Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Meditação diária

dezembro/2024

  • A arte de escutar

    Quantas pessoas conhecemos que precisam falar, mas não encontram ouvidos para ouvir. Quantos vão ao psicólogo, ao orientador educacional, ao confessor, simplesmente com a intenção de serem ouvidos e, após a conversa, saem aliviados, como se um peso fosse tirado de seus ombros! O mundo tem valorizado muito a palavra escrita ou falada, mas, tem ignorado a força do escutar, conhecida como a arte da escutatória. Quem ouve, coloca-se à disposição, abre as portas da alma, acolhe, abriga e até, sem dizer uma só palavra, consola. Essa é a magia e a força transformadora do escutar. Agora você já sabe. Quando alguém disser que precisa falar alguma coisa com você, vá ao encontro dessa pessoa com ouvidos preparados para ouvir e deixe a boca calada. Aprenda a ouvir mais! Para muitos é difícil, mas é uma prática que só faz bem.

    Sebastião Maria Moraes Rodrigues Palavra Amiga

  • Diálogo com Deus

    A oração, como nós comumente a entendemos, é uma prática de piedade que integra o conjunto da vida cristā. Atribuímos costumeiramente à oração o caráter de um diálogo entre Deus e o homem, através do qual o homem se dirige a Deus e entra em contato com ele. Para nós, isto não é algo estranho. Pelo contrário, a oração é uma realidade na qual já sempre estamos e no interior da qual já sempre nos movemos e operamos.

    Anselm Grün A oração como encontro

  • Ardor do Coração na presença de Deus

    A Bíblia diz que a Palavra de Deus é viva, eficaz […] e discerne os sentimentos e as intenções do coração. Deste modo, fala-nos de um núcleo, o coração, que se esconde detrás de todas as aparências, e até mesmo de pensamentos superficiais que nos confundem. Os discípulos de Emaús, na sua misteriosa caminhada com Cristo ressuscitado, viviam um momento de angústia, confusão, desespero, desilusão. Mas, para além disso e apesar de tudo, acontecia algo no seu íntimo: “Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho?”

    Papa Francisco Carta Encíclica Dilexit Nos

  • Coração autêntico

    A mera aparência, a dissimulação e o engano danificam e pervertem o coração. Para além das muitas tentativas de mostrar ou exprimir o que não somos, é no coração que se decide tudo: ali não conta o que mostramos exteriormente ou o que ocultamos, ali conta o que somos. E esta é a base de qualquer projeto sólido para a nossa vida, porque nada que valha a pena pode ser construído sem o coração. As aparências e as mentiras só trazem vazio.

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  • Perguntas que revelam o Coração

    Em vez de procurar uma satisfação superficial e de representar um papel diante dos outros, é melhor deixar que surjam perguntas decisivas: quem realmente sou? O que procuro? Que sentido quero dar à vida, às minhas escolhas e ações? Por que razão e para que fim estou neste mundo? Como vou querer avaliar a minha existência quando ela terminar? Que sentido quero dar a tudo o que vivo? Quem quero ser perante os outros? Quem sou diante de Deus? Estas perguntas conduzem-me ao meu coração.

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  • Coração em um mundo líquido

    Neste mundo líquido, é necessário voltar a falar do coração; indicar onde cada pessoa, de qualquer classe e condição, faz a própria síntese; onde os seres concretos encontram a fonte e a raiz de todas as suas outras potências, convicções, paixões e escolhas. Movemo-nos, porém, em sociedade de consumidores em série, preocupados só com o agora e dominados pelos ritmos e ruídos da tecnologia, sem muita paciência para os processos que a interioridade exige.

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  • Agir com o Coração

    Ao não se dar o devido valor ao coração, desvaloriza-se também o que significa falar a partir do coração, agir com o coração, amadurecer e curar o coração. Quando não se consideram as especificidades do coração, perdemos as respostas que a inteligência por si só não pode dar, perdemos o encontro com os outros, perdemos a poesia. E perdemos a história e as nossas histórias, porque a verdadeira aventura pessoal é aquela que se constrói a partir do coração.

