único, e tive a graça de nascer em um lar temente a Deus, com grande fervor na fé. Meus pais, José Aranha Gomes e Maria Lúcia Cardozo Aranha, são nordestinos e, desde o berço, bebi desta piedade particular, sobretudo a devoção a Nossa Senhora. Por conta disso, nossa vida eclesial foi muito forte. Pertencíamos à Comunidade São Domingos, da Paróquia Santa Clara de Assis, em Duque de Caxias (RJ). Sempre fui comprometido nas pastorais, sobretudo na catequese, gerando um círculo de bons amigos. Estes fatores formaram minha personalidade, um homem mais do deserto e da solidão, mas que gosta, e muito, da companhia dos irmãos.
Site Franciscanos – Quando se deu o discernimento vocacional?
Frei Berg – Nasci em uma paróquia franciscana. Lendo a Vida de Santa Clara e de São Francisco de Assis, e com o testemunho da fraternidade franciscana, comecei a pensar na possibilidade de viver a vocação religiosa. Contudo, foi na Ordenação Presbiteral de Frei Vanilton Aparecido Leme, em Itu (SP), em 13 de maio de 2006, dia de Nossa Senhora de Fátima, que senti fortemente o chamado de Deus. Daí em diante, tive a coragem de tomar a decisão de seguir este caminho, iniciando o processo de discernimento vocacional.
Site Franciscanos – Por que escolheu ser frade franciscano?
Frei Berg – Antes de pensar em ser frade, minha formação estava se inclinando à área da educação. No Ensino Médio me formei em magistério e, em seguida, conclui a faculdade de licenciatura em Matemática. Foi neste meio tempo que fui conhecendo e me encantando pelo carisma franciscano. A forma de vida franciscana me encantou pelo testemunho da fraternidade, pois eu via com meus próprios olhos. Mas o fim último, de desejar amar a Deus com todas as forças, com todo o coração, com um amor seráfico, de um peito em chamas que não se apagam, é o que até hoje me encanta. A vida fraterna e o desejo de amar a Deus é a razão de escolher ser franciscano.
Site Franciscanos – Depois de tantos anos de estudos, você está prestes a ser ordenado presbítero. Fale-nos como está essa expectativa.
Frei Berg – Eu me sinto profundamente realizado como um frade menor. Neste sentido, o ministério presbiteral vem somar ao serviço da doação de minha vida, vem ampliar a possibilidade de servir ao povo de Deus, ao desejo de amar a Deus com um coração seráfico, junto o desejo profundo de configurar meu coração ao Coração de Nosso Senhor. Atualmente, mais do que expectativas, é o sentimento de incapacidade que me toma. Não é uma falsa modéstia, é, antes, o reconhecimento da grandiosidade deste ministério. Apesar de tudo isso, me sinto feliz, profundamente agradecido a Deus.
Site Franciscanos – O que é o presbítero para você?
Frei Berg – Em sua raiz mais profunda e literal, a palavra presbítero significa “ancião”. Para além do que já nos diz a Tradição da Igreja e a Teologia sobre o ministério presbiteral, eu também acredito muito nesta dimensão de ser um pai, alguém que está próximo e ajuda a apontar os caminhos, enfrentar os problemas, guiar nas sendas da verdade, introduzir na fé e ser um suporte. Outra dimensão é o próprio sacerdócio ministerial, se configurar a Cristo, que doou sua própria vida em sacrifício.
Site Franciscanos – Há espaço para o carisma franciscano no mundo de hoje?
Frei Berg – Sem sombra de dúvida. Como rezam as Fontes Franciscanas, São Francisco quis que fôssemos chamados de Frades Menores, para sermos submissos a todos. Submissos no sentido de servir. Somos servidores em duas dimensões: a dimensão da caridade, servindo a todos que de alguma forma têm necessidades eminentes, e na dimensão da humildade, diante de um mundo materialista, dando testemunho de que o que mais importa é Deus. “Não temos ouro e nem prata, mas o que temos, nós ofertamos”.
Site Franciscanos – Vale a pena ser religioso franciscano? Deixe uma mensagem para os jovens que querem conhecer o carisma franciscano.
Frei Berg – Sim, vale a pena, ou melhor, vale a própria vida, pois, “quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á”. De alguma forma, em nossas vidas acabamos experimentando traços do amor. Imagine penetrar tamanho amor, um amor que não se acaba. Esse é o fogo seráfico que queima na Ordem Franciscana. Tenha coragem, caro jovem, de dizer sim e abraçar este Amor, que, como uma paz inquieta, já invade vosso peito.
Moacir Beggo