Julho 2020
- Frases do Papa Francisco sobre os Avós
- Dia dos Avós
- Maria Madalena no Jardim
- Cultivar a interioridade
- Dia Internacional da Amizade
- O memorial eucarístico
- Sobre esta edição
Frases do Papa Francisco sobre os Avós
Respeito
“Um povo que não respeita os avós é um povo sem memória e, consequentemente, sem futuro.”
Testemunhas dos valores
“Os avós na família são os depositários e, muitas vezes, testemunhas dos valores fundamentais da vida. A tarefa educativa dos avós é sempre muito importante e torna-se ainda mais, quando, por várias razões, os pais não são capazes de assegurar uma presença adequada ao lado dos filhos durante a idade do crescimento.”
Santuário espiritual
“Os avôs e as avós formam o “coro” permanente de um grande santuário espiritual, onde a oração de súplica e o canto de louvor apoiam a comunidade que trabalha e luta no campo da vida.”
Injeção de sabedoria
“A oração dos idosos e dos avós é um dom para a Igreja, é uma riqueza! Uma grande injeção de sabedoria também para toda a sociedade humana: sobretudo para aquela que está muito ocupada, muito presa e distraída. Alguém deve, então, cantar, também para eles, cantar os sinais de Deus, proclamar os sinais de Deus, rezar por eles!”
Encorajamento ao jovem
“Como é ruim o cinismo de um idoso que perdeu o sentido do seu testemunho, despreza os jovens e não comunica a sabedoria de vida! Em vez disso, como é bonito o encorajamento que o idoso consegue transmitir ao jovem em busca do sentido da fé e da vida! É realmente a missão dos avós, a vocação dos idosos.”
Palavras
“As palavras dos avós têm algo de especial para os jovens. E eles sabem disso. As palavras que a minha avó me entregou por escrito, no dia da minha ordenação sacerdotal, eu as levo ainda comigo, sempre, no breviário, e as leio e me faz bem.”
Grande dom para a Igreja
“Quando estive nas Filipinas, o povo filipino me saudava dizendo “Lolo Kiko” – isso é, vovô Francisco – “Lolo Kiko”, diziam! (…) Queridos avós, é um grande dom para a Igreja, a oração dos avós e dos idosos!”
História da família
“Aos avós que receberam a bênção de verem os netos, foi confiada a tarefa de transmitir a experiência de vida, a história da família e partilhar com simplicidade a sabedoria e a fé, que é a herança mais preciosa.”
Avós próximos
“Bem-aventuradas as famílias que têm os avós próximos! O avô é pai duas vezes e a avó é mãe duas vezes.”
Avós são um tesouro
“Os avós são um tesouro. A memória de nossos antepassados leva à imitação da fé. A velhice, às vezes, é feia por causa das doenças e de todo o resto, mas a sabedoria de nossos avós é a herança que recebemos.”
Transmissão da fé
“Rezemos por nossos avós e avôs, os quais, muitas vezes, tiveram um papel heroico na transmissão da fé em tempos de perseguição. Quando nossos pais não estavam em casa, ou tinham ideias estranhas como as que a política ensinava naquela época, foram as avós a nos transmitir a fé”.
Bênção para os avós
“Confio à proteção de Sant’Ana e São Joaquim todos os avós do mundo, dirigindo-lhes uma bênção especial. A Virgem Maria que, segundo uma bela iconografia, aprendeu a ler as Sagradas Escrituras sobre os joelhos da mãe Ana, os ajude a alimentar sempre a fé a esperança nas fontes da Palavra de Deus.”
Dia dos Avós
IDOSOS E AVÓS
•Neste dia 26 de julho, comemoramos o Dia dos Avós e Bisavós. É dia de São Joaquim e Sant’Ana! Podemos dizer que, em nossos tempos, há empenhos em valorizar a figura do idoso e do muito idoso. Não poucas pessoas vivem entre noventa e cem anos. Claro que nem sempre, eles e elas, merecem o afeto e o respeito de seus familiares e da sociedade. Houve avanços. Mas não é nenhum mar de rosas. Há muito que progredir.
• Muitos idosos e aposentados gozam de boa saúde. Levantam-se cedo, não ficam a manhã inteira de camisola ou de pijama. Respeitam-se a si mesmos. Têm brio de se apresentarem bem cuidados, limpos, barbeados e mesmo perfumados. Caminham, leem, regam as plantas, deixam-se embeber da leitura dos evangelhos, rezam, estudam inglês, vão ao cinema nas matinês. Agora, é claro, somente quando a pandemia terminar. São pessoas de bem com a vida, consultam o geriatra e/ou o cardiologista, controlam as taxas de colesterol e glicemia.
