Quem somos - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Homilia do Ministro Geral – Solenidade de São Francisco de Assis 2010

23/11/2011

Basílica de Santa Maria dos Anjos – 04 de outubro de 2010
Homilia do Ministro Geral, Frei José Rodriguez Carballo, ofm

Queridos Irmãos e irmãs, o Senhor lhes dê a sua paz!

Bem-vindos a este lugar, onde são Francisco cantou a morte, chamando-a de irmã! Aqui, onde, nu, sobre a terra nua, abraçou aquele Senhor que seguiu durante toda a sua vida, ao qual havia se configurado, do qual havia assumido a imagem como alter Christus. Aqui, onde Francisco recebeu muitas graças do Senhor e de sua Mãe pobrezinha. Aqui, onde iniciou a grande aventura franciscana. Aqui, onde milhões e milhões de pessoas entram na pequena igreja da Porciúncula para implorar o dom da indulgência, obtida por S. Francisco que apaixonadamente se dirigia aos fiéis daquele tempo dizendo-lhes: “Quero enviá-los todos ao Paraíso”! A cada um de vocês minhas mais cordiais boas vindas!

1- “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultastes estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11,25).

Que bonito a Liturgia da mãe Igreja ter escolhido inserir a festa de S. Francisco neste hino de alegria pronunciado por Jesus! E ter visto o Poverello de Assis entre os pequeninos, aos quais o Pai revelou os mistérios do Reino! Que bonito outra vez escutar este hino de alegria que prorrompe do coração de Cristo e que invade a S. Francisco! Francisco, certamente, constituiu-se para Jesus numa grande alegria, pois se encontra entre os pequeninos, aos quais o Pai revelou os segredos ocultos, que nem os sábios deste mundo, nem os inteligentes puderam penetrar.

2- Perguntemo-nos, porém: por que o Pai ocultou estas coisas aos sábios e entendidos e as revelou aos pequeninos? Por que as revelou ao pequenino Francisco, a este Poverello, que depois de 800 anos continuamos seguindo e admirando com renovado espanto? Ele, simplex et idiota (simples e idiota) como ele mesmo costumava se apresentar? Encontramos a resposta, nos colocando diante da vida de S. Francisco, e olharmos atentamente sua relação com o Senhor, especialmente com o Senhor que lhe falava. Qual é a relação entre o Poverello de Assis e a Palavra de Deus?

Seu encontro com a Palavra é acima de tudo RELACIONAL: eu-tu, sem glosa, sem mediações. O coração de Francisco se abre completamente ao Senhor que lhe fala. É plenamente consciente de que na Palavra, é Deus mesmo quem se aproxima de nós. Nasce um diálogo profundo, contínuo, crescente. Um diálogo que faz fluir do coração de Francisco um imenso deslumbramento, ao ver que o Altíssimo Deus se inclina ante sua criatura: “Quem és tu, Altíssimo Senhor Deus e quem sou eu, um mísero vermezinho?” É precisamente esta ilimitada admiração que preserva o coração de Francisco de toda tentação de se sentir sábio e inteligente, e o mantém numa profunda humildade e numa íntima alegria.
Mas não é só relacional, sua proximidade da Palavra, também é COMUNHÃO: Francisco bem sabe que quando o Senhor lhe fala e ele responde se constrói uma comunhão, bem sabe que a Palavra ouvida e, ainda mais, comida, o edifica como homem de Deus. Bem sabe que na lei do amor, nasce a conformação entre o Senhor e o que escuta, entre o amante e o amado. É precisamente esta íntima comunhão, o grande segredo de Francisco que ele, como deixou escrito na última Admoestação (Adm 28), quer conservar no mais profundo de sua pessoa. Serão as marcas dos Estigmas o que tornará visível a todos esta conformação ao amado Crucificado. Desta maneira, os sinais da Paixão impressos na carne de Francisco expressam esta comunhão de vida e a intenção de Deus mesmo, de querer mostrar visivelmente a todos o seu pequenino-grande Francisco.
Outra característica da relação com a Palavra é o que poderemos chamar CONTINGENTE: a Palavra fala AGORA, fala AQUI. Não no passado, não em outros lugares, mas precisamente neste momento, exatamente neste lugar no qual me encontro. Francisco foi um excelente ouvinte neste sentido. Ele foi muito cuidadoso em pôr em prática a Palavra, onde se encontrava. Na ótica do amor, Francisco nunca faltou o respeito para com o Senhor, deixando-O esperar, deixando cair mesmo que fosse tão somente uma sílaba pronunciada por Ele, ou dando interpretações que atrasaram sua execução. Junto com o Salmista, Francisco foi capaz de dizer: “tenho sempre o Senhor diante de meus olhos, com ele à minha direita, não vacilo” (Sal 15,8).
Assim é que para Francisco, a Palavra não é para ser acolhida de maneira intelectual, somente palavras – como afirma na sétima Admoestação (Adm 7,3) – mas de maneira existencial, reconhecendo-a como fundamento da própria existência. Foi assim como o pequeno Francisco pôde conhecer os mistérios divinos, em sua humildade, em sua pequenez e simplicidade. Foi assim que recebeu o dom de compreender a Escritura: “possuía dentro de si – afirma S. Boaventura (LM XI,2) – o Mestre das sagradas letras, a plenitude da unção do Espírito Santo”.
3. “Quanto a mim, longe de mim gloriar-me, a não ser na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gal 6,14).

