Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Imaculada Conceição de Nossa Senhora

Imaculada Conceição de Nossa Senhora

Mãe sem mancha

Frei Gustavo Medella

Que magnetismo existe entre a roupa branca e o molho de tomate, o vinho e o café? Os “acidentes” com as vestimentas deste tipo não são raros, originando, na sequência, uma longa jornada para a neutralização das manchas que ali restaram, mais ou menos extensas e intensas. Normalmente é tarefa que recai sobre a paciência, a habilidade e a dedicação da mãe. Põe de molho, lava, esfrega, estende quantas fizer forem necessárias.

Nossos corações se assemelham a estas peças alvas, sujeitas às manchas próprias da finitude: a contradição, o medo, a imaturidade, o pecado. Todas estas manchas podem ser superadas na graça de Deus e no sangue generosamente derramado por Seu Filho, Jesus Cristo. O rubro líquido, fruto da entrega do Salvador, é capaz de lavar e alvejar nosso coração, tornando-o mais dócil à ação e à presença de Deus.

Nesta tarefa, coloca-se na linha de frente, por nós, a Mãe de Deus e nossa Mãe, Maria Santíssima. Incansável entusiasta da Salvação, está sempre disponível para nos libertar de todas as manchas. Maria, em vista dos méritos de Jesus, teve a graça de ser livre da mancha original, portadora de um coração humilde e impermeável à ação do pecado. Aquele que nela escolheu habitar humanamente, também escolheu preservá-la das insídias do mal. A Imaculada Conceição de Maria é uma resposta assertiva e generosa de Deus às armadilhas da ganância, da ambição e da autossuficiência. É a criatividade divina colocando-se a serviço da proatividade humana, no amor. É mistério salvífico capaz de preencher com esperança e entusiasmo a jornada de fé. Nossa Senhora da Conceição, rogai por nós!


FREI GUSTAVO MEDELLA, OFM, é o atual Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Fez a profissão solene na Ordem dos Frades Menores em 2010 e foi ordenado presbítero em 2 de julho de 2011.


Imagem ilustrativa de Frei Fábio Melo Vasconcelos

Leituras bíblicas para este domingo

Primeira Leitura: Gênesis 3,9-15.20

9O Senhor Deus chamou Adão, dizendo: “Onde estás?” 10E ele respondeu: “Ouvi tua voz no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; e me escondi”. 11Disse-lhe o Senhor Deus: “E quem te disse que estavas nu? Então comeste da árvore de cujo fruto te proibi comer?” 12Adão disse: “A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi”. 13Disse o Senhor Deus à mulher: “Por que fizeste isso?” E a mulher respondeu: “A serpente enganou-me, e eu comi”. 14Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastejarás sobre o ventre e comerás pó todos os dias da tua vida! 15Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. 20E Adão chamou à sua mulher Eva, porque ela é a mãe de todos os viventes.

Palavra do Senhor.


Sl 97(98)

Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele fez prodígios!

Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele fez prodígios! /
Sua mão e o seu braço forte e santo / alcançaram-lhe a vitória. – R.

O Senhor fez conhecer a salvação, / e às nações, sua justiça; /
recordou o seu amor sempre fiel / pela casa de Israel. – R.

Os confins do universo contemplaram / a salvação do nosso Deus. /
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, / alegrai-vos e exultai! – R.


Segunda Leitura:

Efésios 1,3-6.11-12

3Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. 4Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. 5Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, 6para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. 11Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados 12a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo.

Palavra do Senhor.


Evangelho:

Lucas 1,26-38

Naquele tempo, 26no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

Palavra da salvação.

Reflexão do exegeta Frei Ludovico Garmus

Oração: “Ó Deus, que preparastes uma digna habitação para o vosso Filho, pela imaculada conceição da Virgem Maria, preservando-a de todo o pecado em previsão dos méritos de Cristo, concedei-nos chegar até vás purificados também de toda culpa por sua materna intercessão”.


1-Primeira leitura: Gn 3,9-15.20

Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela.

