* 30.03.1936 † 30.03.2019
Faleceu na manhã do sábado, 30 de março de 2019, na Fraternidade São Francisco de Assis, em Bragança Paulista, SP, Frei Carlos Pierezan. Neste dia, o confrade, nascido em Concórdia, no dia 30 de março de 1936, completava 83 anos. O guardião da fraternidade, Frei Carlos Körber relata que foi até o quarto de Frei Pierezan para parabenizá-lo pelo dia natalício. De acordo com o guardião, o confrade se mostrava bastante confuso e parecia não se dar conta da data. Em seguida, o guardião foi celebrar a missa com a fraternidade, às 7h30 e, depois de tomar o café, durante visita aos outros confrades enfermos da casa, encontrou Frei Carlos Pierezan já sem vida sobre a cama. Certamente teria falecido durante o horário da missa, entre 7h30 e 8h30.
A EVOLUÇÃO DA ENFERMIDADE
Em 2008, quando estava na Fraternidade São Pedro Apóstolo, em Pato Branco, durante exames de rotina, foi constatado que Frei Carlos possuía um nódulo de cerca de 3 cm no fígado. Buscou tratamento em São Paulo e, depois de sessões de quimioterapia e intenso acompanhamento médico, alcançou uma estabilidade que lhe permitiu vida normal. Desde então tinha acompanhamento periódico em São Paulo. Foi transferido, em 2009 para Bragança, onde serviu como guardião até 2016, e depois foi transferido para Agudos, SP, como vigário paroquial.
No início do ano, Frei Carlos começou a apresentar episódios frequentes de anemia, que demandaram algumas transfusões de sangue. Percebia-se ainda um inchaço no abdômen. Logo após a Festa de São Paulo, padroeiro da Paróquia de Agudos, veio para São Paulo a fim de realizar uma investigação mais detalhada no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, IBCC. Ali foi constatado um tumor no estômago que estava lhe ocasionando frequentes episódios de vômito e também a perda de sangue. A proposta inicial foi a de realização de radio e quimioterapia. Em relação à radio, Frei Carlos passou por cinco sessões. Quanto à quimio, chegou a iniciar, mas sua debilidade crescente dificultou o tratamento que, segundo os médicos, passou a ser paliativo, dada a gravidade do caso.
Depois da última internação no IBCC, em diálogo com o próprio Frei Carlos, foi decidida sua remoção para Bragança Paulista, onde receberia os acompanhamentos médicos da equipe local e da fraternidade cuidadora que ali existe. A transferência ocorreu na segunda-feira, dia 25 de março. Durante o período de agravamento da doença, sempre se mostrou sereno, confiante e dócil diante dos encaminhamentos médicos. Revelou-se, até o fim, um homem de fé consistente na Bondade de Deus e na sua Divina Providência.
O FRADE MENOR
Frei Carlos serviu em importantes ofícios na Província. Foi Definidor, Mestre de Noviços (1980-1986), atuou em paróquias e também em outras etapas de formação. Mostrou-se sempre apaixonado pela Pastoral. Tinha muito orgulho em dizer que, no período em que esteve em Rodeio como Mestre, acompanhou ao todo 249 jovens. Estes dados ele registou numa tabela manuscrita encontrada junto à sua pasta pessoal arquivada no Provincialado.
Num escrito do final da década de 1980, início dos anos 1990, quando completou 25 anos de ministério sacerdotal Frei Carlos deixou registrada algumas de suas impressões sobre diferentes aspectos de sua vida e consagração.
Destaco alguns trechos:
Família
“Devo muito à minha família. Guardo uma grata recordação de meus falecidos pais, de meus familiares e parentes. Foram eles que colocaram a fé e o sentido da vida no meu coração. Sempre me apoiaram muito em minha vocação religiosa e sacerdotal. Em nossos encontros, casamentos, festas, missas, bodas, o centenário da imigração, celebramos a vida, a tradição, a fé, enfim, celebramos a família”.
Vocação
Na família nasceu a minha vocação religiosa e sacerdotal. A comunidade era sempre visitada pelos padres franciscanos. Meu pai ajudava a missa, no tempo do latim. O padre, depois da missa, ia almoçar lá em casa. Eu tinha um tio padre (Frei Cláudio Pierozan). Foi fácil, um dia, ir para o seminário. Fui para o seminário para ser padre. Aos poucos descobri a vocação religiosa Franciscana”.
