Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, ou simplesmente Frei Galvão, foi canonizado no dia 11 de maio de 2007, pelo Papa Bento XVI, em uma grande celebração no Campo de Marte, em São Paulo. Liturgicamente, Santo Antônio de Sant’Ana Galvão é celebrado em 25 de outubro, a data da sua beatificação pelo saudoso Papa João Paulo II. Frei Galvão morreu em 23 de dezembro de 1822 e está sepultado no Mosteiro da Luz, em São Paulo. Contudo, este santo brasileiro, que era frade desta Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, viveu 60 anos no Convento São Francisco, no Largo São Francisco, em São Paulo.
Na homilia de sua canonização, o Papa Bento XVI disse: “Significativo é o exemplo do Frei Galvão pela sua disponibilidade para servir o povo sempre quando era solicitado. Conselheiro de fama, pacificador das almas e das famílias, dispensador da caridade especialmente dos pobres e dos enfermos. Muito procurado para as confissões, pois era zeloso, sábio e prudente. Uma característica de quem ama de verdade é não querer que o Amado seja ofendido, por isso a conversão dos pecadores era a grande paixão do nosso Santo. A Irmã Helena Maria, que foi a primeira ‘recolhida’ destinada a dar início ao ‘Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição’, testemunhou aquilo que Frei Galvão disse: “Rezai para que Deus Nosso Senhor levante os pecadores com o seu potente braço do abismo miserável das culpas em que se encontram”. Possa essa delicada advertência servir-nos de estímulo para reconhecer na misericórdia divina o caminho para a reconciliação com Deus e com o próximo e para a paz das nossas consciências”.
Neste Especial, conheça mais este primeiro santo brasileiro.
Oração
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
“Deus, nosso Pai, que por Vosso amor imenso nos deste Frei Galvão e, por meio dele, realizastes obras admiráveis, nós Vos agradecemos por tão grande presente.
Obrigado, Senhor, pela sua vida, pela sua obra grandiosa, por lembrar-se de nós por meio de Vosso servo e nosso irmão Frei Galvão.
Que nossa vida seja palavra e sinal do Vosso Reino.
Ajuda-nos a crescer em sabedoria, idade e graça, a crescer, cada vez mais, na vivência concreta e histórica do amor fraterno, partilhando o que somos e o que temos, de modo especial com os mais necessitados.
Fazei-nos instrumentos de vosso amor: onde houver pobres, marginalizados e necessitados, que levemos, como Frei Galvão, o pão da presença amiga e solidária, que se traduz em gestos concretos de solidariedade e promoção à vida.
Senhor, dai-nos acolher, com o coração alegre, todos os irmãos que passam pela nossa vida, buscando paz, alegria, palavra de conforto e presença amiga.
Despertai-nos para o amor e para a devoção a Vossa Mãe Santíssima, ajudai-nos a venerá-la sempre como Imaculada a proclamá-la santa com nossa palavra, e principalmente com a nossa vida.
Fazei que sejamos sempre seus filhos, e que a ela recorramos sempre, agora e na hora da nossa morte.
Senhor, que derramastes Vosso Espírito Santo em Frei Galvão, e por meio dele operastes maravilhas, derramai sobre nós Vosso Espírito, reacendendo em nós o fogo do amor, do ardor missionário.
Aumentai nossa fé!
Fazei que nos coloquemos diante de Vós como Vossos fiéis servidores, obedientes à Vossa Palavra.
Peço-Vos, por tudo que fez e sofreu o Vosso servo Frei Antônio de Sant’Anna Galvão, que aumenteis em mim a fé, a esperança e a caridade, e Vos digneis conceder-me a graça que ardentemente almejo.
Amém.”
