Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Janeiro 2011

I. LEITURA ESPIRITUAL

Dos que continuam buscando a Deus

 

Deixar aberta a porta do coração

 

1. Que pena que esteja terminando o tempo das comemorações do Menino das Palhas. Em nossas retinas estão presentes, com certa vida, as cenas do tempo do Natal. Os presépios ainda não foram desmontados, nem as árvores de Natal desfeitas. A liturgia eucarística da Igreja na missa de cada dia e os belos textos da liturgia das horas nos pedem que dobremos ainda os joelhos diante do Mistério da Encarnação. Nestes primeiros dias do ano pode ser que venhamos ainda a ficar encantados com essa viagem dos Magos, desses “catadores” de Deus, desses homens de garganta seca que buscaram o rosto de Deus e a casa do Altíssimo e bom Senhor. São Bernardo, escrevendo sobre a Epifania, dessa manifestação de Deus, diz: “Da cidade real, onde julgavam encontrar o rei (os magos), dirigem-se à pequena cidade de Belém. Entram no estábulo e encontram um recém-nascido envolto em panos. Não se aborrecem com o estábulo, não se chocam com os panos, nem se escandalizam com o menino amamentado: prostram-se, veneram-no como rei, adoram-no como Deus. Quem os conduziu, também os instruiu, e quem os avisou exteriormente pela estrela, também os alertou no segredo do coração. Assim, esta manifestação do Senhor tornou glorioso esse dia, e a piedosa veneração dos magos o fez venerável” (Dos sermões de São Bernardo abade, Lecionário Monástico I, p.446).

2. Talvez o Senhor também nos tenha convidado a ir até o presépio do menino, nos alertando no segredo do coração. Os magos tinham vontade de chegar perto de Deus, de conhecer sua casa, de ver seu rosto. Tinham sede do rosto de Deus. A sede de Deus me fala da busca do essencial da vida, busca daquilo que fundamenta o sentido da existência humana, o próprio mistério da vida. Por mais que dele nos acerquemos, desse insondável Mistério, nunca conseguiremos compreendê-lo em plenitude. Será que, em nossa sociedade, as pessoas sentem que a resposta para a sede que arde em nossas gargantas é o próprio Deus, ao menos o Deus cristão? O homem não pode morrer sem saciar essa louca sede! Viver sem sede de Deus não é viver. Não podemos negar que em cada pessoa humana há uma sede profunda do essencial, do radical, da verdade. Ansiamos pela beleza, pelo amor, pela felicidade, uma espécie de desejo de infinito no mais profundo de nós mesmos. Intuímos a possibilidade de uma Presença a ser buscada e acolhida, presença de um Outro, de uma outra Ordem, estranha à nossa capacidade limitada e que responderia a tudo o que arde em nós. Os que experimentam esta sede lançam-se na aventura de Deus. Será que muitos ainda acreditam que Deus é água para suas gargantas?

3. Santo Anselmo parece nos mostrar um caminho: “Vamos, coragem, pobre homem! Foge um pouco de tuas ocupações. Esconde-te um instante do tumulto de teus pensamentos. Põe de parte os cuidados que te absorvem e livra-te das preocupações que te afligem. Dá um pouco de tempo a Deus e repousa nele. Entra no íntimo de tua alma, afasta tudo de ti, exceto Deus ou o que pode ajudar-te a procurá-lo; fecha a porta e põe-te à sua procura. Agora fala, meu coração, abre-te e diz a Deus; Busco a vossa face; Senhor é a vossa face que eu procuro (Sl 26,8) (…) Que pode fazer esse exilado longe de vós? Que pode fazer esse servo sedento de vosso amor, mas tão longe da vossa presença? Aspira ver-vos, mas vossa face se esconde inteiramente dele. Deseja aproximar-se de vós, mas vossa morada é inacessível. Aspira encontrar-vos, mas não sabe onde estais. Tenta procurar-vos, mas desconhece a vossa face” (Liturgia das Horas I, p. 152).

4. No Livro sobre a Virgindade, Santo Ambrósio exorta a alma fiel: “Eis o que o Cristo deseja de ti, eis que escolheu. Ele entra, já que a porta está aberta; não pode faltar pois prometeu que viria. Abraça aquele que procuravas; aproxima-te dele e serás iluminada; segura-o, roga-lhe que não parta logo, suplica-lhe que não se afaste. Porque o Verbo de Deus corre, não se deixa reter pelo tédio ou por negligência. Que tua alma vá encontrá-lo em sua palavra; segue atentamente a doutrina celeste, porque ele passa depressa” (Liturgia das Horas I, p. 1069).