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  • Coração como guia das ações

    É necessário que todas as ações sejam colocadas sob o “controle político” do coração, que a agressividade e os desejos obsessivos sejam acalmados no bem maior que o coração lhes oferece e na força que ele tem contra os males; que a inteligência e a vontade sejam também postas ao seu serviço, sentindo e saboreando as verdades em vez de as querer dominar, como algumas ciências tendem a fazer; que a vontade deseje o bem maior que o coração conhece, e que a imaginação e os sentimentos se deixem também moderar pelo bater do coração.

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  • Coração: fonte de verdadeira identidade

    Pode-se dizer que eu sou o meu coração, porque é ele que me distingue, que me molda na minha identidade espiritual e que me põe em comunhão com as outras pessoas. O algoritmo que atua no mundo digital mostra que os nossos pensamentos e as decisões da nossa vontade são muito mais “standard” do que pensávamos. São facilmente previsíveis e manipuláveis. Não é o caso do coração.

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  • Coração e a essência das relações

    O coração torna possível qualquer vínculo autêntico, porque uma relação que não é construída com o coração não pode ultrapassar a fragmentação do individualismo. Restariam apenas mónadas que se justapõem, mas não se ligam verdadeiramente. Uma sociedade cada vez mais dominada pelo narcisismo e pela autorreferencialidade é uma sociedade “anti-coração”.

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  • Descoberta de si no encontro do outro

    Vemos assim como no coração de cada pessoa se produz esta ligação paradoxal entre a valorização do próprio ser e a abertura aos outros, entre o encontro muito pessoal consigo mesmo e o dom de si aos outros. Só nos tornamos nós próprios quando adquirimos a capacidade de reconhecer o outro, e só encontra o outro quem é capaz de reconhecer e aceitar a própria identidade.

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  • Coração que guarda e medita

    O coração é também capaz de unificar e harmonizar a própria história pessoal, que parece fragmentada em mil pedaços, mas na qual tudo pode adquirir sentido. É isso que o Evangelho exprime no olhar de Maria, que olhava com o coração. Ela foi capaz de dialogar com as experiências que conservava, meditando-as no seu coração, dando-lhes tempo: simbolizando-as e guardando-as no seu interior para as recordar. No Evangelho, a melhor expressão do que pensa o coração é oferecida por duas passagens de São Lucas que nos dizem que Maria “guardava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração” (cf. Lc2, 19.51).

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  • O que a Inteligência artificial não alcança

    Na era da Inteligência artificial, não podemos esquecer que a poesia e o amor são necessários para salvar o humano. O que nenhum algoritmo conseguirá abarcar é, por exemplo, aquele momento de infância que se recorda com ternura e que continua a acontecer em todos os cantos do planeta, mesmo com o passar dos anos.

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  • Tudo está unificado no coração

    Este núcleo de cada ser humano, o seu centro mais íntimo, não é o núcleo da alma, mas da pessoa inteira na sua identidade única, que é alma e corpo. Tudo está unificado no coração, que pode ser a sede do amor com todas as suas componentes espirituais, psíquicas e também físicas. Em última análise, se aí reina o amor, a pessoa realiza a sua identidade de forma plena e luminosa, porque cada ser humano é criado sobretudo para o amor; é feito nas suas fibras mais profundas para amar e ser amado.

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  • Amor como resposta ao mistério da vida

    Quando alguém reflete, procura ou medita sobre o próprio ser e a sua identidade, ou analisa questões mais elevadas; quando pensa no sentido da própria vida e até mesmo procura a Deus, e ainda quando sente o gosto de ter vislumbrado algo da verdade; todas estas reflexões exigem que se encontre o seu ponto culminante no amor. Amando, a pessoa sente que sabe porquê e para que vive. Assim, tudo converge para um estado de conexão e de harmonia. Por isso, diante do próprio mistério pessoal, talvez a pergunta mais decisiva que se possa fazer seja esta: tenho coração?

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  • Coração que responde ao “Tu” de Deus

    Onde o filósofo detém o seu pensamento, o coração fiel ama, adora, pede perdão e oferece-se para servir no lugar que o Senhor, à escolha, lhe dá para O seguir. Então percebe que é o “tu” de Deus e que pode ser um “eu” porque Deus é um “tu” para ele. Na realidade, somente o Senhor se dispõe a tratar-nos sempre – e para sempre – com um “tu”. Aceitar a sua amizade é uma questão de coração e constitui-nos como pessoas no sentido pleno da palavra.

