O Sínodo da Amazônia e as tradições originárias dos povos
Marcelo Barros
Sem dúvida, para os povos amazônicos, é boa notícia que o Papa Francisco tenha convocado um sínodo dos bispos católico-romanos de todo o mundo para refletir sobre os apelos que a Amazônia faz à Igreja Universal (compreendida como o conjunto de Igrejas cristãs do mundo inteiro). Como afirmou Dom Roque Paloschi, presidente do Conselho Indigenista Missionário no Brasil (CIMI), “O Sínodo sobre a Amazônia praticamente começou em janeiro de 2018, em Puerto Maldonado (Peru), no encontro do papa com os povos amazônidas”[1].
De fato, o Sínodo dos Bispos é uma instituição que retoma antigo costume das Igrejas e sinaliza a vocação que a Igreja tem de ser sinal e instrumento de unidade para a toda a humanidade. (O termo sínodo vem do grego e significa “caminhar juntos”).
Na Igreja Católica, foi depois do Concílio Vaticano II que o papa Paulo VI, em 1967, recriou a instituição do Sínodo, encontro que reúne bispos de todo o mundo para, de tempos em tempos, refletir com o papa sobre assuntos que dizem respeito à Igreja universal ou a problemas humanos e pastorais de determinada região (cânon 342 do Código de Direito Canônico). É o caso desse Sínodo especial para a Amazônia, convocado pelo papa para outubro de 2019, conforme o cânon 345 do mesmo código. Esse sínodo tem como tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.
No dia 17 de junho deste ano, se tornou público o documento que servirá de base para o diálogo e os trabalhos do Sínodo (Instrumentum laboris). Elaborado na metodologia latino-americana, o documento tem três partes, correspondentes ao Ver, Discernir (julgar) e Agir. Na primeira, o documento retrata a realidade do território e dos seus povos a partir dos relatos e testemunhos das comunidades. Por isso, a proposta é escutar a voz da Amazônia à luz da fé. Na segunda, busca-se responder ao clamor da terra e dos povos por uma Ecologia Integral. Finalmente, na terceira parte, Igreja profética na Amazônia, desafios e esperanças, tentam-se discernir caminhos novos para a missão profética das Igrejas na Amazônia.
É consolador saber que esse documento e os assuntos que serão tratados no Sínodo foram formulados a partir de consulta que envolveu as comunidades amazônicas, grupos (católicos ou não) e acolheu posicionamentos de estudiosos/as e pessoas que acompanham a realidade amazônica nos diversos países que cobrem a região.
Infelizmente, ainda há – e não são poucos – os bispos, padres e grupos católicos que não reconhecem a Ecologia Integral, a situação social dos povos e a Política como assuntos que dizem diretamente respeito à missão da Igreja. Parecem esquecer ou ignorar que Jesus definiu a sua missão como sendo a de curar os doentes, libertar os prisioneiros e anunciar aos empobrecidos a boa notícia da libertação. Para isso, ele foi enviado pelo Espírito Divino que recebeu (Lucas 4, 16- 21). À luz dessa compreensão do evangelho do reino, convido vocês a aprofundarmos a novidade que esse Sínodo pode representar para a Igreja e para o mundo e como podemos dele escutar uma palavra que nos renove e nos anime na missão.
1 – Para vinho novo, odres novos
Há mais de 50 anos, o papa João XXIII e o Concílio Vaticano II nos ensinaram a assumir “os sinais dos tempos” como elemento a partir do qual, aprendemos a discernir a palavra de Deus e o que ele pede de nós. Na América Latina, olhar a realidade social e política para discernir nela os desafios para a missão foi o próprio tema geral da 2ª conferência geral do episcopado católico em Medellín (1968). A partir daí, se tornou a proposta teológica e espiritual das comunidades cristãs, inseridas no meio dos pobres. Nas últimas décadas, a Teologia da Libertação tem tomado formas diversas e novas, assumindo os caminhos próprios das teologias afro, indígenas, feministas, gays e outras reflexões autônomas que se situam na mesma linha libertadora. No entanto, para o magistério romano e os bispos reunidos em um sínodo em Roma, é a primeira vez que, depois do Concílio Vaticano II (1962- 1965) e, para a América Latina, depois de Medellín (1968), a realidade social e política é assumida realmente como “categoria teológica”.
Por isso, podemos afirmar que essa escuta da realidade e o reconhecimento do lugar teológico das diversas tradições espirituais dos povos originários é como revelação divina que chegou atrasada. Embora elas já sejam tão antigas, só agora a hierarquia católica está verdadeiramente reconhecendo que ali há uma revelação divina e está disposta a acolher.
