Frei Augusto Luiz Gabriel, OFM
Celebrada no dia 2 de fevereiro, data em que a Igreja faz memória da Festa Litúrgica da Apresentação do Senhor, Nossa Senhora das Candeias, da Luz, da Purificação ou da Candelária – todos estes títulos designam a mesma Nossa Senhora -, tem sua história e vínculo a partir da purificação de Nossa Senhora e Apresentação do Menino Jesus no Templo, quarenta dias após o seu nascimento. Além disso, outras narrações relatam suas origens, como a lenda das Ilhas das Canárias e também a partir da devoção popular.
Segundo a tradição mosaica, após o parto, as parturientes eram consideradas impuras e deveriam ir ao Templo, quarenta dias após o nascimento de seus filhos, para se apresentarem ao Sumo-Sacerdote e oferecer seus sacrifícios. Sendo assim, após o nascimento de Jesus, Maria e José se dirigiram até Simeão para cumprir este preceito. Assim nasceu a Festa da Apresentação de Jesus no Templo e também a Festa da Purificação de Nossa Senhora.
Sobre a origem e aparição de Nossa Senhora das Candeias, encontram-se no livro “Maria, uma Mãe, muitos títulos”, do Pe. José Battisti, palotino, relatos que explicam a aparição de Nossa Senhora nas Ilhas das Canárias, Espanha. Lê-se que dois pastores guardavam costumeiramente seus animais perto de uma caverna de Tenerife, Ilhas Canárias, e em um determinado dia observaram que os animais se recusaram a entrar no local. Os pastores, então, aproximaram-se da gruta e descobriram a imagem de uma Senhora com um filho no colo. O fato se espalhou pela região e o povo foi averiguar para validar o fato. Chegando lá, encontraram numerosas candeias sustentadas por seres invisíveis que, com seus cânticos, louvavam a Deus e à Virgem Maria. Por isso, Maria ganhou o título de Candelária, por causa das velas que iluminavam a imagem. Já o nome “candeias” faz referência à chama da vela que, simbolicamente, apresenta Jesus Cristo ao mundo. É por isso que as imagens devocionais ilustram Maria segurando o Menino Jesus ao colo.
Pela devoção popular, nos primórdios do cristianismo, a festividade de Nossa Senhora era denominada “das Candeias” porque comemorava-se o trajeto de Maria até o Templo, com uma procissão, na qual os devotos portavam velas acesas durante o trajeto. A procissão dos luzeiros é proveniente de um antigo costume dos romanos. Como a festividade era celebrada sempre no dia 2 de fevereiro, data em que os cristãos comemoravam a Purificação de Maria, o Papa Gelásio I (492-496) instituiu um solene cortejo noturno em homenagem à Mãe Santíssima, convidando o povo a participar com círios e velas acesas e cantar hinos em louvor a Nossa Senhora. Esta celebração propagou-se por toda a Igreja Romana e, em 542, Justiniano I instituiu-a no Império do Oriente após ter cessado uma peste. Mas as festas religiosas começaram a ser celebradas com procissão de velas a partir do século X, um pouco mais tarde, mas que fazem memória e celebram a fé em Maria e no seu Filho Jesus.
A partir destes fatos, pode-se afirmar teologicamente que Jesus é Aquele cuja luz clarifica todos os povos e todas as gentes. Então, Nossa Senhora das Candeias, pode ser também a Nossa Senhora da Luz, pois ambas apresentam Jesus, a Luz das nações. Nossa Senhora é portadora da luz que é Jesus. Todos os cristãos são convidados a receber essa luz e multiplicar as ‘grandes maravilhas’ operadas em Maria pelo Senhor. Assim como Jesus foi luz de todas as nações, todos os discípulos seus, no cotidiano da vida podem ser também a luz do Senhor.
Frei Augusto Luiz Gabriel, ofm, é religioso franciscano da Ordem dos Frades Menores. Graduado em Filosofia pelo Centro Universitário de Curitiba (FAE), atualmente cursa o quarto ano de Teologia no Instituto Teológico Franciscano em Petrópolis (RJ).
Este artigo foi publicado originalmente na “Revista Ave-Maria”.