Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Feriram o lado do Senhor

02/05/2019

O sol não suportou ver maltratado o Sol da Justiça

Com uma lança perfuram o lado daquele que criara Eva do lado de Adão; jorraram água e sangue divino, bebida de imortalidade e batismo de regeneração. Por isso, o sol escureceu, não suportando ver maltratado o Sol da justiça. A terra estremeceu aspergida com o sangue do Senhor, purificada da idolatria e saltando de alegria por essa purificação.
São João Damasceno

Através de todos os séculos, Jesus o Verbo feito carne, esse que assumiu nossa história e que, ressuscitado, toma conta do universo de nossa vida e ilumina os nossos caminhos sempre foi adorado, amado, exaltado, enaltecido em seus gestos de amor. Belíssimas as considerações de João Damasceno (séc. VIII), João de Damasco, contemplando, extasiado, o lado do Senhor, perfurado por uma lança. Lado quer dizer o espaço do coração. Não tão somente o coração de carne, mas o nó mais íntimo, o santuário mais recôndito do ser humano. Uma brecha no peito do Amado. Coração, espaço de onde brota a verdade mais profunda do ser humano.

♦ Lado que evoca a criação da mulher do Livro do Gênesis. Adão perambula solitário pelo jardim. Falta-lhe alguém. As coisas, os animais e tudo o que tinha à sua volta na lhe enchem o coração. Em sua caminhada, ele precisa de companheiros. Caminhar com… Do “lado” de Adão, veio a companheira, aquela que seria carne de sua carne. E os dois haveriam de percorrer os caminhos do mundo num imenso bem-querer. Lado, coração, amor. Tudo isso se entrelaça. Nunca foi tão importante como em nossos dias fazer de sorte que marido e mulher, sobretudo quando são discípulos do Senhor, esvaziem o coração de seus “negócios” e se amem “de coração”. Não um casalzinho fechado em seu pequeno bem-querer. Mas, dois que irradiam… Como a Igreja tem que irradiar já que ela também nasceu do lado do Senhor. Os sacramentos da Igreja, eucaristia e batismo, nasceram do lado aberto do Senhor. Lado, coração, casal, Igreja se misturam quando ouvimos novamente o relato da lança do soldado que abre o peito do Senhor.

♦ João Damasceno fala que, no momento da morte do Senhor, conforme os ditos da Escritura, vieram trevas, o sol escureceu, não suportando ver a dor do Senhor. Hora das trevas. Mas houve a entrega do Senhor, serena, no alto da cruz. Depois de tanta dor e tão grande solidão ele entregou o Espírito e tudo foi reconciliado. O amor-oblação, irrestrito clareia, ilumina. Não fincamos nossa atenção e nossos pés na terra das trevas. Os que nos jogamos no Senhor, que ficamos extasiados de dor diante do lado aberto, somos seres que acreditamos no amanhã. Não ficamos queimando incenso ao ídolo que somos nós mesmos. O Damasceno escreve: “A terra estremeceu, aspergida com o sangue do Senhor, purificada da idolatria e saltando de alegria por esta purificação”.

♦ No lusco-fusco da fé, no dia a dia, nem sempre feito de sucessos, no cotidiano, de sonhos nunca realizados, de palavras nunca ditas, de dores que deixam marcas, o cristão é alegre. Depois da morte, o Senhor ressurgiu e trouxe alegria que não nos pode ser arrancada.

♦ “Tendo diante dos olhos o rosto do homem Jesus desfigurado e transfigurado, que por ele, com ele e nele, nosso “sim” seja “sim” e nosso “não” seja “não”. Se assim for, amanhã quando as noites nos encobrirem, hão de se erguer o homem e a mulher novos, filhos da luz” (Éric T. de Clermont-Tonnerre).

Frei Almir Guimarães

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