Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Apresentação do Senhor

Apresentação do Senhor

Quando Deus será a nossa luz sem ocaso

Frei Clarêncio Neotti

O costume de benzer as velas e com elas acesas fazer uma procissão  chegou a dar um nome popular à festa: Candelária, ou Nossa Senhora das Candeias. Há uma ligação entre a Apresentação do Senhor no templo, a vela acesa na mão e nossa apresentação diante de Deus na morte. Daí o costume de muitas famílias colocarem na mão do agonizante uma vela acesa. Ela lembra o Batismo, ela lembra o Cristo, luz e salvação nossa, que professamos durante a vida e que queremos que seja nosso introdutor no templo eterno dos céus. A ligação vem também por causa do velho Simeão, que canta ao ver o Menino: “Senhor, posso morrer em paz, porque meus olhos viram a salvação” (Lc 2,29). O mesmo símbolo tem as velas acesas em torno do caixão de um defunto. A morte não é treva, quando Cristo ilumina a passagem da morte. O Apocalipse, que é a descrição simbólica da história da comunidade cristã, diz-nos, em seu último capítulo (quando terminam todas as maldades e maldições, quando tudo se torna puro e límpido como o cristal, quando se refaz a árvore da vida, porque sobre ela estará assentado o Trono de Deus), que “não haverá noite nem necessidade da luz das lâmpadas ou da luz do sol, porque o Senhor Deus será a nossa luz e nós reinaremos para sempre com ele” (Ap 22,1-5).

São várias as razões porque esta festa passou a ser a festa da Consagração religiosa. Os religiosos e as religiosas como que encarnam toda a esperança da humanidade de encontrar-se e viver com o seu Senhor, como os velhos Simeão e Ana. São as testemunhas dessa possibilidade. Deus fez à humanidade o dom de seu Filho. Hoje, o Filho apresenta-se ao Pai, primogênito de todas as criaturas, oferecendo-se à disposição de sua vontade. O religioso, a religiosa põem-se, como Jesus e Maria, por inteiro na mão de Deus (pelo voto de castidade), para serem os instrumentos de sua vontade (pelo voto de obediência) e viverem o desapego e a gratuidade (pelo voto de pobreza). E nessa consagração, exatamente como aconteceu com Jesus, consagram toda a comunidade e tornam-se para os cristãos sinais de contradição (Lc 2,34) e, ao mesmo tempo, a luz do povo (Lc 2,32).


FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFMentrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Durante 20 anos, trabalhou na Editora Vozes, em Petrópolis. É membro fundador da União dos Editores Franciscanos e vigário paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo (ES). Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.


Imagem ilustrativa:  Canva (www.canva.com/pt_br/modelos)