Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Por que educar ao humanismo solidário?

16/02/2022

                                                                                   Imagem ilustrativa: Canva (www.canva.com/pt_br/modelos)

Frei Claudino Gilz

O humilde intento de procurar responder à pergunta tema “Por que educar ao humanismo solidário?” está diretamente alinhado à necessidade de considerarmos alguns pressupostos já conhecidos de todos nós, tais como: a ideia de que o ser humano[I] está à mercê de constante desenvolvimento; a compreensão cristã e franciscana[II] da criação; a finalidade da educação conforme a LDB/96[III], entre outros.

A expressão humanismo solidário remonta, do ponto de vista histórico, à educação gregabIV], cujo objetivo visava a oportunizar processos não só em termos de aprendizagem da leitura, da escrita, da hermenêutica crítica, do cálculo e da retórica aos cidadãos. Este princípio também contemplava o desenvolvimento de qualidades humanas mais apuradas, por exemplo, a bravura e a lealdade.

Em 16 de abril de 2017, durante a solenidade da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Congregação para a Educação Católica lançou o documento “Educar ao Humanismo Solidário – para construir uma civilização do amor”[V]. De acordo com o referido documento, é relevante educar ao humanismo solidário para, ao menos,

  1. se alcançar um olhar mais amplo em relação a instauração de “um novo modelo ético-social, capaz de abraçar parcelas cada vez maiores da humanidade, onde se faz necessário trabalhar pela paz, justiça e solidariedade.” (n. 1).
  2. se contrapor ao cenário atual, multifacetado e em constante mudança, atravessado por intolerâncias de naturezas diversas, por múltiplas crises (econômicas, financeiras, políticas, democráticas, ambientais, demográficas e migratórias), pelo terrorismo, pelo aumento da miséria, do desemprego e das desigualdades sociais, por ataques irracionais a provocar instabilidades emocionais e sentimentos de ódio etc. (cf. n. 3, n. 4 e n. 5).
  3. se alavancar o desenvolvimento de atividades educativas voltadas à promoção de redes de cooperação, à instauração de uma cultura solidária junto às atuais gerações escolares e universitárias, de modo a contrapor ao individualismo, à ideologia do conflito e à relativização dos princípios religiosos (cf. n. 25).
  4. se educar tendo em vista o alcance de uma convivência fraterna, alimentada pela cultura do diálogo, pela globalização da esperança, pela viabilidade da inclusão, por “relações que compõem uma comunidade viva, interdependente, vinculada a um destino comum.” (n. 8).

Embora a busca pelo cumprimento da missão na educação leve a constantes desassossegos e inquietações, é louvável todo e qualquer esforço para se educar ao humanismo solidário. O Projeto FAE Social[VI] (proposto em 2018), o Projeto Virtudes (lançado em 2002) e o Projeto Bom Jesus Social[VII] (implantado em 2016) têm sido algumas das iniciativas a corroborar para o alcance de tão desafiadora finalidade. Finalidade essa capaz de tornar cada vez mais viável tanto a sensibilização para o verdadeiro, o bom e o belo[VIII] como o desenvolvimento integral da pessoa humana[IV].

Nesse sentido, educar ao humanismo solidário é um propósito muito digno e sagrado que – constituído de motivações existenciais, religiosas e profissionais – renova todos os dias em nós a disposição para contribuir com a formação acadêmica das atuais gerações escolares e universitárias. Pois, trabalhar na educação exige presença impregnada de alma, de amor, de sensibilidade, de comprometimento, de humildade, de espírito criativo, de ousadia empreendedora, de prudência, de sabedoria, de atitude dialógica e de doação (cf. João 15,13).


Frei Claudino Gilz é Coordenador dos Projetos FAE Social e Bom Jesus Social


NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

[I] “[…] um ser histórico, um ser que está se fazendo continuamente. […] Estamos sempre nos projetando para fora (ex), construindo nosso ser. Nós não o ganhamos pronto. Nós o moldamos mediante a nossa liberdade, mediante os enfrentamentos e intimidações do real. Ao reagir, assumir, rejeitar e modelar, vamos construindo a nossa ex-istência.” (BOFF, Leonardo. Tempo de transcendência: o ser humano como um projeto infinito. Rio de Janeiro: Sextante/ Lumensana Publicações Eletrônicas, 2000, p. 6).

[II] “Se nos aproximarmos da natureza e do meio ambiente sem esta abertura para a admiração e o encanto, se deixarmos de falar a língua da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo, então as nossas atitudes serão as do dominador, do consumidor ou de um mero explorador dos recursos naturais, incapaz de pôr um limite aos seus interesses imediatos.” (PAPA FRANCISCO. Carta Encíclica Laudato Si: sobre o cuidado da casa comum, maio de 2015, n. 11. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.pdf>. Acesso em: 16/01/2022).

[III]  “[…] A educação […], inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, n.º 9394 de 20/12/1996. Disponível em: <https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=9394&ano=1996&ato=3f5o3Y61UMJpWT25a>. Acesso em: 16/01/2022.

[IV] Cf. GAUTHIER, Clermont e TARDIF, Maurice. A pedagogia: teorias e práticas da antiguidade aos nossos dias. Tradução de Lucy Magalhães. Petrópolis: Vozes, 2010. CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Tradução de Álvaro Lorencini. São Paulo: Ed. da UNESP, 1999, p. 41-138; GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 1995, p. 21-50. MONROE, Paul. História da educação. 6.ª ed. São Paulo: Nacional, 1983.

[V] CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA. Educar ao humanismo solidário – para construir uma ‘civilização do amor’: 50 anos após a Populorum Progressio. Roma: Institutos de Estudo, 2017. Disponível em: <https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccatheduc/documents/rc_con_ccatheduc_doc_20170416_educare-umanesimo-solidale_po.html>. Acesso em: 16/01/2022.

[VI] Cf. RELATÓRIO FAE SOCIAL 2020. Disponível em: <https://fae.edu/relatorio-2020/index.html>. Acesso em: 16/01/2022.

[VII] Cf. RELATÓRIO BOM JESUS SOCIAL 2020. Disponível em: <https://bomjesus.br/relatorio-2020/index.html>.  Acesso em: 16/01/2022.

[VIII] DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS ESTUDANTES E PROFESSORES DAS ESCOLAS ITALIANAS – Praça de São Pedro, 10/5/2014. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2014/may/documents/papa-francesco_20140510_mondo-della-scuola.html>. Acesso em: 16/01/2022.

[IX] DISCURSO DO PAPA FRANCISCO NA PLENÁRIA DA CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA – Sala Clementina, 13/2/2014. Disponível em: <https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2014/february/documents/papa-francesco_20140213_congregazione-educazione-cattolica.html>. Acesso em: 16/01/2022.

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