Na Exortação Apostólica Episcopalis Communio (2018), o papa Francisco já havia insistido que “o Sínodo deve ser instrumento privilegiado de escuta do povo de Deus” (EC 6). O que certamente é a maior novidade dessa preparação para o Sínodo tem sido realmente levar a sério essa postura até o último ponto. Embora sempre os sínodos sejam antecedidos de questionários para os bispos e dioceses, nenhum sínodo anterior a esse cuidou tanto de escutar a voz da realidade através dos testemunhos das bases e dos/as missionários e estudiosos que ali trabalham. Esse documento de trabalho preparatório fala em Igreja como ouvinte e destaca a importância do processo de escuta sinodal que já deixou frutos na região (articulação dos diversos países a serviço da região amazônica, atenção para os desastres ecológicos e para a ação nefasta das mineradoras e do desflorestamento) e o documento deixa claro que esse processo sinodal de escuta deve continuar mesmo depois do evento do Sínodo em Roma (n. 3).
Todos sabemos das reações contrárias que o papa Francisco enfrenta no Vaticano. Sabemos que até mesmo o fato de dedicar uma sessão do Sínodo à Amazônia está sendo contestado por alguns, inclusive cardeais[2]. Além disso, o Sínodo é órgão consultivo, sem nenhum poder deliberativo e é coordenado por cardeais e bispos, dos quais a maioria nem conhece bem a região. Por isso, para muitos irmãos e irmãs missionários e inseridos nas bases, esse processo sinodal de escuta que o Sínodo já suscitou e agora foi oficializado no documento de trabalho garante que o Sínodo vá além de seus próprios limites e se torne como alguns chamaram, uma amazonização da Igreja ao se inserir na realidade do território e dos povos e uma aliança da humanidade pela Vida.
Nesse sentido, através do diálogo, esse processo sinodal já conseguiu formar na parte da Igreja que deseja a inserção um consenso básico que consiste no apoio às comunidades indígenas, ribeirinhas e diversos segmentos amazônicos. Denuncia claramente a ação nefasta das madeireiras, mineradoras e grandes empresas pesqueiras. E instaura uma missão eclesial baseada na escuta, no diálogo e no respeito às culturas e espiritualidades dos diversos povos e comunidades. O documento de trabalho do Sínodo chega a reconhecer a Amazônia como “repleta de vida e sabedoria” (n. 5).
2 – Por trás das palavras e nas entrelinhas
Todos sabemos que parte dos bispos e do clero mesmo na região amazônica rejeita e se mantém distante de todo esse processo como se o ignorasse. Mas, assim mesmo, em cidades e arquidioceses nas quais o arcebispo e parte do clero não participam de nada que diga respeito a esse Sínodo e à consulta, o processo está ocorrendo nas bases e tem sido fecundo.
Evidentemente, a construção do consenso e mais ainda da preparação do Documento Final a ser entregue ao papa no final do Sínodo exigem que “caminhemos juntos”. Para isso, é normal que se ceda um pouco aqui e ali para concentrar forças nos pontos que parecem mais essenciais.
Certamente uma vitória desse documento e do processo que ele expressa é uma leitura mais sistêmica da realidade e a denúncia de um sistema que ameaça a vida na Amazônia. Também é uma conquista ver em um documento emanado do Vaticano o reconhecimento claro de que até hoje a Amazônia enfrenta a invasão de “novas potências colonizadoras” (n. 7), a confissão de que “a Igreja foi (ou tem sido) cúmplice dos colonizadores, sufocando a voz profética do Evangelho” (n. 38). Antes, papas como João Paulo II pediam perdão pelos erros de “alguns filhos da Igreja”, mas nunca reconheciam que a Igreja, em si mesma e como Igreja tinha pecado…
Por trás desse documento há uma Missiologia diferente da que, embora reconheça a missão da Igreja em relação à justiça e a paz, continua vendo o evangelho como “doutrina cristã”, identifica Igreja e reino e sublinha a missão como pregação do evangelho aos descrentes. Nesse documento de trabalho, embora nem sempre a linguagem consiga ser totalmente clara, consegue-se expressar claramente que a missão só pode ser vivida em diálogo com as sabedorias ancestrais dos povos amazônicos (n. 29) e deve ser um diálogo a serviço da vida e do futuro do planeta (n. 35). Portanto de modo algum é diálogo como mera estratégia pedagógica para assim fundamentar melhor a doutrinação ou a conversão religiosa de fieis.
É outra concepção de missão. Mesmo quando a linguagem parece visar a Igreja é sempre supondo uma Igreja em saída e cuja missão se vê como sendo a Ecologia integral e a defesa da vida no planeta.