• Há esse pai-avó bem idoso que praticamente não anda mais. Vive meses ou até mesmo anos o quarto dos fundos, muitas vezes deitado, preocupando os familiares. Uns dias, o pai, avô e bisavô dá sinais de alegria, outros dias chora e se revolta com seu estado de doença e envelhecimento. Fica incomodado com o fato de precisar que lhe cortem as unhas, troquem sua fraldas, mudem muitas os lençóis da cama.
• Vejo aquela avó ainda em forma. Sempre bem ajeitada e bem penteada. Cabelos cinza-azul. Lá vai ela passear com a neta moça no parque. Conversam, riem, sentam-se diante um exuberante canteiro de hortências. Falam da chuva e do bem tempo. Fazem projetos. Tomam uma xícara de chocolate com torta de maçã e voltam para casa.
• Vejo finalmente esse casal de idosos na varanda da casa. Os dois escutam com dificuldade; mesmo assim tentam conversar. Ele gosta de ler. Tinha sido professor no tempo do viço da vida. Ela anda participando de aulas de pintura. Quando chegam os filhos com os netos é uma festa. Deixam tudo de lado e “paparicam” as crianças.
Viva os avós!
Maria Madalena no Jardim
I. Reflexão bíblica
MARIA MADALENA NO JARDIM
João 20
Neste dia 22 de julho ocorre a festa de Santa Maria Madalena.
Um túmulo num jardim. Um sepulcro novo onde Nicodemos e José de Arimateia depuseram o crucificado. A pedra foi rolada.
Na aurora do primeiro dia da semana, Maria Madalena penetra neste recinto. A pedra fora retirada e sepulcro estava vazio.
Ela é a mulher do Cântico do cânticos procurando seu bem amado.
“Retiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram” (Jo 20,13).
“Em meu leito pela noite
procurei o amado de meu coração.
Procurei-o e não o encontrei.
Levantar-me-ei,
rondarei a cidade,
pelas ruas, pelas praças,
procurando o amado de minha alma…
Procurei-o e não o encontrei!…” (Ct 3,1-4).
E, no entanto, ele está ali, bem perto. Ele pergunta: “O que procuras? Por que choras” (Jo 20,15).
Ela o mira sem identificar. Sem dúvida, pensava ela, que fosse o guarda do jardim.
Como nos primeiros dias do mundo, o bem-amado baixou de sua propriedade. O Deus jardineiro ressuscitou o homem. Adão é recriado.
Uma nova Eva renasce. Seus olhos e seu coração se abrem para um conhecimento novo, para um novo amor. Do jardim do Éden, os anjos a tinham expulsado. No jardim da ressurreição, os anjos a acolhem (Gn 3, 24 e Jo 20, 11-12).
“Escutei tua voz e fiquei com medo”, dizia Adão (Gn 3, 10). Hoje, Maria Madalena ouve a palavra de Jesus e seu coração muda. Ela voltou-se quando ouviu o ser nome. “Rabuni, meu mestre”, diz ela (Jo 20,11). Seu coração queima e seu grito é possessivo. Ela teria querido reter aquela que ela precisava anunciar aos irmãos.
“Abro ao meu amado,
mas o meu amado, se foi.
Procuro-o e não o encontro” (Cântico 5, 6).
Como os discípulo de Emaús, como todas as testemunhas da ressurreição.
A partir de agora ela viverá presença na ausência.
François Tricard, Les dossiers de la Bible, Março de 1985, n 7
Cultivar a interioridade
II. Para refletir
CULTIVAR A INTERIORIDADE
Não podemos perder o tempo da vida. Ele nos é dada para sorver avidamente nos mananciais da vida. E, lá por dentro, sempre viver a admirável ânsia de Agostinho: “ Irrequieto é nosso coração enquanto nãos descansar em Ti, Senhor”. Temos uma fonte lá dentro de nós, onde somos nós mesmos e não somos perdidos na vida. Alguém grita dentro de nós. “Estou aí!”
- Viver com consistência
Pode-se dizer que na civilização em que nos movemos torna-se difícil e penosa a aspiração evangélica ao escondido, ao secreto porque com a multiplicação das presenças superficiais- o celular, as redes – nossa civilização trivializou a intimidade. Com a criação à nossa volta do mundo do provisório vimos ir diminuindo nossa aptidão para a constância. Fomos perdendo a eloquência do silêncio e, assim, não somos capazes de grandes fidelidades.
Nunca foi fácil a criação de um espaço interior, em sintonia e bem integrado com o mundo exterior. Nunca foi fácil o caminho para a autenticidade que pouco tem a ver com a fuga do barulho, mas que busca uma densidade de vida que aposta na fidelidade e no compromisso.
Aqui está o primeiro passo no caminho da conversão para nossos dias: alcançar, apesar de tudo a autenticidade de quem vive em profundidade, tem consciência do que vive e age de acordo com o que dita o conhecimento. É longo o processo espiritual de construção de uma interioridade.
