Reflexões para seus irmãos no sacerdócio ministerial
Amados irmãos no sacerdócio,
“Não quero considerar nos sacerdotes o pecado porque vejo neles o Filho de Deus e eles são meus senhores”.
Francisco de Assis
♦ Que a celebração da Eucaristia seja o sol de cada uma de tuas jornadas. Esforça-te por compreendê-la cada vez melhor, degustá-la e vivê-la. Preside a cada celebração como se fosse a primeira, a única, a última.
♦ Lembra-te que a celebração melhor celebrada é aquela que for melhor preparada. Não haverás de ser daqueles que passam de conversas mundanas à celebração da Missa, sem preparar-se pela oração nem que fosse por alguns minutos de recolhimento.
♦ Que tua celebração seja livre de toda rotina e automatismo. O que mata a celebração eucarística é precisamente a rotina. Compreende-se: a repetição leva à rotina. Não repitas sempre a mesma Oração Eucarística. A primeira Oração Eucarística se situa na grande tradição da Igreja Romana, pronunciada por muitos santos e apóstolos ao longo dos séculos; a terceira é digna de veneração pela sua antiguidade; a quarta nos oferece um belo resumo da História da Salvação. Varietas delectat, diz o ditado.
♦ Que cada palavra que pronuncias seja um verdadeiro anúncio e cada rito que realizas seja um autêntico “sinal sagrado”. Transforma tua celebração em vivência. A comunidade toda experimenta com alegria a presença do Senhor se presidires a celebração com devoção e com fé, tendo a atenção de pronunciar nitidamente cada palavra, como quem fala a Alguém que está presente, que se ama e se respeita imensamente.
♦ Evita todo “atropelo” e “correria” ao pronunciar a Oração Eucarística. O Cardeal Mercer aconselhava aos padres que consagrassem uns minutos a mais à sua celebração, com o cuidado de pronunciar em todas as palavras, evidentemente sem exageros teatrais, mas com digna solenidade. A comunidade, certamente, haverá de agradecer.
♦ Nunca improvises a celebração. Que nunca venha a acontecer que, estando aos pés do altar, não saibas quais as leituras previstas e o santo do dia. Seria uma falta de atenção séria à ação mais importante da Igreja e da tua vida.
♦ Nunca a causa de Deus, que é a salvação de todo o gênero humano, está tanto em tuas mãos como quando fazes a homilia. Tu sabes bem que a homilia pode ser a única instrução e formação da fé que efetivamente as pessoas recebem. Dificilmente fora da missa de domingo as pessoas recebem a Palavra. Haverás de ser interpelado pelo Senhor no dia de teu encontro definitivo com ele. Pensa nas palavras da Escritura: “Pediram pão e houve quem lhes desse”. Reflete em tua responsabilidade para que se cumpra em ti a promessa divina: “Os que tiverem conduzido a muitos para a justiça, brilharão como estrelas para sempre”.
♦ Grava isso no fundo do teu coração: o mais importante de toda a tua jornada é a celebração da Eucaristia. A presidência da missa como a dos demais sacramentos é o que há de mais precioso no teu sacerdócio ministerial. Quando presides a Eucaristia tu te encontras no ápice da pirâmide humana e nesse momento há apenas um acima de ti: Deus. A preparação próxima e remota para a missa é de suma importância para teu proveito e para o bem da Igreja.
♦ “Vive o que celebras e celebra o que praticas”. Estas palavras lembram o dia de tua ordenação. São um convite a que te ofereças diariamente como hóstia viva e agradável a Deus. Põe sempre em prática o conselho do Papa Pio XII: “Não deixes dia algum de fazer uma visita ao Santíssimo Sacramento, o que servirá ainda, exemplo para tua comunidade”. Haverás de fazê-lo com a amor pelo Senhor no sacrário com a intenção expressa de Paulo VI: “Com agradecimento pelo dom da Eucaristia e uma preparação a mais para a próxima celebração”.
♦ A celebração da Liturgia das Horas é o melhor termômetro de teu ardor sacerdotal. Quando um sacerdote começa a experimentar tibieza, deixa a Oração das Horas. Ama teu Ofício como escudo de tua santidade. Reza o Ofício em união com Cristo o “louvador” do Pai. Pelo Ofício adoras o Senhor em nome de tantos que não o fazem, de pedir perdão por teus pecados e pelos pecados dos outros, de render graças por toda a humanidade.
♦ Faze de sorte que as pessoas que te encontrem vejam em ti o sacerdote de Cristo.
♦ Procura sempre formar comunidades abertas, não guetos, mas cristãos em saída, gente que humanize a terra e que procure viver com todos os seres da face da terra a ventura do amor.
Frei Almir Guimarães