Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores (CPO)
- Ordem Franciscana ‘se muda’ para o Quênia
- CPO: Dia de ver a realidade global e local
- Desafios da Igreja e da Ordem na atualidade
- A mudança climática e os desafios da evangelização
- África e Brasil: grande potencial, grandes desafios
- Recuperar o frescor do primeiro amor, pede CPO
- Frades partilham sobre migração, juventude e missão
- Ser frade menor num mundo em transformação
- Frades avaliam iniciativas da Ordem no triênio
- “Fraternidades em missão” começam na formação inicial
- Frades se concentram nos temas para o documento final
- Os frades como mendicantes modernos
- “A África é o futuro da Ordem”, afirma Frei Giannone
- Frei Alvaci visita missão no Sudão do Sul
Ordem Franciscana ‘se muda’ para o Quênia
São Paulo (SP) – De 12 e 28 de junho, cerca de 60 frades de diversas partes do mundo estarão reunidos para o Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores (CPO), que acontecerá na cidade de Nairóbi, no Quênia. “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz… aos Frades Menores hoje” (cf. Ap 2,29) é o tema escolhido para este Plenário.
Do Brasil, participam três frades: Frei Alvaci Mendes da Luz, da Província da Imaculada Conceição, e Frei Wellington Jean, da Província Santo Antônio, são os representantes da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB). Frei Fabiano Satler, da Província Santa Cruz, participa como convidado do Governo Geral. O último CPO aconteceu em 2013, na Polônia, e reuniu 43 frades. Deste encontro, surgiu o documento “Vinhos novos em odres novos”, publicado em 2014. O CPO é uma espécie de capítulo intermediário, que acontece entre os Capítulos Gerais da Ordem.
Segundo o site da Ordem dos Frades Menores, o CPO quer ser uma ocasião importante de escuta, que permita abrir sempre melhor os ouvidos para acolher a voz de Deus a tudo o que Ele quer dizer hoje aos frades: “Queremos escutar e discernir sua vontade para deixarmo-nos guiar por seus caminhos. Além disso, queremos nos escutar reciprocamente entre os frades, conhecer e aprofundar as mudanças em vigor na sociedade e na Igreja em todos os continentes, em qualquer lugar onde estamos presentes como Ordem, para poder dar nossa resposta, adaptada aos diversos contextos culturais e eclesiais em que nos encontramos e vivemos nossa vida de testemunho e missão”.
Frei Alvaci Mendes da Luz, único participante desta Província, participa pela primeira vez do CPO e partilha sua alegria e gratidão ao participar deste encontro. “Para mim é uma experiência única, gratificante, onde tentarei contribuir com aquilo que posso e aquilo que conheço de nossa Província e da realidade do nosso país. Para mim é uma experiência única poder compartilhar com tantos frades do mundo inteiro, com tantas experiências e poder somar com os freis no Conselho e sugerir ideias para o Governo Geral e para o próximo Capítulo Geral”, adiantou. O último Capítulo Geral aconteceu em 2015 e o próximo acontecerá em 2021.
Sobre a preparação, Frei Alvaci conta que foram enviadas perguntas às Conferências e, a partir das respostas, tem-se uma visão geral da Ordem em nível mundial. “A ideia é fazer um panorama da Ordem de um modo geral, quais as realidades, como a Ordem vive hoje, a realidade eclesial nas Conferências e a realidade de presença dos frades. Foi pedido que cada um dos frades delegados elaborassem um ver-julgar-agir de todas as Conferências no mundo”, explica.
O programa do CPO
No primeiro dia, através da contribuição de especialistas, será oferecido um panorama geral sobre os diversos aspectos do mundo e da Igreja hoje. As outras sessões serão dedicadas às apresentações dos conselheiros das Conferências da Ordem dos Frades Menores, oferecendo reciprocamente um tempo de escuta aos representantes dos continentes, de onde surgirá uma troca de ideias em grupos e plenário.
Este trabalho de escuta e troca de ideias será sintetizado, com o objetivo de oferecer indicações e orientações que o Ministro Geral e o Definitório entregarão à Ordem através de um documento final publicado após o CPO. Três palavras-chave darão o tom ao CPO: escutar, discernir e sair.
Frei Alvaci conta que o objetivo principal do CPO é conhecer a realidade dos Frades Menores no mundo de hoje, como vivem e qual é a presença dos frades em cada continente. O encontro também dará as diretrizes de animação da Ordem para o triênio 2018-2021 e levantará as temáticas importantes para o próximo Capítulo Geral em 2021.
CPO: Dia de ver a realidade global e local
São Paulo (SP) – Nesta quarta-feira, 13/06, o Conselho Plenário da Ordem (CPO) teve seu segundo dia de encontro. Segundo Frei Alvaci Mendes da Luz, que participa do encontro em nome da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB), a partir de agora os frades terão momentos de formação e escuta, seguindo o método ver, julgar e agir.