Luis López-Yarto Elizalde,SJ – Sal Terrae, fev. 2015, p. 123-124
- Interioridade
Há que apostar numa cultura da interioridade, uma cultura que recupere o homem interior e sua capacidade de refletir, discernir, amar e optar em liberdade pessoal e em solidariedade comprometida. Apostar numa cultura da interioridade não significa intimismo nem marginalização “insolidária”. Bem ao contrário, somente a pessoa entranhável será capaz de assumir respostas e compromissos. Na ação pastoral é imprescindível saber que sem levar em consideração a interiorização é impossível um processo de adesão à fé.
- J. L. Pérez Álvarez
- No âmago
Esse penetrar no mais interior de nós mesmos não acontece com o apelo a nossas próprias potencialidades, tampouco se trata de querer atingir um grau especialmente elevado de consciência. Para além de tudo isso, estamos diante de algo tão humilde e ao mesmo tempo tão maravilhoso e indescritível, como a ação da graça, da vida de Deus em nossos corações. Nossa interioridade se abre a uma profundidade inusitada: a profundidade do próprio Mistério, interioridade que ele mesmo cria para si em nosso interior, que abarca toda interioridade meramente humana na qual penetramos “teologalmente”.
Segundo pensamento – de Romano Guardini
- A marca da verdadeira vida
Naqueles que estão mais vivos e, por isso, são mais eles mesmos, a vida do corpo está subordinada a uma vida mais elevada dentro deles. A vida corporal se submete tranquilamente a uma vitalidade bem mais abundante de um espírito que vive em níveis que desafiam medidas e observações. A marca da verdadeira vida da pessoa não é, pois, a turbulência, mas o controle; não está na efervescência, mas na lucidez e orientação; não está na paixão, mas na sobriedade que sublima toda paixão e eleva ao inebriamento claro da mística O controle de que aqui falamos não é um controle arbitrário e tirânico exercido por um princípio anterior que pode ser chamado ora de “superego”, ora de consciência farisaica; mas é a coordenação harmoniosa das forças da pessoa que luta para realizar suas potencialidades espirituais mais profundas. Não é tanto o controle de uma parte da pessoa sobre outra, mas a integração pacífica de todas as forças da pessoa numa única realidade perfeita que é seu verdadeiro si mesmo, seu si mesmo espiritual.
Thomas Merton – O homem novo, Vozes , p. 9-10
Dia Internacional da Amizade
III. Comemorando
DIA INTERNACIONAL DA AMIZADE
20 de julho
José Tolentino Mendonça escreveu o prefácio do livro de Ermes Rochi , religioso italiano, Os beijos não dados (Paulinas de Portugal) sobre algumas amizades ao longo da história. Tomo a liberdade de extrair do prefácio algumas belas considerações que podem encantar os que vivem a amizade.
♦ Quando nos confrontamos com a amizade sentimos todos a dificuldade de exprimi-la, pois entramos num campo onde não há espaço para muitas declarações, e soam despropositados os longos discursos… existem sim, histórias de vida. Existem nomes, rostos, vivências… Existe o indizível da presença, a coreografia fiel e criativa dos gestos. Mesmo quando se trata de uma amizade intensa, a amizade não deixa de ser uma experiência discreta, ainda que gere marcas humanas e espirituais inapagáveis. Não é por acaso, que nas nossas sociedades, o amor acabe por ser tutelado e não há nenhuma lei escrita que tutele a amizade. Há uma ética da amizade, mas essa vem inscrita nos corações.
♦ Um amigo, por definição, é alguém que caminha a nosso lado, mesmo se separado por milhares de quilômetros ou por dezenas de anos. O longe e a distância são completamente relativizados pela prática da amizade. Um amigo reúne estas condições que parecem paradoxais: ele é ao mesmo tempo a pessoa a quem podemos contar tudo e é aquela junto de quem podemos estar longamente em silêncio, sem sentir por isso qualquer constrangimento. A amizade cimenta-se na capacidade de fazer circular o relato da vida, a partilha de pequenas histórias, a nomeação verbal do lume mais íntimo que nos alumia. A amizade é fundamentalmente uma grande disponibilidade para a escuta, como se aquilo que dizemos fosse sempre apenas a ponta visível de um maravilhoso mundo interior escondido, que não serão palavras a expressar.
♦ Aquilo que uma amizade vive também dá que pensar. É impressionante constatar como ela acende em nós gratas marcas tão profundas com uma desconcertante simplicidade de meios: o encontro dos olhares (mas que sentimos como uma saudação trocada entre nossas almas), uma qualidade de escuta, o compartilhar mais breve ou mais demorado de uma mesa ou de uma conversa, um compromisso comum num projeto, uma qualquer alegria ingênua… A linguagem da amizade é discreta e tênue. E, ao mesmo tempo, é inesquecível e impressiva.
