Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Viagem Apostólica do Papa Francisco à Colômbia

A missão se faz com paixão e no corpo a corpo

Bogotá (Colômbia) – Um dos discursos mais esperados do Papa Francisco, em Bogotá, foi dirigido aos bispos latino-americanos e do Caribe na tarde desta quinta-feira (7). O encontro com o Comitê Diretivo do Celam, o Conselho Episcopal Latino-Americano, aconteceu na Nunciatura Apostólica.

Em sinal de gentileza, o Santo Padre agradeceu pelo esforço da presença de cada um, já que o encontro não pôde ser realizado na sede do organismo católico em Bogotá, “uma casa ao serviço da comunhão e da missão da Igreja na América Latina”, além de ser um “ponto de referência vital para a compreensão e aprofundamento da catolicidade latino-americana”.

Francisco alinhavou seu discurso remetendo-se ao Rio de Janeiro, quatro anos atrás, quando falou sobre a “herança pastoral de Aparecida” e destacou a necessidade permanente de aprender com o método local, que “coloca a missão de Jesus no coração da própria Igreja”. Iniciativas que não são “programáticas que enchem agendas e desperdiçam preciosas energias”, mas que são baseadas “na participação das Igrejas locais”, com peregrinos que buscam Deus através da manifestação da “Virgem pescada nas águas”, e se estendem “na missão continental”.

O esforço na realização desse método, sustentou o Papa, deve se transformar num “critério para medir a eficácia das estruturas, os resultados do trabalho, a fecundidade dos ministros e a alegria que são capazes de suscitar. Porque, sem alegria, não se atrai ninguém”.

Ainda lembrando suas manifestações no Rio, o Papa se deteve às tentações, presentes ainda hoje, “da ideologização da mensagem evangélica, do funcionalismo eclesial e do clericalismo”.

“Deus, quando fala ao homem em Jesus, não o faz com um apelo vago como a um estranho, nem com uma convocação impessoal como faria um notário, nem mesmo com uma declaração de preceitos para cumprir como faz qualquer funcionário do sagrado. Deus fala com a voz inconfundível do Pai que se dirige ao filho, e respeita o seu mistério pois foi Ele que o formou com as suas próprias mãos e destinou à plenitude. O nosso maior desafio como Igreja é falar ao homem como porta-voz desta intimidade de Deus. […] Por isso, não se pode reduzir o Evangelho a um programa ao serviço de um gnosticismo na moda, a um projeto de promoção social nem a uma visão da Igreja como burocracia que se autopromove; e a Igreja também não pode ser reduzida a uma organização dirigida, com modernos critérios empresariais, por uma casta clerical.”
Francisco, assim, insistiu sobre o “discipulado missionário”, aquele “permanente sair com Jesus” em direção aos irmãos, usando os “instrumentos” de Deus, isto é, “proximidade e encontro”. O Papa, então, chamou a atenção para realidades da Igreja que jamais devem ser consideradas monumentos, mas patrimônio vivo, como de Aparecida, “um tesouro, cuja descoberta ainda está incompleta”.

“É muito mais cômodo transformá-las em recordações, de que se celebram os aniversários: 50 anos de Medellín, 20 de Ecclesia in America, 10 de Aparecida! Trata-se, porém, de algo diverso: salvaguardar e fazer fluir a riqueza desse patrimônio (pater munus) constituem o munus da nossa paternidade episcopal para com a Igreja do nosso Continente.”

O encontro com Cristo vivo, prosseguiu Francisco, deve ser cultivado para que a missão pastoral não perca a força e não haja retrocesso da conversão pastoral:
“Nós precisamos ainda mais deste estar a sós com o Senhor, para reencontrar o coração da missão da Igreja na América Latina, nas circunstâncias atuais. Há tanta dispersão interior e também exterior! Os numerosos eventos, a fragmentação da realidade, a instantaneidade e a velocidade do presente poderiam fazer-nos cair na dispersão e no vazio. Reencontrar a unidade é um imperativo. Onde se encontra a unidade? Sempre em Jesus. […] Se a razão do nosso caminhar não é Ele, será fácil desanimar no meio da fadiga do caminho, perante a resistência dos destinatários da missão, face aos cenários mutáveis das circunstâncias que marcam a história, ou pelo cansaço dos pés devido ao desgaste insidioso causado pelo inimigo.

O Papa, então, questiona: “o que significa sair com Jesus em missão, hoje, na América Latina?”. A missão no continente, insistiu Francisco, é vencer a tentação dos “bizantinismos dos ‘doutores da lei’, e partir com Jesus que “enquanto caminha, encontra; quando encontra, se aproxima; quando se aproxima, fala; quando fala, toca com o seu poder; quando toca, cura e salva”. Trata-se, então, de diariamente “trabalhar no campo, lá onde vive o Povo de Deus”. A missão “se faz no corpo a corpo”.

Francisco também sublinhou a “dispersão” que desagrega hoje o continente e disse para se ter cuidado para “não ficar preso nessas armadilhas”. Segundo o Papa, “a Igreja não está na América Latina como se tivesse as malas na mão”, pronta pra partir depois de ter sido saqueada, como muitos fizeram ao longo do tempo: “Homens e utopias fortes prometeram soluções mágicas, respostas instantâneas, efeitos imediatos. A Igreja, sem pretensões humanas, respeitosa do rosto multiforme do Continente – que considera, não uma desvantagem, mas uma riqueza perene – deve continuar humildemente a prestar o seu serviço ao verdadeiro bem do homem latino-americano. Deve trabalhar incansavelmente por construir pontes, abater muros, integrar a diversidade, promover a cultura do encontro e do diálogo, educar para o perdão e a reconciliação, para o sentido de justiça, a rejeição da violência e a coragem da paz. Nenhuma construção duradoura na América Latina pode prescindir desta base invisível, mas essencial. A Igreja conhece, como poucos, aquela unidade sapiencial que antecede toda e qualquer realidade na América Latina.”

O Papa Francisco, então, trouxe as imagens de Guadalupe e de Aparecida, como “manifestações programáticas dessa criatividade divina”, “o sentido de Deus e da sua transcendência”.

Sobre a situação vivida hoje na América Latina, o Pontífice disse que não é permitido lamúrias, porque “sabemos que bem que o coração latino-americano foi treinado para a esperança” e lembrou de João Bosco: “Como dizia um cantor e compositor brasileiro, ‘a esperança é equilibrista; dança na corda bamba de sombrinha’ (cf. João Bosco, O Bêbado e o Equilibrista). Quando se pensava que tinha acabado, eis que ressurge onde menos se esperava. O nosso povo aprendeu que nenhuma decepção é capaz de o vencer. Segue Cristo flagelado e manso, sabe aguardar que se faça dia e permanecer na esperança da sua vitória, porque, no fundo, está ciente de não pertencer totalmente a este mundo.”

O Papa também pediu aos bispos do Celam que, mesmo com estatísticas e notícias que trazem a caricatura de jovens “adormecidos” ou perdidos nas drogas e em meio à violência, que invistam tempo e recursos na formação, através de “programas educacionais incisivos e objetivos”.