É também importante perceber que o documento valoriza as espiritualidades autóctones dos povos originários e a religião popular das comunidades mesmo católicas da Amazônia, não apenas por questão de respeito aos direitos dos povos de terem sua cultura religiosa, não apenas por um diálogo tático e pedagógico, mas porque espiritualmente reconhecemos que essas espiritualidades são caminhos que procuram desvendar o mistério insondável de Deus (n. 39), são expressões do Espírito Divino presente e atuante nos povos (28) e assim como o território e a realidade social e política, também as espiritualidades tradicionais dos povos são para nós lugar teológico a partir do qual os povos podem se reerguer, recuperam sua saúde (n. 87) e podem ser elementos de transformação da realidade e da missão (n. 93- 94). É esse último elemento que queremos aqui aprofundar mais.
3 – O que o Espírito diz hoje às Igrejas
Começo por uma experiência que vivi na África. Logo depois do Fórum Mundial de Teologia e Libertação, em Nairóbi (janeiro de 2007), visitei uma comunidade africana tradicional. Ali conheci uma senhora, sacerdotisa de Tamobi, a deusa da água. Para provocá-la, perguntei:
– Como tendo aqui uma sacerdotisa da deusa da água, essa região é tão seca? A senhora não consegue que Tamobi faça chover?
Ela me respondeu francamente:
– Eu sou sacerdotisa da água e não dona da água.
Para mim, aquilo tinha sabor de lição a ser aprendida. Aquela senhora me ensinava a diferença entre espiritualidade e simples magia. Ela era sacerdotisa de Tamobi, não controladora ou proprietária do mistério divino (tendência do clericalismo).
Tinha sabido que ali perto, uma empresa tirava areia para levar à cidade e destruía todo o leito do rio. Provoquei de novo:
– Como a sua espiritualidade poderia defender o rio que está ameaçado de secar?
Ela me respondeu:
– De fato, a empresa está com dificuldade de continuar o seu trabalho porque, através de mim, Tamobi avisou aos homens daqui que trabalhavam no transporte de areia do rio:
– Vocês estão destruindo a cama em que me deito com a natureza. Se vocês destroem o meu leito conjugal, eu vou tirar a potência sexual de qualquer um de vocês que continuar esse trabalho de transporte de areia.
Todos os empregados se demitiram. A empresa diminuiu muito e teve de buscar operários na cidade.
É claro que a realidade amazônica é muito diferente da África. No entanto, uma grande energia de resistência para as comunidades poderia ser fruto de um diálogo de inserção nas espiritualidades indígenas. Além da colaboração com a justiça e a Política que índios e índias de diversas etnias têm vivido nos diversos campos do Direito, da Justiça na Terra e na atividade política, a valorização das próprias espiritualidades indígenas é a intuição fundamental de filmes documentários sobre a realidade dos índios Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul e é a contribuição do extraordinário livro do Xamã Yanomami Davi Copenawa (A queda do céu) e do trabalho que, por todo o Brasil, índios como Kaká Veras realiza para resgatar o sentido próprio das espiritualidades indígenas na construção de uma nova sociedade[3].
O documento de trabalho do Sínodo propõe que se organize o ensino da Teologia indígena pan-amazônica em todas as instituições educativas (n. 98. 3). É importante discernir com mais clareza o que significa “teologia indígena” e espiritualidade indígena. É estranho que o documento fale disso no plural depois de reconhecer que são centenas de povos indígenas diferentes e além dos índios, há tantas outras comunidades e grupos autônomos. Além da necessidade de sempre falar de teologias e espiritualidades indígenas no plural, também é bom distinguir as que são teologias e espiritualidades originárias (por exemplo, no livro “A queda do céu” o Xamã yanomami Davi Kopenawa descreve a sua fé nos Xapiris e como a dança dos Xapiris na floresta é importante para o equilíbrio do ecossistema e a vida dos povos da floresta[4]. Os livros e palestras que o tapuia Kaká Veras realiza por todo o Brasil expressam uma teologia e espiritualidade originária do seu povo. É diferente de uma teologia e espiritualidade também indígena e muito válida mas já de comunidades e grupos que leem a fé cristã a partir de suas culturas próprias (seria uma teologia índia cristã). Isso está bem desenvolvido e já tivemos no continente latino-americano ao menos nove encontros continentais de Teologia índia (cristã)[5]. Missionários como Eleazar Lopez Hernandez no México, Diego Irrazaval nos Andes e Paulo Suess no Brasil têm sempre buscado unir esses dois ramos diversos da Teologia índia e ajudar no diálogo com as outras teologias cristãs.
As espiritualidades indígenas e afrodescendentes podem ser uma força na luta. Em suas expressões originais, elas têm sido elementos de resistência e têm ajudado as comunidades a retomarem a sua identidade cultural e sua dignidade própria. Quando falamos de espiritualidades indígenas ou afro cristãs, pensamos nas contribuições próprias desses grupos para que a Igreja viva realmente a catolicidade e uma missão que seja geradora de vida.