Na parte de manhã, após a oração das Laudes, os participantes assistiram um vídeo da professora de Relações Internacionais da Universidade Católica de Washington, Estados Unidos, dra. Maryann Cusimano Love. Ela abordou distintos problemas globais, enfatizando a necessidade de melhorar a colaboração entre as comunidades, o meio ambiente e melhorar a relação pessoal com Deus.
Na parte da tarde, as Conferências de Portugal e Espanha fizeram uma apresentação da realidade de cada país, destacando questões como o secularismo e a crise migratória. As Conferencias de Itália e Albânia se apresentaram em seguida, e destacaram as questões como a baixa natalidade e também a realidade dos imigrantes. Os frades apresentaram algumas iniciativas realizadas nestes locais diante dos novos desafios.
Hoje o CPO recebeu a visita do Cardeal John Onajyekan, Arcebispo de Abuja, na Nigéria. Ele falou sobre os desafios pastorais enfrentados pela Igreja na Nigéria e no mundo. Segundo ele, os desafios são: proclamar o Evangelho por meio de palavras e obras; a enculturação, levando em conta a realidade de cada local; o diálogo ecumênico e inter-religioso; a justiça e a paz, enfatizando o desenvolvimento e a promoção do ser humano; a promoção do Evangelho através das novas mídias; o clima e o meio ambiente, as armas nucleares e a segurança global.
“Seja por consequência ou por providência, hoje é a festa de Santo Antônio de Pádua, um dos primeiros e mais ilustres membros da Ordem dos Frades Menores. Ele entrou na Ordem Franciscana porque queria ir para a África pregar o Evangelho. Terminou passando toda sua vida na Europa. Se estivesse vivo hoje, teria encontrado alguma maneira de vir para a África. No entanto, não duvido que seu espírito está conosco nestes dias de encontro”, encerrou o Arcebispo.
No encerramento do dia, os participantes celebraram a Eucaristia, presidida pelo Cardeal John Onajyekan.
Desafios da Igreja e da Ordem na atualidade
São Paulo (SP) – Nesta quinta-feira (14/6), terceiro dia do Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores (CPO), que acontece em Nairóbi, no Quênia, os participantes foram convidados a ouvir a partilha das Conferências do Centro Europeu, Anglófana, Eslavas do Norte e do Sul e a Custódia da Terra Santa, que englobam os seguintes países: Irlanda, Estados Unidos, Polônia, França, República Tcheca e Holanda.
Nestes primeiros dias de CPO, cada Conferência terá 30 minutos para apresentar um panorama de seus países, abordando a realidade eclesial, social e política.
Frei Alvaci Mendes da Luz, participante da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB), afirmou que várias questões são recorrentes nas apresentações, como o clericalismo, individualismo, autorreferencialidade da Igreja local, consumismo e materialismo.
“Entre as muitas preocupações discutidas, a assembleia se preocupou em como responder adequadamente aos jovens. Os frades observam que as relações interpessoais nesta geração, estão tornando-se cada vez mais superficiais. Um tipo de relação mais virtual é comum entre os jovens. Ao mesmo tempo que as oportunidades e as possibilidades de comunicação se multiplicam, muitos jovens, ao mesmo tempo, experimentam o vazio e a solidão e muitos têm sede de conexão espiritual”, afirma o site da Ordem dos Frades Menores.
Na partilha, sentiu-se a necessidade dos frades estarem mais próximos dos jovens. Eles perceberam que devem esforçar-se mais para estarem abertos, sem atitude de juízo, e aprender a usar novos métodos a serviço da nova evangelização. Outro questionamento colocado foi como os frades podem promover a voz das mulheres na Igreja.
A mudança climática e os desafios da evangelização
São Paulo (SP) – Nesta sexta-feira, 15/06, o Conselho Plenário da Ordem (CPO) teve seu quarto dia de encontro. Segundo o site da Ordem, um dos temas mais recorrentes foi a mudança climática. Nestes primeiros dias de CPO, os participantes se dedicarão a ouvir as partilhas de cada Conferência. No dia de hoje, participaram as Conferências da Ásia e Américas.
“A Ásia é a região mais vulnerável diante da mudança climática”, disse Frei Reu José Galoy, das Filipinas. “Durante muito tempo, os recursos naturais da Ásia foram explorados e utilizados para o desenvolvimento dos países de primeiro mundo. Por isso, os asiáticos agora são os que experimentam os efeitos mais graves da mudança climática, resultante desta atividade”. Os frades ouviram a partilha de William Ng, de Hong Kong, sobre a Encíclica Laudato Sí’, em seus diferentes contextos. Ele afirmou que é necessário uma mudança no estilo de vida da sociedade e que os franciscanos podem contribuir muito para a discussão nesta área.
O frade ele apontou algumas necessidades da Conferência asiática: a necessidade de formadores mais qualificados no Vietnã (que tem o maior número de vocações na Ásia); negociações de paz em curso nas Coréias; o crescente número de assassinatos relacionados com o tráfico de drogas nas Filipinas e muitas outras ameaças à paz e à segurança.
Em seguida, o CPO concentrou sua atenção na América Latina, em três Conferências: Cono Sul, Bolivariana e Guadalupana, que incluem todos os países do México a Antártida, com exceção do Brasil, que fará sua apresentação na manhã de sábado, 16/06.