Já ao que tange o rosto feminino da América Latina, Francisco reservou palavras de grande admiração. O Papa as definiu como “protagonistas na Igreja latino-americana”:
“Penso nas mães indígenas ou morenas, penso nas mulheres das cidades com o seu triplo turno de trabalho, penso nas avós catequistas, penso nas consagradas e nas artesãs tão discretas do bem. Sem as mulheres, a Igreja do Continente perderia a força de renascer continuamente. São as mulheres que, com meticulosa paciência, acendem e reacendem a chama da fé.”

Por sua vez, os leigos, disse o Papa, continuam à espera do desafio de um papel que os veja capazes de incidir na consolidação da democracia política e social, no contribuir à prosperidade, à justiça e à paz nos países. Para Francisco, “a Esperança na América Latina passa pelo coração, pela mente e os braços dos leigos”, através de uma “simplicidade cristã que se esconde aos poderosos e manifesta aos humildes”.

O Papa então resumiu o seu discurso na paixão pelo servir para “transformar as ideias em utopias viáveis”: “por favor, irmãos, peço-vos paixão, paixão evangelizadora”.


Texto: Vatican News

Imagem: Reprodução do YouTube do Vatican Media

Jovens, mantenham viva a alegria

Bogotá – O Papa Francisco saudou e abençoou o povo colombiano da sacada do Palácio Cardinalício, em Bogotá, nesta quinta-feira (07/07). “Com grande alegria, os saúdo e agradeço a calorosa recepção”, disse o Papa aos cerca de vinte e dois mil jovens presentes na Praça Bolívar.

Paz

Citando um trecho do Evangelho de Lucas que diz: “A paz esteja nesta casa”, o Papa sublinhou: “Hoje, entro nesta casa que é a Colômbia, dizendo-lhes: «A paz esteja com vocês!» Essa era a forma de saudação de todo judeu e também de Jesus. Com efeito, quis vir aqui como peregrino de paz e esperança, e desejo viver esses momentos de encontro com alegria, dando graças a Deus por todo o bem que realizou nesta nação e na vida de cada pessoa.”

“Venho também para aprender; sim, aprender com vocês, com a sua fé e fortaleza perante a adversidade”, disse Francisco, ressaltando que os colombianos vivem momentos difíceis, mas que o Senhor está sempre com eles. O Papa os encorajou a continuar buscando e desejando a paz, aquela paz autêntica e duradoura.

Alegria

“Vejo aqui muitos jovens que vieram de toda parte do país. Para mim é sempre motivo de alegria encontrar-me com os jovens. Digo-lhes neste dia: mantenham viva a alegria, sinal do coração jovem que encontrou o Senhor”, frisou o Papa.

Francisco convidou os jovens a não terem medo do futuro e a sonharem alto. Disse que os jovens têm “uma sensibilidade especial para reconhecer o sofrimento dos outros”.

Disponibilidade

“O voluntariado do mundo inteiro nutre-se de milhares de jovens como vocês que são capazes de disponibilizar o seu tempo, renunciar a comodidades, a projetos centrados em si mesmos, para se deixarem comover pelas necessidades dos mais frágeis e dedicar-se a eles. Mas também pode acontecer que tenham nascido em ambientes onde a morte, o sofrimento e a divisão penetraram tão profundamente que lhes deixaram nauseados e anestesiados: deixem-se ferir e mobilizar pelo sofrimento de seus irmãos colombianos! E a nós, os mais velhos, ajudem-nos a não nos acostumarmos ao sofrimento e ao abandono”.

Encontro

O Papa disse que os jovens têm grande facilidade de se encontrar. Eles se encontram na música, na arte, e “até uma final entre o Atlético Nacional e o América de Cali se torna ocasião para estar juntos!”

“Vocês nos ensinam que a cultura do encontro não significa pensar, viver ou reagir todos do mesmo modo; mas saber que, independentemente de nossas diferenças, todos somos parte de algo grande que nos une e transcende, somos parte desse país maravilhoso”, sublinhou Francisco.

Perdão

O Papa destacou que os jovens têm a capacidade duma coisa muito difícil na vida: perdoar. Pediu aos jovens para que ensinem aos adultos a deixarem para trás as ofensas e olharem para frente sem o obstáculo do ódio.

“Que as suas aspirações e projetos oxigenem a Colômbia e a encham de utopias salutares”, disse o Pontífice aos jovens. “Tenham a coragem de descobrir o país que se esconde por detrás das montanhas: aquele país que transcende os títulos dos jornais e não aparece nas preocupações diárias por estar tão longe; aquele país que não se vê, mas faz parte desse corpo social que precisa de nós. A coragem de descobrir a Colômbia profunda”, concluiu Francisco.

ÍNTEGRA DO DISCURSO

Queridos irmãos e irmãs!
Com grande alegria, vos saúdo e agradeço a calorosa recepção. «Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa!” E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós» (Lc 10, 5-6).

Hoje entro nesta casa que é a Colômbia, dizendo-vos: «A paz esteja convosco!» Tal era a forma de saudação de todo o judeu e também de Jesus. Com efeito, quis vir aqui como peregrino de paz e de esperança e desejo viver estes momentos de encontro com alegria, dando graças a Deus por todo o bem que realizou nesta nação, na vida de cada pessoa.

Venho também para aprender; sim, aprender convosco, com a vossa fé, com a vossa fortaleza perante a adversidade. Vivestes momentos difíceis e obscuros, mas o Senhor está perto de vós, no coração de cada filho e filha deste país. Ele não tem preferências, não exclui ninguém, mas abraça a todos; e todos somos importantes e necessários para Ele. Durante estes dias, queria partilhar convosco a verdade mais importante: Deus ama-vos com amor de Pai e encoraja-vos a continuar a procurar e desejar a paz, aquela paz que é autêntica e duradoura.

Vejo aqui muitos jovens que vieram de toda a parte do país: originários de Bogotá (cachacos), habitantes da costa (costeños), da região de Antioquia, Caldas, Risaralda e Quindío (paisas), do Vale do Cauca (vallunos) e das planícies (llaneros). Para mim é sempre motivo de alegria encontrar-me com os jovens. Eis o que vos digo neste dia: mantende viva a alegria, sinal do coração jovem que encontrou o Senhor. Ninguém vo-la poderá tirar (cf. Jo 16, 22). Não vo-la deixeis roubar, cuidai dessa alegria que tudo unifica no facto de saber-se amado pelo Senhor. O fogo do amor de Cristo faz transbordar esta alegria e é suficiente para incendiar o mundo inteiro. Então que poderia impedir-vos de mudar esta sociedade e realizar os vossos propósitos? Não temais o futuro! Ousai sonhar grandes coisas! É a este sonhar em grande que hoje vos quero convidar.

Vós, os jovens, tendes uma sensibilidade especial para reconhecer o sofrimento dos outros; o voluntariado do mundo inteiro nutre-se de milhares de jovens como vós que sois capazes de disponibilizar o vosso tempo, renunciar a comodidades, a projetos centrados em vós mesmos, para vos deixardes comover pelas necessidades dos mais frágeis e dedicar-vos a eles. Mas também pode acontecer que tenhais nascido em ambientes onde a morte, o sofrimento, a divisão penetraram tão profundamente, que vos tenham deixado quase nauseados e como que anestesiados: deixai-vos ferir e mobilizar pelo sofrimento dos vossos irmãos colombianos! E a nós, os mais velhos, ajudai-nos a não nos habituarmos ao sofrimento e ao abandono.

