Quem somos - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Frei Eduardo Schuster

* 08/10/1929        † 23/09/2011

Faleceu ontem, às 23h00, no Hospital da Universidade São Francisco, em Bragança Paulista, Frei Eduardo Schuster. Ele havia sido internado no dia 21, à noite, por motivo de insuficiência respiratória. Frei Eduardo sofria de câncer no abdômen.
Frei Eduardo será velado no dia de hoje e à noite na Fraternidade de Bragança Paulista. Amanhã bem cedo seu corpo será transladado para o Cemitério do Santíssimo Sacramento, em São Paulo, onde, após a Missa de exéquias, às 9h00, será sepultado. A decisão de sepultar o corpo de Frei Eduardo amanhã deve-se à vinda de familiares que residem em Cascavel e Laranjeiras do Sul – PR.

Em 31 de julho deste ano, Frei Regis Daher relatou: “Frei Eduardo foi submetido a uma cirurgia para retirada do estômago em consequência de um tumor maligno, no dia 16 de setembro de 2010. Passada a fase crítica inicial do pós-operatório ele voltou a alimentar-se, sempre com dificuldades, uma vez que parte do esôfago e do intestino passaram a fazer a função do estômago. Esse processo de adaptação do organismo não seria nada fácil aos 81 anos de idade, além do que, dada a sua estatura e, até então, pela atividade física nos trabalhos da horta, Frei Eduardo estava habituado a refeições fortes e contínuas. Aos poucos teria que se adaptar aos alimentos líquidos (papas e sopinhas) para, talvez readaptar o organismo.

Nesse doloroso e difícil processo, Frei Eduardo foi gradativamente perdendo sua massa muscular e para todos, frades e funcionários, era difícil presenciar a perda de sua vitalidade corporal. Ele foi se consumindo lentamente. Quase todo alimento que ingeria não era aceito pelo seu corpo. De tal modo que, em 6 de junho de 2011, a médica da casa, Dra. Angela Izzo, decidiu pela sua internação hospitalar para implantação de uma sonda nasoenteral. Retornou no mesmo dia.

Iniciou-se uma nova fase. Gradativamente os vômitos foram tornando-se sempre mais frequentes e, com isso, o estado geral de fraqueza. Até sua voz foi tornando-se quase inaudível. No dia 25 de julho foi novamente internado no Hospital da USF, em tentativa de diminuir seu sofrimento com a implantação de uma sonda gástrica, em cirurgia feita pelo mesmo médico da primeira cirurgia, Dr. Enzo Nascimento. No procedimento, o médico constatou a expansão da metástase no intestino de forma que, mesmo recebendo a alimentação por sonda, havia o bloqueio do trânsito intestinal. Teve alta hospitalar no dia 29 de julho retornando para casa.

Por tudo isso, recomendamos a vida de Frei Eduardo às preces dos confrades e das fraternidades, para que também agora, na sua passagem, ele glorifique o Autor da Vida que não acaba”.

No seu curriculum vitae, Frei Eduardo fez considerações que podemos assinar embaixo.

“Meu temperamento é normal, calmo. Gosto de servir aos irmãos. Tenho meu pontos fracos, mas não desanimo, e sempre busco recomeçar”.

“O franciscano deve seguir os conselhos evangélicos. Além disso, sempre deve retomar o que diz a Regra Franciscana, e buscar o espírito de São Francisco”.

R.I.P.

Frei Walter de Carvalho Júnior

Dados pessoais e formação

• Nascimento: 08/10/1929 (81 anos de idade), em Santa Cruz do Sul, RS
• Vestição na Ordem III: 03/06/1947, em Rio Negro, PR
• Profissão na Ordem III: 04/06/1948 (63 anos de Vida Franciscana);
• Admissão ao Noviciado da Ordem I: 12/06/1951,  em Rodeio, SC
• Primeira Profissão na Ordem I: 13/06/1952
• Profissão Solene:  13/06/1955
• 15/05/1952 – Rio Negro, padeiro;
• 17/06/1959 – Curitiba, sacristão e cozinheiro;
• 30/07/1962 – Luzerna, padeiro e serviços gerais;
• 06/12/1972 – Rodeio, estrebaria e horta;
• 10/02/1990 – Rondinha, hortelão
• 16/12/1993 – Rodeio, eremitério
• 10/01/1995 – Rodeio, Noviciado, serviços gerais
• 31/03/1997 – Rodinha, hortelão
• 08/05/2008 – São Sebastião, serviços fraternos
• 17/12/2009 – Bragança Paulista, serviços fraternos (chegou em Bragança já na 2ª quinzena de julho de 2009)

DEPOIMENTO
Frei Miguel fala da simplicidade e bondade de Frei Eduardo

Gostaria de escrever, de forma simples e breve, sobre o tempo que convivi com Frei Eduardo Schuster, na Fraternidade de Nossa Senhora do Amparo, em São Sebastião, SP. O querido Zick era um homem grande e forte e, que apesar da idade avançada, passava o dia “pra lá e pra cá”. Sempre Zick. Zick na hortinha, fazendo os tercinhos, no galinheiro, catando os ovos e, do seu jeitinho, tudo poderia tornar-se objeto de negócio.