A Ordem, em sua história centenária, tem uma larga tradição nestes países. Hoje, os frades buscam novas formas de identificação com as sociedades contemporâneas, fortemente influenciadas pela globalização, secularização, mudança de normas morais, migração, tráfico de drogas e outros desafios. Os membros do Conselho falaram a respeito de uma estratégia pastoral mais ágil, uma espécie de “pregação itinerante”, através da participação nos meios de comunicação, participação na educação em todos os níveis e adoção das propostas da Evangelii Gaudium nas diferentes atividades.
Neste sábado, 16/06, os frades do Brasil farão a apresentação da realidade local.
Confira o vídeo com a partilha de Frei Alvaci Mendes da Luz e Frei Tiburce Agbohouto, do Togo:
África e Brasil: grande potencial, grandes desafios
São Paulo (SP) – Neste sábado, 16/06, o Conselho Plenário da Ordem (CPO) chegou ao seu quinto dia de encontro. Neste dia, foi momento da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB) apresentar seu relatório. Também a Conferencia da África fez sua apresentação, encerrando assim esta parte do CPO, onde os frades ouviram e partilharam as diversas realidades mundiais onde estão presentes. “Cada Conferência partilhou suas realidades todos os dias, em várias sessões, duas ou três por dia, sobre a realidade dos Frades Menores nas Conferências, sempre levando em consideração a realidade política, eclesial e a presença dos Frades Menores em cada local”, conta Frei Alvaci Mendes da Luz, da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Pela CFMB, estão presentes, além de Frei Alvaci, Frei Wellington Jean, da Província Santo Antônio e Frei Fabiano Satler, da Província Santa Cruz.
“Nossa Conferência chamou a atenção dos frades para a realidade política, ecológica, econômica e das juventudes no nosso país”, afirmou Frei Alvaci. Ele contou que a apresentação despertou o interesse dos frades do mundo todo, que fizeram várias perguntas, sobretudo no trabalho com os mais empobrecidos, as comunidades eclesiais de base e a atuação dos franciscanos no país.
Sobre a apresentação da CMFB, o site da Ordem afirma que a “vasta região da Amazônia se converteu em um cenário de cooperação e missão interprovincial. O trabalho dos frades na Amazônia demonstra a opção preferencial pelos pobres, através da vivência do ministério entre os usuários de drogas, campesinos, pessoas abandonadas e indígenas. Os representantes do Brasil abordaram uma ampla gama de questões, incluindo o papel dos frades leigos na Ordem e o aumento do neo-clericalismo, a tentativa dos frades de permanecerem junto aos pobres, mesmo quando o compromisso é julgado negativamente como socialista, os movimentos pentecostais e a busca de novas formas de viver o ministério nas grandes cidades”.
A Conferência Africana partilhou com os frades sua realidade e apresentou vários desafios, como o sincretismo religioso, a falta de maturidade na vivência da fé, a AIDS, instabilidade política e social. “A África está composta por mais de 50 países, com muitos idiomas e culturas e, por isso, vive várias realidades diferentes”, disse Frei Alfigio Tunha, Custódio do Zimbábue.
Na semana que vem, os participantes do CPO se dedicam a discernir tudo aquilo que ouviram nesta semana, para que assim possam chegar a um sentimento compartilhado do que o Espírito está dizendo aos frades hoje. Na tarde de sábado e no domingo, os frades terão momentos de descanso, lazer e turismo pela região.
Recuperar o frescor do primeiro amor, pede CPO
São Paulo (SP) – Começou nesta segunda-feira, 18/06, a segunda fase do Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores (CPO), que acontece desde o dia 12 em Nairóbi, no Quênia.
Na parte da manhã, os participantes rezaram a Lectio Divina, a leitura orante da Bíblia. Segundo Frei Isauro Covili, o momento orante permitiu aos membros do Conselho uma postura reflexiva a respeito do temas que serão abordados nesta segunda semana. O CPO segue o método ver, julgar e agir. Esta semana é dedicada ao julgar e terá um tom mais espiritual, dedicado a ouvir e discernir o chamado do Espírito.
Na oração, os participantes refletiram sobre o livro do Apocalipse, de onde foi extraído o tema do encontro. Frei Juan Isidro Aldana conduziu o momento e pediu que os participantes voltassem ao momento onde se apaixonaram pelo Senhor e decidiram segui-Lo através da Ordem Franciscana. Através de perguntas, os participantes foram convidados a olhar o passado com gratidão, para viver o presente com paixão e desejo de lançar-se ao futuro com esperança. “Como olhamos o futuro com esperança, dadas as dificuldades da Vida Religiosa?”, questionou.
De hoje a quarta-feira, os participantes farão uma série de encontros, chamados “World Café”. Segundo Frei Alvaci Mendes da Luz, que representa a Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB) no CPO, serão trabalhados 6 temas, num formato de conversa informal entre os participantes.
Em cada mesa haverá um frade referencial, que vai tomar nota do que for partilhado sobre o tema proposto para cada rodada. Num clima informal, os participantes falarão sobre seus pontos de vista, partilhando também um café com os outros frades da mesa.