Também vós, moços e moças que viveis em ambientes complexos, com diferentes realidades e situações familiares tão variadas, vos habituastes a ver que nem tudo é branco ou preto, mas que a vida diária se apresenta numa ampla gama de diferentes tonalidades de cinzento e que isto pode expor-vos ao risco de cair numa atmosfera de relativismo, deixando de lado esta potencialidade que têm os jovens de compreender a dor daqueles que sofreram. Vós não tendes apenas a capacidade de julgar, assinalar erros, mas também a capacidade bela e construtiva de compreender. Compreender que, mesmo por detrás de um erro (porque o erro é erro, e não se deve mascará-lo), há uma infinidade de razões, de atenuantes. Quanto precisa de vós a Colômbia, para se colocar na pele daqueles que, há muitas gerações, não puderam ou não souberam fazê-lo, ou não atinaram com o modo justo para chegar a compreender!

Para vós, jovens, é tão fácil encontrar-vos. É suficiente um bom café, uma bebida ou qualquer outra coisa como pretexto para suscitar o encontro. Os jovens encontram-se na música, na arte… Até uma final entre o Atlético Nacional e o América de Cali se torna ocasião para estar juntos! Vós podeis ensinar-nos que a cultura do encontro não significa pensar, viver ou reagir todos do mesmo modo; mas saber que, independentemente das nossas diferenças, todos somos parte de algo de grande que nos une e transcende, somos parte deste país maravilhoso.

A vossa juventude também vos torna capazes duma coisa muito difícil na vida: perdoar. Perdoar a quem nos feriu; é digno de nota ver como não vos deixais enredar por velhas histórias, como olhais de modo estranho quando nós, adultos, repetimos histórias de divisão simplesmente porque estamos presos a rancores. Ajudais-nos neste intento de deixar para trás aquilo que nos ofendeu, ajudais-nos a olhar para a frente sem o obstáculo do ódio, porque nos fazeis ver toda a realidade que temos à nossa frente, toda a Colômbia que deseja crescer e continuar a desenvolver-se; esta Colômbia que precisa de todos e que nós, os mais velhos, devemos entregar a vós.
Por isso mesmo vós, jovens, enfrentais o enorme desafio de nos ajudar a sanar o nosso coração, de nos contagiar com a esperança juvenil que está sempre disposta a conceder aos outros uma segunda oportunidade. Os ambientes de desespero e incredulidade fazem adoecer a alma: são ambientes que não encontram saída para os problemas e boicotam aqueles que procuram encontrá-la, danificam a esperança de que toda a comunidade necessita para avançar. Que as vossas aspirações e projetos oxigenem a Colômbia e a encham de salutares utopias!

Só assim encontrareis a coragem de descobrir o país que se esconde por detrás das montanhas: aquele país que transcende os títulos dos jornais e não aparece nas preocupações diárias por estar tão longe; aquele país que não se vê mas que faz parte deste corpo social que precisa de nós. A coragem de descobrir a Colômbia profunda! Os corações dos jovens sentem-se estimulados perante os grandes desafios. Quanta beleza natural para ser contemplada, sem necessidade de a espoliar! Quantos jovens como vós precisam da vossa mão estendida, do vosso ombro para vislumbrar um futuro melhor!

Hoje quis viver estes momentos convosco. Tenho a certeza de que, em vós, existe o potencial necessário para construir a nação que sempre sonhamos. Os jovens são a esperança da Colômbia e da Igreja; no seu caminhar e nos seus passos, vislumbramos os do Mensageiro da Paz, d’Aquele que traz boas notícias.

Queridos irmãos e irmãs deste amado país! Dirijo-me agora a todos – crianças, jovens, adultos e idosos – como quem deseja ser portador de esperança; que as dificuldades não vos oprimam, que a violência não vos abata, que o mal não vos vença. Temos fé que Jesus, com o seu amor e a sua misericórdia que permanecem para sempre, venceu o mal, o pecado e a morte. Basta apenas ir ao encontro d’Ele. Convido-vos ao compromisso – não ao resultado alcançado – na renovação da sociedade, para que seja justa, estável, fecunda. Daqui vos encorajo a confiar no Senhor, o único que nos sustenta e encoraja para podermos contribuir para a reconciliação e a paz.
Abraço-vos a todos e cada um: aos doentes, aos pobres, aos marginalizados, aos necessitados, aos idosos, aos que estão em casa… a todos; todos estais no meu coração. E peço a Deus que vos abençoe. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim.


Papa às autoridades: solidariedade contra os “cem anos de solidão”

O primeiro compromisso oficial do Papa Francisco em Bogotá foi com autoridades, diplomatas e representantes da sociedade civil. Diante do Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, o Pontífice enalteceu a biodiversidade e a cultura do país. Mas, de modo especial, manifestou seu apreço pelos esforços feitos nas últimas décadas para combater a violência armada e encontrar caminhos de reconciliação.

“Os passos dados fazem crescer a esperança, na convicção de que a busca da paz é uma obra sempre em aberto, uma tarefa que não dá tréguas e exige o compromisso de todos”, afirmou o Papa, recordando que no centro de toda ação política, social e econômica deve estar a pessoa humana, a sua dignidade e o respeito pelo bem comum.

A força da lei

“Não é a lei do mais forte, mas a força da lei (a lei que é aprovada por todos) que rege a convivência pacífica”, recordou Francisco. Leis que não nascem de uma exigência pragmática de ordenar a sociedade, mas do desejo de resolver as causas estruturais da pobreza que geram exclusão e violência. “Não esqueçamos que a desigualdade é a raiz dos males sociais”, reiterou, encorajando a olhar para todos aqueles que hoje são excluídos e marginalizados pela sociedade.

Cem anos de solidão

O Papa citou o escritor colombiano Gabriel García Márquez, que em seu discurso por ocasião do Nobel da Literatura em 1982 afirmou: “Perante a opressão, o saque e o abandono, a nossa resposta é a vida. Nem os dilúvios nem as pestes, nem as carestias nem os cataclismos, nem mesmo as guerras sem fim durante séculos e séculos conseguiram reduzir a vantagem tenaz da vida sobre a morte”. Então é possível – continua o escritor – “uma nova e arrebatadora utopia da vida, onde as estirpes condenadas a cem anos de solidão tenham, por fim e para sempre, uma segunda oportunidade sobre a terra”.

Os colombianos não estão sós

Para o Pontífice, o tempo gasto no ódio e na vingança é muito, e a solidão de estar sempre uns contra os outros aproxima-se dos cem anos. E concluiu falando do motivo da visita apostólica: “Quis vir aqui para dizer-lhes que não estão sozinhos, que somos muitos que queremos acompanhar esta etapa. Esta viagem quer ser um incentivo para vocês, uma contribuição que aplane de algum modo o caminho para a reconciliação e a paz”.