5. Temos, por vezes, a impressão que, por um tempo mais ou menos longo, nos satisfazemos com a repetição das coisas de todos os dias e entramos no esquema do mundo e da monotonia. Vivemos bombardeados por imagens e sensações. Estamos aturdidos. Nossa realidade é complexa e muda a todo momento. A vida se passa com muita velocidade, sempre estamos com pressa. Parece que a única coisa que conta são os resultados imediatos que, uma vez conquistados, apelam para outros e assim vivemos sempre na busca de alguma coisa nova que nos faça sentir bem (prazer, diversão, sucesso, dinheiro). Não moramos em nosso interior . “O caminho para a interioridade hoje se dá num tempo de mudanças, tempo rico de muitos sinais e redescoberta da interioridade e do silêncio. A sociedade secularizada vem focada sobre o indivíduo, fragmentado, com uma identidade fluída (…). Confrontamo-nos com o medo de entrar em nós mesmos, com a pobreza de sentimentos, de afetos, de capacidade de amar. No espaço da interioridade, o silêncio pede a escuta de nós mesmos, dos outros e da realidade (…). Na verdade tornamo-nos estranhos a nós mesmos. O percurso para dentro de nossa interioridade não é só terapêutico para a nossa cultura do barulho, mas também vem a ser um caminho voltado para o acolhimento de uma nova civilização do amor. O caminho para dentro de nossa interioridade e para o silêncio torna-se, então, testemunho de uma opção de vida alternativa” (O Caminho que leva ao lugar do coração, Cúria Geral da OFM).

6. Nossa sociedade é uma sociedade individualista e feita de “picadinhos”, de “pedacinhos”, típica do sistema cultural e econômico . Compramos, vendemos, pregamos, pagamos as contas, presidimos missas de primeira eucaristia, estamos com noivos… tudo picado, tudo como pedaços sem arrumação interior, mandamos o aparelho de som para o técnico e compramos persianas para a sala da Fraternidade. Depois de correr de um lado para o outro, temos vontade de que uma luz brilhe de novo diante de nós e que possamos nos organizar, arrumar as coisas completamente desarrumadas que fazemos, quase por fazer, quase sem convicção. Será preciso reencontrar o caminho do coração.

7. Tudo nos faz identificados com as coisas, muito “entretidos”. Recebemos muitas informações, sofremos impactos e sem nos dar conta tudo vai se colando dentro de nós e se apoderando de nossos sentimentos e de nossa liberdade. Tanta coisa, tanta agitação, que não temos mais capacidade de decidir. Estamos tão ocupados e tão distraídos que não há mais tempo nem espaço para as perguntas que podem ser feitas a respeito do gênero de vida que escolhemos.

8. Sofremos a influência da cultura pobre que foi se instalando com uma falta total de ideias e utopias, egocêntrica e narcisista, sem interesse pelo passado e sem grandes planos para o futuro. Vivemos o presente e somente o presente. Cada um faz o que lhe apetece sem levar em conta o bem profundo do outro e sem respeitar as convicções: corrupção, assédio sexual, vida dupla. Tudo isso vai cegando e nada transcende aos nossos interesses. Há pessoas que talvez só possam ser despertadas deste torpor por uma doença ou uma grande contrariedade da vida.

9. Nós, religiosos no verdor de nossos anos, depois de vivermos uma experiência espiritual em grupos e na busca pessoal de Deus, vislumbramos o Senhor como horizonte de nossas vidas. Ele parecia a água que viria dessedentar nossas gargantas. Fizemos nossa profissão, na simplicidade de nossos corações. Não conseguimos deixar de ser envolvidos pela teia de uma sociedade sem transcendência. Nossa consagração, no entanto, não pode ser colocada entre parênteses apesar de todas as dificuldades. Pode acontecer que religiosos continuem em suas Províncias, mas não experimentem gosto pela vida de oração e realizem os ritos que precisam ser realizados, sem o coração.

10. O caminho de volta à fonte é necessário e fundamental. Os cristãos acreditam que, no fundo da realidade, há um mistério último que pode saciar nossa sede, ou seja, o Amor. Foi isto que revelou Jesus Cristo, um Deus Pai-Mãe que cria por amor com a única finalidade do bem das criaturas. Deus belo e grande ama o mundo e se entrega a todos no rosto do Menino e no corpo do Torturado do Gólgota. Para poder transmitir esta Presença, para que ela se torne palpável será fundamental experimentar Deus como Pai, sentir sua bondade, sua compaixão, experimentar confiança total em sua compaixão, acolher sua oferta de amor. Para podermos refletir em nosso rosto a beleza desse Deus.

11. Não podemos nos acostumar com a mesmice e com a mediocridade. Não basta tocar obras para a frente. Será fundamental fazer tudo a partir do interior. Precisamos voltar a ter a coragem de estar no deserto com o Senhor, nessa tentativa firme de meditar e refletir sobre a Palavra do Senhor. A leitura orante da Bíblia não se trata de uma conversa de “padres” que preparam a homilia de domingos e aproveitam a Leitura orante para expor sua ideias, mas de corações pobres e sedentos de Deus que, no silêncio e na escuta diária, com seus irmãos, se questionam e alimentam o desejo do Senhor em seus corações. Trata-se de inventar uma nova maneira de viver uns com os outros, num interesse verdadeiro e não apenas numa convivência formal. Somos pobres. Dependemos uns dos outros. Trata-se de ser frade sacerdote com o desejo de tornar o Amado de verdade amado.