Cronologia da vida de Frei Galvão
1739 – Nasce em Guaratinguetá Antônio Galvão de França – o futuro Santo Antônio Santana Galvão. 1752 – Ingressa no Seminário de Belém da Cachoeira, mantido pelos Jesuítas na Bahia, com 13 anos. 1755 – Morre a Mãe, Dona Isabel Leite de Barros. 1757 – O jovem seminarista regressa a Guaratinguetá, permanecendo 2 anos com família. 1760 (15 de abril) – Orientado pelos franciscanos do Convento Santa Clara de Taubaté, ingressa na Ordem de São Francisco, recebe o hábito franciscano e inicia o período de Noviciado, no Convento de São Boaventura de Macacu, Porto das Caixas (Itaboraí), Capitania do Rio de Janeiro. 1761 (16 de abril) – Professa solenemente na Ordem franciscana e jura dar a vida, se necessário for, para defender o privilégio da Imaculada Conceição de Maria Santíssima. 1762 (11 de julho) – É ordenado Sacerdote no Rio de Janeiro e celebra sua 1ª Missa Solene em Guaratinguetá. 1762 (24 de julho) – Transferido para o Convento São Francisco, em São Paulo, continua seus estudos de Filosofia e Teologia. 1766 (9 de novembro) – Com 27 anos de idade, consagra-se como filho e perpétuo escravo de Nossa Senhora, assinando com o próprio sangue o documento consagração. 1768 (23 de julho) – Concluídos os estudos de Filosofia e Teologia, é nomeado Confessor, Pregador e Porteiro do Convento São Francisco. 1769 ou 1770 – É nomeado Confessor do Recolhimento de Santa Teresa, onde conhece a irmã Helena Maria do Espírito Santo. 1770 (30 de junho) – Falece o Capitão-mor Antônio Galvão de França, pai de Frei Galvão. 1770 (25 de agosto) – Participa da fundação, da solene sessão da “Academia dos Felizes”, primeira Academia de Letras de São Paulo. 1774 (2 de fevereiro) – Funda, com Madre Helena Maria do Espírito Santo, o Recolhimento da Luz, protegido pelo Governador da Capitania, Dom Luís Antônio de Sousa Botelho e Mourão, o Morgado de Mateus. 1775 (23 de setembro) – Morre Madre Helena do Espírito Santo. 1775 (29 de junho) – O Governador Martim Lopes decreta o fechamento de Recolhimento da Luz. 1775 (agosto) – O Recolhimento é reaberto. 1776 (9 de agosto) – Frei Galvão é nomeado Comissário da Ordem Terceira de São Francisco de Assis (atual Ordem Franciscana Secular). 1777 – É nomeado visitador do Convento São Luiz de Tolosa de Itu. 1779 – É novamente designado Comissário da Ordem Terceira, mas somente exerce o primeiro ano desse mandato. 1780 – É condenado ao desterro no Rio de Janeiro, pelo injusto e arbitrário Governador Martim Lopes, que, pressionado pela população, revoga o decreto de exílio. Frei Galvão retorna a São Paulo em triunfo. 1781 (6 de outubro) – É nomeado Mestre de Noviços e Presidente no Convento de São Boa¬ventura de Macacu, mas o Bispo de São Paulo e a Câmara conseguem impedir que ele se afaste da cidade . 1788 (25 de março) – As religiosas da Luz, até então instaladas em construções provisórias, transferem-se para o novo e amplo edifício, projetado e construído por Frei Galvão, que dá às religiosas os Estatutos por ele elaborados. 1796 – Recebe o privilégio de uma Presidência e uma Guardiania. 1792 – É mais uma vez nomeado Comissário da Ordem Terceira de São Francisco. Ao que parece, não chegou a assumir a funçâo. 1798 (24 de março) – É eleito Guardião (superior) do Convento de São Francisco, na capital paulista. O Bispo e a Câmara Municipal, receosos de que as novas funções o impeçam de prosseguir suas atividades no Recolhimento da Luz, intercedem para que ele seja dispensado da nomeação. Mas os superiores o mantém como Guardião e Capelão da Luz. 1801 – É reeleito Guardião de seu Convento. 