Jesus convida-nos a perder medos pela busca da paz

Bogotá – “Jesus convida-nos a perder medos que nos paralisam e atrasam a urgência de ser construtores da paz, promotores da vida.” Foi que disse o Papa em seu último compromisso desta quinta-feira (07/09) em terras colombianas, na primeira celebração eucarística desta sua 20ª viagem apostólica internacional. A missa votiva pela paz e a justiça, presidida no Parque Simón Bolívar da capital Bogotá, teve a participação, entre outros, de um grupo de crianças em situação de dificuldades e necessitadas de cuidados especiais, as quais acolheram o Santo Padre em sua chegada ao local da celebração.

Atendo-se à página do Evangelho pouco antes proclamada na liturgia, Francisco ressaltou tratar-se, em todo o Evangelho de Lucas, da única vez em que Jesus prega junto do chamado mar da Galileia.

No mar aberto confundem-se a esperada fecundidade do trabalho com a frustração pela inutilidade dos esforços vãos, frisou o Santo Padre. “Segundo uma antiga interpretação cristã, o mar também representa a vastidão onde convivem todos os povos. Finalmente, pela sua agitação e obscuridade, evoca tudo aquilo que ameaça a existência humana e que tem o poder de a destruir”, explicou.

Descrevendo o cenário apresentado pelo evangelista, Francisco observou que Jesus tinha atrás d’Ele o mar e, à sua frente, uma multidão que O seguiu ao ver como Ele se comovia perante o sofrimento humano.

Após evidenciar que a Palavra de Jesus não deixa ninguém indiferente, destacou que esta tem o poder de converter os corações, mudar planos e projetos. É uma Palavra corroborada pela ação, “não são conclusões redigidas no escritório, expressões frias e distantes do sofrimento das pessoas; por isso, é uma Palavra que serve tanto para a segurança da margem como para a fragilidade do mar”.

Francisco lembrou que a querida cidade de Bogotá e o belo país que é a Colômbia têm muito destes cenários apresentados pelo Evangelho: “Aqui – disse o Papa – vivem multidões que anseiam por uma palavra de vida, que ilumine com a sua luz todos os esforços e mostre o sentido e a beleza da existência humana. Estas multidões de homens e mulheres, crianças e idosos habitam uma terra de fertilidade inimaginável, que poderia dar frutos para todos.”

Mas também aqui, como noutras partes do mundo – continuou – há densas trevas que ameaçam e destroem a vida: “As trevas da injustiça e da desigualdade social; as trevas corruptoras dos interesses pessoais ou de grupo, que consomem, egoísta e desaforadamente, o que se destina para o bem-estar de todos; as trevas da falta de respeito pela vida humana que diariamente ceifa a existência de tantos inocentes, cujo sangue brada ao céu; as trevas da sede de vingança e do ódio que mancha com sangue humano as mãos de quem faz justiça por conta própria.”

Evidenciando a figura de Pedro, a quem naquele encontro Jesus tornara pescador de homens, o Papa frisou que assim como Pedro também nós somos capazes de confiar no Mestre, “cuja Palavra suscita fecundidade mesmo onde a inospitalidade das trevas humanas torna infrutíferos muitos esforços e fadigas”.

O mandato de lançar as redes não é dirigido apenas a Simão Pedro – advertiu o Pontífice; “a ele, coube-lhe fazer-se ao largo, como aqueles que na vossa pátria foram os primeiros a ver o que era mais urgente fazer, aqueles que tomaram iniciativas de paz, de vida”.

 

“Lançar as redes implica responsabilidade. Em Bogotá e na Colômbia, peregrina uma comunidade imensa, que é chamada a tornar-se uma rede vigorosa que congregue a todos na unidade, trabalhando na defesa e cuidado da vida humana, particularmente quando é mais frágil e vulnerável”, acrescentou.

Bogotá e a Colômbia são, ao mesmo tempo, “margem, lago, mar aberto, cidade por onde Jesus passou e passa para oferecer a sua presença e a sua palavra fecunda, para nos fazer sair das trevas e conduzir-nos para a luz e a vida”.

Dito isso, Francisco fez uma premente exortação a todos os colombianos: “Chamar os outros, chamar a todos para que ninguém seja deixado ao arbítrio das tempestades; fazer entrar na barca todas as famílias, santuário de vida; colocar o bem comum acima dos interesses mesquinhos ou particulares, ocupar-se dos mais frágeis promovendo os seus direitos”.

“Jesus, como a Simão, convida-nos a fazer-nos ao largo, impele-nos a compartilhar o risco, a deixar os nossos egoísmos e a segui-Lo; convida-nos a perder medos que não vêm de Deus, que nos paralisam e atrasam a urgência de ser construtores da paz, promotores da vida”, concluiu o Papa.

Um milhão de pessoas na Missa de Villavicencio

Villavicencio – O Papa Francisco presidiu a Celebração eucarística, nesta sexta-feira (09/09), na esplanada de Catama, em Villavicencio, missa em que beatificou os Servos de Deus Jesús Emilio Jaramillo Monsalve, Bispo de Arauca, e Pedro María Ramírez Ramos, sacerdote diocesano. A visita papal a essa cidade teve como tema “Reconciliação com Deus, com os colombianos e com a criação”.

O Pontífice deixou Bogotá e se dirigiu de avião a essa cidade. Após 40 minutos, o avião papal aterrissou na Base Aérea Luis Gómez NiñoApiay, em Villavicencio. Ao chegar à esplanada de Catama, o Papa fez um giro de papamóvel entre os fiéis e a seguir se dirigiu para a sacristia. Participaram da missa cerca de um milhão de fiéis provenientes também das vastas regiões dos Llanos e povoados indígenas, além de vítimas da violência.

Antes da homilia, teve lugar o rito de beatificação dos dois mártires colombianos.

“Com Nossa Autoridade Apostólica declaramos que os Veneráveis Servos de Deus Jesús Emilio Jaramillo Monsalve, do Instituto de Missões Estrangeiras de Yarumal, Bispo de Arauca, Pedro María Ramírez Ramos, sacerdote diocesano, Pároco de Armero, mártires, que, como pastores segundo o coração de Cristo e coerentes testemunhas do Evangelho, derramaram o sangue por amor ao rebanho que lhes foi confiado, de agora em diante, sejam chamados Beatos, e se poderá celebrar sua festa cada ano, nos lugares e no modo estabelecido pelo Direito, em 3 e 24 de outubro, respectivamente.

Natividade de Maria

A Igreja celebra, nesta sexta-feira (09/09), a festa da Natividade de Nossa Senhora e o Papa se deteve, na homilia, sobre esse tema.
“O seu nascimento, Virgem Mãe de Deus, é a nova aurora que anunciou a alegria ao mundo inteiro, porque de você nasceu o Sol de Justiça, Cristo, nosso Deus.”

“A festa da Natividade de Maria projeta a sua luz sobre nós, como se irradia a luz suave do amanhecer sobre a vasta planície colombiana, esta paisagem lindíssima da qual Villavicencio é a porta, bem como na rica diversidade dos seus povos indígenas. Maria é o primeiro esplendor que anuncia o fim da noite e, sobretudo, a proximidade do dia. O seu nascimento nos faz intuir a iniciativa amorosa, terna e compassiva do amor com que Deus Se inclina sobre nós e nos chama para uma aliança maravilhosa com Ele, que nada e ninguém poderá romper.”

