Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Sexta-feira da Paixão de Cristo

Sexta-feira da Paixão de Cristo

Dos pregos aos projéteis, e Cristo ainda crucificado

 

Frei Gustavo Medella

Bofetada, escarro, chicotada, espinho, prego, suor, zombaria, covardia. Toda sorte de humilhação o Cristo enfrentou por conta de sua firme fidelidade ao Reino. Nunca estendeu a mão contra ninguém, mas levou uma certeira bofetada do soldado que lhe escoltava. Sua saliva, utilizou-a na pregação do Reino e, certa vez, usou-a para curar um cego. Do soldado, ganhou uma cusparada que lhe sujou o rosto e feriu a alma. Quanto ao chicote, chegou a usá-lo, mas nunca para agredir alguém, apenas revoltando-se contra o comércio e a exploração praticada em nome de Deus. Em contrapartida, recebeu no corpo chicotadas que lhe rasgaram a pele e lhe abriram feridas latejantes. Dispensou todo tipo de glória e bajulação, mas teceram-lhe uma coroa de espinhos que afundaram-lhe crânio adentro gerando uma dor lancinante e uma hemorragia extenuante. Suas palavras eram duras e proféticas, mas sempre libertadoras. Na cruz, prenderam-lhe com pregos brutos, grandes e grossos que perfuraram músculos, tecidos e nervos. Nunca ridicularizou ninguém, mas foi alvo de zombaria e irreverência de quem ainda não havia compreendido a natureza de seu poder.

Os absurdos da Sexta-Feira Santa, além de nos comover e emocionar, devem nos despertar mais uma vez para a indignação profética diante da covardia e da crueldade que, com frequência, atualizam para os nossos dias a Paixão de Cristo. As perversidades de um sistema que, no auge do absurdo cria um ambiente de medo, ódio e opressão no qual meninos de pouco mais de 18 anos são capazes de disparar 80 tiros na direção de um carro no qual se encontrava uma família. Pobre matando pobre e Jesus novamente crucificado. Este é apenas um exemplo. Infelizmente existem muitos outros. A situação só pode mudar se mantivermos nossa indignação e se esta se tornar em mobilização comprometida em transformar esta situação de verdade, sem demagogia ou discursos baratos e simplistas que em nada nos ajudam a construir a paz e a concórdia.


FREI GUSTAVO MEDELLA, OFM, é o atual Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Fez a profissão solene na Ordem dos Frades Menores em 2010 e foi ordenado presbítero em 2 de julho de 2011. 


Imagem: Crucifixo do Refeitório do Convento Santo Antônio do Rio

Textos bíblicos para este dia

Primeira Leitura: Is 52,13–53,12

13 Ei-lo, o meu Servo será bem-sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau. 14 Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo — tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano —, 15do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos. Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram. 53,1”Quem de nós deu crédito ao que ouvimos? E a quem foi dado reconhecer a força do Senhor? 2 Diante do Senhor ele cresceu como renovo de planta ou como raiz em terra seca. Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse.3Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele.

4A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado! 5 Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura. 6 Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós. 7 Foi maltratado, e submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca. 8Foi atormentado pela angústia e foi condenado. Quem se preocuparia com sua história de origem? Ele foi eliminado do mundo dos vivos; e por causa do pecado do meu povo foi golpeado até morrer.

9 Deram-lhe sepultura entre ímpios, um túmulo entre os ricos, porque ele não praticou o mal nem se encontrou falsidade em suas palavras. 10O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura, e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. 11 Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas. 12Por isso, compartilharei com ele multidões e ele repartirá suas riquezas com os valentes seguidores, pois entregou o corpo à morte, sendo contado como um malfeitor; ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores.


Responsório: Sl 30

— Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.

— Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.

— Senhor, eu ponho em vós minha esperança;/ que eu não fique envergonhado eternamente!/ Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,/ porque vós me salvareis, ó Deus fiel.

— Tornei-me o opróbrio do inimigo,/ o desprezo e zombaria dos vizinhos,/ e objeto de pavor para os amigos;/ fogem de mim os que me veem pela rua./ Os corações me esqueceram como um morto,/ e tornei-me como um vaso espedaçado.

— A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio,/ e afirmo que só vós sois o meu Deus!/ Eu entrego em vossas mãos o meu destino;/ libertai-me do inimigo e do opressor!

— Mostrai serena a vossa face ao vosso servo,/ e salvai-me pela vossa compaixão!/ Fortalecei os corações, tende coragem,/ todos vós que ao Senhor vos confiais!


