* 19.07.1921 † 28.07.2021
No último 19 de julho, Frei Abel Schneider celebrou cem anos, tornando-se o segundo frade centenário da Província. Ele e a Fraternidade do Noviciado de Rodeio, contudo, nem puderam celebrar a data, porque nesse dia Frei Abel foi internado no Hospital da cidade. Seu estado de saúde piorou muito com vômitos e dores muito fortes renais. Nesse tempo de internação, não apresentou melhoras e, no início desta tarde, ele veio a falecer.
Seu velório foi realizado a partir das 6h30 de amanhã (29/8), na Igreja matriz da Paróquia São Francisco de Assis de Rodeio. Às 7 horas, a Fraternidade do Noviciado rezou as Laudes e, às 10 horas, a Missa de Exéquias. O corpo de Frei Abel foi sepultado, às 11 horas, no jazigo dos frades no Convento de Rodeio.
Dados pessoais, formação e atividades
19/07/1921 – Nascimento em Selbach, RS (100 anos)
14/12/1946 – Admissão na Ordem dos Frades Menores em Rodeio, SC (74 anos de Vida Religiosa)
18/12/1947 – Profissão simples na Ordem dos Frades Menores
18/12/1950 – Profissão Solene (70 anos)
1º/07/1954 – Ordenação presbiteral (67 anos)
1949-1950 – Filosofia (Curitiba)
1951-1955 – Teologia (Petrópolis)
Atividades na Evangelização
26/01/1956 – Luzerna
20/01/1959 – Duque de Caxias
27/11/1960 – São João de Meriti
30/07/1962 – Indaial, SC, vigário paroquial
16/02/1963 – Chopinzinho, PR, vigário paroquial
15/01/1965 – Porto União, SC
03/05/1966 – Xaxim, SC
15/07/1966 – Coronel Freitas, SC
17/12/1966 – Jaborá, SC
06/01/1970 – Abdon Batista, SC, vigário paroquial
30/08/1972 – Luzerna e Água Doce, SC, vigário paroquial
28/01/1974 – Major Vieira, Canoinhas, SC, vigário paroquial
07/12/1979 – Água Doce
15/12/1982 – Jaborá
31/01/1984 – Coronel Freitas, SC, vigário paroquial
04/04/1990 – Lages, Aparecida, SC, vigário paroquial
17/01/1992 – Atendimento Conventual em Lages, SC
22/03/2000 – Agudos, SP, tratamento de saúde
19/03/2001 – Rodeio, SC, atendente conventual
07/11/2003 – Balneário Camboriú, SC, atendente conventual
07/12/2004 – Rodeio, SC, atendente conventual
O Frade Menor
Frei Abel nasceu em Selbach, RS, no dia 19 de julho de 1921. Era o filho mais velho do casal Fridolino e Agnes Schneider (falecidos) teve nove filhos (8 homens e 1 mulher). Agricultores, os pais eram, segundo o frade “profundamente” cristãos católicos. Seu discernimento vocacional, acreditava, começou desde criança, através da prática religiosa, do trabalho, da honestidade e da boa convivência. “Todos da minha pequena comunidade eram católicos praticantes e dali saíram muitas vocações. Para se ter uma ideia, até 1963, éramos 27 padres, 45 religiosos (as) e 1 bispo que nasceram ou moraram lá. O bom exemplo dos franciscanos e sua piedade também influenciaram na minha decisão”, contou em sua ficha autobiográfica.
“Desde criança tive a ideia de ser padre e apresentei-a ao meu pai. Para a minha surpresa, ele gostou muito e me encaminhou para os franciscanos. A paróquia onde morávamos era dos frades; hoje não é mais. Em Selbach, no Rio Grande do Sul, havia muitos seminaristas, companheiros que eu conhecia e outros que não conhecia, mas quase todos da Diocese de Santa Maria. Então, pensei: vou lá para Santa Maria! Pensei que era a mesma coisa. Mas o pai me fez mudar de ideia e disse: ‘Não, você vai para os Franciscanos!’ Eu aceitei. No seminário, a gente aprendeu o que era ser franciscano e como ser frade menor. Nesse tempo, tinha 13 anos e ingressei na etapa do ensino fundamental. Mas aprendi pouca coisa, pois em casa só falávamos alemão. Fui para o seminário sem saber o português”, disse em entrevista a Frei Augusto Luiz Gabriel, em 2018. Frei Abel ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 14 de dezembro de 1946 e fez a profissão solene no dia 18 de dezembro de 1950, sendo ordenado sacerdote no dia 1° de julho de 1954.
Sobre a sua longa caminhada como religioso, define: “Toda pessoa humana enfrenta provações. Passei também as minhas, e se até aqui venci, espero ser fiel até o fim”.
Para ele, viver bem em fraternidade, é “aceitar a si mesmo e corrigir os erros, buscar a perfeição sempre, fazer penitência, saber que a renúncia faz parte da vida consagrada para não perder o objetivo maior que é seguir Jesus e, com isso, ser fiel ao chamado, ao plano de Deus, à vocação que ele nos deu”.
Segundo ele, a fórmula para ser um bom frade menor é ser fiel ao ideal de vida. “Ser firme e convicto: eu quero ser isso, então persisto! Essa é a fórmula. Não se pode ficar na indecisão do ‘vou não vou, não vou, vou, não vou…’. Decida e seja firme! É claro que vai esbarrar em dificuldades, obstáculos, mas isso se encontra em qualquer situação de vida. Por isso é importante ter bem claro à nossa frente o que queremos”, ensina.
A longevidade
Para ele não há segredo na longevidade: “A vida é um dom que Deus dá a cada criatura. Para uns, Deus deu a brevidade, para outros, a longevidade. Então, que cada um viva e respeite a vontade do Criador”.
Para ele, não mudaria nada nessa caminhada centenária: “Não faria nada de novo! É melhor continuar caminhando do que repetir, voltar para trás não permitiria que se chegasse ao fim. Então, o que estava errado vou corrigir para o futuro ser melhor”.
Nesses cem anos, um fato marcante para ele foi o Concílio Vaticano II: “O Concílio Vaticano trouxe muita euforia entre o clero, isso me lembro bem! Depois, quando as reformas começaram a ser implementadas, muitos largaram a batina precipitadamente. As reformas foram feitas lentamente e deram muito certo”. Mas sobre a vida de nossos governantes faz questionamentos: “O governo deveria orientar e dirigir a sociedade toda, mas segue os seus próprios interesses. Aí que está a nossa missão: anunciar o Evangelho perante isso tudo!”
Nos 100 anos de vida, confessa estar realizado na Ordem Franciscana: “O ideal franciscano me basta. Não sou ‘topstar’! A Ordem é o nosso ideal para seguir a Palavra de Cristo. Sede santos como o nosso Pai é santo. Como ser santo? É uma boa pergunta! Então temos à nossa frente meios e caminhos para a santidade, que é a Ordem que São Francisco nos deixou. Nós o conhecemos e procuramos segui-lo. Tropeçamos muitas vezes, mas seguimos firmes, não olhando para trás”.
Um conselho que deixou a um jovem que quer seguir a vida religiosa: “Questione-se bastante. O que quero e por que quero entrar na Ordem? Aliás, isso é para toda e qualquer forma de vida”.
R.I.P
Da Secretaria Provincial