Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Liberdade de culto ou liberdade de adoração na direção da vida?

28/04/2020

                                                                                                                                     Imagem ilustrativa (fonte: Província da Imaculada)

A Igreja Católica reclama da decisão do governo da Itália de manter a proibição a missas e outros cultos religiosos em função da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Líderes religiosos esperavam que o relaxamento da quarentena previsto para 4 de maio incluísse a reabertura de lugares de culto, mas o primeiro-ministro Giuseppe Conte decidiu permitir apenas a volta dos funerais.

A propósito disso, Dom Beniamino De Palma, arcebispo de Nola, escreveu o seguinte artigo:

O episódio evangélico dos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35) deve ser, para a Igreja de todos os tempos, uma referência canônica sobre o estilo de sua missão. Jesus se aproxima e caminha com os discípulos, sem intromissões, mas compartilha “as alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos homens de hoje, especialmente os pobres e todos os que sofrem” (Gaudium et Spes 1). Vamos traduzir para nós: o batismo não cancela o fato de sermos cidadãos do mundo, mas o exige. Pertencer fundamentalmente à humanidade comum é a condição da fé, porque sem ela o Evangelho não seria ouvido, não seria uma notícia feliz, arriscando ser percebido como uma ideologia.

Se hoje, devido à pandemia, não estamos nas condições certas para celebrar a Eucaristia juntos, isso não significa que falta “liberdade de culto”, mas é uma questão de redescobrir o primeiro, fundamental e profético testemunho cristão de estar ao seu lado, da capacidade de compartilhar o esforço diário pelo qual todos estamos passando.

Se a humanidade e o cuidado com o homem realmente estão no centro, como a encarnação deve nos ensinar, então podemos redescobrir de uma maneira nova, propositiva, sem contraposição, que a vida eclesial não pode se concentrar exclusivamente no momento do culto. A Igreja está lá, onde a força e a profundidade da Palavra de Deus estão ressurgindo, onde belas histórias de solidariedade, muitas vezes escondidas, mantêm nossa sociedade ferida em pé, lá onde famílias, associações compartilham a luz do Evangelho com seu testemunho diário da vida. Eu gostaria que ressoasse essa novidade em comunicados eclesiais institucionais, que, além disso, já estão presentes em abundância no substrato de tantos cristãos; gostaria que se falasse mais sobre isso, para nos contar como nossa atual “Eucaristia” é tão corajosa ao “estar junto”, como Jesus fez com os dois discípulos de Emaús.

A mesma coisa vale para funerais: por que continuar dizendo que não se celebra? Não é assim: o acompanhamento ao cemitério, bem preparado, com atenção ao rito e aos detalhes, deve ser a forma normal das exéquias, a que infelizmente não estamos acostumados, porque não nos preparamos em tempo para repensar esse momento importante no além da Eucaristia, continuando a acreditar que “quando não há missa, não há nada”. Se alguma vez estiver certo no funeral, para que possam ser vividos com mais calma e de forma mais comunitária, poderia ser solicitada atenção à instituição civil em relação a uma possível participação mais ampla no cemitério, respeitando as regras certas, sendo um local ao ar livre, muito mais administrável do que o local fechado das igrejas.

De qualquer forma, acredito firmemente que o “jejum eucarístico”, que nos obriga a levar a sério uma pandemia e não ser surpreendidos por ela, não é contra a liberdade de culto, mas gosto de vê-la como a possibilidade de liberar o culto em direção à da vida, porque quando for possível provar o pão da jornada novamente, poderemos sentir muita fome e nunca esquecer o seu sabor inconfundível. Não estamos vivendo sem Eucaristia: estamos experimentando um aspecto fundamental, cujo hábito corre o risco de nos fazer perder!

Portanto, acredito que é apropriado não transformar a Eucaristia em uma bandeira (missa sim, missa não!). E, se for o caso, sempre com o respeito necessário, levante sua voz um pouco mais sobre a falta (isso sim problemática!) de perspectivas amplas sobre as escolas, sobre a gestão familiar dos filhos, sobre a nova pobreza que está surgindo, sobre a realidade juvenil e universitária, sobre o sentido do ensino a distância. É sobre essas questões que, como Igreja, devemos dar uma contribuição profética, evitando dar ao vírus a última palavra com uma oposição precipitada e desnecessária.

Voltaremos a celebrar como fonte e culminação indispensável de nossa fé, mas agora é importante lembrar um ao outro que ficar ao lado não é outra coisa senão a Eucaristia: é a expressão de sua verdade mais profunda, esperando poder revivê-la com alegria e de um modo renovado. Este é o momento de sermos nada menos que cidadãos responsáveis, conscientes de que, desse modo, nos tornamos um bom pão para o outro, Corpo de Cristo, neste árduo caminho de Emaús, no qual todos tentamos andar, simplesmente como homens!


Dom Beniamino De Palma, Arcebispo de Nola

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