Advento é um substantivo latino, Adventus, que significa “chegada”. No império romano era a chegada, a visita, de pessoas ilustres, reis e imperadores às cidades. Elas eram recepcionadas nas portas das cidades com honrarias. O povo esperava com alegria a vinda dessas pessoas, pois elas poderiam lhes conceder benefícios. Havia o costume de enfeitar carroças para conduzir esses notáveis.
A partir do século IV, quando o cristianismo passou a ser a religião do império romano, os cristãos passaram a utilizar o termo advento para celebrar o Natal, visto que já estava bem conhecido o uso do termo grego, Parusia, para falar da segunda vinda de Cristo. A primeira vez que o Advento em relação a Jesus foi celebrado ocorreu em 380 E.C., no Sínodo de Saragoça, Espanha.
Mais tarde, os cristãos criaram a coroa do Advento, confeccionada de cipreste e velas. O tempo, a luz e a cor estão representadas na coroa. Construída de forma circular, a coroa representa o tempo de Deus, em grego, Kairós, um tempo que não tem começo e nem fim. Ele é circular, eterno. O verde das folhas de pinheiro que a envolve nos remete também ao Eterno, ao infinito, pois ela aponta para o céu e continua eternamente viva, no verde de suas folhas.
As quatro velas da coroa do Advento nos remetem ao terreno, aos quatro elementos da natureza nas quatro semanas que antecedem o Natal. A vela acesa nos acompanha durante nossas vidas. Quando celebramos o aniversário, apagamos uma vela para simbolizar que o tempo passou e uma nova luz é acessa para iluminar o tempo futuro. Quando morremos, no velório, isto é, a junção de muitas velas, a luz de nossa vida terrena é apagada pela última vez. Partimos ao encontro de Deus que é a Luz que brilha sempre. Nele nos tornamos luz eterna!
Não por menos, em sânscrito, a antiga língua da Índia e Nepal e considerada indo-europeia, fazendo parte do tronco linguístico de muitas línguas europeias, Deus se diz dêva ou dywe, que vem de div e significa brilhar, e dew, luz, brilho. Brilhar, luz. Dia vem de Deus. Bom dia, bôdiè, é o mesmo que Boa luz e Bom Deus. Em outras palavras, que Deus seja luz em seu caminho. Jesus é Deus! Deus é Luz! Jesus é a luz que ilumina a nossa vida no Natal que vai chegar!
Os romanos reverenciavam o sol como divindade. Ele era chamado de Sol Invicto, que nunca se apaga, e celebrado no dia 25 de dezembro, culto iniciado em 274 E.C. pelo imperador Aureliano. O imperador era considerado um iluminado. O cristianismo fez a releitura desse culto com Jesus, na celebração do Natal. Jesus é a luz que nunca se apaga.
A luz do sol tem relação direta com as cores a partir de fenômeno chamado de refração, o qual ocorre quando a luz se decompõe quando ao ser confrontada com uma superfície branca, como a água e o ar. A refração ocorre possibilitando a formação de cores. É desse modo que o sol produz as cores do arco-íris. Deus sendo a Luz, Ele se revela nas cores da roda da vida. Compreender Deus é decodificar o sentido das cores, sua manifestação no meio de nós, em Jesus Cristo.
Na coroa do Advento temos quatro cores: verde, vermelho, rosa e branco. Há coroas que também trazem três velas roxas e um branca. Cada uma delas representa algo. O verde, a esperança; o vermelho, o amor; o rosa, a alegria e o branco, a paz. A cor rosa é a alegria da vinda de Jesus no Natal, por isso, ela é acesa no terceiro domingo do advento.
Uma criança nasce, a vida renasce nos pais, na humanidade. Celebrar o Natal é celebrar Jesus que faz a vida recomeçar na roda da vida. O dia 25 de dezembro simboliza o recomeço do sol de nossas vidas que não pode parar de brilhar com a esperança, o amor, a alegria e a paz. Ainda que cheguem os dias desesperança, desamor, tristeza e guerra, deixa a luz de Deus brilhar no giro da vida. Fé sempre! O Natal é logo ali! Paz e bem!
Frei Jacir de Freitas Faria