* 30/12/1937 + 10/05/2016
Faleceu na madrugada do dia 10 de maio, à 1h30, no Hospital Samaritano, em Sorocaba, cidade em que nascera, Frei Antônio Lopes Rodrigues. Estava internado há mais de 20 dias. Tinha trombose em uma das pernas, infecção urinária, confusão mental. A missa de exéquias foi realizada às 14h30, na Igreja Bom Jesus, e o sepultamento às 16h00, no jazigo dos frades no Cemitério da Consolação, em Sorocaba.
O FRADE MENOR
“Minha infância, até aos 8 anos, transcorreu cercada dos carinhos e cuidados de meus pais e irmãs, mas sem muitas novidades e lembranças. Meus queridos e saudosos pais, embora sem muitos recursos e estudos (mamãe era analfabeta e papai sabia ler e escrever o seu nome), com muito esforço, luta e sacrifício, souberam dar a seus filhos o que eles não receberam: uma formação sólida, que nos tornou capazes de nos defendermos na vida. Esta formação que eles não tiveram, quiseram que seus filhos a tivessem, para terem um futuro melhor. E o conseguiram”. Neste depoimento, Frei Antônio Lopes explica que nasceu no dia 30 de dezembro de 1937, em Sorocaba, mas viveu e cresceu na zona rural de Iporanga, distrito de Brigadeiro Tobias, no município sorocabano.
Era o quarto filho dos cinco de João Lopes Padilha e Encarnação Rodrigues Garcia. Aos 8 anos, quando ingressou na Escola Primária, começou a sentir “gosto pelas coisas da Igreja”, e convidado por um amigo, tornou-se coroinha, acompanhando o pároco em suas visitas às comunidades. “Com o passar dos dias, foi nascendo em mim aquela ideia e aquele desejo de que no futuro eu poderia fazer a mesma coisa”, revelou. Aos 10 anos, segundo ele, não foi difícil dar um “sim” quando lhe perguntaram se não queria ser padre. No dia 25 de janeiro de 1948, Frei João Clímaco o acompanhou para ingressar no Seminário Seráfico Frei Galvão de Guaratinguetá. Depois de 10 anos de formação inicial, vestia o hábito franciscano no Noviciado de Rodeio, onde fez a primeira profissão no dia 20 de dezembro de 1959. “Sem sombras de dúvida, o ano de noviciado foi o mais belo de minha vida, deixando profundas marcas e muitas saudades”, contou.
Veio, então, sua formação filosófica e teológica até a ordenação presbiteral. Recém-ordenado, Frei Antônio se ofereceu como voluntário na Missão Chilena e, no início de setembro de 1966 – a Missão Chilena foi oficialmente iniciada no dia 15 de março de 1965 – ele recebia a Cruz Missionária numa solene Celebração Eucarística, no Convento São Francisco, em São Paulo. Alguns dias depois, em companhia de Frei Luís Dalmago, partia para o Chile de navio, onde se juntaria a outros cinco missionários da Província.
Dados pessoais: formação, transferências, trabalhos
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“Pessoalmente, participei desta Missão numa primeira etapa, do dia 8 de novembro de 1966, dia em que oficialmente assumiamos a Paróquia missionária San Pablo de Carahue, até janeiro de 1976. Neste período trabalhei com muito amor, entusiasmo e alegria tendo bastante clareza dos objetivos que devíamos atingir e que a Ordem e a Igreja chilena nos pediam com insistência”, explicou, lembrando que foi nesse período da Missão que perdeu seus pais. “Que estes sacrifícios sirvam para o bem da nossa Missão no Chile”, dizia em 85.
“Em nossos trabalhos apostólicos percorríamos com alegria as Costas do Pacífico, da Província de Cautin, numa extensão de 70 km, de Puerto Saavedra a Tirua, num trabalho incansável, num verdadeiro trabalho missionário onde mais de 70% da população era indígena (índios Mapuches). A extensão da Paróquia era aproximadamente de 90 km. Quantas vezes chegamos a lugares onde há 15 e mais anos nunca tinham recebido a visita de um sacerdote. Eram mais de 70 lugares que recebiam a nossa visita, sobretudo no tempo do verão”, contou. Nesta primeira etapa, Frei Antônio ficou 10 anos. “Pedi ao Provincial para retornar ao Brasil. Durante quatro anos residi em Lages. No Capítulo Provincial de 1979, o
Visitador Geral pediu o meu retorno ao Chile com a incumbência de continuar a lutar pela unificação da Custódia com a Província de Santiago e de preparar, sem precipitações, para o término da Missão chilena”.
Frei Antônio retornava em janeiro de 1980 ao Chile, para a Paróquia de Carahue, onde celebrou as bodas de prata de vida religiosa. No dia 15 de março de 1985, segundo Frei Antônio, os frades podiam dizer “Missão cumprida”.
No livro “Franciscanos brasileiros no Chile”, de Frei Anselmo München, a chilena Edith Romero de Birchmeier fazia o seguinte depoimento sobre Frei Antônio: “Antônio, mais sério, mas armado de humor e caridade, capazes de desarmar os que se atreviam a referir-se, com ironia e desprezo, ao Convento, como sendo “uma favela franciscana”, e mais tarde se tornaram seus melhores amigos e colaboradores. Antônio do canto suave, nas visitas aos paroquianos, divertindo-os com os versos do canto “Tenho meu poncho verde, ai, ai”.
R.I.P.