O “World Café” acontece até a próxima quarta-feira, encerrando assim esta etapa do CPO.
Frades partilham sobre migração, juventude e missão
São Paulo (SP) – Migração, juventude e missão: estes foram os temas debatidos no Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores (CPO) nesta terça-feira, 19/06. O encontro é sediado em Nairóbi, capital do Quênia, desde o dia 12/06. Nestes dias, as discussões acontecem através do método “World Café”, que consiste em mesas dispostas num mesmo local, onde os participantes se revezam por um período de tempo e têm a possibilidade de conversar com pessoas diferentes a cada rodada. Em cada mesa existe um frade referencial, um anfitrião, que fica responsável pela introdução do tema, pelo bom andamento das partilhas e pelo resumo do que foi falado.
“Cada conversa na mesa dura 20 minutos e é conduzida de maneira informal e inclusiva. Pelo que foi percebido, as conversas de hoje se desenvolveram com simplicidade”, afirma o site da Ordem dos Frades Menores.
Frei Alvaci Mendes da Luz é um dos frades referenciais do “World Café” e conta que após o encontro, os referenciais se reúnem e fazem um resumo de tudo o que foi partilhado, apontando as ideias que se repetiram em cada mesa. “O frade referencial precisa escutar com atenção para perceber os argumentos comuns nos pensamentos apresentados pelos participantes”, afirma o site da Ordem.
“Foi muito interessante! Todos os frades puderam comunicar livremente o que pensam sobre os diversos temas. Todos compartilharam suas ideias e conheceram a ideia dos demais. Ainda que a comunicação nos diferentes idiomas tenha sido, em alguns momentos, um desafio, a experiência foi excelente”, manifestou Frei Giovanni Rinaldi, Secretário Geral da Ordem.
Uma partilha sobre a experiência dos frades no mundo atual
No canal do YouTube da Ordem dos Frades Menores, Frei Mario Vaccari, Vigário da Província Santo Antônio, do Norte da Itália, falou sobre o ponto de vista europeu de ver a Ordem. Para ele, os frades estão divididos entre os hemisférios Norte e o Sul. Para ele, na América Latina os franciscanos vivem mais próximos do povo. Na Europa, os frades possuem um discurso mais cultural e pastoral. “Acredito que hoje a Europa se encontra numa posição débil e que deve reconhecer esta debilidade. A Europa deve abrir-se para aceitar a experiência que, em alguns países, pode ser muito rica, tanto na experiência eclesial como na vivência dos frades”, afirmou.
Ser frade menor num mundo em transformação
São Paulo (SP) – Nesta quarta-feira, 20/06, os 63 frades reunidos em Nairóbi, no Quênia, para o Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores (CPO), continuaram a partilha através do método “World Café”. No dia de hoje, eles abordaram 3 temas: A evangelização no espírito da Encíclica Laudato Sí’; as exigências de um mundo que muda rapidamente e vida religiosa a partir da ótica do Papa Francisco.
Os frades referenciais de cada mesa fizeram um resumo de cada tema e abrirão para o plenário amanhã, quinta-feira. “Uma segunda etapa do World Café vai ser apresentar estes grandes resumos para todos e, em seguida, será feita uma mesa, composta pelo Ministro Geral, Frei Michael Perry e pelo Definitório Geral”, afirmou Frei Alvaci Mendes da Luz.
Dia Mundial dos Refugiados
O Dia Mundial dos Refugiados, celebrado neste 20 de junho, foi lembrado hoje no site da Ordem dos Frades Menores. O tema foi recorrente durante as partilhas do CPO.
“Não se pode negar que a escala de migração humana hoje não tem precedentes históricos. Isso reflete na pobreza profunda em algumas regiões do mundo e causa tensões sociopolíticas em alguns países que recebem os imigrantes. Os frades vivem e trabalham tanto nos países de onde saem os refugiados como nos países onde a chegada dos imigrantes causa tensão social. As pessoas abandonam seus países de origem por muitas razões, a violência, a perseguição política, as formas modernas de escravidão, a corrupção, a busca por uma vida melhor para eles e seus familiares”, afirma o site.
“Creio que a imigração também deve ser vista como uma oportunidade para que a Igreja mostre seu lado mais prático”, disse Frei Tosmislav Sanko durante sua fala. Em seguida, perguntou à assembleia: “Se a Igreja se retira e assume uma atitude passiva, corre o risco de trair sua missão e perder a oportunidade de oferecer esperança. Se a Igreja não faz, quem fará?”, questionou.
Frades avaliam iniciativas da Ordem no triênio
São Paulo (SP) – Nesta quinta-feira, 21/06, os frades reunidos em Nairóbi, no Quênia, por ocasião do Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores (CPO), tiveram um momento de rever e avaliar a caminhada da Ordem desde o Capítulo Geral de 2015.