O memorial eucarístico
IV. Reflexão
O memorial eucarístico
PARTILHAR (2)
Continuamos a refletir sobre o profundo e estimulante estudo do Pe. Moingt sobre a Eucaristia que começamos a fazer em nossa edição de junho. Os que participamos da missa “partilhamos”. Eucaristia é partilha.
Jesus, com efeito, não prescreve unicamente, nem antes de tudo aos discípulos para se lembrarem dele, mas de “fazer isto”, ou seja, aquilo que ele acaba de fazer; não somente o gesto ritual da bênção pronunciada sobre o pão e o vinho, mas o ato de comer e beber, de tomar juntos uma refeição, de se reunir em torno de uma mesma mesa. Mais uma vez o preceito remete aos símbolos mais profundos da vida, aos gestos mais antigos da humanidade, aos atos mais carregados de sentido humano: a partilha fraterna de uma refeição, sinal de hospitalidade, laço de solidariedade. Jesus deseja e quer que este ato seja sinal de unidade entre os seus discípulos tão fortemente ao se lembrarem dele. Conservando-se unidos uns aos outros mostrar-se-iam reunidos pela memória de Jesus, uma mesma lembrança haveria de reatualizar sua palavra, aquela que no passado os tinha chamado a se reunirem em torno a ele e os havia guardado até aquele momento. Reunidos guardariam neles sua palavra, viçosa, essa palavra pão da vida, que os conservaria na vida de Jesus. Juntava-se a um preceito anterior: Amai-vos uns aos outros com o mesmo amor que vos amo.
O discurso de Jesus após a Ceia, no Evangelho de João, repete incansavelmente o preceito de guardar sua palavra e seu amor, como também o de os discípulos permanecerem unidos como que a se confundirem numa mesma mensagem: “ a fim de que o mundo creia que fui enviado pelo Pai”. O quarto evangelho, curiosamente, não conserva gestos feitos e palavras pronunciadas sobre o pão e o vinho. Jesus coloca um outro gesto de mesa do mesmo alcance simbólico: o lava-pés. “Dei-vos o exemplo para que, como eu fiz, também vós o façais”. Gesto de acolher à mesa um hóspede que vem de longe, gesto do escravo aos pés de seu mestre, que diz simbolicamente o significado de sua morte: ele assumiu nossa condição humana para nos comunicar a sua, em virtude de um amor levado ao extremo de entregar sua vida para no-la dar.
Nos últimos dias de sua vida Jesus sente-se perseguido pelo medo de perder aqueles que o Pai lhe havia confiado. Sabia que eles ficariam perplexos com o escândalo da cruz, se não estivessem unidos. E nada poderia conserva-los unidos a não ser a lembrança daquele que os havia escolhido. Assim vemos que, depois de sua ressurreição, Jesus vai à sua procura e os reúne de novo em torno da mesa. A lembrança é captada no passado e se atualiza no presente, no reencontro do acontecimento da presença, uma presença toda interior; os discípulos sentem o coração arder, queimando da fé que sua palavra lhes trás e da sua vida que passa para a vida deles. A gestualidade da comunidade de mesa reencontrada, comunidade de fé, de palavra e de amor fraterno, funda a Igreja de Cristo. Este fundamento não consiste apenas no rito que diz o sentido do que é realizado. O rito só tem sentido na reunião fraterna, no gesto de humanidade que o rito suscita, porque ele vem de mais longe. A lembrança testemunha a presença de Jesus, como ele desejava. Ela se exterioriza num ato público de comunicação e assim se torna anúncio.
(continua)
Eucaristia
Olha, fogo e espírito
no seio daquela que te deu a luz.
Olha fogo e espírito
no rio em que foste batizado.
Olha, fogo e espírito,
no pão e no vinho,
fogo e Espírito Santo
Sobre esta edição
TIRANDO DO BAÚ COISAS NOVAS E VEHAS
Reinventando a vida a cada dia
Edição de julho de 2020
Já passamos do meio desse ano de 2020, estrada tão acidentada que nunca tínhamos pensado de percorrer. Uma sinistra praga infectou a vida nessa aldeia chamada terra. Famílias que foram reduzidas à metade. Idosos se falando e chorando atrás de um vidro. Covas feitas com urgências para receber mortos deixados em frigoríficos. “Mascarados” pelas ruas, fora do tempo de carnaval. Medo. Essas imagens doídas, os meios de comunicação foram gravando dentro de nós. Que de tudo, Deus nos livre. Enquanto isso aí, está nosso baú de julho deste ano de 2020!!! Que fazer?
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM