Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Moral e representação

29/11/2024

Aqueles que assumem o compromisso de representar os cidadãos nas instâncias de poder precisam reconhecer: o exercício dessa responsabilidade requer irrenunciável dever moral, pois não se pode negligenciar o cumprimento da “palavra dada”. Trata-se de responsabilidade que deve emoldurar a conduta de cada cidadão, e, principalmente, das figuras públicas governamentais. Deve-se cumprir as promessas e os protocolos assinados, os acordos estabelecidos em cúpulas, congressos, reuniões de grupos majoritários, sobretudo quando contemplam metas de preservação ambiental e promoção da justiça social. Ao se assumir um compromisso, não bastam os discursos bem arquitetados. Ora, tem razão a sabedoria popular quando aponta que “falar é fácil, cumprir é que são elas”. Ou ainda quando se diz que o “papel aceita tudo”. Governantes e servidores públicos, contracenando com demais cidadãos – a quem devem servir – são chamados, permanentemente, a respeitar o primado da sociedade civil – cláusula inegociável e intocável.

Preciosamente ensina a Doutrina Social da Igreja Católica que a comunidade política está a serviço da sociedade civil, isto é, a serviço das pessoas. Quando são ocupados cargos nas instâncias do poder, torna-se ainda maior a obrigação de fielmente cumprir as metas e os compromissos assumidos. A comunidade civil não pode ser tratada com o descaso que se expressa a partir do desrespeito às tarefas que são intrínsecas à função pública. Isto significa que são injustificáveis atitudes que buscam apenas contemplar interesses cartoriais e oligárquicos. A comunidade política nasce do coração da sociedade civil, a quem deve servir. Distanciar-se dessa verdade é grave, pois inviabiliza o cumprimento do dever moral de efetivar e promover o bem comum, essencial a todos.  Esse dever moral dos governantes precisa incidir, especialmente, no campo econômico, onde não são válidas, simplesmente, as regras do mercado – a economia deve reger-se por princípios inegociáveis.

A ordem econômica não pode ser considerada esfera autônoma em relação ao campo moral. A dimensão moral da economia deve ser prioridade dos governantes, para que seja alcançada uma eficiência econômica capaz de levar a humanidade ao desenvolvimento solidário. São interligadas, pois, intrinsecamente, a moral e a economia. A Doutrina Social da Igreja, nesta direção, ensina que a moral constitutiva da vida econômica não é nem opositiva e nem neutra, inspira-se na justiça e na solidariedade. Uma inspiração que se desdobra no compromisso de promover uma economia eficaz e inclusiva, na contramão de um crescimento que desconsidera o bem dos seres humanos, condenando muitas pessoas à indigência e à exclusão. Torna-se evidente, portanto, a exigência moral de se respeitar propósitos assumidos, sem desvirtuamentos, sem se descuidar do que está documentado em acordos e declarações. A meta a ser alcançada é a promoção do bem comum, que contempla todos os cidadãos e precisa ser garantido a partir da dedicação da comunidade política.

Compreende-se a importância determinante dos desempenhos governamentais para consolidar a autoridade política.  Somente conquistam a autoridade política, obtendo o reconhecimento da população, aqueles que se pautam no horizonte do dever moral, sem negociações espúrias ou conivências mesquinhas. Iluminados pelo dever moral de buscar garantir à comunidade uma vida balizada pela ordem e retidão, líderes políticos hão de cumprir suas promessas, para não cair em descrédito, gerando atrasos que inviabilizam respostas urgentes. A autoridade política pertence ao povo, que a confia a governantes para que possam bem exercer a representação pública. Assim, aqueles que estão no exercício do poder precisam buscar merecer, sempre mais, a confiança da população, que verdadeiramente detém a autoridade política. Esse merecimento se conquista buscando servir com qualidade, a partir da promoção de valores humanos essenciais, que garantam o desenvolvimento sustentável.  O respeito às leis deve ser o horizonte comum a todos, a ser vivido a partir do dever moral de propor e cumprir metas. Caso contrário, prevalecerão somente a ostentação de aparatos, os discursos vazios, demagógicos, que apenas concretizam frustrações. Aparatos e discursos que, distantes de parâmetros morais, contribuem para normalizar uma economia perversa e excludente, onde ricos estão cada vez mais ricos e os pobres, sempre mais pobres.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Download Premium WordPress Themes Free
Download Premium WordPress Themes Free
Premium WordPress Themes Download
Premium WordPress Themes Download
lynda course free download
download intex firmware
Download Best WordPress Themes Free Download
free download udemy course

Conteúdo Relacionado