Segunda Leitura: Hb 4,14-16; 5,7-9

Irmãos: 14Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. 15Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado.

16Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno. 5,7Cristo, nos dias de suavida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus, por aquilo que ele sofreu. 9Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.


Anúncio da Paixão de Cristo: Jo 18,1–19,42

Narrador 1: Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo João.

Naquele tempo, 1Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. 2Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. 3Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, e chegou ali com lanternas, tochas e armas. 4Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse:

Pres.: “A quem procurais?”

Narrador 1: 5Responderam:

Ass.: “A Jesus, o Nazareno”.

Narrador 1: Ele disse:

Pres.: “Sou eu”.

Narrador 1: Judas, o traidor, estava junto com eles. 6Quando Jesus disse: “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. 7De novo lhes perguntou:

Pres.: “A quem procurais?”

Narrador 1: Eles responderam:

Ass.: “A Jesus, o Nazareno”.

Narrador 1: 8Jesus respondeu:

Pres.: “Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem”.

Narrador 1: 9Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito:

Pres.: “Não perdi nenhum daqueles que me confiaste”.

Narrador 2: 10Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11Então Jesus disse a Pedro:

Pres.: “Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?”

Narrador 1: 12Então, os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. 13Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano. 14Foi Caifás que deu aos judeus o conselho:

Leitor 1: “É preferível que um só morra pelo povo”.

Narrador 2: 15Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio do Sumo Sacerdote. 16Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do Sumo Sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. 17A criada que guardava a porta disse a Pedro:

Ass.: “Não pertences também tu aos discípulos desse homem?”

Narrador 2: Ele respondeu:

Leitor 2: “Não”.

Narrador 2: 18Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. 19Entretanto, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento. 20Jesus lhe respondeu:

Pres.: “Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. 21Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse”.

Narrador 2: 22Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo:

Leitor 1: “É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?”

Narrador 2: 23Respondeu-lhe Jesus:

Pres.: “Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?”

Narrador 1: 24Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o Sumo Sacerdote. 25Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe:

Leitor 2: “Não és tu, também, um dos discípulos dele?”

Narrador 1: Pedro negou:

Leitor 1: “Não!”

Narrador 1: 26Então um dos empregados do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse:

Leitor 2: “Será que não te vi no jardim com ele?”

Narrador 2: 27Novamente Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou. 28De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a páscoa. 29Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse:

Leitor 1: “Que acusação apresentais contra este homem?”

Narrador 2: 30Eles responderam:

Ass.: “Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti!”

Narrador 2: 31Pilatos disse:

Leitor 2: “Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei”.

Narrador 2: Os judeus lhe responderam:

Ass.: “Nós não podemos condenar ninguém à morte”.

Narrador 1: 32Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. 33Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe:

Leitor 1: “Tu és o rei dos judeus?”

Narrador 1: 34Jesus respondeu:

Pres.: “Estás dizendo isto por ti mesmo ou outros te disseram isto de mim?”

Narrador 1: 35Pilatos falou:

Leitor 2: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?”.

Narrador 1: 36Jesus respondeu:

Pres.: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”.

Narrador 1: 37Pilatos disse a Jesus:

Leitor 1: “Então, tu és rei?”

Narrador 1: Jesus respondeu:

Pres.: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”.

Narrador 1: 38Pilatos disse a Jesus:

Leitor 2: “O que é a verdade?”

Narrador 2: Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus, e disse-lhes:

Leitor 1: “Eu não encontro nenhuma culpa nele. 39Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos Judeus?”

Narrador 2: 40Então, começaram a gritar de novo:

Ass.: “Este não, mas Barrabás!”

Narrador 2: Barrabás era um bandido. 19,1Então Pilatos mandou flagelar Jesus. Ass.: 2Os soldados teceram uma coroa de espinhos e colocaram-na na cabeça de Jesus.

Narrador 2: Vestiram-no com um manto vermelho, 3aproximavam-se dele e diziam:

Ass.: “Viva o rei dos judeus!”

Narrador 2: E davam-lhe bofetadas. 4Pilatos saiu de novo e disse aos judeus:

Leitor 1: “Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum”.

Narrador 1: 5Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes:

Ass.: “Eis o homem!”

Narrador 1: 6Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar:

Ass.: “Crucifica-o! Crucifica-o!”

Narrador 1: Pilatos respondeu:

Leitor 1: “Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum”.

Narrador 1: 7Os judeus responderam:

Ass.: “Nós temos uma Lei, e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”.

