Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

A morte de São Pedro segundo Atos de Pedro

28/06/2024

Pedro, segundo os livros apócrifos, depois da morte de Jesus, viveu ainda doze anos em Jerusalém e um ano em Roma. 

Atos de Pedro conta que a morte de Pedro ocorreu do seguinte modo: persuadido pelos irmãos a fugir de Roma, pois o Prefeito Agripa e um tal Albino o perseguiam por causa da sua pregação em favor da castidade, Pedro fugiu disfarçado e sozinho de Roma. Ele mesmo disse: “Que nenhum de vocês venha comigo. Eu vou sair sozinho, após ter trocado as minhas vestes”. Mas, eis que na porta da cidade, o Senhor lhe apareceu. Pedro lhe perguntou: “Aonde vais, Senhor?” O Senhor lhe respondeu: “Vou a Roma para ser crucificado”. “Outra vez, Senhor?, perguntou Pedro. “Sim, Pedro, outra vez serei crucificado”, disse Jesus. Pedro caiu em si e viu Jesus voltando para o céu. Pedro, então, voltou a Roma louvando e anunciando que Jesus havia dito: “Serei crucificado. Pedro, não sabia que a crucifixão iria acontecer com ele. Pedro fez saber aos seus irmãos que ele havia voltado. Eles sentiram pesar por isso e disseram: “Nós tínhamos te suplicado de fugir e você voltou”. Enquanto Pedro justificava a sua atitude diante dos irmãos, os quais choravam, quatro soldados vieram e prenderam a Pedro e o conduziram a Agripa, que ordenou a sua crucifixão. Então, uma multidão de irmãos saíram em sua defesa, pobres e ricos, órfãos e viúvas, poderosos e humildes vieram todos correndo para ver Pedro e defendê-lo. E todo o povo gritava em uníssono: “Qual foi o mal cometido por Pedro?” “Que ele te fez? Diga a nós, os romanos.” E Pedro saiu e foi ao encontro da multidão e a acalmou, relembrando os sinais e milagres que ele tinha realizado em nome de Cristo, e disse-lhes: “Esperem-no, com a sua vinda cada um pagará segundo suas obras. Não façais nada contra Agripa. Tudo acontece conforme o Senhor me revelou que ia acontecer”. 

A oração de São Pedro ao ser crucificado

E estando para ser crucificado, Pedro proferiu as seguintes palavras: 

“Ó cruz, tu que és mistério oculto! Ó graça inefável que é pronunciada em nome da cruz! Ó natureza humana, que não pode permanecer separada de Deus! Ó doce comunhão, indizível e inseparável que não pode ser manifestada por lábios impuros! Apodero-me de ti, agora que estou ao fim de minha jornada. Declarei aquilo que tu és, e não manterei silêncio diante do mistério da cruz, o qual desde muito foi coberto e oculto de minha alma. A cruz é algo distinto daquilo que aparenta ser. Ela é a própria paixão conforme experimentada por Cristo. E agora, sobretudo vós que podeis me escutar, vós que tendes fé, escutai-me nesse momento derradeiro e supremo da minha vida”. 

E Pedro continuou o discurso. Ao final, pediu aos carrascos que o crucificasse de cabeça para baixo. Pedro não se julgava digno de morrer como Jesus. E enquanto realizava-se o seu desejo, Pedro tomou novamente a palavra e fez um longo discurso aos presentes sobre o sentido místico dessa forma de crucifixão, terminando-o com a seguinte oração de ação de graças Jesus Cristo: “Tu és para mim meu pai, minha mãe, meu irmão, meu amigo, meu servidor. Tu és o todo e o Todo está em ti; és o ser, e nada é, exceto tu. Recorram a ele, irmãos, e entendam que vosso somente se encontram nele. Então conseguireis aquilo que a propósito do qual ele disse que nem o olho viu, nem ouvido ouviu, nem chego a coração humano algum. Te pedimos, pois, o que nos promete dar-nos, oh Jesus sem mancha. Te louvamos; te damos graças. Como homens fracos te reverenciamos e reconhecemos que somente tu, e nada mais que tu, és Deus. Tu és a glória agora e por toda a eternidade”. E enquanto a multidão dos presentes exclamava, em alta voz, “Amém”, Pedro entregou seu espírito ao Senhor

Marcelo, o senador romano que havia se convertido ao cristianismo por obra de Pedro, vendo que Pedro havia expirado, o tirou da cruz, preparou seu corpo com aromas e perfumes e o enterrou com dignidade. O imperador Nero se irritou com o prefeito Agripa pelo fato desse ter matado Pedro sem que ele fosse comunicado. Por muito tempo, Nero não dirigiu a palavra a Agripa.                   

Assim, Pedro morreu crucificado de cabeça para baixo, sob o governo do imperador Nero, no circo de Nero, perto do atual Vaticano. A tradição conservou duas datas possíveis: fim de 67 da E.C ou a 13 de outubro de 64.


O dia em que São Paulo foi degolado segundo Atos de Paulo

O fim da vida de São Paulo foi marcado pelas ações do cruel e sanguinário imperador de Roma, Nero Cláudio César, que reinou de outubro de 54 a junho de 68 E.C.

Nero, que sempre mandava matar e torturar homens que ele amava. Condenou à morte a sua própria mãe, Agripina e duas de suas esposas, assim como o filósofo Sócrates. Ele não agiu diferentemente com São Paulo. Ele, então, promulgou um decreto que todos os cristãos e soldados do Cristo fossem procurados e executados.

