Nossa Senhora com o Menino Jesus, São Francisco e os Quatro Anjos, de Cimabue, Wikimedia Commons (domínio público)

Celebrada por toda a Igreja no dia 12 de setembro, a devoção ao Santíssimo Nome de Maria recorda a fé em Maria, a Mãe de Jesus.

Nas Sagradas Escrituras o nome tem um significado muito importante, pois representa a própria pessoa. Há vários relatos desde o Antigo até o Novo Testamento em que Deus chama a cada um por seu nome como fez, por exemplo, com Samuel e alguns dos profetas. Outra passagem conhecida é a de Jeremias e revela a predileção de Deus: “Antes mesmo de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que viesses ao mundo, Eu te separei e te designei para a missão de profeta para as nações!”

No Novo Testamento isto fica mais evidente. O chamado dos doze se deu nominalmente por exemplo. Já em Jesus, seu próprio nome indica a sua identidade: “Deus salva”.  Com o chamado de ‘Maria’ não foi diferente. O Evangelista São Lucas registra: “O nome da Virgem era Maria”. Porém, até o anúncio do anjo, sua referência nas profecias era tratada como uma simples jovem, virgem, desposada. Seu primeiro chamado veio pela boca do anjo Gabriel: “Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus”. Esta pequena perícope apresenta quão grandiosa é a força deste nome. Ele carrega consigo uma força inesgotável da graça e bondade de Deus. Carrega todo um projeto de libertação de toda a humanidade do pecado. Pelo anúncio do anjo a esta simples e pobre serva, a cada invocação do seu santo nome, Maria traz a vitória e a Ressureição de seu amado e dileto Filho. O nome de Maria só pode ter toda esta simbologia se cada cristão estiver intimamente ligado ao mistério de seu Filho, Jesus Cristo.

Vale destacar que essa devoção teve início na Espanha em 1513 e espalhou-se por todo o país. Em 1683 o Papa Inocêncio XI a estendeu para toda a Igreja do Ocidente como um ato de ação de graças pelo levantamento do cerco de Viena e a derrota dos turcos por João Sobieski, rei da Polônia. Na época, a data desta celebração foi definida para ser no domingo, dentro da oitava da Natividade de Nossa Senhora.

Pelo sacramento do batismo todos os cristãos são inscritos e selados na comunidade cristã por toda a eternidade. Deus chama a cada um pelo nome. É por isso que a Igreja celebra com festa o Santíssimo Nome de Maria. É o nome da Mãe de Deus e deve ser invocado sempre.

São Francisco de Assis tinha uma especial devoção a Maria. São Boaventura explica o motivo desse amor tão terno e filial: “O homem de Deus tinha uma devoção fervente por Maria, Senhora do mundo. Fixou-se em Porciúncula por causa de seu amor pela mãe de Cristo. Amou sempre este lugar mais do que qualquer outro do mundo. Foi este lugar que, ao morrer, confiou aos irmãos como particularmente caro à Virgem. Foi neste lugar que Francisco, impelido por Deus, que lhe revelou sua vontade, fundou a Ordem dos Frades Menores”. E assim rezava São Francisco entoando seus louvores e a sua saudação à Mãe de Deus: “Salve ó Senhora Santa, Rainha Santíssima, Mãe de Deus, ó Maria, que sois Virgem perpétua, eleita pelo Santíssimo Pai celestial, que vos consagrou por seu santíssimo e dileto Filho e o Espírito Santo Paráclito! Em vós residiu e reside toda a plenitude da graça e todo o bem! Assim, a exemplo de São Francisco, somos chamados a recorrer sempre a Maria, ela é o nosso bálsamo!

Frei Augusto Luiz Gabriel, OFM*

*Religioso franciscano da Ordem dos Frades Menores. É graduado em Filosofia pela FAE Centro Universitário de Curitiba (PR), e em Teologia pelo Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Atualmente compõe a equipe de Animação da Evangelização com as Juventudes da Província da Imaculada Conceição do Brasil e desempenha seus trabalhos pastorais como diácono na Paróquia Santa Clara de Assis de Colatina (ES). Será ordenado presbítero em outubro deste ano.

Este artigo foi publicado originalmente na “Revista Ave-Maria”.