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  • Fé e amor no Coração

    São Boaventura dizia que, no final, se deve perguntar “não à luz, mas ao fogo”. E ensinava que a “fé está no intelecto, de tal modo que provoca o afeto. Por exemplo: saber que Cristo morreu por nós não permanece (somente) conhecimento, mas torna-se necessariamente afeto, amor”.

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  • Coração que reverencia e obedece ao Senhor

    Perante o Coração de Jesus vivo e atual, o nosso intelecto, iluminado pelo Espírito, compreende as palavras de Jesus. Assim, a nossa vontade põe-se em ação para as praticar. Mas isso poderia permanecer como uma forma de moralismo autossuficiente. Ouvir, saborear e honrar o Senhor pertence ao coração. Só o coração é capaz de colocar as outras faculdades e paixões e toda a nossa pessoa numa atitude de reverência e obediência amorosa ao Senhor.

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  • Pacificação como tarefa do coração

    Só a partir do coração é que as nossas comunidades serão capazes de unir e pacificar os diferentes intelectos e vontades, para que o Espírito nos possa guiar como uma rede de irmãos, porque a pacificação é também uma tarefa do coração. O Coração de Cristo é êxtase, é saída, é dom, é encontro. N’Ele tornamo-nos capazes de nos relacionarmos uns com os outros de forma saudável e feliz, e de construir neste mundo o Reino de amor e de justiça. O nosso coração unido ao de Cristo é capaz deste milagre social.

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  • Reformando o Coração para um mundo justo

    Levar o coração a sério tem consequências sociais. Como ensina o Concílio Vaticano II, “temos, com efeito, de reformar o nosso coração, com os olhos postos no mundo inteiro e naquelas tarefas que podemos realizar juntos para o progresso da humanidade”. Porque “os desequilíbrios de que sofre o mundo atual estão ligados com aquele desequilíbrio fundamental que se radica no coração do home”.

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  • Coração Humano e a busca pela dignidade

    Sejamos cautelosos: tenhamos consciência de que nosso coração não é autossuficiente; é frágil e ferido. Tem dignidade ontológica, mas ao mesmo tempo deve procurar uma vida mais digna. O Concílio Vaticano II também diz que o “fermento evangélico despertou e desperta no coração humano uma irreprimível exigência de dignidade”, ainda que não baste apenas conhecer o Evangelho, ou fazer mecanicamente o que ele nos manda, para viver de acordo com esta dignidade. Precisamos da ajuda do amor divino. Recorramos, pois, ao Coração de Cristo, o centro do seu ser, que é uma fornalha ardente de amor divino e humano, a mais alta plenitude que a humanidade pode atingir. É aí, nesse Coração, que finalmente nos reconhecemos e aprendemos a amar.

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  • Coração de Cristo: fonte da Fé e do Amor

    O Coração de Cristo, que simboliza o centro pessoal de onde brota o seu amor por nós, é o núcleo vivo do primeiro anúncio. Ali se encontra a origem da nossa fé, a fonte que mantém vivas as convicções cristãs.

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  • Jesus: Deus Conosco e proximidade de amor

    O Evangelho diz que Jesus “veio para os seus” (Jo 1, 11). Os “seus” somos nós, pois não nos trata como algo estranho. Considera-nos como propriedade sua, que guarda com cuidado, com afeto. Trata-nos como seus. Isto não significa que sejamos seus escravos; Ele próprio o nega: “Não vos chamo servos” (Jo 15, 15). O que Ele propõe de nós, como as coisas mais simples e quotianas da existências. Efetivamente, Ele tem outro nome, que é “Emanuel” e significa “Deus conosco”, Deus próximo à nossa vida, vivendo entre nós. O Filho de Deus encarnou e “esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo” (Fl 2, 7).

