* 26.01.1915 †16.09.2004
Aos 89 anos de idade, Dom Frei Pascásio Rettler faleceu em Sorocaba, no dia 16 de setembro, onde residia na Fraternidade Bom Jesus dos Aflitos. Ele trabalhava em Pirapitingui, em Itu, com hansenianos. No último dia 12, completou 36 anos de episcopado, sendo que durante 22 anos esteve à frente da Diocese de Bacabal, no Maranhão. Trazia sempre com ele a imagem de Nossa Senhora, que foi poupada pelos vândalos que queimaram sua residência em Bacabal. Antes de colocarem fogo na casa, retiraram a imagem de Nossa Senhora e a deixaram debaixo de uma mangueira.
Missa Exequial e Sepultamento
No mesmo dia 17, Festa das Chagas de São Francisco, o corpo de D. Pascácio foi transladado para São Paulo, e na nossa Igreja e Santuário no Largo São Francisco, às 15hs foi celebrada a segunda missa exequial, presidida por D. Paulo Evaristo Arns, assistido por mais quatro bispos: D. Qurino A. Schimitz (bispo emérito de Teófilo Otoni, MG), D. José Belizário da Silva (bispo de Bacabal-MA), D. Caetano Ferrari (bispo coadjutor de Franca, SP) e D, Manuel Carrado Parral (bispo auxiliar de SP- Vigário episcopal da Região Sé), e concelebrada por Frei Augusto Koenig (ministro provincial), Frei Antônio Schauerte (nosso visitador geral em 2003), e grande número de confrades das casas vizinhas.
Frei Regis Daher, comentarista da missa, leu no início os dados pessoais e biográficos de D. Pascásio. Nos ritos iniciais, D. Paulo Evaristo recordou o fato de estar celebrando as exéquias no dia da Festa das Chagas, dia em que ele próprio fora batizado. E observou à assembléia que os textos escolhidos para a missa seriam também os desta festa. A 1ª leitura (Gálatas 6,14-18 ) foi proclamada pelo confrade missionário em Angola, Frei Alexandre Magno Cordeiro da Silva, e o evangelho (Lucas 9, 23-26), por Frei Augusto Koenig.
Na homilia, D. Paulo ressaltou três aspectos da rica vida do falecido. O primeiro deles: a alegria. Lembrou que quando celebrou sua primeira missa em Forquilhinha, Frei Pascásio era o vigário paroquial e dedicava grande atenção ao coral das crianças da paróquia, como seu regente. Recordou também o que seu pai dizia de Frei Pascásio: “Ele traz tanta alegria quando visita os paroquianos que, quando parte de nossa casa todos sentem a sua falta”! E que, justamente por causa desta sua alegria é que foi enviado como reitor do Seminário de Rio Negro, como estímulo e modelo para os futuros frades.
O segundo aspecto: o missionário franciscano. Recordou D. Paulo que, Frei Pascásio ficou pouco tempo em Rio Negro porque no seu coração ardia a chama do ardor missionário e, logo foi integrar a Equipe de Missões Populares, na qual trabalhou durante sete anos. Ressaltou também o seu amor aos pequenos e desvalidos deste mundo, sempre procurando preferencialmente anunciar à eles o Reino de Deus. E foi como missionário que assumiu o episcopado em Bacabal, dando tudo de si aos mais pobres daquela região do Brasil.
Por fim, D. Paulo lembrou a última atividade do pastor: o irmão dos hansenianos. Em 1990, ao encerrar sua atividade na Diocese de Bacabal, quando completou 75 anos, D. Pascásio pediu ao então Ministro provincial, Frei Estevão Ottenbreit, “poder encerrar sua vida junto daqueles com os quais São Francisco iniciara a sua vida de conversão”. Relembrou a presença amiga de D. Pascásio junto das famílias e dos doentes no Sanatório de Pirapitingüi, para os quais dedicou suas últimas forças e seus últimos dias. Concluiu D. Paulo, com as palavras do Testamento de São Francisco: “E o próprio Senhor me conduziu entre eles, e fiz misericórdia com eles” (2-3).
Pela totalidade desta sua fecunda trajetória, a exemplo de São Francisco das Chagas, D. Pascásio configurou-se ao Cristo na sua vida e na sua morte, assumindo as “chagas” do mais pobres e sofredores deste mundo.
As preces dos fiéis foram feitas por D. Caetano, D. Manuel, D. José Belizário e Frei Augusto, nas quais pediram a intercessão de D. Pascásio para o pastoreio deles na sua mesma fidelidade evangélica em benefício do povo de Deus. No momento de ação de graças, após a comunhão, D. José Belizário leu a mensagem enviada por D. Jacinto Furtado de Brito Sobrinho, bispo de Crateús-CE, na qual relembra sua filiação pastoral com o falecido.
Após a oração final da missa, com os cinco bispos diante do esquife, ladeado por todos os confrades, D. Paulo procedeu as orações de encomendação. Seguiu-se, então, o translado do corpo para o Cemitério da Irmandade do Ssmo. Sacramento.
