Quem somos - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Carta do Ministro Geral e do Definitório para a Festa de São Francisco

28/09/2021

Renovemos nossa visão, abracemos nosso futuro

Caros Irmãos e Irmãs

O Senhor vos dê a paz!

Recentemente a Ordem celebrou seu Capítulo Geral e esta é a primeira vez que nos dirigimos a vós como irmãos do Definitório Geral. Começamos a trabalhar como fraternidade definitorial e estamos estudando a fundo os decretos e orientações que o Capitulo Geral nos confiou, no sentido de elaborar as linhas-guia em vista da animação da Ordem nos próximos seis anos. Esperamos poder oferecer-vos estas propostas o mais breve possível.

Entre fragilidade e mudança

Uma imagem franciscana que nos ajuda nestes tempos que vivemos é a volta de Francisco da Terra Santa. Segundo algumas tradições, ele viveu uma quarentena em uma pequena ilha da Lagoa de Veneza, onde experimentou a fragilidade de seu mundo, a crise da Fraternidade e suas lutas interiores, um combate entre a escuridão e a desolação. No entanto, Francisco manteve uma resposta de gratidão, unida a uma visão fundada na esperança (cf. RNB 23).

Também hoje a Ordem se encontra entre esperanças e desânimos, entre o crescimento em algumas áreas e o declínio em outras. Movemo-nos entre o caminho da renovação de nossa identidade de Frades Menores e o clericalismo que oferece poder e segurança e nos faz acreditar que não temos necessidade de ninguém, distanciando-nos de nossa vocação e missão de Frades Menores. Por isso devemos nos deixar tocar ainda outra vez pelo lema do Capítulo Geral: “Levanta-te… e Cristo te iluminará” (Ef 5, 14).

Estamos num momento de mudança que atinge a todos e temos a convicção de que também nós devemos nos colocar nesta atmosfera de profunda transformação, buscando caminhos novos e positivos. Não se trata apenas de um desafio, mas também de um dom dos tempos em que vivemos. O presente nos desafia, coloca-nos em situações de sobrevivência e vulnerabilidade. É uma experiência profunda de nossa existência que nos chama a caminhar de maneira melhor e a aprofundar o estilo de vida que professamos, pois reconhecemos que, muitas vezes, esquecemos ou não vivemos segundo a inspiração carismática que nos chama a ser irmãos e menores. Experimentarmo-nos como vulneráveis nos permite reconhecer as nossas fragilidades pessoais e fraternas e caminhar entre o povo com humildade, simplicidade e alegria.

Para nos encorajar e nos sustentar na esperança nestes tempos de mudança, fragilidade e vulnerabilidade, algumas atitudes podem nos ajudar:

a. Reconhecer e aceitar a nossa fragilidade humana, em nossa fraternidade e no mundo que nos circunda.

b. Reconhecer a bondade, a beleza, a justiça e os valores impressos no coração dos homens e das mulheres de nosso tempo, para crescer e nos alegrar enquanto os acompanhamos no alegre reconhecimento de tudo o que o Altíssimo opera em suas vidas, famílias e comunidades, lá onde vivem e trabalham.

c. Ouvir o convite para mudar a fim de poder amar sem medo, percorrer caminhos de libertação e ir aos lugares de fratura, onde a vida sofre e grita com toda sua força. Tais gritos sobem ao céu e Deus os escuta.

Alguns convites

No Documento final, o Capítulo Geral nos ofereceu cinco convites que constituem um itinerário para todos nós: um convite à gratidão, um convite para renovar nossa visão, um convite à conversão e à penitência, um convite para a missão e a evangelização e um convite para abraçar o nosso futuro. Para nós, frades
menores, tais convites não são facultativos, mas se apresentam como critérios necessários para perseverar num caminho de fidelidade junto às cinco prioridades da Ordem, já conhecidas por todos.

Relendo os cinco convites como um itinerário, damo-nos conta de sermos chamados a partir da gratidão pelos bens recebidos, o que gera um ato constante de agradecimento e a contínua restituição a Deus de todos os bens.

Entre estes bens, reconhecemos também o crescimento da Ordem em alguns continentes, como a África e a Ásia e, por toda a parte, o sincero testemunho de tantos irmãos ao lado dos necessitados. Tal gratidão vem do dom do Espírito que renova o nosso olhar para o mundo e para a história, reconhecendo os sinais dos tempos e a presença de Deus No entanto, para ser verdadeira, esta visão renovada deve abrir-nos os olhos para a necessidade da conversão e da penitência, de maneira que possamos verdadeiramente renovar muitos de nossos comportamentos que precisam de purificação. Os âmbitos que necessitam de renovação e conversão são a nossa vida fraterna e a nossa minoridade, já que, como diz o Documento Final do Capítulo, fraternitas e minoritas são os dois pulmões da nossa identidade. A fraternidade e a minoridade certamente devem ser vividas entre nós, em nossas comunidades, mas precisam também caracterizar o nosso modo de aproximação das pessoas que encontramos, a fim de sermos irmãos e menores para todos. Os pobres e aqueles que vivem no sofrimento e na necessidade são os destinatários privilegiados do nosso desejo de sermos irmãos e menores, e os reconhecemos como nossos mestres (cf CCGG 93§1). Como nos disse o Papa em sua mensagem ao Capitulo: “Um olhar renovado, capaz de nos abrir para o futuro de Deus, nós o recebemos de nossa proximidade com os pobres, com as vítimas das escravidões modernas, com os refugiados e com os excluídos deste mundo. Estes são os vossos mestres. Abraçai-os como fez São Francisco!”