12. A experiência profunda do humano com relação ao divino contribuiria para romper a imagem que as pessoas têm da Igreja que é, antes de tudo, uma moral. A Igreja tem que ser um lugar onde se possa fazer uma experiência mística: um lugar onde se respire esperança e não condenação, um espaço de pertença na igualdade, e não um lugar em que as pessoas se sintam subjugadas, onde há uns que sabem e outros que não sabem.

13. Será que não temos mais sede? Pode ser que tenhamos nos habituado em nossas rotinas, buscando sentirmo-nos bem, ter uma certa qualidade de vida (um pouco humana demais) e que, pouco a pouco fomos ficando secos por dentro? Onde ficou a paixão que nos movia? Quem sou? Que sentido tem minha vida? Talvez venhamos a tomar consciência do vazio de nossa vida e de que nada nos enche plenamente. Será fundamental buscar interiormente, no centro de minha vida, e me perguntar com amabilidade: O que tenho dentro de mim? Como vivo minha vida religiosa? Que sentido tem a missa para mim? Que sentimentos me habitam? O que há de verdade em mim? Qual é a fonte de minha vida? Talvez seja o momento de fazer silêncio e ouvir o rumor do essencial no fundo do coração.

14. Será importante ouvir com atenção a vida que flui em nós, que nos habita; o amor que se assenta em nossas entranhas e que procura sair e expressar-se; a vida que busca viver; a plenitude que assoma timidamente na medida das possibilidades de nossa limitada condição, mas que, apesar de tudo, se intui. Parar, ler, conversar, confabular, refletir. Ter coisas para dizer aos outros. Não se servir de chavões gastos. Sempre, esse desejo de buscar a Deus. De sede daquilo que pode nos plenificar.

15. O Documento sobre a Formação Permanente pede que seja feito um acompanhamento dos tempos de transição e de crise (mudanças de ministério e de lugar, situações de saúde e existências etc.): através de um discernimento evangélico, ler e reconhecer as “feridas” dos frades e sustentar cada um em uma leitura e narração da própria história à luz da Palavra de Deus, recorrendo também a diversas formas de acompanhamento pessoal; favorecer encontros informais; partilhar os próprios estados reais de ânimo, as esperanças, os sonhos, as expectativas, n. 43). Nesse contexto é que se insere o tema da sede de Deus.

16. O texto mencionado fala em curar as feridas dos frades. Isaías escreveu admirável texto falando do Deus que cura a ferida do povo: “Haverá em toda montanha alta e em toda colina elevada arroios de água corrente, num dia em que muitos serão mortos com o desabamento de seus torreões. A lua brilhará como a luz do sol e o sol brilhará sete vezes mais, como a luz de sete dias, o dia em que o Senhor curar a ferida de seu povo e fizer sarar a lesão de sua chaga” ( Is 30, 25-26).

17. Será preciso continuar a busca do rosto de Deus. Não podemos aceitar que nossa vida religiosa seja deteriorada. Nada e ninguém têm o direito de nos afastar do Amado a quem prometemos todo o amor com a profissão religiosa. Santo Ambrósio, no texto já mencionado, continua: “Aquele que assim busca o Cristo e o encontra pode dizer: Retive-o e não o deixei partir, até que o tenha introduzido na casa da minha mãe, no quarto daquela que me concebeu (Ct 3,4).Qual é a casa de tua mãe e o seu quarto senão a intimidade mais profunda de teu ser?” (Idem, p. 1070).

18. Nesse começo de ano, ainda diante de nossos olhos, o presépio do menino vem suplicar nosso amor e nosso bem querer. Nós buscamos aquele que antes nos procura. Terminamos nossa reflexão com Santo Anselmo, já citado anteriormente: Ensinai-me a vos procurar e mostrai-vos quando vos procuro; pois não posso procurar-vos se não me ensinais nem encontrar-vos senão vos mostrais. Que desejando eu vos procure, procurando vos deseje, amando vos encontre, e encontrando vos ame (Ibid. p 153).

POR FAVOR, DEIXEM ABERTA A PORTA DO CORAÇÃO!