Em Gn 2-3, Deus cria o ser humano como um ser comunitário; homem e mulher são “auxílio necessário”, um para o outro, a fim de viverem na comunhão de amor, planejada pelo Criador. Havia harmonia entre homem e mulher, harmonia entre o ser humano e as demais criaturas da terra (jardim do Éden) e harmonia com o Criador. Este é o projeto de Deus. Em Gn 2, porém, Deus não diz que “tudo que havia feito era muito bom”, como em Gn 1,31, pois esta harmonia é algo a ser ainda buscado. Na realidade, ela foi quebrada quando homem e mulher, por sugestão da “serpente” (símbolo do mistério do mal, Satanás, adversário), comem do fruto proibido, que os faria “como deuses, conhecedores do bem e do mal”. Em vez de se tornarem “deuses”, percebem que estavam nus; essa nudez significa não tanto o pudor, mas a limitação e carência do ser humano diante de Deus. Por isso se escondem. Deus, porém, visita o jardim, não apenas para punir a desobediência do ser humano, mas para socorrê-lo em sua carência e limitação. No interrogatório, Deus pergunta ao homem por que está se escondendo e ele responde que estava com medo porque estava nu. Deus o acusa de ter desobedecido ao comer do fruto proibido e ele res- ponde, de certo modo, devolvendo a acusação: “Foi a mulher que me deste por companheira”. E a mulher ao ser interrogada joga a culpa na serpente, também uma criatura de Deus, como os outros animais (Gn 2,18-20). No fundo, a explicação da origem do mal recai sobre Deus. No livro da Sabedoria (2,24) o diabo é identificado com a serpente (cf. Jo 8,44; Ap 12,9; 20,2). Tiago, porém, adverte: “Ninguém, ao ser tentado, diga: É Deus que me tenta’. Pois Deus não pode ser tentado para o mal, nem tenta ninguém. Cada um é tentado pelo próprio mau desejo que alicia e seduz” (Tg 1,13-14).

A serpente é punida e deverá arrastar-se pelo chão; a mulher é puni- da pela dominação que o marido sobre ela exercerá e pelos sofrimentos de sua gravidez; o homem é punido pela dureza do trabalho na produção de alimentos. Começa a desarmonia entre Deus e o ser humano, entre homem e mulher e entre o homem e a terra. Deus nos deu a liberdade para podermos amá-lo. Seremos sempre atraídos pelo Sumo Bem e tentados para o mal. Mas os descentes de “Eva” sempre poderão esmagar a cabeça da serpente, com Maria, a “Nova Eva”, a Imaculada, e com Jesus Cristo, seu grande descendente (Gn 3,15).


Salmo responsorial: S1 97

Cantai ao Senhor um canto novo porque ele fez prodígios.


2- Segunda leitura: Ef 1,3-6.11-12

Em Cristo, ele nos escolheu antes da fundação do mundo.

O início da Carta aos Efésios começa com um hino de louvor, que resume a história de nossa salvação. É uma “bênção” dirigida a Deus (“Bendito seja Deus…”); é também uma bênção recebida “do seu Espírito, em virtude de nossa união com Cristo”. Trata-se de uma meditação com o tema “Deus em Cristo e nós em Deus“. Os motivos desta “bendição” são nossa eleição e predestinação em Cristo, a redenção pelo sangue de Jesus, a adoção como filhos de Deus em Cristo, o perdão dos pecados e o dom do Espírito Santo (15° Domingo, Ano B).


Aclamação ao Evangelho

Maria, alegra-te, ó cheia de graça. O Senhor é contigo!

3- Evangelho: Lc 1,26-38

Alegra-te, ó cheia de graça. O Senhor está contigo!