Segundo Francisco, “Maria soube ser transparência da luz de Deus e refletiu o brilho desta luz na sua casa, que partilhou com José e Jesus, e também no seu povo, na sua nação e na casa comum de toda a humanidade que é a Criação”.

“No Evangelho, ouvimos a genealogia de Jesus, que não é uma mera lista de nomes, mas história viva, história dum povo com o qual Deus caminhou e, ao fazer-Se um de nós, quis anunciar que, no seu sangue, corre a história de justos e pecadores, que a nossa salvação não é uma salvação asséptica, de laboratório, mas concreta, de vida que caminha. Esta longa lista nos diz que somos uma pequena parte duma longa história e nos ajuda a não pretender protagonismos excessivos, nos ajuda a fugir da tentação de espiritualismos evasivos, a não abstrair das coordenadas históricas concretas em que nos cabe viver. E também integra, na nossa história de salvação, aquelas páginas mais obscuras ou tristes, os momentos de desolação e abandono comparáveis ao exílio.”

 

O “sim” de Maria

“A menção às mulheres – nenhuma das referidas na genealogia pertence à hierarquia das grandes mulheres do Antigo Testamento – permite-nos uma abordagem especial: na genealogia, são elas que anunciam que, pelas veias de Jesus, corre sangue pagão, que recordam histórias de marginalização e sujeição. Em comunidades onde ainda se arrastam estilos patriarcais e machistas, é bom anunciar que o Evangelho começa por salientar as mulheres que criaram tendência e fizeram história.”

No meio de tudo isto, Jesus, Maria e José.

“Maria, com o seu «sim» generoso, permitiu que Deus cuidasse desta história. José, homem justo, não deixou que o orgulho, as paixões e os ciúmes o lançassem fora desta luz. Pela forma como aparece narrado, nós sabemos antes de José aquilo que aconteceu com Maria, e ele toma decisões em que se manifestam as suas qualidades humanas antes de ser ajudado pelo anjo e chegar a entender tudo o que estava acontecendo ao seu redor. A nobreza do seu coração fez subordinar à caridade aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher, José se apresenta como figura de homem respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela honra, dignidade e vida de Maria. E, na sua dúvida sobre o melhor a fazer, Deus o ajudou a escolher iluminando o seu discernimento.”

“Este povo da Colômbia é povo de Deus; também aqui podemos fazer genealogias cheias de histórias: muitas, cheias de amor e de luz; outras, de conflitos, ofensas, inclusive de morte. Quantos de vocês poderiam narrar experiências de exílio e desolação! Quantas mulheres, em silêncio, perseveraram sozinhas, e quantos homens de bem procuraram pôr de lado amarguras e rancores, querendo combinar justiça e bondade!”

“Que havemos de fazer para deixar entrar a luz? Quais são os caminhos de reconciliação? Como Maria, dizer «sim» à história completa, e não apenas a uma parte; como José, pôr de lado paixões e orgulho; como Jesus Cristo, cuidar, assumir, abraçar esta história, porque nela vos encontrais, todos os colombianos, nela está aquilo que somos e o que Deus pode fazer conosco se dissermos «sim» à verdade, bondade e reconciliação. E isto só é possível, se enchermos com a luz do Evangelho as nossas histórias de pecado, violência e conflito.”

Reconciliação

“A reconciliação não é uma palavra abstrata; se assim fosse, traria apenas esterilidade; antes, distância. Reconciliar-se é abrir uma porta a todas e cada uma das pessoas que viveram a realidade dramática do conflito. Quando as vítimas vencem a tentação compreensível da vingança, tornam-se protagonistas mais críveis dos processos de construção da paz. É preciso que alguns tenham a coragem de dar o primeiro passo nesta direção, sem esperar que os outros o façam. Basta uma pessoa boa, para que haja esperança. E cada um de nós pode ser esta pessoa! Isto não significa ignorar ou dissimular as diferenças e os conflitos. Não é legitimar as injustiças pessoais ou estruturais. O recurso à reconciliação não pode servir para se acomodar em situações de injustiça. Pelo contrário, como ensinou São João Paulo II, «é um encontro entre irmãos dispostos a vencer a tentação do egoísmo e a renunciar aos intentos duma pseudo-justiça; é fruto de sentimentos fortes, nobres e generosos, que levam a estabelecer uma convivência fundada sobre o respeito de cada indivíduo e dos valores próprios de cada sociedade civil».” “Por isso, a reconciliação concretiza-se e consolida-se com a contribuição de todos. Permite construir o futuro e faz crescer a esperança. Todo esforço de paz sem um compromisso sincero de reconciliação será um fracasso.”

Beatificação

O texto do Evangelho, que ouvimos, culmina chamando a Jesus de Emanuel, o Deus conosco. E como começa, assim termina Mateus o seu Evangelho: «Eu estarei sempre com vocês até ao fim dos tempos» (28, 20). Esta promessa se realiza também na Colômbia: Dom Jesús Emilio Jaramillo Monsalve, Bispo de Arauca, e o sacerdote Pedro Maria Ramírez Ramos, mártir de Armero, são sinal disso, expressão dum povo que quer sair do pântano da violência e do rancor.

Segundo o Papa, “neste ambiente maravilhoso, cabe a nós dizer «sim» à reconciliação; e, neste «sim», incluamos também a natureza. Não é por acaso que, inclusive sobre ela, se tenham desencadeado as nossas paixões possessivas, a nossa ânsia de domínio.”

O Pontífice recordou as palavras de um cantor colombiano: “As árvores estão chorando, são testemunhas de tantos anos de violência. O mar aparece acastanhado, mistura de sangue com a terra”.

Segundo o Papa, “a violência que existe no coração humano, ferido pelo pecado, se manifesta também nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Cabe-nos dizer «sim» como Maria e cantar com Ela as «maravilhas do Senhor», porque, como prometeu aos nossos pais, ajuda a todos os povos e a cada povo, ajuda a Colômbia que hoje quer se reconciliar e à sua descendência para sempre”.

A proximidade do Papa às vítimas do terremoto no México e do furacão Irma

Antes da Bênção final na Missa celebrada em Villavicencio, o Papa expressou sua proximidade pelas vítimas do furacão Irma e do terremoto que sacudiu o México na noite de quinta-feira.

“Neste momento – disse Francisco – desejo manifestar minha proximidade espiritual a todos os que sofrem as consequências do terremoto que atingiu o México na noite passada, provocando mortos e consideráveis danos materiais. Minha oração por aqueles que perderam a vida e também por suas famílias”.

O Santo Padre também acompanha a evolução do furacão Irma que está atingindo o Caribe, provocando “numerosas vítimas e consideráveis danos materiais, como também está provocando” o deslocamento de milhares de pessoas. “Tenho-os em meu coração e rezo por eles”, pedindo a vocês “que se unam nestas intenções e, por favor, não se esqueçam, de rezar por mim”.

Após a celebração, o Papa também saudou uma delegação de 10 pessoas – acompanhadas por seus bispos – provenientes da cidade de Mocoa, atingida no mês de abril por inundações que provocaram mais de 250 mortos e 400 feridos. O Papa foi presenteado com um poncho.