NB: Algumas destas reflexões se inspiraram no número 96 (2008) da revista espanhola Sal Terraeem torno do tema da sede de Deus.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

II. PÁGINAS FRANCISCANAS

Itinerário Franciscano

 

Pretendemos, ao longo do ano de 2011, transcrever páginas franciscanas densas que possam ser alimento para todos os que buscam a perfeição do Evangelho através do carisma franciscano. A página deste número foi tirada do livro: Itinerário da Alma Franciscana, de Frei Leão Veuthey, OFMConv.. traduzido do italiano e publicado pelos franciscanos de Montariol-Braga em 1948. Tiramos uma página do fundo do baú!Que não se estranhe o jeito “português” de escrever. Que não se critique um certo estilo antigo de falar das coisas. Há, quem sabe, aqui ou ali, uma concepção de espiritualidade meio superada. Cada um leia o texto com senso crítico. Os círculos ou grupos vocacionais franciscanos poderão, com proveito, refletir sobre este tema.

 

1. Itinerário de vida

Antes de empreender uma grande viagem, começa-se por organizar o itinerário: o termo que se deseja alcançar, o caminho a seguir, e os diversos meios necessários e apropriados para chegar ao fim. Ora, o homem é um viageiro sobre a terra; vai passando por um tempo muito breve, sempre a caminho da eternidade, para onde o impele uma força irresistível, uma necessidade insuperável.

O que será para mim essa eternidade, esse abismo em que tenho que cair inevitavelmente, depois da carreira veloz da vida? Como será essa eternidade: feliz ou infeliz? E se eu posso escolher a felicidade ou a infelicidade sem fim: não será de importância suprema estabelecer bem o itinerárioque conduz à felicidade, evitando assim a infelicidade eterna?

A vida presente termina com a morte, e com a morte começa a eternidade: como será para mim essa eternidade? Eis a questão que se põe a todo homem, ainda que não queira! Todos desejam naturalmente a felicidade eterna: mas, qual será caminho? Muitos o ignoram. Todavia, o cristão o conhece, conhece o caminho da felicidade. Foi Jesus quem disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Só Jesus pode indicar o caminho a seguir, porque só é Ele é o caminho; só Jesus pode conduzir ao termo, porque só Ele é a verdade; só Jesus pode levar-nos a esse termo, porque é sobrenatural, porque só Ele pode comunicar-nos a sua vida sobrenatural, que nos fará participante da vida divina e da divina eternidade à qual somos chamados.

2. Diversas espiritualidades

Jesus indicou a todos os seus discípulos o itinerário da felicidade: Jesus é, pois, o caminho a seguir. Entretanto, são diversos os modos de seguir a Jesus: alguns, abandonando tudo por seu amor, consagram-se ao seu serviço, mediante os três votos de pobreza, obediência e castidade; outros, porém, o seguem no mundo, sem abandonarem os próprios bens, sem se ligarem com voto de obediência a um superior, vivendo no matrimônio. O itinerário é diferente, no entanto, uns e outros, com maior ou menor facilidade, com maior ou menor segurança, poderão alcançar o termo.

Esta diferença de itinerário é, sobretudo, material e exterior, e na escolha de um itinerário pode haver uma diferença interior e espiritual que se chama precisamente espiritualidade.

Assim, há na Igreja de Cristo: uma espiritualidade beneditina, uma espiritualidade dominicana, uma espiritualidade inaciana, uma espiritualidade franciscana, etc.; cada qual é boa e santa e logra as suas vantagens e têm produzido os seus santos.

Uma espiritualidade não se distingue doutra em razão da doutrina fundamental, que é a mesma em todas: a doutrina de Cristo, a doutrina do Evangelho; no entanto existe um modo e uma maneira de seguir a Cristo; na identidade da doutrina pode haver uma variedade de interpretação, uma variedade de espírito; é isso que constitui a espiritualidade particular.

A espiritualidade franciscana terá, pois, muitos pontos comuns com as outras espiritualidades cristãs, pelo fato de todas professarem a mesma doutrina, mas distinguir-se-á das outras em razão de seu espírito, e da importância que atribui este ou àquele ponto da mesma doutrina. Enquanto que as outras espiritualidades atribuem particular importância ao esforço pessoal para chegar à união com Deus, a espiritualidade franciscana busca, acima de tudo, aquela união com Deus no amor, e desta união tira toda sua atividade; enquanto que aquelas tendem primeiramente ao desenvolvimento das atividades e das possibilidades naturais, para chegar depois à perfeição sobrenatural, esta renúnciaà natureza, logo de início, e entrega-se toda, inteiramente, à ação sobrenatural de Deus, sob a qual somente pretende agir e da qual somente espera toda perfeição natural e sobrenatural. E, assim, enquanto que as outras espiritualidades são principalmente ativas, a espiritualidade franciscana é caracteristicamente passiva, unicamente sobrenatural, fora de todo dualismo de vida natural e vida sobrenatural; a espiritualidade franciscana é mística, inteiramente e por princípio, quer dizer, sobrenatural, porquanto inteiramente por princípio pretende desenvolver-se pela ação sobrenatural ou mística do amor divino.