O outro livro estudado com amor por S. Francisco é a Cruz de Cristo, o Filho de Deus, Crucificado. Já no tugúrio de Rivotorto, quando os irmãos eram ainda poucos e não tinham livros, Francisco “repassava continuamente, dia e noite, seu olhar, no livro da Cruz de Cristo (LM IV,3).

Desde o início até o final de sua vida, a partir do encontro com o Crucifixo de S. Damião até a impressão dos Estigmas no Alverne, o Crucificado está sempre diante dos olhos de Francisco como o Amor de Deus que se deixou cravar na Cruz, por nossa salvação. E é este amor que Francisco quer acolher, conformando-se a ele, fazendo-se semelhante a ele. A acolhida do Crucificado foi tal que se converte em con- crucificado!

Uma vez mais, a Cruz foi para Francisco, a chave para compreender as Escrituras, para entender plenamente a Palavra de Deus. Foi precisamente esta chave, a Paixão de Deus por suas criaturas, quem fez do pequeno Francisco um grande sábio, uma verdadeira “exegeta da palavra de Deus”.

4. Queridos irmãos e irmãs, como não aceitar esta mensagem tão plena de vida, de significado, a mensagem que nos deixa o pequeno e humilde Francisco? Ele está aqui conosco pelo mistério da comunhão dos santos e a cada um de nós neste dia nos repete: “Inclinai o vosso ouvido e obedecei a voz do Filho de Deus. Guardai seus mandamentos em vosso coração e cumpri seus conselhos perfeitamente” (CartO 6). Que maravilhosos conselhos para encher nossa vida de Deus, de sua Palavra e de sua mesma vida!

Esta exortação de S. Francisco se reveste hoje, para nós, de um significado muito especial. Observar com todo o coração representa um grande compromisso, desde o momento em que nos encontramos vivendo apressadamente, na confusão de mensagens contraditórias, oferecidas com as mais sofisticadas seduções. A distração permanente, torna difícil a guarda da Palavra e a superficialidade da vida na qual estamos imersos tende a roubar, a fazer escapar a mensagem e a força profética.

O cuidado mais saudável para não perder a Palavra recebida é de permanecer com ela. Este permanecer, na tradição cristã, tomou diversos nomes e várias formas: leitura orante, meditação, estudo, ruminação, oração, contemplação, lectio divina, etc.

Façamos nosso, este compromisso de “freqüentar a Palavra, ficarmos perto dela, rondá-la e cortejá-la, silenciar diante dela, escutá-la, familiarizarmos com ela, guardá-la como um tesouro na arca da memória, ela, que em algum momento fez arder nosso coração. Se nos deixarmos surpreender pela Palavra, certamente nos permitirá mover ao ritmo da música de Deus, como Francisco, e nossa vida se rejuvenescerá”.

João Paulo II, no início do presente milênio nos exortava da seguinte maneira: “é necessário que não vos canseis de meditar na sagrada Escritura e, sobretudo nos santos Evangelhos, para que imprimam em vós as características e os sentimentos do Verbo encarnado”.

5- “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultastes estas coisas a sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11,25).
Estejamos também nós neste louvor em que Jesus exalta a sabedoria do Pai, por revelar-se aos pequenos e aos humildes! Entremos também nós na fileira dos humildes e dos pobres em espírito para podermos receber a sabedoria do pai! Para podermos alegrar o coração de Cristo!

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