Frei Almir Guimarães
Muitas vezes ouvimos esta expressão: “Trabalho para colocar o pão sobre a mesa de nossa casa”. O trabalho tem, entre outras finalidades, a de permitir que as pessoas possam comer e dar de comer, sobretudo, aos filhos. O trabalho é sagrado por diversos aspectos, de modo especial porque através dele amamos os que dependem de nós, damos-lhe nossa vida, nosso empenho, nosso cansaço, o sangue das veias e as fibras do coração.
O trabalho pode ser expressão de amor. Antes da refeição ou em outro momento do dia temos o costume de rezar a oração do Pai nosso na qual pedimos, com toda confiança, o pão nosso de cada dia. Não insistimos que o Senhor nos dê o pão por toda vida. Cada dia, confiantemente, renovamos a solicitação.
Importante que todos tenham trabalho e trabalho digno para que à mesa de todos os dias não falte o pão. Tristeza muito profunda vivem as pessoas em tempo de guerra ou de cataclismos quando tudo é racionado e tudo falta. Doloridas essas filas de miseráveis que as enfrentam para conseguirem uma tigelinha de sopa rala. Triste o momento das refeições nos presídios. Particularmente dolorida é a situação de pais e mães desempregados. As crianças choram, dizem que estão com fome, achegam-se aos pais entre soluços. Os pais dão o que podem. Procuram controlar as lágrimas diante dos filhos. Às escondidas choram quase desesperadamente.
Vivemos uma sociedade da abundância e do consumo. Há pessoas que comem muito, ficam obesas, exageram, comem sofisticadamente. Percorrendo as ruas da cidade vemos esses restaurantes sempre cheios, muita carne, muita massa, pratos requintados. E não longe, nos morros e baixadas, essas crianças sujas, quase nuas, comendo o que encontram, raspando o que conseguem de uma vasilha onde colocaram um pouco de comida à porta de um botequim. Os pais sofrem muito quando não podem dar a seus filhos um prato de comida…