Por isso, enquanto as outras espiritualidades assentam na base do espírito espiritual a obediência, o silêncio, a especulação e o esforço pessoal, a espiritualidade franciscana fundamenta-se na pobreza, considerada em toda a sua profundidade mística de renúncia, desapego de tudo, desapego pessoal, a fim de que a alma, despojada completamente e aniquilada em Deus, permita que Deus venha viver e operar em si. Desta pobreza, procederá a obediência, pois a alma vazia de si mesma, já não tem vontade própria. A especulação , sendo atividade demasiado pessoal e humana, cederá ao amor que é dom de si mesmo, é passividade mística sob o império do Amado.

Ora, o Amado é Jesus que, pela espiritualidade franciscana concreta, constitui toda a perfeição: portanto, nada de virtudes abstratas a conquistar, uma após outra, com a meditação e a vontade própria: mas conquistar Jesus, concretização de toda virtude, amando-o, contemplando-o e imitando-o! Quer dizer: será perfeito quem se transformar no objeto amado, como exige a lei do amor. “O amor transforma o amante no Amnado” (São Boaventura, III S., 26; III, 270). “Pela força do amor, serás transformado naquilo que amares”, diz nosso Doutor Seráfico (Sermo XI, Vig. Nat. IX, 98).

3. Espiritualidade franciscana

A espiritualidade franciscana – mística, concreta e afetiva – não conhece outra regra de perfeição, que não seja observar Jesus, amá-lo de afeto e de fato, e assim transformar-se nele até poder dizer com São Paulo: “Já não sou eu quem vivo, mas Jesus que vive em mim” (Gálatas 2,10). Para São Francisco, todas as coisas eram intuitivas, obra espontânea do amor; contudo, ajudará o crescimento de nossa vida espiritual investigar a profundidade de doutrina que se esconde sob esta simples intuição de amor: toda a doutrina do aniquilamento próprio e transformação em Cristo, visa a nossa incorporação no seu Corpo Místico.

O aniquilamento é obra da pobreza, levada às suas últimas consequências de renúncia e desapego absoluto, conforme o ideal de São Francisco; a transformação e a incorporação é obra do amor de Jesus, e Jesus crucificado, fundamento e centro de espiritualidade franciscana, fonte da sua pobreza e do seu amor; ou mais simplesmente: fonte do amor à pobreza, que é o amor a Jesus crucificado. São Francisco encontrou o seu caminho, quando o Crucificado lhe apareceu na solidão: “Ante aquela visão, a sua alma ficou inundada de amor; a lembrança da paixão de Cristo imprimiu-se-lhe no coração de tal modo que nunca mais pode pensar em Cristo e na sua cruz, sem se desfazer em lágrimas e suspiros” ).
Foi a cruz que inspirou a São Francisco o amor da pobreza, da humildade, do aniquilamento; tendo estabelecido o vácuo dentro de sua alma, o mesmo amor de Cristo o transformara, comunicando-lhe as virtudes e a própria vida de Cristo, vida humano-divina, que é toda a perfeição sobrenatural a que devemos aspirar.

Deste amor sobrenatural por Jesus procedem todas as outras características da espiritualidade franciscana: o amor de Maria, inseparável do amor de Jesus; mas um amor filial, íntimo, profundo, porquanto na identificação com Jesus deve-se amar Maria com o mesmo amor de Jesus, para quem Maria não é simples mãe adotiva, mas vida de sua vida e sangue de seu sangue.
O amor às criaturas é também consequência do amor a Cristo, o Verbo encarnado para quem e em quem tudo foi criado e cuja imagem anda impressa em todas as coisas; o amor de São Francisco pelos homens é o seu amor por Cristo em cujo Corpo místico todos formam ou devem formar um só Cristo.
Todavia, o amor de São Francisco não se detém em Cristo; tornado um com ele, São Francisco participa de seu amor inefável pelo Pai, ao qual devem regressar todas as criaturas, pelo Verbo encarnado, em um dar-se contínuo de amor no Espírito Santo. São Francisco sentiu a primeira centelha de amor, quando foi repelido por seu pai; então pôde dizer, com o enlevo que depois havia de ir crescendo por toda a vida e que seria o seu respirar profundo: “Pai nosso que estais nos céus…!”

Se Jesus é o fundamento e centro de toda a espiritualidade franciscana, o termo derradeiro do seu itinerário é o Pai, no oceano infinito do amor da Santíssima Trindade que a franciscana Santa Verônica de Giuliani cantou com profunda elevação: “Parece que a alma se encontra como que nadando em Deus! Lida, lida sem parar e sempre se encontra em Deus; lida para encontrar Deus, conquanto sinta que está em Deus, busca a Deus no próprio Deus, e buscando-o em si o encontra” (Diário, 21, VIII, 1705: VI, 762).“Tudo isto se passa no íntimo de minha alma, a qual se encontrava naquele mar imenso e infinito de Deus, que não é compreendido e de quem não se pode compreender a grandeza e imensidade. Deus possui em si a alma que se perde nele, e nele está nadando como o peixe n’água e não encontra vida senão em Deus, para Deus, e com Deus. O coração amoroso comunica então à alma o seu próprio amor, desprende-a e tudo, e nela quer operar sozinho” (Diário 5, V, 1715; VI, 805).

