Quem somos - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Frei Pedro Miida

* 02.03.1912    †21.04.2000

Nosso confrade Frei Pedro Miida faleceu no dia 21.04.2000, Sexta-feira Santa, por volta das 8.30h, no Hospital Santa Catarina – São Paulo – em conseqüência de insuficiência respiratória e cardíaca, aos 88 anos de idade. Estava internado na UTI desde segunda-feira, dia 17. Na quarta-feira, teve duas paradas cardíacas provocadas por enfartes sucessivos.

Nos últimos anos, Frei Pedro foi sentindo o peso da idade e da frágil saúde. De tempos em tempos, passava dias no hospital para recuperá-la. Homem silencioso, discreto, comedido, mas extremamente fraterno e cordial. Sua dificuldade em falar o português não o impediu de se comunicar com os confrades e funcionários. Participava regularmente da vida da fraternidade, dando sempre o melhor de si, suprindo nossas necessidades. Seu quarto virou também uma ‘oficina’, onde, nos momentos de ‘folga’, concertava tudo o que encontrasse estragado. Seu hobby era a fotografia: assim, passou a ser o fotógrafo oficial do convento, registrando as celebrações e os momentos festivos da fraternidade. Nós o considerávamos um “anjo-da-guarda”. Porque estava sempre presente em casa e durante os anos lhe foram confiadas inúmeras pequenas e indispensáveis, tarefas na comunidade, como uma de suas características, carregava sempre consigo um imenso molho de chaves que ele dizia saber perfeitamente de onde eram. Sua presença e sua vida nos enriqueceram, porque nele víamos a disponibilidade, o serviço simples e desinteressado, características do verdadeiro filho de São Francisco.

FAMÍLIA E VOCAÇÃO

Frei Pedro, cujo nome civil era Toioo Miida, nasceu em Niigata, Japão, de família budista. Seu pai era engenheiro topógrafo numa companhia de petróleo.

Ocupava o 3º lugar entre os cinco irmãos: 4 homens e 1 mulher.
Em 1933, então com 21 anos de idade, Frei Pedro veio para o Brasil, junto com seu irmão mais velho (27 anos), pois o Japão passava por grave crise econômica.

Em 1937, com o irmão já casado, Frei Pedro separou-se dele e foi trabalhar num sítio de frutas em Diadema.

O dono do sítio, Sr. Antônio Murayama, era católico e catequista e, através dele, Frei Pedro recebeu os primeiros conhecimentos da fé cristã. A partir de então, interessou-se muito em conhecer e estudar a religião católica.
Após quase três anos de catequese, foi batizado a 25/08/1940, por Frei Martinho Friese, missionário dos japoneses, sendo padrinhos o Sr. Murayama e esposa.

Continuou trabalhando no sítio, enquanto lia e estudava os muitos livros, em japonês, sobre a religião católica e sobre a vida religiosa, que seu padrinho possuía.

Três anos após o batismo, a 15/04/1943, recebeu o hábito da Ordem Terceira de São Francisco, no bairro do Jaraguá, SP, onde funcionava uma casa de formação para Irmãos terceiros franciscanos. Professou um ano depois, a 16/04/1944.

Em 1950, sua única irmã, que ficara no Japão, em sua cidade natal, foi trabalhar com os Padres do Verbo Divino. Da amizade e da convivência nasceu o dom da fé cristã e foi batizada na Igreja católica. Seus pais também receberam o batismo antes de morrer.

CELEBRAÇÃO DAS EXÉQUIAS

Sendo Sexta-feira da Semana Santa, não foi possível celebrar a Missa de corpo presente. Fez-se, então, no dia 21/04/2000, uma Celebração das Exéquias na Igreja-Santuário de São Francisco de Assis – Provincialado –, em São Paulo, e Frei Regis Daher pronunciou a seguinte homilia:

“Esta casa e fraternidade de São Francisco recebeu, no dia de hoje, uma graça muito especial: exatamente no dia em que celebramos a paixão e morte de Cristo, Deus recebeu em seus braços o nosso confrade Frei Pedro Miida. Graça especial de morrer com o Cristo, porque uniu-se a Ele pela vida e pela morte: seguiu-o na vida, identificou-se com Ele na morte!

Frei Pedro fez-se semente pequena e humilde. Como no ensinamento da parábola evangélica do grão de mostarda, a minúscula semente germinou, cresceu e deu frutos em abundância. Como franciscano, colocou-se a serviço ao modo de seu pai seráfico: pobre e humilde.

Ao longo de seus 57 anos de vida franciscana serviu como hortelão, agricultor, sacristão; trabalhou durante 17 anos como voluntário na construção e no trabalho com hansenianos, no Sanatório Antônio Aleixo, em Manaus, AM. Aos 76 anos, já com a saúde abalada, retornou a São Paulo, assumindo o trabalho humilde de refeitoreiro no Convento São Francisco.

