Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ano B | Tempo do Advento: Jesus, o Messias

Tempo do Advento: Jesus, o Messias

ANO B

 

Se o ano A foi, em certo sentido, o ano eclesiológico (pela presença da teologia mateana da Igreja como verdadeiro Israel), podemos dizer que o ano B é, principalmente, cristológico, pois é caracterizado pela meditação de Marcos sobre
o caráter messiânico de Jesus e do Reino que ele inaugura, ainda que de modo inesperado e não manifesto. Marcos é também chamado o evangelho querigmático, porque nele transparece claramente a estrutura do querigma ou anúncio da atuação, morte e ressurreição do Cristo, como era proclamado no início da pregação cristã.

1. Tempo do Advento

O Advento do ano B parece caracterizado sobretudo pela ideia do encontro com Deus, a realização da promessa de sua irrestrita presença junto a nós. O primeiro domingo (Mc 13,33-37) sugere uma atitude de preparação geral para o encontro com o Senhor, no fim dos tempos, no “último dia”. Isso, porém, nada tem de trágico. Pelo contrário, a liturgia transborda de confiante esperança: “Se rasgasses os céus!” A vinda do Juiz e Senhor da História não é, para os cristãos, a destruição da História, mas seu arremate. Os cristãos estão vigiando para, por sua dedicação aqui e agora, participarem do Reino transcendente.

O segundo passo (Mc 1, 1-8) do encontro é a conversão, ou seja, a transformação da vida, com vistas ao grande encontro final. A liturgia evoca aqui a pregação escatológica do Batista e as imagens isaianas da terraplenagem do caminho para o Deus libertador. No 3° domingo  (Jo 1,6-8.19-28) já ressoa a alegria por causa da presença de Deus, testemunhada pelo Batista e pelo arauto de Is 61, que anuncia a boa-nova aos pobres. No 4° domingo ( Lc 1,26-38) – o domingo de Maria – são confrontados o “sim” de Deus (promessa) e o “sim” da pessoa humana (Maria, “fiat”). Realiza-se a promessa do Messias da linhagem de Davi, graças à disponibilidade da Serva.

2. Tempo de Natal

Nesta perspectiva do encontro de Deus com o homem, os textos das festas natalinas, embora sendo os mesmos dos outros anos, podem ser lidos sob o ângulo da “economia salvífica”: Deus se toma homem para que o homem se torne Deus. Mútua aproximação pela vinda de Deus e a conversão do ser humano. Vinda de Deus que é, decerto, um efapax, um fato histórico único, no nascimento de Jesus de Nazaré, mas que é também uma realidade sempre presente para nós, na medida em que, pela conversão, penetramos no eterno Mistério do Deus próximo. Este Deus próximo apresenta-se não apenas na celebração, mas na vida, na pessoa do mais pobre, no último dos homens, destinatário primeiro da mensagem dos anjos na noite de Natal. A ele é que nos devemos converter, para experimentar a aproximação de Deus até nós.

Pe. Johan Konings, S.J. (+ 21 de maio de 2022).