Qual é o homem que não sente vibrar o coração, perante a simples narrativa destas experiências de amor a que ele próprio é chamado? O homem foi criado para o amor, e o amor é a razão do seu ser e de toda a sua atividade. O Itinerário franciscano conduz a esse amor, pelo caminho de renúncia da santa pobreza, a qual despoja de tudo para dar Tudo, isto é, para dar o Amor: Meu Deus e meu Tudo!

III. ORAÇÕES

Gritos no silêncio

 

Mês após mês, queremos oferecer aos nossos estimados
leitores eletrônicos preces, orações para o dia-a-dia da vida.

 

1. Gritos no silêncio

Lentamente, mansamente, calmamente
vou deslizando na direção da terra do silêncio:
silêncio de palavras, silêncio de ruídos,
silêncio dos meus desejos e silêncio das minhas vinganças,
silêncio das minhas invejas de minha prepotência.
Vaziamente, despojadamente, pobremente
tento penetrar nas alamedas de meu interior,
no deserto das coisas não programadas
de áreas sem marcas de minhas mãos.
Senhor, há mistérios neste silêncio!
Meu corpo parece reagir,
minha mente escuta densamente novos sons
que brotam da fonte da quietude
da fonte da novidade que desconcerta,
da fonte das coisas desconhecidas.
Nesse deserto, nesse vazio, tenho vontade de colocar
questionamentos e interrogações.
Bem sei que eles não têm respostas feitas.
Que queres de mim, Senhor?
Por que me conduzes até às terras do deserto?
Por que estás me mostrando que as falas e os sons,
as imagens e a correria desenfreada nada significam?
Por que me fizeste ingressar nesta atmosfera árida e seca?
Tenho a impressão que tu me queres levar à verdade,
queres que eu olhe o mundo com o teu olhar silencioso e eterno.
Tu queres que eu me coloque ao lado de teu Filho,
do silêncio de teu Filho, do silêncio da morte de teu Filho.
Queres que eu penetre no silêncio
para me ofereceres olhos novos,
coração novo, um novo sorriso de paz e de amor sereno e profundo.
Há um misterioso e premente convite em teu silêncio,
meu Senhor e meu Amor!
Que a tua voz ecoe dentro de mim
e que teu amor permita que eu me deixe possuir
pela fala de teu coração.
Dá-me, Senhor, a sabedoria de teu santo silêncio!
Senhor, cada dia eu te digo obrigado:

2. Ação de graças de uma senhora de idade

Tu me tomaste pela mão desde a minha infância
e fizeste com que nunca te largasse ao longo do tempo de minha vida.
Houve dias de felicidade e outros de inquietações,
nascimentos, doenças e acidentes.
Agora vivo sozinha.
Mas te fazes sempre presente, o bem Amado de minha vida
e não me abandonas.
Discretamente tu te “apagas”
quando encontro meus familiares, quando vou ter com meus amigos ou assisto a um espetáculo.
Gosto de rir, de conversar.
No fundo do meu coração, sinto sempre tua presença
e te encontro com alegria quando volto à casa

Revista Prier, outubro de 2000, p. 20
Clara, minha irmã Clara,

3. O jardim de Clara

mostra-me o tesouro de teu campo:
é tão encantador o sol em teu jardim
que não tenho outro desejo se não de me deixar
conduzir por tua mão.

Clara, minha irmã Clara,
coloca meus pés no ritmo de teus passos.
Tão bem-aventurada é a tua alma no jardim,
tua alma que dança
que não tenho outra desejo senão de desposar
a cadência de teus passos em dança.

Clara, minha irmã,
leva-me na correnteza de tua vida:
em seu deslizar aí a água é tão pura
que não tenho outro desejo senão
de buscar a fonte.

Clara, minha irmã Clara,
Guarda-me no secreto de teu rosto:
tão simples é o teu olhar em tua oração
que só tenho o desejo
de sentar-me à tua luz.

Clara, minha irmã Clara,
faze com que eu arda como o incenso de teu amor
tão doce é o teu canto junto de Frei Francisco
que não tenho outro desejo senão
eternizar tua voz.

Clara, minha irmã Clara
leva-me ao Todo de tua pobreza.
Tão alegre é teu coração junto do Evangelho
que quero somente desejar o que desejas.
Assim seja!

Irmã Micheline Dubé
Revista Prier abril de 1994, p. 15

IV. E A FAMÍLIA, COMO VAI

Envelhecimento

 

Que bela fronte de um homem idoso! Que encantador o semblante de uma mulher cheia de idade! Aí estão todos esses de oitenta, noventa e cem anos… ainda vivendo. Vivendo bem? Vivendo mal? Esperando a hora da partida? Sonhando com o encontro definitivo com o Amado? São esses todos que vão envelhecendo.