A promessa feita a Davi de uma “casa” estável, isto é, de uma dinastia permanente, cumpre-se no Evangelho que acabamos de ouvir. Maria é noiva de José, da casa de Davi. O noivado já tinha força jurídica. Maria não “conhece homem algum”, mas coloca-se inteiramente à disposição do plano divino: “Eis aqui a serva do Senhor: Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Ela concebe pela força do Espírito Santo: “O Espírito virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”. O anjo dá as indicações sobre a missão e a identidade deste filho: Seu nome Jesus significa Salvador; será chamado Santo, Filho do Altíssimo, Filho de Deus; “receberá o trono de seu pai, Davi, reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó e seu reino não terá fim”. O modo como se realizará o seu reino será surpreendente: Sua mensagem principal será anunciar o Reino de Deus, um reino de justiça, de amor e de paz, mas isso o levará a morrer crucificado, sentenciado como “Rei dos Judeus” (cf. 4° Domingo do Advento, Ano B).

A Igreja crê que Maria, a serva do Senhor, foi preservada de todo o pecado em previsão dos méritos de seu Filho Jesus Cristo (Oração do dia).


FREI LUDOVICO GARMUS, OFMé professor de Exegese Bíblica do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Fez mestrado em Sagrada Escritura, em Roma, e doutorado em Teologia Bíblica pelo Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém, do Pontifício Ateneu Antoniano. É diretor industrial da Editora Vozes e editor da Revista “Estudos Bíblicos”, editada pela Vozes. Entre seus trabalhos está a coordenação geral e tradução da Bíblia Sagrada da Vozes.

Concebida sem pecado original

Frei Clarêncio Neotti

Concebida sem pecado original: que quer dizer isso? A palavra ‘original’ não tem nada a ver com o ato sexual, pelo qual a mulher concebe uma criança. Tenho encontrado pessoas que pensam que ‘pecado original’ é pecado contra o sexo, ou seja, pecado contra o sexto mandamento. A confusão vem do fato de todo ser humano se originar de um ato sexual. A palavra original se prende às origens da criatura humana, que a Bíblia chama de Adão e Eva. Pecado original foi o peca- do cometido por Adão e Eva, ou seja, já na origem da humanidade. A Bíblia conta o fato de forma um tanto simbólica (Gn 3), mas dela sabemos que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e os constituiu na sua amizade.

Eram criaturas e, portanto, submissas ao Criador. Mas eles desobedeceram, ou seja, quebraram o elo de absoluta confiança que havia entre Criador e criatura. Foi nisso que consistiu o primeiro pecado. Diz o Catecismo: “Neste pecado, o homem preferiu-se a si mesmo a Deus, e com isso menosprezou a Deus: optou por si mesmo contra Deus, contrariando as exigências de seu estado de criatura e consequentemente de seu próprio bem. Criado em um estado de santidade, o homem estava destinado a ser plenamente ‘divinizado’ por Deus na glória… A Escritura mostra as consequências dramáticas dessa primeira desobediência. Adão e Eva perdem de imediato a graça da santidade original” (n. 398 e 399).

Esse pecado é a raiz de todos os pecados e desequilíbrios das criaturas humanas. Todos os homens estão implicados no pecado de Adão e Eva. São Paulo escreve aos Romanos: “Pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores” (Rm 5,19). Por causa de sua maternidade divina, Maria foi preservada tanto do pecado original quanto das consequências daquele pecado. Por isso dizemos que Maria é imaculada desde a concepção e viveu sem pecado.


FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFMentrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Durante 20 anos, trabalhou na Editora Vozes, em Petrópolis. É membro fundador da União dos Editores Franciscanos e vigário paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo (ES). Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.

A alegria é possível

José Antonio Pagola

A primeira palavra da parte de Deus a seus filhos, quando o Salvador se aproxima do mundo, é um convite à alegria. É o que Maria ouve: “Alegra-te”.

Jürgen Moltmann, o grande teólogo da esperança, expressou isto da seguinte maneira: “A palavra última e primeira da grande libertação que vem de Deus não é ódio, mas alegria; não é condenação, mas absolvição. Cristo nasce da alegria de Deus, e morre e ressuscita para trazer sua alegria a este mundo contraditório e absurdo”.