Vida Religiosa
“A nossa vida é Jesus Cristo. Depois que descobri que Jesus Cristo é Deus, todas as outras coisas passaram a ser secundárias. Cristo é o grande valor da minha vida. […] A vida religiosa é um projeto bem organizado com o objetivo de seguir Jesus Cristo da melhor maneira possível e com Ele chegar ao Pai”.
Fraternidade
“Deus é nosso Pai e todos somos irmãos. Fiz a primeira experiência de amor e de fraternidade em minha família e procurei, com São Francisco, aprofundar esta experiência na vida religiosa”.
Minoridade e amor aos pobres
“Impressionante o amor de Francisco para com os pobres, os leprosos e os pecadores. Esta opção de Francisco me impressiona muito e me torna sensível e misericordioso para com os pobres e necessitados. E sobretudo aqui, na América Latina e no Brasil, quantos irmãos nossos doentes, pobres e sofridos! A opção de Francisco de ser o menor entre todos os irmãos, a opção de ser servo de todos, é um propósito que compromete”.
Sacerdócio
“Desde pequeno sempre quis ser padre. Nunca mudei de ideia. Não foi fácil fazer todos os estudos e chegar ao sacerdócio. Agradeço aos franciscanos que me convidaram, ajudaram e me guiaram até o sacerdócio. Agradeço à Igreja que me acolheu como um de seus sacerdotes. Como sacerdote, fiz e faço a grande experiência da misericórdia e do amor de Deus em minha vida e na pessoa dos meus irmãos”.
Formação franciscana
Vinte e um anos do meu sacerdócio eu os dediquei à formação dos jovens quem em nossos seminários buscam a vida religiosa franciscana: sete anos no SEVOA, três na Teologia, dez no Noviciado e, por último, um ano novamente no SEVOA. Quantos jovens nestes anos todos tentaram a vida religiosa e quantos também desistiram! […] O que fica para mim, depois de 21 anos de trabalho na formação em nossos seminários, é a convicção de ter procurado servir sempre da melhor forma possível e a alegria de ver com que entusiasmo muitos dos que abraçaram a vocação seguem São Francisco e Jesus Cristo”.
Certamente o entusiasmo que Frei Carlos enxergava em seus irmãos era o mesmo que trazia dentro de si e que manteve íntegro até o último dia de sua vida. Agora, já acolhido no seio do Pai amoroso, Frei Carlos contempla no céu, Depois de seus 83 anos completos de vida na terra, o Mistério amoroso da Trindade do qual foi apaixonado propagador.
FRATERNIDADES ONDE ESTEVE FREI CARLOS
1960-1961 – Curitiba – Filosofia
1962-1965 – Petrópolis – Teologia
1966 – Rio de Janeiro – Ano Pastoral
15.7.1972 – Guaratinguetá/Seminário Frei Galvão – Vigário da Casa e professor
13.12.1972 – Guaratinguetá/Seminário Frei Galvão – Guardião e Reitor
28.1.1974 – Petrópolis – Mestre dos estudantes de Teologia
20.12.1976 – Rodeio – Vigário do Convento e vice-mestre dos Noviços
07.3.1979 – Rodeio – Guardião e vigário paroquial e vice-mestre dos Noviços
1980 – Rodeio – Mestre dos Noviços
Novembro/1985 – Guaratinguetá/Seminário Frei Galvão – Professor e atendente conventual
13.12.1987 – Guaratinguetá/Graças – atendente conventual
18.01.1989 – Guaratinguetá/Graças – Guardião
18.01.1992 –Luzerna/Seminário – Guardião e Pároco – eleito Definidor no Capítulo Provincial de novembro de 1991
1996 – Guaratinguetá/Postulantado – Vigário Paroquial e Professor
01.12.1997 – Guaratinguetá/Postulantado – Guardião e Professor
22.11.2000 – Guaratinguetá/Postulantado – Guardião
09.01.2002 – Guaratinguetá/Postulantado -Guardião
20.05.2002 – Concórdia – Guardião e vigário paroquial – eleito Definidor para mandato até set. 2003, em substituição a Frei Augusto Koenig
07.11.2003 – Concórdia – Confirmado como guardião, vigário paroquial
24.11.2005 – Agudos – Pároco Santo Antônio
02.03.2006 – Agudos – Assistente da OFS – eleito Definidor para o triênio 2007-2009
20.12.2006 – Pato Branco – Guardião e Vigário Paroquial
17.12.2009 – Bragança Paulista – Guardião, diretor Administrativo da Casa N. S. Paz
20.02.2014 – Bragança Paulista – Guardião
25.02.2016 – Agudos – Vigário Paroquial e Assistente espiritual da OFS
R.I.P
Frei Gustavo Medella