Francisco havia se referido à tragédia no Angelus de 2 de abril, recitado durante a visita a Carpi. Duas mães com dois filhos com doenças graves, participantes do programa educativo “ProFuturo” também encontraram o Pontífice ao final da celebração.

O terremoto que atingiu o sul do México na noite desta quinta-feira (7) é o mais violento que o país tem lembrança, já que aquele de 1985, em Cidade do México, foi de magnitude 7.2 na Escala Richter. Segundo o Serviço Sismológico Nacional do México, o sismo desta noite com epicentro a 33 quilômetros de profundidade no Pacífico foi de magnitude 8.4.

Cobiça pelo poder e corrupção distorcem as vocações da Igreja

Medellín – No último compromisso deste sábado (9), em Medellín, o Papa Francisco encontrou sacerdotes, consagrados, seminaristas e seus familiares na Praça dos Touros de “La Macarena”. Para um público formado pelo clero, o Papa Francisco começou seu pronunciamento fazendo referência ao Evangelho de João, no contexto da Última Ceia de Jesus. Era noite “eucarística”, de amor, mas também de tensão, e o Pontífice sugeriu que aquele momento fosse repetido ali, em Medellín, depois de ouvir os testemunhos da história viva de Jesus, em “vocações genuínas”, através dos 14 anos de vida consagrada da carmelita contemplativa, Ir. Leidy de São José; de María Isabel Arboleda Pérez, da Associação de Mães e Sacerdotes e Seminaristas, ativa há 24 anos; e do Pe. Juan Felipe Escobar, da Arquidiocese de Medellín, que trabalha nas periferias da cidade, anunciando o Evangelho.

“Como diz o Documento de Aparecida, ‘conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-Lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-Lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria’ (n. 29). […] Por natureza, os jovens são ricos de aspirações e, apesar de assistirmos a uma crise do compromisso e dos laços comunitários, são muitos os jovens que, à vista dos males do mundo, se mobilizam conjuntamente e se dedicam a diferentes formas de militância e voluntariado. Quando o fazem por amor de Jesus, sentindo-se parte da comunidade, tornam-se «caminheiros da fé», felizes por levar Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra (cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 107).”

O Papa Francisco lembrou, assim, da videira mencionada por Jesus no texto proclamado no encontro, que é a videira do “povo da aliança”: às vezes expressa uma alegria, outras, uma desilusão, mas jamais o desinteresse. O Pontífice, então, questionou: “Como é a terra, o alimento, o suporte onde cresce esta videira na Colômbia? Em que contextos são gerados os frutos das vocações de especial consagração? Certamente em ambientes cheios de contradições, de luzes e sombras, de situações relacionais complexas. Gostaríamos de contar com um mundo de famílias e vínculos mais serenos, mas somos parte desta crise cultural; e é no meio dela, contando com ela, que Deus continua a chamar. […] Desde o início, foi assim: Deus manifesta a sua proximidade e a sua eleição; Ele muda o curso dos acontecimentos, chamando homens e mulheres na fragilidade da história pessoal e comunitária. Não tenhamos medo! Nesta terra complexa, Deus sempre fez o milagre de gerar cachos bons, como as torradas para o café da manhã. Que não faltem vocações em nenhuma comunidade, em nenhuma família de Medellín!”

A videira, disse o Papa, tem a caraterística de ser verdadeira. “Ora, a verdade não é algo que recebemos, como o pão ou a luz, mas brota de dentro. Somos povo eleito para a verdade, e a nossa vocação deve acontecer na verdade”, prosseguiu.

Mas os percursos podem ser manifestados pela “secura e pela morte”, impedindo o fluxo da seiva que alimenta e dá vida. Por isso, o Papa recomenda atenção para que a condição religiosa não seja aproveitada para se obter benefícios próprios e materiais.

“As vocações de especial consagração morrem quando querem nutrir-se de honrarias, quando são impelidas pela busca de tranquilidade pessoal e promoção social, quando a motivação é ‘subir de categoria’, apegar-se a interesses materiais chegando mesmo ao erro da avidez de lucro. Como já disse noutras ocasiões, o diabo entra pela carteira. Isto não diz respeito apenas ao início, todos nós devemos estar atentos porque a corrupção nos homens e mulheres que estão na Igreja começa assim, pouco a pouco. […] O veneno da mentira, da dissimulação, da manipulação e do abuso do povo de Deus, dos mais frágeis e especialmente dos idosos e das crianças não pode ter lugar na nossa comunidade; são ramos que decidiram secar e que Deus nos manda cortar.”

Os bons exemplos colombianos foram citados pelo Papa Francisco, como o da Santa Laura Montoya, uma obra missionária a favor dos indígenas, e do Beato Mariano de Jesús Euse Hoyos, um dos primeiros alunos do Seminário de Medellín.

O Santo Padre convidou, então, a cortar todos os fatores que distorcem a vocação e a “permanecer em Jesus”, o que não é uma “atitude meramente passiva”, mas pode ser efetiva de três maneiras: 1. Tocando a humanidade de Cristo; 2. Contemplando a sua divindade; 3. Vivendo na alegria.

Tocar a humanidade, “com o olhar e os sentimentos de Jesus, que contempla a realidade não como juiz, mas como bom samaritano”, e também com “os gestos e palavras de Jesus, que expressam amor aos vizinhos e a busca dos afastados”.

Contemplar a divindade de Cristo, “suscitando e cultivando a estima pelo estudo, que aumenta o conhecimento de Cristo” e, assim, privilegiando “o encontro com a Sagrada Escritura”: “gastemos tempo numa leitura oral da Palavra, ouvindo nela o que Deus quer para nós e para o nosso povo”. Para contemplar a divindade, o Papa também sugere “fazer da oração a parte fundamental da nossa vida e do nosso serviço apostólico”.

“A oração nos liberta das escórias do mundanismo, ensina-nos a viver com alegria, a escolher a fuga do superficial, num exercício de liberdade autêntica. Arranca-nos da tendência a nos concentrar sobre nós mesmos, fechados numa experiência religiosa vazia e leva a nos colocar docilmente nas mãos de Deus para cumprir a sua vontade e corresponder ao seu plano de salvação. E, na oração, adorar. Aprender a adorar em silêncio.”

E, finalmente, permanecer em Cristo para viver na alegria, porque, segundo o Papa, “a nossa alegria contagiante deve ser o primeiro testemunho da proximidade e do amor de Deus”.


Missa em Medellín: “A Igreja não é nossa, mas é de Deus”

Medellín – O terceiro dia do Papa Francisco na Colômbia é dedicado inteiramente a Medellín, considerada a ‘cidade da eterna primavera’ pelo seu clima ameno. É a capital do departamento de Antioquia; desde o século V a.C., aquela área, do Vale de Aburrá, foi habitada por indígenas. A partir do início do século XX, tornou-se o principal centro cultural do país, graças a importantes indústrias de produção têxtil. É ali também que são cultivadas orquídeas, existe uma grande atividade cultural e científica e o reconhecimento de ‘cidade universitária’.