No entanto, a alegria não é fácil. Não se pode forçar ninguém a ficar alegre; não se pode impor a alegria a partir de fora. A verdadeira alegria deve nascer no mais profundo de nós mesmos. Do contrário, será riso exterior, gargalhada vazia, euforia passageira, mas a alegria ficará fora, à porta do nosso coração.

A alegria é um presente belo, mas também vulnerável. Um dom de que de- vemos cuidar com humildade e generosidade no fundo da alma. O romancista alemão Hermann Hesse diz que os rostos atormentados, nervosos e tristes de tantos homens e mulheres se devem ao fato de que “a felicidade só pode senti-la a alma, e não a razão, nem o ventre, nem a cabeça, nem o bolso.

Mas existe algo mais. Como se pode ser feliz quando há tantos sofrimentos sobre a terra? Como se pode rir quando ainda não secaram todas as lágrimas e diariamente brotam outras novas? Como ter prazer quando dois terços da humanidade se encontram mergulhados na fome, na miséria ou na guerra?

A alegria de Maria é o prazer de uma mulher crente que se alegra em Deus salvador, aquele que levanta os humilhados e dispersa os soberbos, aquele que enche de bens os famintos e despede os ricos de mãos vazias. A alegria verdadeira só é possível no coração daquele que deseja e busca justiça, liberdade e fraternidade para todos. Maria se alegra em Deus porque ele vem consumar a esperança dos abandonados.

Só se pode ser alegre em comunhão com os que sofrem e em solidariedade com os que choram. Só tem direito à alegria quem luta por torná-la possível entre os humilhados. Só pode ser feliz quem se esforça por tornar felizes os outros. Só pode celebrar o Natal quem busca sinceramente o nascimento de um homem novo entre nós.


JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

Imaculada: Projeto de Deus

 Johan Konings

Por que Deus fez Maria diferente de nós? Por que ela não conheceu o pecado?

A Bíblia apresenta desde a segunda página o mistério do mal no mundo: o pecado dos que deram inicio à humanidade, Adão e Eva. No fim dessa história aflora um pontinho luminoso: a mulher esmagará a cabeça da serpente (1″ leitura). A fé cristã viu o cumprimento desta palavra na “Mulher” que é a mãe do Salvador e da Igreja. Ela venceu a serpente: não participou do pecado ao qual a serpente induziu Adão e toda a humanidade. Deus a preservou, com vistas à sua vocação de ser a mãe de seu Filho. Neste sentido, ela é a “obra-prima” da graça de Deus

Se não é possível compreender totalmente o mistério da eleição por Deus, ao menos po- demos contemplá-lo. Deus conhece antes do tempo, fora do tempo… Ele sabe sempre quem The pertence. Em Maria, a libertação do pecado, por Cristo, surtiu efeito antes que ela fosse criada. A eleição não tem tempo; acontece antes da criação do mundo (2ª leitura). Mistério da eleição divina.

O evangelho mostra a total consagração de Maria a Deus e à sua missão de ser mãe do Filho de Deus. Deus e sua missão tomam conta de Maria. Talvez sintamos certo incômodo diante de tanto “privilégio”. Porém, não é um privilégio do tipo que tão facilmente arrumamos para nós mesmos…. É um privilégio em função da salvação de todos. É um serviço. Maria é a Serva por excelência. Não nos falte a solidariedade, não digamos: “Isso é só para ela, não vale para mim”. Maria foi libertada de antemão, para que, graças à sua vocação e missão, nós fossemos libertados. Devemos aprender a admirar gratuitamente o que é mais belo e mais puro do que nós mesmos. Pela contemplação tornamo-nos semelhantes ao que contemplamos. Não desprezemos, mas admiremos o “não ter pecado original”, para ficarmos semelhantes!

Maria, com vistas à maternidade divina e por antecipação da libertação por Cristo, foi concebida e nasceu sem ser contaminada pelo pecado da humanidade, o pecado original. Ela é a primeira em quem se realizou totalmente a libertação. Será que ela poderia ter recusado.


PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022.  Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.