Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

4º Domingo do Tempo Comum

  • Primeira Leitura
  • Salmo Responsorial
  • Segunda Leitura
  • Evangelho
  • Sabor da Palavra

 Jeremias 1,4-5.17-19

Leitura do livro do profeta Jeremias – Nos dias de Josias, rei de Judá, 4foi-me dirigida a palavra do Senhor, dizendo: 5“Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações. 17Vamos, põe a roupa e o cinto, levanta-te e comunica-lhes tudo que eu te mandar dizer; não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles. 18Com efeito, eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze contra todo o mundo, frente aos reis de Judá e seus príncipes, aos sacerdotes e ao povo da terra; 19eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te”, diz o Senhor.

Palavra do Senhor.

Sl: 70(71)

Minha boca anunciará, todos os dias, / vossas graças incontáveis, ó Senhor.

1. Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor: / que eu não seja envergonhado para sempre! / Porque sois justo, defendei-me e libertai-me! / Escutai a minha voz, vinde salvar-me! – R.

2. Sede uma rocha protetora para mim, / um abrigo bem seguro que me salve! / Porque sois a minha força e meu amparo, † o meu refúgio, proteção e segurança! / Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio. – R.

3. Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, / em vós confio desde a minha juventude! / Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, / desde o seio maternal, o meu amparo. – R.

4. Minha boca anunciará todos os dias / vossa justiça e vossas graças incontáveis. / Vós me ensinastes desde a minha juventude, / e até hoje canto as vossas maravilhas. – R.

 1 Coríntios 12,31-13,13 ou 13,4-13

[A forma breve está entre colchetes.]

Leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios – [Irmãos,] 31aspirai aos dons mais elevados. Eu vou ainda mostrar-vos um caminho incomparavelmente superior. 13,1Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse caridade, eu seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine. 2Se eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, mas se não tivesse caridade, eu não seria nada. 3Se eu gastasse todos os meus bens para sustento dos pobres, se entregasse o meu corpo às chamas, mas não tivesse caridade, isso de nada me serviria.

[4A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; 5não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se encoleriza, não guarda rancor; 6não se alegra com a iniquidade, mas se regozija com a verdade. 7Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo. 8 A caridade não acabará nunca. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá. 9 Com efeito, o nosso conhecimento é limitado e a nossa profecia é imperfeita. 10Mas, quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito. 11Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança. 12 Agora nós vemos num espelho, confusamente, mas, então, veremos face a face. Agora, conheço apenas de modo imperfeito, mas, então, conhecerei como sou conhecido. 13Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade.]

Palavra do Senhor.

Lucas 4,21-30

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, estando Jesus na sinagoga, começou a dizer: 21“Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. 22Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?” 23Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”. 24E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27E no tempo do profeta Eliseu havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. 28Quando ouviram essas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

Palavra da salvação.

Esses incômodos seres chamados profetas

Jesus era conhecido no lugar. Afinal de contas estava na sinagoga de Nazaré, sua terra. Ele havia lido o texto do profeta Isaías que falava da unção do Espírito.  As pessoas ficaram estupefatas diante das palavras de sabedoria que saiam de sua boca, do filho do carpinteiro.

Mas, afinal de contas, quem era esse Jesus?  Começa a haver um disse-que-disse.  Ele é filho de José. Todos conheciam esse José, um carpinteiro pobre. Os que estão presentes não têm dúvidas a respeito de sua origem.  Jesus dá a entender que seus ouvintes querem que ele opere ali, em sua terra e cidade, o que ele fez em Cafarnaum.  Ele, no entanto, não pode operar ali maravilhas. “Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”.

J. Konings nos explica o sentido  do evangelho deste domingo. Jesus  vai sendo rejeitado. “A rejeição acontece de mansinho, e devemos admirar novamente a arte narrativa de Lucas. Primeiro, o povo admira Jesus e suas palavras. Mas a sua admiração é a negação daquilo que Jesus quer. Desconhecendo o “Filho de Deus”, tropeçam na sua origem por demais comum. “Não é este o filho de José”. Jesus toma a dianteira. Prevendo que eles apenas quererão ver suas façanhas, como as fez em Cafarnuaum, Jesus lança um desafio: ele não é médico para uso caseiro. Como nenhum profeta é agradável à sua própria gente, sua missão ultrapassa os morros de Nazaré. E insiste: Elias, expulso de Israel, ajudou a viúva de Sarepta na Fenícia e Eliseu curou o sírio Naamã… Os nazarenos, ciosos, não agüentam essas palavras e querem jogar Jesus no precipício (uma variante do apedrejamento). Mas Jesus, com a autoridade do Espírito que repousa sobre ele, passa no meio deles e vai adiante… Nazaré perdeu sua oportunidade, prefigurando assim a pátria do judaísmo: “Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados, quantas vezes eu quis reunir teus filhos… (cf Lc 13,34-35)….” (Liturgia Dominical, Vozes, p. 405).

Queira Deus que nunca faltem profetas na Igreja. Não basta apenas fazer com que uma máquina gire, mas é fundamental que homens e mulheres, cheios do Espírito, falem em nome do Evangelho e de Cristo. O profeta desmascara situações camufladas. Denuncia um jogo de interesses que está por detrás de determinadas atitudes.  Ele não tolera que Deus seja aprisionado. Sua fala e seu testemunho são uma condenação da rotina e dos arranjos para se viver por viver.  Um autor diz: “A denúncia profética é obra de amor, um amor apaixonado por Deus e  pelos homens (…). O profeta vê o que Deus faz, vê o seu plano de amor, faz uma leitura divina dos acontecimentos humanos”.


Frei Almir Guimarães

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