O Papa presidiu a missa no aeroporto Enrique Olaya Herrera, na área metropolitana de Medellín. Cerca de 800 mil pessoas participaram da cerimônia, muitas das quais passaram a noite no local, debaixo de uma fina chuva. Sua homilia começou Inspirando-se no tema escolhido para este dia. “A vida cristã como discipulado”.
Francisco indicou três atitudes que devemos plasmar na nossa vida de discípulos:

A primeira: ir ao essencial.

Isto significa caminhar em profundidade rumo ao que conta e tem valor para a vida. O nosso discipulado deve partir de uma experiência viva de Deus e do seu amor, é aprendizagem permanente através da escuta da sua Palavra: “E esta Palavra, como ouvimos, impõe-nos cuidar das necessidades concretas dos nossos irmãos: pode ser a fome de quem vive ao nosso lado ou a doença”, explicou.

A segunda palavra: renovar-se.

A renovação não nos deve meter medo, mas implica sacrifício e coragem, não para nos considerarmos melhores ou impecáveis, mas para respondermos melhor à chamada do Senhor: “E na Colômbia, há tantas situações que reclamam, dos discípulos, o estilo de vida de Jesus, particularmente o amor traduzido em atos de não-violência, de reconciliação e de paz”.

A terceira palavra: envolver-se.

Envolver-se, ainda que para alguns isso pareça sujar-se, manchar-se. Também hoje nos é pedido que cresçamos em ousadia, numa coragem evangélica que brota de saber que são muitos os que têm fome, fome de Deus, fome de dignidade, porque dela foram despojados.

“Não podemos ser cristãos que levantam continuamente a bandeira de «Passagem Proibida», nem considerar que esta parcela é minha, apoderando-me de algo que absolutamente não é meu. A Igreja não é nossa, é de Deus”, completou.

Francisco lembrou que São Pedro Claver, que celebramos hoje na Liturgia, bem compreendeu isto. «Escravo dos negros para sempre»: foi o seu lema de vida, porque compreendeu, como discípulo de Jesus, que não podia ficar indiferente perante o sofrimento dos mais abandonados e ultrajados do seu tempo, mas tinha de fazer algo para o aliviar.

Terminando a reflexão, o Papa exortou a Igreja na Colômbia a comprometer-se, com mais ousadia, na formação de discípulos missionários, como foi indicado pelos Bispos reunidos em Aparecida no ano de 2007: “Discípulos que saibam ver, julgar e agir, como propunha aquele documento latino-americano que nasceu nestas terras (cf. Medellín, 1968). Discípulos missionários que sabem ver sem miopias hereditárias; que examinam a realidade com os olhos e o coração de Jesus, e julgam a partir daí. E que arriscam, atuam, comprometem-se”.

LAR SÃO JOSÉ

O Papa Francisco se dirigiu ao Lar San José, uma casa-família administrada pela diocese para crianças vítimas de violência e abandono. O instituto oferece assistência médica e psicológica e formação escolar para que superem as dificuldades e os traumas sofridos.

Papa Francisco se fere no rosto em passagem por Cartagena

O Papa Francisco feriu o rosto durante sua passagem pela cidade de Cartagena, na Colômbia. Ao passar pelo bairro de San Francisco, onde abençoou a construção de moradias populares, o Pontífice tentou cumprimentar um menino e bateu o rosto no vidro do “papamóvel”. Com a batida, ele sofreu um ferimento no rosto. Ao parar o “papamóvel”, Francisco recebeu um lenço de um dos seguranças para se limpar. Por conta do ferimento, foi possível ver marcas de sangue no pano e na roupa branca. O Pontífice sofreu um corte acima do olho e ficou com um inchaço em parte da bochecha.

O papa foi atendido pelo comandante da Gendarmaria do Vaticano, Domenico Giani. Mesmo após o corte, Francisco continuou a caminhada pelo bairro saudando as milhares de pessoas que estavam no local. Não se sabe até o momento o que causou a lesão — se foi algum fiel ou se ele se machucou sozinho. O incidente ocorreu após Francisco abençoar a pedra fundamental de um conjunto residencial para pessoas sem teto na cidade colombiana.

— Bendito seja, Senhor, Deus de Misericórdia, que em seu Filho nos deu um admirável exemplo de caridade e por ele nos recomendou a viver o mandato de amor, digne-se a dar suas benção a esses servidores seus, que se dedicam na ajudam aos outros —, disse durante a bênção.

Missa pelos direitos humanos encerra visita do Papa


Cartagena – Após almoçar no Claustro do Mosteiro de Santo Domingo, em Cartagena, neste domingo (10/09), o Papa foi ao Arcebispado e à Catedral, onde se encontravam cerca de 300 pessoas enfermas. De carro fechado, se deslocou até a Base Naval de Cartagena, e de helicóptero, foi a Contecar, área portuária da cidade. Durante o voo, Francisco abençoou a imagem da Virgem da Bahia, que se encontra nesta baía natural de 8 mil hectares. O terminal Contecar é o quarto mais importante da América Latina, além de hospedar grandes eventos esportivos, musicais e culturais.

Com o papamóvel, Francisco deu uma volta entre a multidão, estimada em 1 milhão de pessoas, e foi acolhido por uma delegação de portuários (estivadores), que o acompanharam à Sacristia.

No palco montado para a ocasião, estavam as relíquias de São Pedro Claver, a quem o Papa dedicou suas primeiras palavras na homilia da missa. O tema deste último dia da viagem, «Dignidade da pessoa e direitos humanos», foi inspiração para a reflexão de Francisco.

A homilia

Cartagena das Índias é a sede dos Direitos Humanos na Colômbia. E aqui, no Santuário de São Pedro Claver, iniciou o Papa, “a Palavra de Deus fala-nos de perdão, correção, comunidade e oração”.

Lembrando os diversos encontros que teve nos últimos dias com ex-guerrilheiros e vítimas da violência da guerra e de abusos, o Papa disse ter ouvido muitos testemunhos de pessoas que foram ao encontro de quem lhes fizera mal.

Há décadas – disse – a Colômbia busca a paz mas, como ensina Jesus, não foi suficiente que as duas partes se encontrassem e dialogassem; foi necessário incorporar muitos mais atores neste diálogo reparador dos pecados.

«O autor principal, o sujeito histórico deste processo, é a gente e a sua cultura, não uma classe, um grupo, uma elite”, disse, citando o modelo de São Pedro Claver:

São Pedro Claver

“Soube restaurar a dignidade e a esperança de centenas de milhares de negros e escravos que chegavam em condições absolutamente desumanas, cheios de pavor, com todas as suas esperanças perdidas”.

Mas infelizmente, prosseguiu, “há pessoas que persistem em pecados que ferem a convivência e a comunidade, como aqueles que lucram com as drogas, desafiando leis morais e civis, devastam os recursos naturais, exploram o trabalho; fazem tráficos ilícitos de dinheiro e especulações financeiras, lançando na pobreza milhões de homens e mulheres”.

“A prostituição que diariamente ceifa vítimas inocentes, sobretudo entre os mais jovens, roubando-lhes o futuro; o abominoso tráfico de seres humanos, os crimes e abusos contra menores, a escravidão que ainda espalha o seu horror em muitas partes do mundo, a tragédia frequentemente ignorada dos emigrantes sobre quem se especula indignamente na ilegalidade”.