Após as laudes e a celebração eucarística, o Vigário Geral, Frei Julio Bunader, falou aos 63 frades participantes sobre as iniciativas do Definitório Geral nos últimos 3 anos. “Em seu discurso, Frei Julio mencionou os avanços realizados nas seguintes áreas: diretrizes sobre a vida franciscana; missão; formação; JPIC e a dimensão contemplativa da vida dos frades; como viver o voto de pobreza de forma mais autêntica por meio de um empenho na administração financeira e a prestação de contas mais precisa, fomentando uma relação mais próxima entre as diferentes entidades da Ordem”, afirma o site da Ordem dos Frades Menores.
O Vigário acrescentou que as “decisões do Capítulo de 2015 continuam sendo relevantes hoje e devem ser implementados plenamente na vida diária e no serviço das Províncias, Fraternidades e de cada frade de maneira individual”.
Em seguida, os frades se reuniram por Conferências, regiões ou grupos linguísticos. A Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB), representada por Frei Alvaci Mendes da Luz, Frei Wellington Jean e Frei Fabiano Satler, se reuniu com o Cone Sul, a Conferência Bolivariana e a Conferência de Espanha e Portugal.
“Nós falamos sobre os documentos da Ordem, sobre como eles chegam às Províncias, a dificuldade de colocar em prática muitos dos materiais, mas também que existem iniciativas positivas para realizar o que a Ordem pede”, afirmou Frei Alvaci.
Na parte da tarde, os participantes do CPO foram a Langata, onde fica a casa de formação dos frades que vivem o tempo da Teologia. Atualmente, 27 frades vivem no local, onde estudam e fazem os trabalhos pastorais.
Confira a fala de Frei Julio ao canal da Ordem dos Frades Menores:
“Fraternidades em missão” começam na formação inicial
Os membros do Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores (CPO), reunidos nesta sexta-feira em Nairóbi, no Quênia, continuaram os trabalhos que estão agora no processo de síntese dos pontos-chave que surgiram durante os últimos dez dias de estudos. Os 63 frades que participam deste Conselho – entre eles Frei Alvaci Mendes da Luz, frade desta Província da Imaculada Conceição -, consideraram que a capacitação para ser “fraternidades na missão” deve começar com os os programas de formação inicial e também ser promovida através da Formação Permanente.
Os super-heróis estão em toda parte nos dias de hoje! Muitos filmes apresentam heróis dotados de poderes extraordinários, a maioria faz bem e salva o mundo. Embora possamos admirá-los, ainda reconhecemos que, em geral, eles são representados como indivíduos que trabalham sozinhos e, tão logo, tomam todo o crédito por suas realizações incríveis. “Mas não é assim que os frades são chamados a fazer sua parte na construção do Reino de Deus. A missão só é possível se for baseada na unidade, na diversidade e em uma abordagem cooperativa que valorize os dons de cada um”, atestam os participantes, segundo o site da Ordem.
Esta tem sido uma das ideias destacadas pelos membros do Conselho Plenário, que estão agora no processo de síntese dos pontos-chave que surgiram durante os últimos dez dias de trabalho. “Sem dúvida, muitos ministérios novos e bem estabelecidos devem ser repensados ou adequadamente implementados, mas é essencial que isso seja feito dentro do contexto da fraternidade”, observam.
Os Frades Menores são chamados a viver o Evangelho em fraternidade. Por muitos anos, a Ordem afirmou que todos são irmãos e que, vivendo e trabalhando juntos como irmãos, levam o espírito do carisma franciscano à Igreja e ao mundo.
Embora este seja a ideal, o Ministro Geral, Frei Michael Perry, notou que há casos de Frades que se sentem isolados de outros, que vivem sozinhos e outros parecem ‘inquilinos’, como se estivessem alugando um quarto no “São Francisco Hotel”! “Outro problema é que em algumas entidades, os Irmãos leigos não podem participar plenamente da nossa missão comum de evangelização, como é seu direito, em virtude do seu batismo”.
Os membros do Conselho consideraram que a capacitação para ser “fraternidades na missão” deve começar com os programas de formação inicial e também ser promovida através da Formação Permanente, com particular atenção para se tornar fraternidades contemplativas. Enfim, as fraternidades internacionais têm um papel especial na promoção da diversidade e cooperação. A missão é de fato possível quando o Espírito se move no grupo de irmãos!
Frades se concentram nos temas para o documento final
Os membros do Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores (CPO), reunidos em Nairóbi, no Quênia, concluíram mais uma semana de atividades, que irão até o dia 28 deste mês. O trabalho dos 63 frades que participam deste Conselho – entre eles Frei Alvaci Mendes da Luz, frade desta Província da Imaculada Conceição -, nos próximos dias, consistirá em dialogar em pequenos grupos sobre os acertos, carências e esclarecimentos necessários ou correções que reivindicam tendo em vista o documento final para fazê-lo chegar ao Ministro Geral, Frei Michael Perry, e ao Vigário Geral, Frei Julio Bunader.
O propósito dos grupos de estudos é poder elaborar um documento propositivo, orientador e, tomara, também inspirador com o qual possa ajudar o Governo da Ordem no trabalho de animar a vida de todos irmãos. Os temas abordados são de tal magnitude (os migrantes e refugiados, a crise ambiental, ser promotores da paz em um mundo violento, os jovens, a identidade e missão franciscana …) que exigem ações corajosas e generosas a partir de uma reflexão profunda e um discernimento preciso.