Narrador 2: 8Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. 9Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus:

Leitor 1: “De onde és tu?”

Narrador 2: Jesus ficou calado. 10Então Pilatos disse:

Leitor 1: “Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?”

Narrador 2: 11Jesus respondeu:

Pres.: “Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior”.

Narrador 2: 12Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam:

Ass.: “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”.

Narrador 1: 13Ouvindo essas palavras, Pilatos levou Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado “Pavimento”, em hebraico Gábata”. 14Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus:

Leitor 2: “Eis o vosso rei!”

Narrador 1: 15Eles, porém, gritavam:

Ass.: “Fora! Fora! Crucifica-o!”

Narrador 1: Pilatos disse:

Leitor 1: “Hei de crucificar o vosso rei?”

Narrador 1: Os sumos sacerdotes responderam:

Ass.: “Não temos outro rei senão César”.

Narrador 2: 16Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram. 17Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado Calvário”, em hebraico “Gólgota”. 18Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio. 19Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito:

Ass.: “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus”.

Narrador 2: 20Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. 21Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:

Ass.: “Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim o que ele disse: ‘Eu sou o Rei dos judeus’”.

Narrador 2: 22Pilatos respondeu:

Ass.: “O que escrevi, está escrito”.

Narrador 2: 23Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto abaixo. 24Disseram então entre si:

Ass.: “Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será”.

Narrador 2: Assim se cumpria a Escritura que diz:

Ass.: “Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica”.

Narrador 1: Assim procederam os soldados. 25Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe:

Pres.: “Mulher, este é o teu filho”.

Narrador 1: 27Depois disse ao discípulo:

Pres.: “Esta é a tua mãe”.

Narrador 1: Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. 28Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse:

Pres.: “Tenho sede”.

Narrador 1: 29Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. 30Ele tomou o vinagre e disse:

Pres.: “Tudo está consumado”.

Narrador 1: E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

Narrador 2: 31Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. 32Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro que foram crucificados com Jesus. 33Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.

Ass.: 35Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro;

Narrador 2: e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz:

Ass.: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”.

Narrador 2: 37E outra Escritura ainda diz:

Ass.: “Olharão para aquele que transpassaram”.

Narrador 1: 38Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus — mas às escondidas, por medo dos judeus —, pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. 39Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido de noite encontrar-se com Jesus. Trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés. 40Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar.

Narrador 2: 41No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. 42Por causa da preparação da Páscoa, e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus.

Salve, ó Cruz, doce esperança!

Frei Clarêncio Neotti

Jesus está morto na Cruz! O Filho de Deus, que assumiu a nossa carne no seio de Maria, por obra e graça do Espírito Santo, e “armou sua tenda entre nós” (Jo 1,14), foi posto fora do convívio humano! Jesus de Nazaré, que passou entre o povo, fazendo o bem, dando vista aos cegos, ouvidos aos surdos e fala aos mudos (Me 7,37), está morto, pregado numa cruz. O Cristo, enviado pelo Pai para perdoar os pecados e lavar a desgraça da humanidade, carregou sobre si toda a nossa iniquidade e sucumbiu ao peso dos nossos crimes.

Nosso coração treme e chora diante do mistério da Cruz, do mistério de um Cristo morto. E chora, porque cada um de nós tem nisso sua parte de culpa. Os Apóstolos saíram pelo mundo, dizendo a todos que eles foram testemunhas dessa morte do Senhor Jesus, suspenso numa cruz (At 10,38-43). Também nós somos testemunhas, sabemos que de nossos pecados foram feitos os açoites da flagelação. Traímos como Judas, mas não nos desesperamos como Judas. Traímos como Pedro. E choramos como Pedro, porque esperamos na misericórdia. Do lado aberto de Cristo nasce uma torrente de misericórdia e perdão. Dessa morte, causada pelos nossos pecados, recebemos “graça sobre graça” (Jo 1,16). São Paulo, olhando para a Cruz do Senhor, escreveu aos romanos: “Onde o pecado se multiplicou, superabundou a graça” (Rm 5,20).

