* 14.03.1901 †10.11.2000
O nosso querido e estimado “sênior” da Província faleceu no dia 10 de novembro, por volta das 07:30 h, em Rodeio. Segundo relato dos confrades, há umas três semanas ele esteve internado no Hospital S. Isabel, em Blumenau, para a troca do marca-passo cardíaco. Permaneceu no hospital durante uma semana, para acompanhamento e adaptação. Há aproximadamente 15 dias retornou ao Noviciado, e já não era mais o mesmo. Perdeu bastante do que restava da memória e também da coordenação motora. Passava quase toda a noite em claro. Só se alimentava com a ajuda de alguém, recebendo a comida na boca. Curiosamente, na véspera, pela primeira vez, falou sobre a sua morte eminente.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO!!! E vinha se achegando Frei Feliciano, de cadeira de rodas, auxiliado sempre por um confrade, nos encontros da Fraternidade. A voz firme e cadenciada pronunciava com perfeição cada palavra desta invocação como que refletindo o Mistério do Crucificado na sua vida. Ai daquele que não respondesse um “PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!!” à altura do locutor: “Está fraco, vamos, repitam: LOUVADO… Gostava também de ouvir músicas em alemão, que os noviços faziam questão de recordar. Frei Feliciano regia com o dedo polegar. Greshake era seu sobrenome, contudo, surgiam outras pronúncias, que aliás, o tiravam do sério. O zelo pelos detalhes e a pontualidade o autenticaram como um tradicional germânico, embora afirmasse ser mais brasileiro que alemão.
Assim, Frei Feliciano caminhava para celebrar o seu centésimo ano de vida; um século, ocasião que o tornaria um “padre secular”, o que deixava-o irritado. Fazia questão de salientar que era religioso franciscano, e explicava com paciência e doçura a diferença.
No dia-a-dia ficava em sua cela atendendo as pessoas que a ele acorriam para bênçãos e confissões e, ainda, animando os noviços com seu espírito jovial.
Aos poucos Frei Feliciano foi se sentindo mais cansado que de costume e levantando suspeitas dos confrades. Era o marca-passo que já não conseguia acompanhar a insistência do nosso velhinho. Os intervalos entre as crises foram diminuindo até que foi encaminhado ao Hospital Santa Isabel, em Blumenau, para substituição do marca-passo. Retornou para o convento mas já não era o mesmo. Os cuidados foram redobrados. Na véspera de sua morte disse, pela primeira vez, a um confrade que desejaria morrer.
Na manhã do dia 10 de novembro, sexta-feira, foi encontrado serenamente morto. O mestre Frei Valdir e metade da turma dos noviços estavam ausentes naquela semana, vivendo a experiência do Eremitério. O guardião Frei Olivo e os demais que estavam em casa tomaram as primeiras providências. Frei Edgar foi incumbido de avisar os parentes na Alemanha. O velório, na Igreja, transcorreu durante aquele dia e a noite toda. Dia 11, às 9:00 h, foi concelebrada a missa de corpo presente, presidida pelo bispo diocesano Dom José Balestieri, confrades, padres da região, contando com a significativa presença do povo rodeense, religiosas e noviços. A homilia foi proferida pelo Frei Pascoal Fusinato, companheiro de Frei Feliciano há alguns anos, testemunhando alguns fatos acontecidos, além, é claro, de uns bons “Fioretti”. Fizeram uso da palavra Dom José, Frei Olivo e Padre Bona, salesiano de Ascurra.
Dom José contou-nos que, na véspera do falecimento de Frei Feliciano, havia avisado o coordenador de pastoral da Diocese que reservasse na edição do jornal diocesano de março-2001, a primeira reportagem sobre os 100 anos de Frei Feliciano, acontecimento único na história da Igreja de Rio do Sul. No outro dia veio o telefonema com a notícia da morte. Dom José, muito inspirado, disse ler neste acontecimento as palavras de Deus: “Vocês tiveram 99 anos para celebrar com Frei Feliciano, o centésimo é meu”.
Após a Missa aconteceram as despedidas e o sepultamento. Frei Olivo conduziu as últimas orações junto à sepultura. Antes de proceder o sepultamento, tornou sua a aclamação preferida de Frei Feliciano:
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR, JESUS CRISTO!!! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!
Dados Pessoais
Nascimento: 14/03/1901 (99 anos)
Natural: Münster – Alemanha
Nome de batismo: Anton Maria Josef Greshake
março de 1925: Ingressou em Garnstock
09/02/1927: Chegou ao Brasil (73 anos de Brasil)
1927: Seminário de Rio Negro – PR
26/01/1928: Admissão ao noviciado – Rodeio, (72 anos de V. Franc.)
28/01/1929: 1ª Profissão
28/01/1932: Profissão Solene
21/12/1933: Ordem Sacerdotal – (67 anos de sac.)
Atividades na Evangelização
1934 – 1939: Vice-mestre dos Noviços, Rodeio – SC.
1940: Vice-mestre dos Irmãos em Rio Negro – PR.
1941 – 1945: Vice-mestre dos Noviços, Rodeio – SC.
1946 – 1958: Vigário paroquial, vigário da casa, mestre dos irmãos, Pari – São Paulo.
1959 – 1964: Superior em Nilópolis; procurador da União Missionária Franciscana e Procurador das Vocações.
1965 – julho/1982: Missionário no Chile.
Agosto/1982 – janeiro/1994: Vigário Paroquial em Blumenau – SC.
Fevereiro/1994 – 2000: Atendente no Convento em Rodeio – SC.