Embora, durante a tarde, as reuniões do Conselho Moderador continuaram, a maior parte dos irmãos puderam dispor dela para conhecer os arredores da Casa de Encontros da Congregação das Irmãs Dimesse Filhas de Maria Imaculada, que acolhe os frades deste Conselho. Esta congregação feminina de carisma franciscano foi fundada por um frade, Frei Antônio Pagani, em 1579, na Itália.
Segundo Frei Alvaci, o objetivo principal do CPO é conhecer a realidade dos Frades Menores no mundo de hoje, como vivem e qual é a presença dos frades em cada continente. O encontro também dará as diretrizes de animação da Ordem para o triênio 2018-2021 e levantará as temáticas importantes para o próximo Capítulo Geral em 2021.
Os frades como mendicantes modernos
São Paulo (SP) – O Conselho Plenário da Ordem (CPO), que se reúne em Nairóbi, no Quênia, desde o dia 12/06, chega a sua última semana. Nesta segunda-feira, 25/06, os 63 frades presentes no CPO dedicaram o dia para a revisão do texto final, que será enviado às Conferências. Após o CPO, o Definitório Geral publicará um documento oficial, com as diretrizes à Ordem dos Frades Menores. A segunda-feira também foi dedicada à avaliação do encontro.
Os frades como mendicantes modernos
Durante os últimos dias de CPO, o ecônomo geral da OFM, Frei John Puodziunas, falou aos membros do Conselho a respeito de uma economia saudável e o compromisso com os pobres.
Ele explicou que viver sem nada de próprio não significa ser indigente, mas ser consciente de que as pessoas possuem as coisas, sem deixar-se possuir por elas. Para isso, o coração deve estar entre as atitudes que definem as relações pessoais: com Deus, com os irmãos e com si mesmo. “Para Francisco, dar aos pobres significa restituir (Adm 6, 7, 21). O mais importante não é ter algo para dar. A solidariedade se expressa principalmente em estar com o outro, estar com os pobres”, disse Frei John.
O frade descreveu 8 princípios válidos não apenas para os frades, mas para todos aqueles a quem Deus deu recursos para partilhar:
A lógica da retribuição: uma vida enraizada na correta gestão dos bens, reconhecendo que todo o que temos e somos é um presente de Deus e somos simplesmente administradores, usuários temporais.
A transparência: o compromisso de ser francamente aberto e honesto sobre quem somos, o que e quanto temos.
A responsabilidade: a necessidade de informar com precisão e veracidade sobre como utilizamos os recursos que nos foram confiados como administradores.
A justiça: um valor impulsionado pela transparência e pela responsabilidade. A justiça não se refere a igualdade, onde todos são iguais, mas a justiça consiste em dar e receber segundo os próprios dons e as necessidades individuais.
A simplicidade: a capacidade de viver de acordo com nossas necessidades, saber o que é suficiente, evitar a tendência humana de acumular, sejam elas coisas, edifícios, propriedades, dinheiro, fundos.
As relações: o núcleo do que somos e, por isso, algo fundamental em todos estes valores. A consciência de que não estamos sozinhos, de que estamos neste projeto de vida juntos.
O trabalho: trabalhemos sem evitar o trabalho manual, trabalhamos com nossas mãos.
O sacrifício: estar disposto a renunciar a tudo o que temos e tudo o que somos para o bem do próximo.
Inserção na realidade local
Durante o fim de semana, os frades que participam do CPO aproveitaram para visitar a terceira maior favela do mundo, a comunidade de Kibera, em Nairóbi, onde vivem cerca de 2,5 milhões de moradores. Os frades visitaram a fraternidade dos Missionários da Consolata, que atuam no local.
No domingo, os frades visitaram o Parque Nacional de Nairóbi. Frei Alvaci Mendes da Luz destacou a proximidade do local com a cidade, já que o parque fica 7km de distância da capital e, com o avanço da cidade, o local ficou bem próximo ao centro urbano.
Os frades encerraram o último fim de semana do CPO com a celebração eucarística.
“A África é o futuro da Ordem”, afirma Frei Giannone
São Paulo (SP) – A afirmação veio de Frei Carmelo Giannone, Ministro Provincial da Província São Francisco da África do Leste, Madagascar e Ilhas Maurício, durante sua fala de boas-vindas aos frades reunidos para o Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores (CPO), que começou nesta terça-feira, 12/06, na capital do Quênia, Nairóbi.
A segunda-feira, 11, foi dedicada para a chegada e acolhida dos participantes. O Plenário acontece na casa de encontro das Irmãs Dimesse Filhas de Maria Imaculada, uma congregação feminina de carisma franciscano, fundada por um frade, Frei Antônio Pagani, em 1579, na Itália.
