* 22.11.1918 †20.07.2007
A Diocese de Teófilo Otoni, através do seu Bispo Diocesano dom Frei Diogo Reesink – OFM, comunica, com pesar, o falecimento, nesta madrugada, do querido Bispo Emérito desta Igreja Dom Quirino Adolfo Schmitz-OFM. Foram 12 dias de luta contra a doença, mantendo sempre acessa a fé. Aos 88 anos de idade o “Pastor Inquieto” descansa em paz. Seu sepultamento será na Catedral, após a Missa de corpo presente, às 17 horas.
Dom Frei Diogo Reesink-OFM
Bispo Diocesano de Teófilo Otoni
O FRADE E O PASTOR
Quirino, filho de João José Schmitz e Catarina Moser Schmitz nasceu em Gaspar, SC a 22.11.1918, e, recebeu o Batismo três dias depois. Franciscano desde 1937, foi ordenado padre, em Petrópolis-RJ a 28.11.1943, pelo Bispo de Niterói, Dom José Pereira Alves.
Como frade, suas principais atividades foram: o Colégio Bom Jesus, em Curitiba-PR; o Colégio Diocesano, em Lages-SC; a Paróquia e o Colégio Santo Antônio do Pari, em São Paulo, cidade em que, com a ajuda de um carro-capela, iniciou a “Missão Volante do Evangelho”. Por último, dirigiu o “Missionskolleg Garnstock, na Bélgica.
A 22.12.1960 foi nomeado o primeiro bispo de Teófilo Otoni-MG pelo Papa João XIII, e ordenado a 25.04.1961 pelo Núncio Apostólico, Dom Armando Lombardi, e os Bispos Dom Gregório Warmeling e Dom Carlos Schmitt.
De 1962 a 1965 participou, em Roma, do Concílio Vaticano II e, em 1979, da Conferência de Puebla, no México.
Como Bispo de Teófilo Otoni, procurou dar feição à Igreja local, descobrindo e aceitando novos caminhos para a salvação do povo, num estilo missionário que marcou suas visitas pastorais. Foi pioneiro na implantação da Pastoral da Crisma. Conduziu por 24 anos a renovação da sua Igreja à luz do Vaticano II e sustentou a implementação das opções de Puebla na diocese. Acolheu e incentivou a presença dos movimentos populares. Querendo deixar pastores para o seu povo, teve no Seminário a sua preocupação primordial, fazendo brotar as vocações do próprio solo da diocese.
Já bispo emérito, viajou para a Terra Santa, onde começou a preparar o seu livro “Eu vi Jesus de Nazaré”, publicado pela Editora Vozes. De volta ao Brasil, viveu alguns meses no Convento da Penha, em Vila Velha-ES. Depois foi morar em Curitiba, onde criou a Telebênção, serviço religioso telefônico. Em 1990, passou a ser Capelão das Irmãs Clarissas no Mosteiro Santa Clara, em Nova Iguaçu-RJ. Foi lá que Dom Waldemar Chaves de Araújo foi buscá-lo de volta à Diocese de Teófilo Otoni.
Dados Pessoais
• Nascimento: 22/11/1918
• Recebeu o hábito franciscano: 18/12/1937
• 1ª Profissão: 19/12/1938
• Profissão Solene: 19/12/1941
• Ordenação Presbiteral: 28/11/1943
• Ordenação Episcopal: 25/04/1961
Transferências:
• Curitiba: 22/01/1945 – diretor do Colégio Bom Jesus
• Lages: 13/01/1953 – professor
• São Paulo (Pari): 27/01/1956 – guardião, pároco, procurador vocacional
• Garnstock (Bélgica) – guardião, reitor do Colégio.
• 22/12/1960: nomeado primeiro bispo residencial de Teófilo Otoni, MG.
• 25/04/1961: ordenado bispo em Gaspar, SC, pelo Núncio Apostólico Dom Armando Lombardi. Tomou posse da Diocese no dia 4 de junho de 1961.