A história e Jesus nos interpelam

“A história”, exortou o Papa, “pede-nos para assumirmos um compromisso definitivo na defesa dos direitos humanos. E Jesus pede-nos para rezarmos juntos; que a nossa oração seja sinfônica, com matizes pessoais, acentuações diferentes, mas que se erga de maneira concorde num único grito”.

E concluiu:

“Estou certo de que hoje rezamos juntos pelo resgate daqueles que erraram e não pela sua destruição, pela justiça e não pela vingança, pela reparação na verdade e não no seu esquecimento. Rezamos para cumprir o lema desta visita: «Demos o primeiro passo», e que este primeiro passo seja numa direção comum”.

“Se a Colômbia quer uma paz estável e duradoura, deve dar urgentemente um passo nesta direção, que é a do bem comum, da equidade, da justiça, do respeito pela natureza humana e as suas exigências. Jesus prometeu acompanhar-nos até ao fim dos tempos, Ele não deixará estéril um esforço tão grande”.


ANGELUS

Papa em Cartagena: trabalhemos pela dignidade dos pobres e descartados

A oração mariana do Angelus deste domingo (10) foi feita direto do Santuário São Pedro Claver, no centro histórico da cidade de Cartagena. O Mosteiro e a Igreja dedicados ao santo missionário espanhol, defensor dos direitos dos escravos, pertencem à Companhia de Jesus.

Em frente ao complexo religioso, a comunidade de Cartagena escutou atenta à alocução do Papa Francisco da Praça da Aduana. O Santo Padre conduziu o pensamento de todos à Maria, convidando os fiéis a contemplá-La, sob a invocação de Nossa Senhora de Chiquinquirá, a padroeira da Colômbia.

“Como sabeis, durante um longo período de tempo, essa imagem esteve abandonada, perdeu a cor e se encontrava quebrada e esburacada. Era tratada como um pedaço de saco velho, usada sem qualquer respeito até que acabou entre as coisas descartadas. Foi então que uma mulher simples (chamada, segundo a tradição, Maria Ramos), a primeira devota da Virgem de Chiquinquirá, viu naquela tela algo de diferente. Teve a coragem e a fé de colocar aquela imagem arruinada e quebrada num lugar de destaque, devolvendo-lhe a sua dignidade perdida. Soube encontrar e honrar Maria, segurando o Filho nos seus braços, precisamente naquilo que, para os outros, era desprezível e inútil.”

O Papa Francisco, assim, procurou ilustrar “o exemplo dos humildes e dos que não contam” que conseguem recuperar a dignidade através das mãos de pessoas simples, como as de Maria Ramos, que contemplam a presença de Deus, que se revela com maior nitidez o Mistério do amor de Deus. Além de Maria, a “escrava do Senhor”, o Papa Francisco também pediu uma oração a São Pedro Claver, “o escravo dos negros para sempre”, “caritativo até o heroísmo”.

“Ele esperava os navios que chegavam da África ao principal mercado de escravos no Novo Mundo. Muitas vezes recebia-os apenas com gestos evangelizadores, devido à impossibilidade de comunicar pela diferença das línguas. Mas Pedro Claver sabia que a linguagem da caridade e da misericórdia era entendida por todos. Na verdade, a caridade ajuda a compreender a verdade, e a verdade reclama gestos de caridade. Quando sentia repugnância deles, beijava-lhes as feridas.

Ainda hoje, acrescentou o Papa, “na Colômbia e no mundo, milhões de pessoas são vendidas como escravos, ou então mendigam um pouco de humanidade, uma migalha de ternura, fazem-se ao mar ou metem-se a caminho porque perderam tudo, a começar pela sua dignidade e os seus direitos”.

“Maria de Chiquinquirá e Pedro Claver nos convidam a trabalhar pela dignidade de todos os nossos irmãos, especialmente os pobres e descartados da sociedade, aqueles que estão abandonados, os emigrantes, as vítimas da violência e do tráfico humano. Todos eles têm a sua dignidade, e são imagem viva de Deus. Todos fomos criados à imagem e semelhança de Deus, e a todos nos sustenta a Virgem nos seus braços como filhos amados.”

Depois da oração mariana do Angelus, o Papa assegurou a sua oração pelos países da América Latina, em particular pela vizinha Venezuela e pela Colômbia. “Expresso a minha proximidade a cada um dos filhos e filhas desta amada nação, e também aos venezuelanos que encontraram guarida nesta terra colombiana. Daqui, desta cidade sede dos direitos humanos, faço apelo para que se rejeite todo o tipo de violência na vida política e se encontre uma solução para a grave crise que se está a viver e afeta a todos, especialmente aos mais pobres e desfavorecidos da sociedade.”

Em seguida, o Papa fez uma visita ao Santuário, onde estavam cerca de 300 expoentes da comunidade afro-americana, que recebem auxílio dos jesuítas. Francisco ainda fez um instante de oração e silêncio perante as relíquias do santo espanhol para depois, de forma privada, encontrar um grupo de representantes da Companhia de Jesus.

O domingo (10/09) do Papa começou cedo. Às 7h20 (horário local), Francisco deixou a Nunciatura Apostólica e se dirigiu ao aeroporto militar de Bogotá. Centenas de milhares de pessoas saudaram o Papa em sua passagem com o papamóvel aberto. A grande multidão dos dois lados das ruas, aclamando o Pontífice, por vezes dificultou a passagem do cortejo papal.

Cartagena das Índias

Cartagena é capital do Departamento de Bolívar e se encontra a 635 km ao norte da capital, no Mar do Caribe. É a quinta maior cidade do país e suas mais importantes atividades econômicas são os complexos marítimos, pesqueiros e petroquímicos, além de ser o principal destino turístico do país.

Ao chegar, depois de 1h30 de voo, o Papa foi recebido por autoridades civis e religiosas, como o arcebispo, Dom Enrique Carvajal. Diante do hangar do aeroporto, foi realizada uma breve apresentação folclórica inspirada no tema ‘dignidade da pessoa’, que marca este último dia de viagem papal em terras colombianas.

A primeira parada de Francisco na cidade de Cartagena foi o bairro São Francisco, onde se situa a Casa para sem-teto da Obra Talitha Kum, uma rede internacional da Vida Consagrada contra o tráfico de pessoas. Na Praça São Francisco de Assis, centenas de pessoas aguardavam o Papa, inclusive muitas meninas assistidas pela Obra que foram recuperadas da escravidão e da prostituição. O Pároco Pe. Elkin Acavedo cumprimentou o Papa, trocando algumas palavras, e Francisco abençoou a pedra fundamental da Casa e fez a seguinte oração: “Bendito sejas, Senhor, Deus de misericórdia, que em teu Filho destes um admirável exemplo de caridade e por Ele nos encomendou vivamente o mandato do amor; colmai de bênçãos estes teus servidores que se dedicam generosamente à ajuda dos irmãos; faz com que, nas necessidades urgentes, te sirvam fielmente com uma entrega total à pessoa do próximo”.

Em seguida, o Papa percorreu alguns metros em papamóvel até entrar na casa de uma senhora, Lorenza, 77, que há mais de 50 anos é voluntária no refeitório da Obra.