No total, participam 63 frades. Destes, 44 são Conselheiros, eleitos pelas Conferências de todo o mundo. Os outros 19 frades estão trabalhando nos diversos serviços ou foram convidados pelo Governo Geral. Participam do CPO o Ministro Geral da Ordem, Frei Michael Perry, o Definitório Geral, os Conselheiros e Delegados. Frei Alvaci Mendes da Luz, pároco do Santuário São Francisco, em São Paulo (SP), é o único participante da Província Franciscana da Imaculada Conceição, representando a Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB), juntamente a Frei Wellington Jean, da Província Santo Antônio. Frei Fabiano Satler, da Província Santa Cruz, participa como convidado do Governo Geral.
A abertura do CPO aconteceu num clima bem africano, com uma apresentação cultural. Homens com tambores e roupas típicas cantaram e dançaram, representando a cultura do Burundi, país da África Oriental. Reunidos no jardim da casa de encontros, os participantes assistiram a apresentação e fizeram um momento de oração comunitária.
Em seguida, Frei Michael Perry fez a abertura oficial do encontro. Nas boas-vindas, foi lida uma carta do Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, enviada à Ordem dos Frades Menores, pedindo que os frades continuem a ser um sinal de esperança no mundo.
Em sua fala de abertura, Frei Michael Perry afirmou que o versículo escolhido como tema do encontro, “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz” (cf. Ap 2,7), norteou toda a preparação do CPO. “Permitimos que o texto bíblico moldasse nosso pensamento, nossa oração e nosso planejamento. Esperamos que estas palavras também sirvam de inspiração para cada um de vocês, os membros do Conselho Plenário, promovendo um espírito de escuta mútua, discernimento e vontade de realizar novos sonhos, para que assim possam inspirar uns aos outros e a todos os membros da Ordem”, sinalizou.
Ele contextualizou a passagem bíblica, afirmando que os seguidores de Jesus passavam por um período difícil, de confusão e sofrimento humano e espiritual. “O autor reconhecia que todo o peso da perseguição romana, a fatiga espiritual e psicológica, a distração, o atrativo de estilos de vida alternativos e diferentes concepções religiosas estavam distraindo os discípulos de sua alegria e desejo de seguir incondicionalmente seu compromisso batismal”, explicou o Ministro Geral.
Ele contou que alguns frades sentem o mesmo que os discípulos da passagem do livro do Apocalipse, sem a energia, paixão e alegria do seu primeiro amor, que consiste, segundo o Ministro Geral, em três temas centrais: amor por Jesus Cristo, pelos irmãos de Fraternidade e pela Igreja.
Para concluir, ele afirmou que o CPO deve provocar uma “crise” necessária, para abrir os corações e as mentes de todos os Frades Menores à ação do Espírito Santo, “nosso verdadeiro Ministro Geral”, afirmou, recordando as palavras de São Francisco.
Em seguida, Frei Carmelo Giannone, Ministro Provincial da Província São Francisco da África do Leste, Madagascar e Ilhas Maurício, falou aos participantes. Ele agradeceu a escolha do continente africano para sediar o CPO pela primeira vez. O frade fez um apanhado da história dos franciscanos na África, que teve início em 1983, com o pedido do Ministro Geral na época, Frei John Vaughn, na carta “África nos chama”.
O que começou com 31 frades, vindos de 21 Entidades da Ordem, é hoje a Província São Francisco, presente em 9 países: Burundi, Quênia, Malawi, Ruanda, Tanzânia, Uganda, Zâmbia, Madagascar e Ilhas Maurício. O Ministro Provincial apresentou os números de frades: 96 professos solenes, 77 professos temporários e 18 noviços, somando 191 frades. Para o ano que vem, é esperado que este número aumente para 242 frades.
“Se compararmos estas estatísticas e a de outras Entidades franciscanas na África com as de toda a Ordem, creio que posso dizer que a África é o futuro de nossa Ordem. O que nos permite ser fiéis ao Evangelho certamente não é a juventude, nem o número de frades, mas a qualidade de vida fundada na comunhão fraterna, na oração e no desejo de caminhar juntos como irmãos e menores. Vindos de diferentes países do mundo, formamos fraternidades interculturais, que tentam ser testemunhas de como é possível viver juntos, apesar de nossas diferenças”, afirmou Frei Carmelo.
Na parte da noite, os frades celebraram a Eucaristia, presidida pelo Ministro Geral na Paróquia São João Paulo II.
Frei Alvaci visita missão no Sudão do Sul
São Paulo (SP) – Antes de viajar para o Quênia, onde participa do Conselho Plenário da Ordem (CPO), Frei Alvaci Mendes da Luz, que é reitor do Santuário São Francisco, em São Paulo (SP), aproveitou sua primeira visita ao continente africano para visitar a missão dos Frades Menores no Sudão do Sul, país que tornou-se independente do Sudão em 2011 e desde 2013 vive uma guerra civil, num conflito interno entre duas etnias: dinka e nuer.
Os frades que vivem no país administram a Paróquia Santíssima Trindade, na capital, Juba. A paróquia possui 6 comunidades, algumas a 4 horas de distância da capital. Na fraternidade vivem 5 frades, o guardião, Frei Frederico Gandolfi, da Itália, 2 frades da Polônia, 1 frade de Irlanda e o brasileiro Frei Leonardo Pinto dos Santos, de 35 anos, que pertence à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.