Atos de Paulo  narra que entre muitos outros cristãos, Paulo também foi acorrentado e levado. Os que foram presos com ele olhavam para ele, de maneira que César percebeu que ele era o líder dos soldados. Nero, então, disse a Paulo: “Homem do grande rei, agora meu prisioneiro, o que te incitou a entrar furtivamente no Império romano e a recrutar soldados no meu território?” Paulo, cheio do Espírito Santo, disse, na presença de todos: “César, nós alistamos soldados não apenas no teu território, mas em todos os países da terra. Pois recebemos a ordem de a ninguém excluir dos que querem lutar por meu rei. Se te parecer justo, serve-o, pois nem a riqueza, nem as coisas preciosas desta vida te poderão salvar, mas somente se te tornares sujeito dele e o suplicar, serás salvo. Pois num dia, ele fará guerra, destruirá o mundo.”

Tendo ouvido aquilo, Nero mandou queimar todos os prisioneiros, e degolar Paulo segundo a lei dos romanos. Paulo não ficou calado e comunicou a palavra ao prefeito Longo e a Cesto, o centurião. Nero instigado pelo demónio, ficou enraivado e executou muitos cristãos sem julgamento. 

Então os romanos ficaram em frente do palácio e gritaram: “Basta, César! Esses homens são nossos. Tu destróis a força dos romanos. Sendo assim convencido, ele desistiu e ordenou que nenhum cristão fosse molestado até que o processo dele tenha sido investigado.

Depois da publicação do decreto, Paulo foi levado perante Nero e este insistiu que ele fosse executado. Paulo disse: “César, vivo não apenas por curto tempo para o meu rei; e se tu me executares, farei o seguinte: ressuscitarei e te aparecerei, porque não estarei morto, mas vivo para o meu rei, o Cristo Jesus que virá para julgar a terra. 

Longo e Cesto disseram a Paulo: “Donde tens tu esse rei a ponto de acreditares nele sem mudar de pensamento, mesmo com perigo de morte?” Paulo respondeu: “Vós, homens, estais agora ignorantes e no erro, mudai de pensamento e sereis salvos do fogo que vem sobre a terra inteira. Pois nós lutamos, não como vós o pensais por um rei terrestre, mas por um (rei) que é do céu: ele é o Deus vivo que vem como juiz por causa das iniquidades que acontecem no mundo. Bem-aventurado aquele que acreditar nele, pois viverá eternamente, quando ele virá com o fogo para purificar a terra.” 

Eles suplicaram, dizendo: “Nós te pedimos, ajuda-nos e nós te soltaremos”. Ele respondeu: “Eu não sou um desertor de Cristo, mas um fiel soldado do Deus vivo. Se soubesse que iria morrer, eu continuaria no mesmo propósito, Longo e Cesto. Mas já que vivo em Deus e que me amo a mim mesmo, eu vou para o Senhor, para que possa voltar com ele na glória de seu Pai”. Disseram: “Como poderemos viver depois que tiveres sido degolado?” 

O dia em que Paulo foi degolado

Enquanto estavam conversando, Nero enviou um tal Partênio e Feretas para fiscalizar se Paulo havia já sido degolado. Eles o encontraram ainda vivo. Paulo os chamou perto de si e disse: “Acreditai no Deus vivo, que ressuscita dos mortos a mim e a todos quantos acreditarem nele”. Responderam: “Vamos agora a Nero, mas quando tiveres morrido e ressuscitado, então, acreditaremos no teu Deus”. 

Longo e Cesto continuaram interrogando-o sobre a salvação. Então ele lhes disse: “Ide depressa ao meu túmulo de madrugada e encontrareis dois homens em oração, Tito e Lucas. Eles vos darão o selo do Senhor”. 

Então, virando-se para o leste, Paulo levantou suas mãos para o céu e orou longamente depois de ter conversado em hebraico com os antepassados na sua oração, ele apresentou a sua cabeça sem falar mais nada. Quando o algoz o degolou saiu leite de sua cabeça e jorrou sobre a túnica do soldado. O soldado e os outros que estavam por perto ficaram atônitos quando viram isso e glorificaram a Deus que honrou Paulo dessa maneira. Foram se embora e relataram a César o que havia acontecido.

Quando César ouviu isso, ficou estupefato e não soube o que dizer. Enquanto muitos filósofos e o centurião estavam reunidos ao redor do Imperador, Paulo veio pelas 15 h e, na presença de todos, disse: “César, vê aqui Paulo, o soldado de Deus. Não estou morto, mas vivo no meu Deus, mas sobre ti, miserável, muitos males e castigos cairão, porque faz poucos dias, derramaste iniquamente o sangue de muitos justos”. 

Depois de ter assim falado, Paulo partiu. Mas quando Nero ouviu aquilo, ele ficou profundamente perturbado e ordenou libertar os prisioneiros, inclusive Patroclo, Barsabas e seus companheiros.

Como ele lhes tinha ordenado, Longo, Cesto centurião foram muito cedo ao túmulo de Paulo. E como se aproximassem, acharam dois homens em oração e Paulo com eles. Ficaram gelados quando viram esse milagre inesperado, mas Tito e Lucas, ficaram apavorados quando viram Longo e Cesto e fugiram. Mas eles correram atrás deles e lhes disseram: “Não estamos vos perseguindo para vos matar, como pensais, vós bem-aventurados homens de Deus, mas para a vida que podeis nos dar, como Paulo nos prometeu. Acabamos de vê-lo em oração convosco”. Ouvindo isso Tito e Lucas lhes conferiram alegremente a crisma no Senhor, glorificando a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, a quem a glória para todo sempre. Amém.

Paulo foi degolado, por causa de seu privilégio de cidadão romano, segundo tradições no ano de 64 ou 67 E.C., na Igreja de São Paulo Extramuros, em Roma. Há testemunhos também de que isso tenho acontecido na Abadia das Três Fontes, em Roma, sendo a primeira hipótese a mais aceita.


Frei Jacir de Freitas Faria

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