• 31/07/1985: renúncia ao Episcopado. Fixou residência em Vila Velha, ES, até 1987, quando transferiu-se para o Convento Bom Jesus, em Curitiba, onde permaneceu até 1990.
• 1991: Mosteiro Santa Clara – Nova Iguaçu, RJ;
• 1992: Convento Santo Antônio, no Rio de Janeiro;
• Final de 1992: retorno a Teófilo Otoni – atendimento à Casa de Oração e Recanto Frei Dimas (Lar de Idosos), residindo na casa do Bispo atual Dom Diogo Reesink, OFM.
Meu recado final
Dom Frei Quirino Schmitz
“Percebo, sempre mais, que se aproxima o fim da segunda etapa de minha vida. A primeira foi de nove meses, no seio de minha mãe. A terceira, última e definitiva, terá início após a dolorosa despedida desta Terra. A esta, segue o viver pleno e total na luz da glória, face a face com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, em companhia de todos os santos e anjos de Deus (Cf. 1Cor 13,12 e 1Jo 3,2).
Chamado à Profissão Religiosa na Ordem dos Frades Menores, em 1938, renunciei mesmo à herança paterna. Desde então, procurei colocar-me à disposição do Reino de Deus, segundo a norma do Evangelho (Cf. Mc 10,17-30). Nomeado Bispo pelo Papa João XXIII, em 1960, escolhi como lema aquilo que São Francisco de Assis queria: Viver o Evangelho. Eu o traduzi por Evangelio Inbaerere, ou seja, quero estar “comprometido com o Evangelho”.
Comprado por um preço muito alto, isto é, o sangue de Jesus (Cf. 1Pd 1,09), sei que o Pai me ama sem medida. Feito conviva diário da mesa do Corpo e do Sangue do Senhor, eu sentia que a vida de Deus recebida no Batismo se robustecia em mim. É esta a garantia da minha ressurreição gloriosa (Cf. Jô 6,54-58). Confio na bondade do Pai e não em algum mérito meu. De minha parte, só tenho a lamentar fraquezas e pecados, como nervosismos no trabalho pastoral.
O Espírito Santo, prometido por Jesus, foi enviado pelo Pai para ficar eternamente conosco (Cf. Jô 14,16). A Seu sopro restaurador procurei expor-me cada dia, e peço que todos o façam, orando comigo: Ó Espírito Santo, eu Vos adoro presente em mim. Sois vida e luz! Alumiai-me, guiai-me, consolai-me, defendei-me, renovai todo o meu ser. Ensinai-me a saborear a Palavra do Pai, que é o próprio Jesus. Nos momentos de indecisão, dai-me ordens: prometo obedecer! Para o bem das comunidades, multiplicai os servidores da Palavra e do Pão.
Alegro-me com a intercessão de Maria, a Mãe de Jesus. A ela confiei, logo no início, o meu ministério sacerdotal.
Sinto-me profundamente ligado à vida desta segunda etapa da minha existência. Aceito, porém, prontamente, o chamado do Pai. Assim agindo, penso tornar mais preciosos aos olhos de Deus os sofrimentos da despedida, e mais radiante o meu encontro com Ele.
Peço perdão aos que, por acaso, tenha magoado. De minha parte, também perdôo àqueles que tentaram ferir-me no exercício da minha missão de pastor. Rogo-lhes, porém, que deponham as armas da incompreensão, como o fez Paulo, quando ainda perseguia a Igreja de Deus (Cf. At 9,1-6 e 1Cor 15,9). Eu lhes suplico que aceitem a Igreja, que deve ser a encarnação de Jesus na vida do povo de hoje.
A todos deixo um abraço fraterno, muito especialmente aos padres e ao Bispo da diocese de Teófilo Otoni e a todas as pessoas consagradas à vida religiosa.
Aos confrades franciscanos e aos meus familiares desejo Paz e Bem.
(Dom Frei Quirino faleceu no dia 20 de julho)
Do livro “Pastor Inquieto” de Dom Quirino Schmitz, pp.229-230, 2005, Ed. Santuário