* 26.12.1906 †03.06.2000
Dia 03 de junho de 2000, por volta das 14h30, no Hospital Universitário São Paulo/SP, finalmente descansou de sua prolongada agonia, o nosso estimado confrade, em conseqüência de parada cardíaca e falência geral. Seus restos mortais foram transportados na mesma noite para Amparo, onde seria sepultado.
INOCENTE E PACIENTE
Em fins de julho (29) de 1999, foi trazido para São Paulo, Convento São Francisco, uma vez que o tratamento do câncer na boca (sob a língua) já não era mais possível em Amparo, devido ao agravamento de seu estado geral de saúde. Iniciou-se, então, sua “via-crucis”. Permaneceu na Beneficiência Portuguesa por quatro meses, fazendo químio e rádio-terapia. Melhorado, parcialmente, seu estado, regressou ao Convento. Alternou constantemente períodos de melhoras e crises e, com isso, suas idas e vindas a diferentes hospitais com internações. Enquanto conseguia falar e comunicar-se com gestos, expressava, apesar de tanto sofrimento, bom humor, paciência e conformidade. Segundo o nosso enfermeiro João, nunca ouviu dele uma única palavra de queixa. Inocente no nome, paciente na dor, “manso e humilde”, como o seu Senhor!
Descanse em Paz!
ACIMA DELE, SOMENTE OUTROS DOIS
Iniciadas as Vésperas do dia 3 de junho, sábado, dia que antecedia à maravilhosa festa da Ascensão de Jesus ao céu, Frei Inocêncio Michels, o terceiro frade mais idoso do atual elenco da Província, foi “conferir” se era verdade que o Senhor, de fato, preparara um lugar para ele na eternidade…
Temos certeza de que não ficou decepcionado. Não podia ter escolhido melhor data para esta averiguação, missionário que foi, deixando para trás, em 1935, sua Pátria (Alemanha) e sua Família de 13 irmãos, dos quais ele era o sétimo. Trinta e quatro dos sessenta e cinco anos que viveu na terra da missão, viveu-os aqui em Amparo, em duas etapas, uma de 2 anos, outra de 32. Dizia sempre que convencera os Provinciais de que o “tira mala, põe mala, tira mala, põe mala…” não era do feitio dele e que o deixassem em Amparo até sua última transferência para a pátria definitiva.
Assim, Frei Inocêncio marcou presença, atividade, testemunho muito profundos aqui em Amparo. Muito procurado para confissões e orientações espirituais e outras atividades pastorais, enquanto ainda as podia realizar, deixaram rastros de franciscanismo neste serão paulista e justificaram seu enterro aqui em Amparo, mesmo que ele tivesse morrido em São Paulo, para onde fora levado em julho de 1999, devido aos gravíssimos problemas de saúde que não tínhamos condições de sequer minorá-los aqui. Justamente ele que se gloriava de os médicos ficarem admirados com suas condições de saúde excelentes! Parecia que nos últimos anos a natureza tirava o “atraso” neste sentido, fazendo-o passar por um purgatório que somente ele poderia narrar com mais exatidão. Enquanto em vida negou-se fazê-lo, dando a impressão de um “manso cordeiro que era conduzido ao matadouro”, não reclamando de nada, deixando pacientemente que se fizesse tudo o que era necessário ser feito.
Como tudo aconteceu relativamente rápido, não houve maior movimentação do povo. Acolhemos o corpo do confrade lá pela 1h30 da madrugada, para ser velado no Salão paroquial e, mais tarde, após duas missas e batizados na Matriz, o transportamos para a Igreja, onde imediatamente Dom Francisco José, bispo diocesano de Amparo, celebrou Missa por ele. Continuou então o velório, até 16 horas, sendo então celebrada a Missa de Corpo presente, com a participação de Confrades de São Paulo, Bragança Paulista, Porto União e sacerdotes da Diocese, havendo também boa participação do povo. Logo a seguir, em carreata, o corpo de Frei Inocêncio foi conduzido ao Cemitério, indo fazer companhia a outros confrades lá sepultados. Tudo parecia mais uma festa do céu do que uma lacuna na terra, mesmo porque todos concordávamos que sua situação já era irreversível quanto à saúde e à idade provecta.
Há muitos agradecimentos a fazer: aos confrades Frei Nicolau e Frei Rainério que, por muitos meses passaram as noites atendendo o confrade; às funcionárias Vanda e Berenice que, durante o dia, socorriam às inúmeras chamadas para atendimento; aos confrades de São Paulo que nos socorreram quando já não dávamos mais conta de prestar atendimento ao Frei Inocêncio; aos Hospitais que o atenderam; aos paroquianos que nos ajudaram nos momentos mais críticos.
Enfim, ao próprio Frei Inocêncio, mansa ovelhinha, pelo testemunho de vida, especialmente no sofrimento. Agradecimento a Deus que chamou Frei Inocêncio para especial missão aqui no mundo e que o acolheu no justamente na Festa da Ascensão do Senhor.
Dados Pessoais e formação
Nome civil: Joanes Mono Michels
Nascimento: 26/12/1906 (93 anos), Bochum – Alemanha
Família de 13 filhos, sendo ele o 7º. Como jovem estudou agronomia até aos 24 anos.
Com 25 anos, ingressou no Seminário de Garnstock, Bélgica, a fim de preparar-se para a vinda ao Brasil, chegando aqui em 03/05/1935.
Vida e atividades
1944 – 48: Abrigo Cristo Redentor, Rio de Janeiro (Cura)
1949 – 51: Marambaia, Rio de Janeiro (Cura)
1952 – 54: Abrigo Cristo Redentor, Bonsucesso/Rio
out/nov – 1955: Paty do Alferes, RJ (Cura)
1956 – 59: Pato Branco/PR – Paróquia e Rádio
1960 – 62: Porto União/SC – Vigário cooperador
1963 – 64: Amparo/SP – Vigário cooperador
1965 – 67: Vila Velha/Penha/ES – Atendimento
1968 – 99: Amparo/SP – Vigário cooperador.