Há os que estão de bem com sua idade avançada. Levantam-se com coragem, tomam seu banho, se vestem bonitamente, sem luxo, tomam o café da manhã, se assentam num canto da sala, da varanda, rezam um salmo, percorrem as páginas do jornal sempre com um ar de esperança no semblante. Esses homens que, com uma bengala, fazem uma caminhada, param diante de um vaso de hortências azuis ou entram na capela do Santíssimo. Gente de bem com a vida… eles envelhecem na certeza de que estão nas mãos de Deus. Deus não o larga.

Há essas avós, que gostam de ser avós, que gostam mesmo de serem bisavós. Moram em suas casas, mas pensam nos netos. Na Cassandra que nasceu na semana passada. No Pedro Paulo que já está na escola. Na Aline que tem o nariz da mãe e o timbre de voz do pai. Esses netos, essas gente que tem vida, que explode de vida e que enche de vida dos que vão envelhecendo e perdendo a vida.

Na cabeceira da mesa, o velho senhor das mãos ásperas, pai e avô, que reúne os filhos e netos nas vésperas de seu aniversário. Pausadamente, esse homem de oitenta e cinco anos pede aos seus que não se esqueçam de Deus, que tenham todos a bondade de frequentar a missa de domingo, que nunca deixem de colocar sua vida diante do olhar de Deus. Fala com uma voz firme e doce, voz cheia de autoridade e marcada por forte emoção. Um velho que pode ser descrito como um amigo de Deus. Benditos os filhos e os netos e os bisnetos que podem abraçar a beijar um homem como esse.

A velha senhora, bem velha mesmo, está na cozinha. Descasca batatas, cenouras e chuchu para o cozido que sua filha prepara para o almoço de domingo. Enquanto descasca, cantarola músicas de Noel, o Noel da Vila, do feitiço da Vila. A velha senhora está vestida de azul, da cor de seus olhos.

No parque da casa de idosos, no retiro dos idosos, perambulam os velhos, sem brilho no olhar, esperando a hora de comer, para depois dormir, para depois tomar café com leite, para depois ficar diante da televisão, para depois ir dormir… para no dia seguinte levantar…

Sem parentes por perto, no quarto de um hospital, Clara, solteira, velha, doente, sem ninguém, desfia as contas do terço, enxuga uma lágrima amarga de solidão, chama a enfermeira porque o soro acabou… e depois ela tenta dormir esperando que, no dia seguinte o sol venha inundar de claridade a noite de sua vida.

Viver é maravilhoso. Viver também na idade avançada. Apesar de todos os pesares. Sempre que refletimos sobre a idade que avança lembram-nos de Simeão, o velho das barbas brancas que, depois de ver Cristo, dispôs-se a partir. Seu olhos, quase sem vida, viram a salvação que Deus preparara para os seus.

V. PASTORAL

A figura do catequista

 

1. Catequese é tema palpitante. A comunidade da Igreja está em estado constante de catequese. Uma das figuras mais importantes na vida de todos os dias de nossas paróquias e dioceses é, certamente, a do catequista. Aproximamo-nos deles e delas com imenso reconhecimento e respeito. Crianças, jovens e adultos, na comunidade cristã, sempre recebem e poderão receber o serviço alegre que lhes é prestado por esses que chamamos de catequistas. Estes são pessoas imprescindíveis no momento atual do mundo e da Igreja. Inspirados no Diretório Geral para a Catequese(1997) queremos elencar alguns tipos de catequistas.

2. Antes de mais nada, devemos dizer que não se pode improvisar o ministério do catequista. Ninguém pode ousar assumir esse serviço sem algumas qualidades e prendas mínimas. Pode-se dizer que o catequista é um vocacionado. Experimenta dentro de seu coração o desejo de tornar conhecido e amado Cristo Jesus. Ninguém se arvora em catequista sem frequentar a Palavra de Deus e sem amar profundamente o Mestre e os catequizandos. O catequista é apaixonado por Cristo e apaixonado por toda pessoa humana.

3. “A vocação do leigo à catequese tem origem no sacramento do batismo e se fortalece pela confirmação, sacramentos mediante os quais ele participa do ministério sacerdotal, profético e real de Cristo. Além da vocação comum ao apostolado, alguns leigos sentem-se chamados interiormente por Deus, a assumirem tarefa de catequistas. A Igreja suscita e distingue esta vocação divina, e lhe confere a missão de catequizar. Desta forma, o Senhor Jesus convida homens e mulheres, de uma maneira especial, a segui-lo, mestre e formador dos discípulos. Este chamado pessoal de Jesus Cristo e a relação com ele são o verdadeiro motor da ação do catequista. ‘É deste conhecimento amoroso de Cristo que jorra o desejo de anuncia-lo, de evangelizar, e de levar outros ao “sim” da fé em Jesus Cristo” (n. 231).