D. José Belizário, em nome da Diocese de Bacabal, agradeceu à Província Franciscana da Imaculada Conceição, pela vida e pelo ministério pastoral de D. Pascásio, sobretudo nos seus últimos anos em que conviveu e foi assistido pelos confrades de São Paulo e Sorocaba. Agradeceu, em nome do clero e do povo da de sua diocese, tudo o que significou o ministério de D. Pascásio, sobretudo junto dos mais pobres e sofredores. Manifestou, por fim, o desejo da Diocese de, futuramente, transladar os restos mortais de D. Pascásio para a Catedral de Bacabal, que deverá ainda ter construída sua nova sede. Frei Augusto Koenig agradeceu a presença dos muitos amigos e irmãos que, na vida e na morte, estiveram ao lado de D. Pascásio, e ao falecido, tudo o que ele foi e significou para a história de nossa província. D. Caetano Ferrari procedeu então as últimas orações e a benção da sepultura. D. Pascásio é o primeiro confrade falecido neste ano de 2004 e, também o primeiro a ser sepultado no novo jazigo franciscano de São Paulo.
Frei Regis Daher, Ofm
Dados Pessoais e formação
• Nascimento: 26.01.1915 (89 anos de idade)
• Natural de Merklinde (Castrop-Rauxel), Alemanha.
• 25.04.1933 – Ingressou no Seminário Franciscano de Garnstock, Bélgica.
• 03.05.1935 – Desembarcou no Brasil para continuar os estudos no Seminário São Luís de Tolosa, em Rio Negro-PR, onde permaneceu até 1936.
• 19.12.1936 – Admissão ao noviciado franciscano, em Rodeio-SC (67 anos de vida franciscana).
• 20.12.1937 – Primeira profissão dos votos religiosos.
• 1938 – Início dos estudos de Filosofia, em Rodeio-SC.
• 1939-1940 – Continuação dos estudos filosóficos, em Curitiba-PR.
• 20.12.1940 – Profissão solene dos votos perpétuos na Ordem Franciscana.
• 1941-1944 – Estudos de Teologia, em Petrópolis-RJ.
• 30.11.1941 – Ordenação diaconal.
• 29.11.1942 – Ordenação presbiteral (61 anos de ministério sacerdotal).
Atividades na Evangelização e Pastoral
• 1943-1947 – Vigário paroquial, em Forquilhinha-SC.
• 1948 – Reitor do Seminário S. Luís de Tolosa, em Rio Negro-PR.
• 1949 – Vigário paroquial, em Duque de Caxias-RJ.
• 1949-1956 – Residindo em Florianópolis-SC, integrava a Equipe de Missões Populares da Província Franciscana.
• 1957-1959 – Professor de Teologia Moral, em Petrópolis-RJ.
• 1960-1965 – Professor de Teologia Pastoral, no Convento Santo Antônio, Rio de Janeiro-RJ.
• Julho/1966-julho/1968 – Vigário Provincial, em São Paulo-SP.
• 25.07.1968 – Eleito Bispo de Bacabal-MA.
• 12.09.1968 – Ordenação episcopal em sua cidade natal (36 anos de ministério).
• 01.11.1968 – Início do ministério na Diocese de Bacabal-MA.
• 26.01.1990 – Quando completou 75 anos de idade, o Papa João Paulo II aceitou seu pedido de renúncia no governo da Diocese de Bacabal (22 anos na diocese).
• 18.02.1990 – Celebrou sua primeira missa como Capelão do Hospital “Dr. Francisco Ribeiro Arantes”, em Pirapitingüi, distrito de Itu-SP, Diocese de Jundiaí, onde serviu até abril de 2003 (quase 13 anos).
• 26.04.2003 – Devido a idade avançada (88 anos), e já com algumas dificuldades de saúde, veio residir na Fraternidade Bom Jesus dos Aflitos, em Sorocaba-SP. A partir desta data, a Capelania de Pirapitingüi foi assumida pelo seu confrade e amigo, Frei Antonio Andrietta, até o final de 2003.
• A partir de janeiro de 2004 seu estado de saúde foi gradativamente se agravando, com sucessivas crises, alternando períodos de internação hospitalar e de retorno ao convento.
• No dia 11.09.2004 foi internado na UTI do Hospital da UNIMED, em Sorocaba, com pneumonia e infecção grave nos pulmões. No dia seguinte, 12.09, completou 36 anos como bispo.
• Faleceu por volta das 14h45 do dia 16. Foi velado na Igreja do Senhor Bom Jesus dos Aflitos, em Sorocaba, até às 10hs do dia 17, Festa das Chagas de São Francisco, quando foi celebrada a primeira missa exequial, presidida pelo arcebispo D. José Lambert, e concelebrada por D. Amaury Castanho, bispo emérito de Jundiaí, por Frei Jurandir Cristofolini, pelos confrades e padres diocesanos de Sorocaba.