Olhando para o Cristo morto na Cruz, melhor que de lágrimas, nossos olhos se encham de esperança. E podemos cantar com a Liturgia: “Salve, ó Cruz, doce esperança! / Concede aos réus remissão! / Dá-nos o fruto da graça, / Que floresceu na Paixão!” A Cruz, de instrumento de suplício e maldição, transformou-se num trono de graça. A Carta aos Hebreus nos convida: “Aproximemo-nos confiantemente do trono da graça a fim de alcançar misericórdia e alcançar a graça de um bom auxílio” (Hb 4,16). A Cruz, de momento de frustração e desespero, tornou-se a nascente de todas as esperanças, sobretudo, da esperança de que Você se converta, de que Você se lave no sangue do Cordeiro de Deus imolado na Cruz, de que Você confesse com todas as veras do coração, como o soldado romano: “Verdadeiramente, este homem Jesus é o Filho de Deus” (Me 15,39).


FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFMentrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Durante 20 anos, trabalhou na Editora Vozes, em Petrópolis. É membro fundador da União dos Editores Franciscanos e vigário paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo (ES). Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.

Um amor inimaginavelmente sem medida

Frei Almir Guimarães

Quando eu for elevado atrairei tudo a mim.

João 12,32

♦  Sexta-feira do amor que vai até o fim. Dor e amor. Melhor fora, quem sabe, nada escrever sobre o tema. Momento da entrega e do abandono do mais belo dos filhos dos homens. Bastaria ficar em silêncio. No dia de hoje o silêncio fala mais do que as palavras. Sexta-feira da desolação.

♦ Os celebrantes da cerimônia da tarde entram em silêncio no templo. Estão vestidos de paramentos rubros. Fogo e dor. Fogo do amor e dor do mistério da morte violenta. Prostram-se por terra. Celebração da paixão e morte de Jesus, nosso caminho. Deus vem morrer em nossa carne para que possamos viver. Dor aguda e esperança indefectível. Nobre e belo o gesto da prostração do corpo e da mente.

♦ “Nosso  Senhor foi calcado pela morte mas, por sua vez, esmagou-a como quem soca aos pés o pó da estrada. Sujeitou-se à morte e aceitou-a voluntariamente, para destruir aquela morte que não queria morrer. Nosso Senhor saiu para o  Calvário carregando a cruz, para satisfazer as exigências da morte; mas ao soltar um brado no alto da cruz, fez sair os mortos dos sepulcros, vencendo a oposição da morte. A morte o matou no corpo que assumira; mas ele, com as mesmas armas, saiu vitorioso da morte. A divindade ocultou-se sob a humanidade e assim aproximou-se da morte que matou mas que também foi morta. A morte matou a vida natural e, por sua vez, foi morta pela vida sobrenatural” ( Santo Efrém, Liturgia das Horas II, p. 662-663).

♦ Sexta-feira das dores, do silêncio, da paixão, da compaixão. O Menino das Palhas, o andarilho que espargia esperança, o amigo dos homens chega ao termo de sua curta caminhada. Hora da solidão. Hora esperada, mas temida. Hora de um batismo sonhado. Seria melhor se o cálice lhe fosse afastado. Dores intensíssimas no corpo e aflição no espírito. Querendo falar e quase não podendo nada articular. Encarcerado com a prisão dos cravos. Parece que até mesmo o céu se fechara. Suaves e doídos gemidos do Filho muito amado. O céu havia dito e diz: “Este é meu Filho amado, escutai-o!” “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”.

♦ Antigamente, em tempos revolutos, quando tudo havia começado, houve uma árvore, uma outra árvore. A árvore da “prova”, do teste da fidelidade, colocada no meio do paraíso, que foi ocasião da desarrumação do coração dos nossos pais.   E agora, eis outra árvore levantada, a árvore da cruz que carrega um preciosíssimo fruto: aquele que ama sem limites e alimenta os famintos, os verdadeiros famintos, os famintos de Deus, os que se recusam de levar uma vida pequena, frustrada, frustrante e banal.

♦ O ladrão, aquele que é designado de “bom ladrão” dirige-se a Jesus, meio de lado, ainda com força na voz. Suplica que o Mestre dele se apiede. “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso. Hoje mesmo… (que palavras belas)… Eu vou te levar para a ventura do Pai, do meu Pai e teu Pai”. O amor crucificado ainda tem palavras de compaixão…

♦ “Minha alma tem sede de Deus, meu Salvador. Desejo abrir-me ao Senhor. Quero ver aquele que sorveu o cálice mais amargo do mundo, sim o mais amargo. Como efetivamente esse cálice deve ter sido amargo para aquele que era tão puro e tão sensível. Quero beijar estes pés ensanguentados que  não pararam de andar sempre em busca de mim até nos becos sem saída e nos abismos mais profundos onde meus pecados me levaram. Quero ver o lado traspassado  para ali fazer um lugar para mim” (Karl Ranher).

