Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Paixão segundo Madalena

08/01/2012

Frei Jacir de Freitas Faria, OFM

Na semana santa, a nossa fé se revigora. A paixão nossa de cada dia tem a certeza da vida em Jesus ressuscitado. Tornamo-nos qual uma outra Madalena. Essa mulher impar, que viveu em e com Jesus, um misto de paixão e ressurreição, numa relação de amor expressa em forma de cruz, túmulo, flores e desejo de permanecer com aquele que partiu. Madalena foi feita prostituta sem nunca ter sido. O evangelho apócrifo de Madalena fala dela como mulher liderança, apóstola e amada de Jesus. O evangelho João 19, 5 e 20,1-18 conta o seu encontro com Jesus crucificado e ressuscitado.

Ao pé da cruz, ela vive a sua paixão, contemplando o seu amado morto. A cruz simboliza a morte violenta, o fim de tudo. Madalena quer retê-Lo com vida, mas isto não é lhe possível. Ela sabe que o seu amado não pode morrer. Por isso, ela não para na cruz. Sai a caminho, em busca da vida. Ela quer encontrá-lo em outro lugar que não seja a cruz, embora este seja também o lugar daqueles que amam em profundidade. O caminho é o fazer de quem não para na morte, pois a vida é sempre um caminhar.A pressa de Madalena expressa o seu desejo incomensurável de trazer de volta o amado que se foi. É impossível não caminhar, quando se sabe que no final da jornada o amado estará sempre à espera da paixão que nunca morreu.

O túmulo de Jesus. O túmulo é o nada, o silêncio. É cada um de nós morto com aquele que jaz eternamente. É o vazio existencial mesclado com o desejo de trazer de volta quem amamos. É um amontoado de pedras que guarda o amor de nossas vidas. As flores no túmulo representam gratidão e saudade do amado que partiu. As lágrimas se cristalizam nelas, por isso, elas não murcham nunca, pois vivem dentro de quem ficou. A vida é assim! Chega um momento que não é mais possível chorar pelo ente querido. Ai de nós se as flores não existissem. Mas, ainda sim, resta a saudade, vontade de ver e possuir de novo o amado. A saudade é quase como a morte, e ela só deixa de sê-lo quando se compreende que o amado vive para sempre e sempre viverá, ainda que ausente.

No encontro de Maria Madalena com Jesus está o desejo de possui-lo para sempre. Madalena quer tocá-Lo. O amor é assim, provisório e ilimitado. Jesus diz a Maria Madalena: ‘vá e diga aos apóstolos, teus companheiros de caminhada, que eu volto para a casa de meu Pai. Seja você força na caminhada deles. E eles estarão com você no caminho do amor’. Maria Madalena, nesse momento, compreende que Jesus vive dentro dela. Não há mais o que procurar a não ser ela mesma. Isso é ressurreição!

Na partida, um adeus: um ficar com Deus. O amado que vive eternamente no eterno mistério da procura. No adeus, a eterna ressurreição, a certeza do encontro definitivo da vida em Deus, em Jesus, que não morre mais. Maria Madalena foi dizer aos seus: Jesus vive eternamente. Ele não morreu, pois o amor é eterno. Pedro se encontra com Maria Madalena e dela recebe o anúncio da ressurreição. ‘Nesse encontro uma surpresa: a fiel rocha de Pedro se esmigalhou como areia, mas a fé de Maria é verdadeiramente rocha. A parte masculina do amor revelou-se em energia, pois forte é a feminilidade. O sol do amor masculino se põe na morte, o sol do amor feminino levanta-se na ressurreição.’

Frei Jacir de Freitas Faria, OFM, Escritor e especialista nos apócrifos

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