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  • Ternura de Deus: Amor que nos toca

    Se curava alguém, preferia aproximar-se: “Jesus estendeu a mão e tocou-o” (Mt 8,3); “tocou-lhe na mão” (Mt 8, 15); “tocou-lhe nos olhos” (Mt 9, 29). E, como faz uma mãe, curou os doentes até com a própria saliva (Mc 7, 33) para que não O sentissem alheio às suas vidas. Porque “o Senhor conhece a bela ciência das carícias. A ternura de Deus não nos ama com palavras; aproxima-se de nós e, estando perto, dá-nos o seu amor com toda a ternura possível”.

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  • Confiança em Cristo

    Visto que nos custa confiar, porque fomos feridos por tantas falsidades, agressões e desilusões, ele sussurra-nos ao ouvido: “Filho, tem confiança” (Mt9,2); “Filha, tem confiança” (Mt9,2). Trata-se de vencer o medo e de tomar consciência de que, com Ele, não temos nada a perder. A Pedro, que estava desconfiado, “Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: […] ‘Porque duvidaste?’” (Mt 14,31). Não tenhas medo. Deixa-o aproximar-se e sentar-se ao teu lado. Podemos duvidar de muitas pessoas, mas não d’Ele. E não te paralises por causa dos teus pecados.

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  • Compaixão de Jesus por nós

    Muitos textos do Evangelho mostram-nos que Jesus está atento às pessoas, às suas preocupações, ao seu sofrimento. Por exemplo: “Contemplando a multidão, encheu-se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida” (Mt 9,36). Quando nos parece que somos ignorados por todos, que não há quem se interesse pelo que nos acontece, que não temos importância para ninguém, Ele permanece atento a cada um de nós. Foi o que fez notar a Natanael, que se encontrava só e ensimesmado: “Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira! ” (Jo 1,48).

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  • Olhar de Jesus sobre o bem

    Precisamente porque está atento, é capaz de reconhecer cada boa intenção que temos, cada pequena boa ação que praticamos. O Evangelho diz que “Viu também uma viúva pobre depositar [no cofre do tesouro do templo] duas moedinhas” (Lc 21,2) e imediatamente o fez notar aos seus apóstolos. Jesus presta atenção de tal modo que admira as coisas boas que encontra em nós.

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  • Chamado para o Coração de Jesus

    Embora nas Escrituras tenhamos a sua Palavra sempre viva e atual, por vezes Jesus fala interiormente e convoca-nos para nos conduzir ao melhor lugar. Esse lugar melhor é o seu próprio Coração. Ele chama-nos para nos introduzir no lugar onde podemos recuperar a força e a paz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos” (Mt 11,28).

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  • Coração de Cristo – Símbolo do Seu amor

    A devoção ao Coração de Cristo não é o culto a um órgão separado da Pessoa de Jesus. O que contemplamos e adoramos é a Jesus Cristo por inteiro, o Filho de Deus feito home, representado numa imagem sua em que se destaca o seu coração. Neste caso, o coração de carne é entendido como imagem ou sinal privilegiado do centro mais íntimo do Filho incarnado e do seu amor ao mesmo tempo divino e humano, porque, mais do que qualquer outro membro do seu corpo, é “o índice natural ou símbolo da sua imensa caridade”.

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  • Amizade e adoração no Coração de Cristo

    É indispensável sublinhar que nos relacionamos com a Pessoa de Cristo, através da amizade e da adoração, atraídos pelo amor representado na imagem do seu Coração. Veneramos essa imagem que O representa, mas a adoração dirige-se apenas a Cristo vivo, na sua divindade e em toda a sua humanidade, para nos deixarmos abraçar pelo seu amor humano e divino.

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  • Coração de Cristo – centro da Totalidade

    O coração tem o valor de ser percebido não como um órgão separado, mas como um centro íntimo que gera unidade e, ao mesmo tempo, como expressão da totalidade da pessoa, o que não acontece com outros órgãos do corpo humano. Se é o centro íntimo da totalidade da pessoa e, portanto, uma parte que representa o todo, poderíamos facilmente desnaturalizá-lo caso o contemplássemos separado da figura do Senhor. A imagem do coração deve remeter-nos para a totalidade de Jesus Cristo no seu centro unificador e, a partir desse, simultaneamente deve levar-nos a contemplar Cristo em toda a beleza e riqueza da sua humanidade e da sua divindade.

    Papa Francisco Carta Encíclica Dilexit Nos