Junto ao Ministro Geral, Frei Michael Perry e outros dois frades, Frei Alvaci conheceu um pouco da realidade do país, que definiu como “pesada demais”, por conta do conflito, da fome e da guerra. Ele relata que sequer na capital há luz elétrica, asfalto, água encanada ou tratamento de esgoto. “Pela capital dá pra ter ideia de como vive o país. A capital tem o básico, algum comércio, mas pouca coisa. Não existe perspectiva de futuro. Se vive para o hoje, se vive para conseguir a comida para aquele dia. No entanto, a população segue sua vida com o mínimo necessário. Há orfanatos, pessoas pedindo o mínimo, muita miséria, miséria absoluta”, descreve o frade.
Frei Alvaci relata que, desde a 2ª Guerra Mundial, o Sudão vive um clima de instabilidade, por diversos fatores. Em 2011, um referendo foi feito e 99% da população aprovou a divisão do país em relação ao Sudão. É um país de maioria cristã, que se divide entre anglicanos e católicos. A maioria da população é anglicana, seguida dos muçulmanos. Os católicos ocupam o terceiro lugar.
Por causa da guerra civil, mais de 1 milhão e 700 mil pessoas estão refugiadas. Segundo a Agência da ONU para os Refugiados (Acnur), o Sudão do Sul protagoniza a maior crise de refugiados do continente africano e a terceira maior do mundo, perdendo apenas para a Síria e o Afeganistão. Em Juba está localizado um dos maiores campos de refugiados do mundo, que acolhe 900 mil refugiados do próprio país. A etnia dinka, que está no poder e corresponde a 15% da população, persegue a etnia nuer, que corresponde a 10%, e acaba fugindo do país ou se refugiando. Centenas de crimes contra os Direitos Humanos foram relatados no Sudão do Sul, por parte das duas etnias. Mulheres mortas e estupradas, castrações, mortes violentas e assassinatos de crianças.
Apesar da situação, Frei Alvaci conta que a paróquia mantida pelos frades tem uma vida pastoral muito intensa, com 2 corais, grupo de coroinhas, catequese, Conselho Pastoral, além de reforço escolar, oficina de agricultura, entre outros. “Não tem como fazer esta experiência de vir à África e de estar em um país em guerra sem ficar comovido, sem ficar sensibilizado. Pra mim é a primeira experiência na África, eu sei que há muitos países neste continente com situações extremamente contrastantes, como por exemplo a África do Sul, mas outros tantos, principalmente nesta região, Somália, Etiópia, Quênia, vivem uma série de conflitos, são países muito pobres”, relata.
O frade afirma que, vendo a realidade do Sudão do Sul, é possível ter um olhar diferente do que se vive no Brasil, por exemplo. Apesar da falta da esperança, da desigualdade social, da pobreza e do clima de instabilidade política, os brasileiros têm recursos materiais e naturais e um Governo a quem recorrer. “Aqui não há a quem reclamar”, compara.
“A realidade do Sudão me impressionou muito. Pra quem vem à África pela primeira vez e passa por esta experiência, é chocante”, relata.
O carioca Frei Leonardo Pinto dos Santos, de 35 anos, é um dos frades que compõem a fraternidade da missão no país.
Experiência compartilhada nas redes sociais
Em seu perfil no Facebook, Frei Alvaci compartilhou uma das experiências em Juba:
Fomos convidados a visitar o orfanato Santa Clara, mantido pelos frades há dois anos, depois de uma série de ataques às crianças que vivem pelas ruas de Juba. É importante saber que aqui as crianças podem ser abandonadas quando a mãe é escolhida por outro homem, que dependendo da situação financeira, pode ter duas ou mais mulheres. Mulheres e crianças não “valem nada”, não somam, não contam. A sensação ao entrar num lugar desses é de impotência, pequenez, fragilidade… Confesso que me deu vontade de chorar várias vezes.
O mundo esquece da África, deste povo, destas dores. Sei que em nosso país temos muitas dificuldades tão grandes quanto estas, não cabe a mim comparar sofrimentos porque eles são únicos e pessoais. Mas o que se vê aqui é fome, esquecimento, miséria.
No meio da visita, nos trazem uma garrafinha de água mineral, o máximo a se oferecer aos visitantes. Deu vontade de oferecer para aquelas crianças, mas seria uma desfeita de minha parte.
No canto da sala, uma TV espera o dia em que a casa tenha energia elétrica para que eles possam assistir ao jogo de futebol ou jogar vídeo-game, me diz o pequeno Angelo, que fala um inglês perfeito e que no meio da conversa me conta toda a história de São José, terceiro nome que ele carrega!
As palavras não traduzem a realidade. Ficam as perguntas: Por que tamanha desigualdade e tanto sofrimento? O que fazer para mudar? Como ser semente na terra, como ser sal que dá sabor?
O urso foi um presente deixado na visita. Um pouco de alegria, talvez!