Nestes seus 12 anos em São Paulo, por sua presença e por sua vida, Frei Pedro revelou aos seus confrades, aos funcionários da casa e a muita gente que o conheceu, uma preciosa sabedoria de vida: o valor das pequenas-grandes coisas! Sem barulho, sem estardalhaço, sem publicidade! Apenas sentindo as necessidades dos outros e sempre se antecipando aos demais, suprindo suas necessidades, preenchendo os vazios e cobrindo as ausências.

Supria todos os bebedouros de água potável da casa (6 andares), carregando num carrinho os pesados galões, mesmo quando sua força física já estava debilitada. Concertava e reparava objetos, vasilhames e utensílios da cozinha e da casa, se os encontrasse quebrados. De tal modo que, seu pequeno quarto transformou-se numa ‘oficina’, onde, nas horas de ‘folga’, ocupava-se com toda a espécie de concertos. No refeitório e na cozinha, como ‘operosa abelha’, não deixava faltar nada, repondo e mantendo as mesas e os alimentos para os muitos moradores e hóspedes que passam por aqui. Para as cozinheiras, que iniciam o trabalho às 6 horas da manhã, ele era o ‘anjo da guarda’! Enquanto tinha ainda uma reserva de saúde, levantava-se por volta das 3.30h da madrugada. Às 4 já estava na cozinha, lavando a louça acumulada na noite. Esquentava a água e o leite para o café da manhã, de tal modo que, quando as primeiras cozinheiras chegavam, ele já tinha adiantado o serviço delas.

No convívio diário com seus confrades era querido e amável. Não negava um sorriso; participava intensamente dos momentos de encontro e convivência, nunca se furtando à frater-nidade, mesmo com todas as suas ocupações. Outra lição de vida: conviver com os irmãos era a sua prioridade! Seu hobby e paixão era a fotografia. Infalivelmente registrava os aniversários dos frades e as grandes celebrações do ano. Depois de revelar os filmes, tinha a delicadeza e a sensibilidade de ofertar as cópias a todas as pessoas que estavam nas fotos, mesmo se eram hóspedes ou visitantes.

Por essas tantas coisas e outros tantos aspectos de sua vida, certamente só na sua ausência vamos perceber o valor total de sua presença. Fez-me lembrar de Santa Terezinha do Menino Jesus. Depois de sua morte, o Carmelo onde vivia quase entrou em colapso, tal era a força de sua presença anônima, oculta e silenciosa! Como ela, em Frei Pedro há uma aparente ‘contradição’: como é que um homem franzino, pequenino, silencioso, de poucas palavras, pode cativar a tantos que o conheceram e com ele conviveram? Certamente a resposta é a mesma que São Francisco deu a um de seus companheiros que queria decifrar o mistério do encanto que ele exercia sobre todas as pessoas: “Porque Deus não encontrou sobre a face da terra ninguém mais miserável do que eu, para manifestar a sua misericórdia e bondade!” O que neles aparece (São Francisco, Santa Terezinha, Frei Pedro), é algo do próprio Deus!

Por isso, a morte celebrada por nós como ‘Irmã’ não fez mal algum ao nosso confrade Frei Pedro Miida. Por sua vida, ele “completou o que faltava à paixão de Cristo”. Já fez sua páscoa/passagem e vive com o Cristo ressuscitado, pois se com Ele morremos, com Ele também viveremos (Rm 8,11)!

ATIVIDADES NA ORDEM

1943 a 1950: Frei Pedro permaneceu mais sete anos na casa dos Irmãos, em Jaraguá, trabalhando na horta.
1951: foi transferido para outra casa de Irmãos franciscanos, na conhecida Colônia esperança, em Arapongas-PR, onde, por nove anos, trabalhou na lavoura do café.
1960: foi transferido para a Porciúncula de Santana, em Niterói-RJ, onde, por outros sete anos, trabalhou como sacristão da Igreja paroquial.
1968: é transferido para a Paróquia de São Francisco, na Vila Clementino, em São Paulo, e ali foi sacristão por outros três anos.
1971: pediu ao Ministro provincial e recebeu a licença de trabalhar como voluntário num sanatório de hansenianos, em Manaus-AM, e lá passou 17 anos.
1988: já com a saúde abalada, regressou a São Paulo e, desde então (há dez anos) assumiu o serviço de refeitoreiro e de inúmeros serviços de reparo e conservação de objetos e utensílios da casa e da cozinha.
Fez sua Profissão solene na Ordem dos Frades Menores a 11/08/1998, como um gesto de reconhecimento público de seus 57 anos de consagração religiosa levada a bom termo, em fidelidade a Cristo e a seu Evangelho.

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