♦ “Que te fiz eu, meu povo eleito?  Dize em que te contristei? Para que, por quê? Essa cruz, esses pregos, essa solidão, esse olhos turvos, esse abandono, esse morrer? Dize em que te contristei…” Sexta-feira, das dores, da desolação, sem missa, sem sacramentos. Desolação?

♦ É de João e só de João, o detalhe da lança que perfura o peito de Jesus. Uma fonte no peito do amado. Dali correm sangue e água, sinais de vida e de fecundidade. “Queres compreender profundamente o significado deste sangue? Repara de onde ele começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com a lança e imediatamente saiu água e sangue: a água como símbolo do batismo; o sangue como símbolo da eucaristia. Abriu uma brecha na parede do templo santo e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício” (São João Crisóstomo, Liturgia das Horas  II, p. 436).


Ladainha da sexta-feira da paixão

♦ Por tua Igreja, Senhor, que te aguarda como seu esposo, na noite deste mundo, Senhor Jesus pela noite da tua paixão, nós te pedimos.

♦ Por aqueles que não nos amam, e que não sabemos amar, por nossos inimigos e por aqueles que nos querem mal, Senhor Jesus…

♦ Pelos doentes, pelos que se encontram nos hospitais, que passam a noite no sofrimento, pelos que estão em agonia e morrem nesta noite, esses cujos olhos não verão mais a luz do dia, Senhor Jesus…

♦ Pelos que vivem angústias, não conseguem dormir, por aqueles que são presas da ideia do suicídio, Senhor Jesus…

♦ Pelos que estão em prisão, pelos que são torturados e que são aniquilados na noite, pelos condenados à morte que esperam a noite da execução, Senhor Jesus.

♦ Pelos homens e mulheres que se amam, pelos casais que descansam em paz, pelas mulheres que dão à luz, Senhor Jesus.


FREI ALMIR GUIMARÃES, OFMingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.

As cicatrizes do Ressuscitado

José Antonio Pagola

“Vós o matastes, mas Deus o ressuscitou”. Isto é o que pregam com fé os discípulos de Jesus pelas ruas de Jerusalém, poucos dias depois de sua execução. Para eles, a ressurreição é a resposta de Deus à ação injusta e criminal daqueles que quiseram calar para sempre sua voz e destruir pela raiz seu projeto de um mundo mais justo.

Não devemos esquecer nunca que no cerne de nossa fé há um Crucificado a quem Deus deu razão. No próprio centro da Igreja há uma vítima à qual Deus fez justiça. Uma vida “crucificada” mas vivida com o espírito de Jesus, não terminará em fracasso, mas em ressurreição.

Isto muda totalmente o sentido de nossos esforços, penas, trabalhos e sofrimentos por um mundo mais humano e uma vida mais feliz para todos. Viver pensando nos que sofrem, estar perto dos mais desvalidos, dar uma mão aos indefesos … seguir os passos de Jesus, não é algo absurdo. É caminhar para o Mistério de um Deus que ressuscitará para sempre nossas vidas.

Os pequenos abusos que possamos padecer, as injustiças, rejeições ou incompreensões que possamos sofrer são feridas que um dia cicatrizarão para sempre. Temos de aprender a olhar com mais fé as cicatrizes do Ressuscitado. Assim serão um dia nossas feridas de hoje: cicatrizes curadas por Deus para sempre. Esta fé nos sustenta por dentro e nos faz mais fortes para continuar correndo riscos. Pouco a pouco vamos aprendendo a não queixar-nos tanto, a não viver sempre nos lamentando do mal que há no mundo e na Igreja, a não sentir-nos sempre vítimas dos outros. Por que não podemos viver como Jesus dizendo: “Ninguém me tira a vida, sou eu que a dou”?

Seguir o Crucificado até compartilhar com Ele a ressurreição é, em última análise, aprender a “dar a vida’, o tempo, nossas forças e, talvez, nossa saúde por amor. Não nos faltarão feridas, cansaço e trabalho árduo. Mas uma esperança nos sustenta: um dia “Deus enxugará as lágrimas de nossos olhos, então não haverá mais morte nem pranto, nem gritos, nem fadigas, porque todo este velho mundo terá passado”.


JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

A cruz gloriosa

Pe. Johan Konings

Durante o Tríduo Sacro, a liturgia segue os passos do Senhor mais cerradamente ainda do que no tempo da Quaresma. O Tríduo Sacro é um grande drama, uma grande encenação do sofrimento do Senhor. Por isso, tendo representado a Instituição da Ceia na tarde da quinta-feira, a liturgia não voltará a celebrar a Eucaristia até a noite pascal  – assim como Jesus não voltou a celebrá-la até que a celebrasse no Reino de Deus (Mt 26,29 e par.). Assim, no dia em que o sacrifício de Cristo está mais central do que nunca, a liturgia não celebra o sacrifício da Missa, mas uma evocação de sua morte, que não deixa de estar em íntima união com a missa de Quinta-feira Santa, já que o pão consagrado ontem é consumido hoje.

A liturgia nos faz sentir, sobretudo, o significado do sofrimento de Cristo, e as duas leituras que preparam a leitura do evangelho são fundamentais para contemplarmos este mistério.

A 1ª  leitura apresenta o 4° canto do Servo de Deus (Is 52-53). Neste texto, a jovem Igreja encontrou o fio escondido que a existência de Jesus revelou e levou ao fim: a doação da vida do justo, pela salvação dos irmãos, mesmo dos que o rejeitaram. Como diz a 2ª  leitura (Hb 4-5), Jesus participou em tudo de nossa condição humana, menos no pecado. Sua existência não foi alheia à nossa como a de um anjo. Jesus teve de descobrir continuamente, como cada um de nós, o sentido de sua existência, embora a vivesse de modo divino, em contínua união com o Pai. Assim, formado na escola da piedade judaica, ele conheceu a tradição que considerava a salvação como fruto do sofrimento redentor. Mas esta não era a teologia dominante do judaísmo farisaico, que esperava a salvação a partir das instituições, da observância legalista, de algum messias político… Jesus, pelo contrario, reconheceu na sua experiência íntima com Deus, a quem chamamos de Pai, a experiência dos pobres de Deus, do profeta rejeitado e do justo sacrificado pelos seus irmãos, e assumiu-a, em obediência até o fim ao projeto do Pai. E isso que nos ensinam as duas primeiras leituras, com suas expressões humanas e existenciais, que sacodem o nosso cristianismo monofisista(*): “pedidos e súplicas… veemente clamor e lágrimas… embora fosse Filho, aprendeu a obediência pelo sofrimento” (Hb 5,7-8).

Esta cristologia da “quenose” (despojamento) (**)  e da verdadeira humanidade de Jesus é pressuposta para compreender a cristologia da glória no relato da Paixão de Jesus segundo João (evangelho). Jo mostra o sofrimento do Cristo fortemente à luz da fé pós-pascal. Mas nem por isso nega a dimensão trágica da experiência humana de Jesus; antes, a supõe e a coloca na luz de sua glória divina. Tal procedimento não teria sentido se a gente não estivesse profundamente convencido da realidade do abismo do sofrimento pelo qual ele passou. Pois é neste abismo que se realiza a revelação da glória de Deus, que é amor incomensurável. Assim, merecem especial atenção, nesta narração, a majestade de Jesus na hora de sua prisão; a ironia em redor do “rei dos judeus”, que Pilatos declara, formalmente, ser Jesus; o sentido do Reino de Jesus; e a cena de sua morte, fonte de Espírito e vida. O Cristo da Paixão segundo João é parecido com aquele Cristo vestido de traje sacerdotal ou real, coroado do diadema imperial, que os artistas do começo da Idade Média colocavam na cruz: é a visão teológica da Cruz Gloriosa, a mesma que domina a segunda parte da celebração da Sexta-feira Santa, a adoração da cruz, em que alterna a lamentação do Cristo rejeitado com a aclamação de sua glória (antífona Hágios ho Theós).

Entre as leituras e a veneração da Cruz gloriosa, pronunciam-se as grandes preces da Igreja, modelo das preces dos fiéis em nossas liturgias. Este rito também se inspira na ideia de que a cruz é a fonte da graça de Deus, da vida da Igreja: do lado aberto do Salvador nasce a Igreja.

A terceira parte da liturgia é o despojado rito de comunhão com o Senhor que nos amou até o fim. Este rito estabelece a unidade da presente celebração com a de ontem, consumindo-se hoje as Santas Espécies consagradas ontem (chamadas “pré-consagradas”). A bênção final tem um texto próprio, evocando a perspectiva da Ressurreição.

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(*) Inclinado a substantificar a natureza divina de Cristo, desconsiderando sua encarnação em verdadeira existência humana.
(**) Cf. comentário da missa do dia de Natal.


PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022.  Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.