Sempre que um confrade aparecia por lá, Frei Eduardo estava pronto para fazer uma viagem. Um dia, ele me disse que precisava aproveitar para viajar antes de completar oitenta anos. Na época estava com 78 anos.  Então, viajar era preciso.

O dia começava muito cedo para Frei Dudu. Muito antes de o sol nascer, lá estava o freizinho, ao lado da torre da igreja, fazendo os tercinhos. Depois, ia rezar conosco o ofício. Em seguida íamos tomar o café. Ele gostava de “alongar” a conversa quando o assunto era “a Província”. Sempre muito interessado em saber de todos os detalhes que estavam acontecendo com os confrades. No final da tarde sempre participava da Celebração Eucarística.

À noite, enquanto jantava, procurava saber como tinha sido o seu dia. E sempre tinha uma historinha pra contar. Um dia o “peguei” rindo muito no refeitório e, comecei a rir com ele e, quando perguntei o que tinha acontecido, ele não conseguia parar de rir. Depois de muito rir ele disse que se tratava de um fato ocorrido durante a Missa que acabara de participar. Gostava de falar sozinho. Às vezes parecia que estava falando com alguém e, no entanto estava falando com ele mesmo.

Nunca se cansava de recordar a viagem que fez pela Terra Santa. Dizia que a viagem foi bastante interessante, mas que os dias que passou na terra de Jesus foram exaustivos. Um fato curioso e marcante na vida do Frei Eduardo, conhecido por muitos de nós, foi quando ele (certa feita), por engano, tomou veneno. O outro frade que também ingeriu do mesmo líquido, acabou falecendo. “Quando me senti mal, fui até o quintal e comi barro”, disse. Lembrei-me do que tinha aprendido com a minha mãe. Um dia estava no meu quarto e ouvi um barulho como que alguém tivesse rolado escada abaixo. Fui ver o que tinha acontecido e encontrei Frei Dudu ainda sentado no assoalho, depois de ter feito da escada uma espécie de tobogã. No momento da queda, não quis ir ao hospital, disse que estava tudo bem. Passaram-se uns dias, ouvi-o falar ao telefone que tinha caído da escada e que estava sentindo dores nas costas. Então o levei ao hospital e após ser atendido pelo médico e ser medicado retornamos à casa aliviados.

Aconteceu que uma noite os cães entraram no galinheiro que Frei Dudu cuidava com muito esmero. E foi uma “tragédia”. Praticamente eliminaram todas as galinhas que faziam parte daquele espaço. No dia seguinte, encontrei o Frei empurrando um carrinho cheio de galinhas e gansos. Detalhe: todos mortos. Então, perguntei imaginando o que teria acontecido, porque não seria a primeira vez que os cães teriam entrado no galinheiro:

– O que aconteceu? O sr. matou todas as galinhas?

E ele muito triste, com lágrimas nos olhos, disse:

– Foram as cachorras que fizeram isso. Nunca mais vou atrás de galinha.

Passaram-se uns dias, lá vinha o Frei com um galo e uma galinha debaixo do braço. E conforme os dias iam passando, mais e mais galinhas iam aparecendo. Numa das viagens que fez pelo sudoeste do Paraná – sempre que podia ia visitar seus familiares na cidade de Laranjeiras do Sul -, foi até Chopinzinho e lá passou uns dias com os confrades. Quando retornou a São Sebastião comentou que gostaria de morar numa fraternidade (Chopinzinho) mais próxima dos seus parentes.

Sempre que retomava o assunto, após discorrer sobre sua vontade de estar mais próximo dos seus parentes, dizia que estava muito bem/feliz na fraternidade de Nossa Senhora do Amparo. Eu teria tantos motivos para continuar esta escrita sobre o frei Eduardo. Porém, ficará para uma próxima ocasião.

Que São Francisco, Santa Clara e Maria Santíssima intercedam a Deus pelo nosso confrade, ZICK, ZICK. “Felizes os puros de coração porque verão a Deus”.

02 de agosto, festa de Nossa Senhora dos Anjos.

Frei Miguel da Cruz

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ACESSE A LISTA COMPLETA DE FRADES FALECIDOS