A partir do olhar dos pobres e dos vencidos

Somos convidados pelos irmãos capitulares, no contexto da pandemia que estamos vivendo como humanidade, a procurar fazer um esforço de ler a realidade, a história, a cultura, a economia e a Igreja a partir de onde vivem os pobres, os vencidos e os marginalizados. Desta forma, com um olhar novo e profundo, crente, encarnado e teológico, podemos abraçar e deixar-nos abraçar pelos pobres e vencidos. Urge purificar e transformar a nossa visão, à maneira de Jesus, do Poverello de Assis e dos milhares de Irmãos e Irmãs que, nesses 800 anos, souberam situar-se, nas reviravoltas da história, com uma atitude propriamente franciscana.

Como para São Francisco, isto abre o caminho da itinerância para viver como “peregrinos e forasteiros neste mundo” (RB 6,2), livres para a missão e para a evangelização, como fraternidades contemplativas em missão, com o olhar voltado para o futuro, dirigindo nossos passos para a outra margem, de acordo com o convite de Jesus a seus discípulos. Não devemos ter medo de percorrer novas estradas, respondendo às exigências de um mundo em rápidas mudanças. Não podemos nos contentar em repetir o que sempre foi feito, com todo o respeito por uma história que foi grande precisamente porque soube renovar-se constantemente ao longo de oito séculos.

Particularmente nosso tempo nos pede uma atenção específica à Casa Comum numa perspectiva de ecologia integral, conforme nos ensina o Papa Francisco. A novidade desta perspectiva consiste no fato de que ela lê de modo interconexo toda a realidade, do relacionamento com Deus à atenção ao ambiente, ao compromisso com a justiça e a paz, e acreditamos que este desafio seja de grande urgência para todos nós. Se o nosso estilo de vida, no qual se inclui uma certa busca de comodidade, não é sempre coerente com esta perspectiva, devemos reconhecer que também neste particular temos necessidade de penitência e conversão. É importante ter presentes as Encíclicas papais Fratelli Tutti e Laudato Si’, que suscitam em nós a disponibilidade de nos colocar a caminho, de estudar e de assumir o compromisso pelo bem da vida. Além disso, elas são um sinal profético que apresenta como realmente possível um modo de viver e
de se relacionar à luz do Evangelho e da práxis de São Francisco e de Santa Clara, segundo o espírito que nos leva a ser bons administradores e não proprietários, a partilhar e a não acumular.

A esperança renasce quando aprendemos a não ter medo de recomeçar com a maior frequência possível. Vamos em frente, todos juntos! Antes de nós há uma história rica que nos próximos anos celebraremos também com os centenários franciscanos e diante de nós está o futuro que queremos acolher com esperança. Desejamos oferecer uma palavra de confiança e de esperança ao nosso mundo tão necessitado.

Convidamos todos que se inspiram em São Francisco a serem agradecidos Àquele que plasma a vida de cada um de nós, e a todas as pessoas que de um modo ou de outro encontramos no caminho da vida e da história. Somos convidados a participar de modo responsável de uma cultura do cuidar, assegurando que nossas fraternidades e todos os ambientes pastorais sejam sadios e significativos, onde ninguém se sinta ameaçado em sua vida, integridade e dignidade.

Somos convidados a ser construtores de pontes, de comunicação e de diálogo. Queremos nos colocar ao lado daqueles que são socialmente, culturalmente e eclesialmente abandonados, assim como dos que são coagidos devido à realidade econômica ou política a se tornarem migrantes, trabalhando junto a tantos homens e mulheres de boa vontade, como também colaborando com organizações leigas empenhadas neste intuito. Desta maneira, nossa vida franciscana será sempre uma vida encarnada e de compromisso fraterno e político com os bem-aventurados do Reino de Deus (Mt 5,1-12; 25,31-46).

Concluindo
Caros Irmãos e Irmãs, não olheis a Casa generalícia como um lugar distante: estamos aqui para vós e desejamos estar próximos a todos. Faremos nossa parte para estabelecer contato convosco e com as entidades da Família Franciscana e contamos com vossa vontade de construir relação conosco. Seguindo o exemplo do Papa Francisco, que termina seus discursos pedindo sempre que rezem por ele, nós também dirigimos a todos vós o pedido de rezar por nós.

Boas festas de São Francisco com nosso fraterno abraço.

O Ministro Geral e o Definitório
Roma 2021

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