Atualmente, existe várias expressões de Xamanismo urbano, algumas mais autênticas e ligadas a uma eco-teologia ecumênica e feminista. Outras mais de classe média alta e de butique. Isso tem sido denunciado até na Bolívia, entre os Quétchua e os Aymara. No entanto, cada vez mais os povos indígenas têm descoberto que ao recuperar as suas culturas originais, reencontram a força de suas tradições espirituais.
Ao falar em resistência e reconstrução da dignidade coletiva de povos, podemos voltar ao livro “A queda do céu”, do Xamã Yanomami Davi Kopenawa, escrito junto com o antropólogo inglês Bruce Albert[6]. Nesse livro, vemos justamente três momentos na vida do narrador indígena: a visão cultural de criança na cosmologia antiga. Depois, na juventude, certo afastamento dessa tradição e entrada na cultura ocidental. Uma terceira etapa mais madura foi quando depois de ter conhecido bem a sociedade dominante e ter mesmo tido ocasião de ir a Europa e Estados Unidos, ele decidiu voltar a viver na aldeia e retomar a tradição espiritual antiga agora a partir de um novo olhar e fazendo uma síntese nova.
Alguém contou que um pai de santo do Candomblé quis participar dos encontros e reuniões da REPAM (Rede eclesial Pan-amazônica). E um bispo que coordenava a reunião onde se discutiu o desejo do pai de santo decidiu: Quem quiser entrar na nossa, venha…. Essa abertura já é boa e espiritual. No entanto é ainda ambígua porque pode ser compreendida como inclusiva no sentido de que assume o outro se ele entrar na nossa… , isso é, no nosso modo de ser, de pensar e agir. Essa postura precisa ainda ser alargada espiritualmente. A espiritualidade da REPAM e desse novo modelo de missão que o Sínodo pode suscitar deve ser buscar o que Deus nos revela através do pai de santo. Não para deixarmos de ser cristãos, mas para sermos melhores cristãos como Jesus quis, ele que, como diz o evangelho desses domingos, mandou e forçou os discípulos a “passarem para o outro lado do lago”, isso é, o lado dos pagãos, dos estrangeiros, dos que tinham outra religião e outra cultura. Essa é a proposta do papa Francisco quando fala em uma “Igreja em saída”. A REPAM deve pertencer a essa Igreja em saída e não compreender sua missão em uma perspectiva aberta e solidária, mas sempre em uma visão de Igreja neocristandade, triunfante, autossuficiente e autocentrada. Somente a partir do outro é que podemos ouvir e obedecer ao que “o Espírito diz, hoje, às Igrejas” (Ap 2, 5).
(O texto continua)
Fonte: http://repam.org.br
[1] – PALOSCHI, ROQUE, O Sínodo da Amazônia: grito à consciência, memória da missão, opção pela vida, in Vida Pastoral, maio-junho 2019, ano 60, n. 327, p. 17.
[2] – Herético y apóstata. El cardenal Brandmuller excomulga al Sínodo para la Amazonia, Revista IHU, 27/ 06/ 2019.
[3] – Ver KOPENAWA, Davi e ALBERT, BRUCE, A queda do céu, , Palavras de um Xamã Yanomami, São Paulo, Ed. Companhia das Letras, 2015.
VERÁ, Kaká, O Trovão e o Vento, Um caminho de evolução pelo Xamanismo Tupi-Guarani, São Paulo, Ed. Polar, 2016.
[4] – Cf. KOPENAWA, Davi e ALBERT, Bruce, A queda do céu, Palavras de um Xamã Yanomami, São Paulo, Ed. Companhia das Letras, 2015.
[5] – Ver HERNANDEZ, Eleazar Lopez, Teologia india: antologia, Michigan, Ed. Verbo Divino, 2000. Ver também: IRRAZAVAL, Diego, Un Cristianismo Andino, Quito, Ed. Abya Yala, 1999. Também do mesmo autor: Reimplantação teológica da fé indígena, in TOMITA, Luiza, VIGIL, José Maria e BARROS, Marcelo, (organizadores) Pelos muitos caminhos de Deus, Goiás, Ed. Rede 2003, p. 87- 97.
Ver ainda no Brasil: RUFINO, Marcos Pereira. O código da cultura: o CIMI no debate da inculturação. In: MONTERO, Paula (Org.). Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São Paulo: Globo, 2006. p. 235-75.
[6] – KOPENAWA, DAVI e ALBERT, A queda do céu, Palavras de um Xamã Yanomami, São Paulo, Companhia das Letras, 2015.
Marcelo Barros é monge beneditino e escritor. Nascido em 1944, é pernambucano do grande Recife e assessora o MST, outros movimentos populares e comunidades eclesiais de base. Por formação é biblista, e desde jovem se consagra à espiritualidade ecumênica e ao diálogo entre as religiões. É membro da Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo (ASETT). Marcelo escreveu 37 livros.