4. “Sentir-se chamado a ser catequista e a receber da Igreja a missão de fazê-lo pode adquirir, de fato, diversos graus de dedicação, segundo a características de cada um. Às vezes, o catequista pode colaborar com o serviço da catequese por um período limitado da vida, ou até mesmo simplesmente de maneira ocasional; apesar disso trata-se de um serviço e de uma colaboração preciosos. A importância do ministério da catequese, todavia, aconselha que na diocese, exista um certo número de religiosos e leigos estável e generosamente dedicado à catequese, reconhecido publicamente, os quais, em comunhão com os sacerdotes e o bispo, contribuem a dar esse serviço diocesano, a configuração eclesial que lhe é própria” (n. 231). Na verdade, esses homens e mulheres, tão dedicados, tão fiéis, tão importantes na missão da Igreja merecem receber oficialmente o serviço de catequistas.

5. E elencamos, segundo o Diretório de Catequese, os diversos tipos de catequistas hoje necessários:

catequistas em território de missão: homens e mulheres que não são somente catequistas, mas animadores das comunidades, visitam as famílias, amam o povo, sobretudo devido à ausência de clero;

catequistas das grandes cidades: pais e mães sem fé ou sem condições de preparar os filhos, catequistas corajosos que se dedicam e amam esses todos das grandes cidades;

nas situações dos países de tradição cristão que requerem uma nova evangelização, a figura do catequistas de jovens e de adultos tornam-se imprescindíveis para animar a catequese de iniciação;

continua a ser basilar a figura do catequista das crianças e dos adolescentes, ao qual cabe a delicada missão de oferecer as primeiras noções do catecismo e a preparação para o sacramento da reconciliação, para a primeira comunhão e confirmação; esta tarefa é ainda mais urgente no momento em que vemos o esfacelamento de nossas famílias;

um tipo de catequista que é preciso formar é o catequista para os encontros pré-matrimoniais, catequista destinado ao mundo dos adultos por ocasião do batismo ou primeira comunhão dos filhos, ou por ocasião do sacramento do matrimônio; é uma tarefa que tem em si uma originalidade própria, na qual confluem o acolhimento, o primeiro anúncio e a oportunidade de tornar-se companheiro de viagem na busca da fé;

outros tipos de catequistas exigidos por setores de especial sensibilidade: pessoas da terceira idade, que necessitam de uma apresentação do Evangelho adaptado às suas condições; os migrantes e a pessoas marginalizadas; as pessoas excepcionais;

catequistas para outras situações existenciais e cristãs que possam surgir.

Conclusão

No seio da Igreja desde sempre despontou como figura de proa a pessoa do catequista. Se de um lado fazemos com ardor promoção em benefício da promoção vocacional do sacerdote ministerial, não podemos deixar de valorizar (e muito) figura do catequista leigo ( também de modo particular das religiosas). À guisa de conclusão, apenas umas poucas insistências:

os catequistas precisam ter vocação para esse ministério: há um trabalho de discernimento a ser feito;

ninguém é catequista a seu bel-prazer: ele é chamado e convocado;

não se trata apenas do ministério do catequista de crianças em vista do sacramentos: será preciso ir além do sacramentalismo;

o catequistas hoje se insere numa Igreja em diálogo, num tempo em que é preciso fazer uma nova iniciação cristã;

leigos catequistas vivendo no coração da família, das transformações culturais delicadas, de modo especial no seio da família, são pessoas mais habilitadas a serem formadores da fé;

os catequistas haverão de estar estado de formação permanente: sacerdotes e religiosos muito bem farão trabalhando dedicadamente na formação dos catequistas.

Terminamos este texto com algumas linhas de Gilles Routhier. O autor, na revista Lumen Vitae, de Bruxelas, escreveu artigo com o título L’Église comme catéchiste ( n. 3 – 2010, p. 247-258). Faz considerações a respeito de uma possível instituição do ministério do catequista. Nas últimas linhas lemos: “Promover catequistas, numa Igreja, é promover uma Igreja como um corpo com numerosos e variados membros, Igreja como sujeito único do encargo profético, uma Igreja de sujeitos ativos. Não se trata de uma operação partindo da lógica da eficiência ou da boa organização, mas uma ação que um fundamento propriamente eclesiológico. Promover catequistas implica em formá-los, ampará-los, reconhecer e instituir num ofício (cargo) ou ministério os que exercem responsabilidades estruturantes. Conferir o ofício ou a instituição do ministério de catequeta não é uma iniciativa que visa valorizar as pessoas e sua atividade, muito menos ainda atender a uma reivindicação. Trata-se de verdadeira contribuição na linha da construção da Igreja e de reconhecimento do Espírito em sua Igreja”.