Bem-aventurada Bárbara Maix
Natural de Viena, Áustria, filha de José Maix e Rosália Mauritz, nasceu no dia 27 de junho de 1818.
Registros históricos nos relatam que José Maix era funcionário público. No ano de 1782, encontramo-lo trabalhando como ajudante de cozinha junto ao príncipe Luis José Liechtenstein. Pouco tempo depois, em 1786, passa a ser funcionário no Palácio de Schönbrunn, na função de criado doméstico e depois camareiro do imperador Ferdinand.
As mortes na família Maix eram frequentes e a doença, contínua. Bárbara, a caçula de 09 filhos do segundo matrimônio, teve sua infância e adolescência marcadas por sequelas do tifo e privações, o que lhe causou debilidade orgânica.
Certamente, era muito duro para o pai, José Maix, trabalhar no palácio onde se realizavam muitas festas, com requintes e luxo, e ver os filhos morrerem, por não conseguir vencer com o fruto de seu trabalho. Morava na casa número um (1) dos empregados, ao lado do palácio.
Neste ambiente de contrastes, entre o luxo do palácio e a pobreza e a dor na família, a personalidade de Bárbara vai-se formando. Dos pais herda a fé cristã, o espírito de fortaleza e perseverança diante dos desafios. Desde a tenra idade e na juventude, capta a realidade que a cerca e já manifesta ânimo missionário e profético. Vai-se tornando audaciosa, destemida, a ponto de dirigir-se às autoridades do Império e da Igreja para alcançar seus objetivos. Vendo a situação social de desemprego e percebendo que o maior número de crianças nascidas era oriundo de mães solteiras, abre um pensionato visando à orientação e assistência a jovens desempregadas e empregadas domésticas, prevenindo-as da prostituição e demais desigualdades sociais.
Em torno da jovem Maix se reúnem outras jovens com espírito de oração e solidariedade. Com elas, inicia o Projeto das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, inspirado no modo de ser das primeiras comunidades cristãs, desejando dedicar-se também à educação de crianças.
A situação sócio-político-cultural e religiosa de Viena e de toda a Europa era de tensão e conflito pela difusão das ideias liberais. Durante a revolução de 1848, que tinha como base a Revolução Francesa, moveu-se uma verdadeira perseguição às Ordens Religiosas. As leis proibiam novas fundações e a entrada de novos membros. Essa situação fez com que Bárbara e suas 21 companheiras aceitassem a proposta de saírem do país.
As jovens pretendiam estabelecer-se na América do Norte, porém, enquanto aguardavam, no Porto de Hamburgo, um navio que as transportasse para lá, aportou o “Merk”, um mercantil, que tinha como destino o Brasil. Bárbara compreendeu ser esta “a vontade de Deus”. Partiram. Sobre a viagem, escreveu Madre Isabel: “Chegamos ao Rio de Janeiro, em novembro (09/11/1848), sem dinheiro, sem conhecimento de ninguém, sem saber a língua, com muita fome, mas cheias de confiança em Deus e em Nossa Senhora.”
Em 08 de maio de 1849, celebram, enfim, sua consagração religiosa e põem-se a serviço da população. Numa época em que a mulher não tinha participação social e acesso à Escola, Bárbara se fez educadora, permitindo o estudo às meninas. Atenta à realidade brasileira, com suas Irmãs, vai ao encontro das necessidades mais urgentes e passa a assumir Asilos onde acolhe órfãos e pobres e abre Pensionatos para jovens estudantes. Por ocasião das epidemias do cólera e febre amarela, bem como durante a Guerra do Paraguai, assume atividades em enfermarias e Hospitais.
Diante de uma sociedade que mantém o regime de escravidão, Bárbara não aceita que pessoas trabalhem em condição de escravas junto às Irmãs. Todas realizam os mesmos serviços e têm os mesmos direitos numa relação de igualdade e partilha.
As Ordens Religiosas eram de estilo contemplativo, viviam como em claustros. Bárbara apresenta uma inovação: uma forma de Vida Religiosa Consagrada com dinamismo missionário, que une fé e serviço social. Esse modelo de Vida Religiosa era novo para a Igreja e para o Estado.
Com perspicaz inteligência, abre novos caminhos, supera obstáculos. Discerne e posiciona-se com firmeza na defesa e promoção da vida, especialmente dos pobres. Quando sua fé e esperança são hostilizadas, não se confunde. Rejeitada e desprezada, segue confiante, certa de que “a Obra é de Deus”. Às contraposições ao espírito do Carisma e da Missão da Congregação responde: “… não creio que haja autoridade na terra que me possa obrigar a fazer coisa alguma contra minha consciência. Não somos escravas, Senhor Administrador. Somos livres pela misericórdia de Deus.” (B. Maix)
Madre Bárbara, pela sua firmeza na fé, esperança inabalável e amor misericordioso, superou muitas dificuldades: limites de saúde, falta de dinheiro, incompreensões, desprezo, perdas… Tudo viveu tendo o Imaculado Coração de Maria como “Mãe e modelo de todas as virtudes”, confiando-se à sua proteção e ajuda para, como Ela, seguir a estrada de Jesus, dando a vida para que outros a tivessem.
Faleceu no dia 17 de março de 1873, deixando como herança o grande exemplo de “perdoar sempre, com todo gosto e consolo do Coração” e o amor à Verdade.
Fonte: https://www.irbm.com.br/barbara-maix/
A Igreja também celebra hoje a memória dos santos: Leonardo de Noblac e Ático.