1802 (9 de abril) – Recebe o privilégio de definidor (Conselheiro do Pe. Provincial, sem precisar ausentar-se de São Paulo). 1802 (15 de agosto) – Depois de 28 anos de esforços de Frei Galvão, é inaugurado e abençoado o Recolhimento da Luz. 1804 – É nomeado Visitador do Convento franciscano de Taubaté e de Itu. 1807 – Nomeado Visitador Geral e Presidente do Capítulo provincial de sua Ordem, mas renuncia a esses cargos por motivos de saúde. 1808 – Recebe a nomeação para Visitador dos Conventos do Sul pelo provincial Frei Antônio de Santa Úrsula Rodoalho. Vai em Missão a Piraí do Sul, onde deixa de presente uma estampa de Maria Santíssima (Da devoção desta estampa, nasce o Santuário das Brotas). Mas depois renuncia ao cargo. 1811 (25 de agosto) – Funda em Sorocaba o Recolhimento de Santa Clara. 1812 – Depois de 11 meses em Sorocaba, retorna a São Paulo. 1819 (por volta de) – Por graves problemas de saúde, passa a residir na Luz, com autorização do Bispo e de seus superiores franciscanos. 1822 (23 de dezembro) – Morre aos 83 anos de idade e é sepultado no presbitério da Igreja do Mosteiro da Luz. 1922 – Solene comemoração do centenário de sua morte em São Paulo. 1928 – 1ª biografia escrita por madre Oliva Maria de Jesus. 1938 (5 de junho) – Início do 1º processo de beatificação de Frei Galvão (Frei Adalberto Ortmann,OFM) nomeado por Dom Duarte Leopoldo e Silva. 1949 – 2º processo: Dom Carlos Vasconcelos Mota constitui um Tribunal eclesiástico para a causa da beatificação. Postulador Frei Dagoberto Romag. 1969 (23 de dezembro) – 3º processo: Dom Agnelo Rossi reabre o processo. 1980 (23 de novembro) – 4º processo: Dom Paulo Evaristo Arns retoma com firme decisão o andamento do processo, que só dá largos passos quando assume a causa a irmã Célia Cadorim em 1990. 1991 (5 de fevereiro) – Solene exumação dos restos mortais de Frei Galvão. 1996 – Frei Galvão é declarado “venerável”. 1997 (8 de abril) – É aprovada a beatificação. 1998 (25 de outubro) – Solene Beatificação de Frei Galvão, na Praça de São Pedro, em Roma, pelo Papa João Paulo II. 2007 (11 de maio) – Canonização de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão no Campo de Marte em São Paulo pelo Papa Bento XVI.
O Bandeirante de Cristo – Biografia
Ir. Célia B. Cadorin, C.I.I.C
Frei Antônio de Sant’Anna Galvão nasceu em 1739, em Guaratinguetá, Estado de São Paulo, Brasil; cidade que na época pertencia à Diocese do Rio de Janeiro.
Com a criação da Diocese de São Paulo, em 1745, Frei Galvão viveu praticamente nesta diocese: 1762-1822. O seu ambiente familiar era profundamente religioso. O pai, Antônio Galvão de França, Capitão-Mor, pertencia às Ordens Terceiras de São Francisco e do Carmo, dedicava-se ao comércio e era conhecido pela sua particular generosidade. A mãe, Izabel Leite de Barros, teve o privilégio de ter onze filhos e morreu com apenas 38 anos com fama de grande caridade, a tal ponto que depois da morte não se encontrou nenhum vestido: tudo fora dado aos pobres.
Antônio viveu com seus irmãos numa casa grande e rica, pois seus pais gozavam de prestígio social e influência política. O pai, querendo dar uma formação humana e cultural segundo suas possibilidades econômicas, mandou o Servo de Deus com 13 anos para Belém (Bahia) a fim de estudar no Seminário dos Padres Jesuítas, onde já se encontrava seu irmão José.
Ficou neste Colégio de 1752 a 1756 com notáveis progressos no estudo e na prática da vida cristã. Teria entrado na Companhia de Jesus, mas o pai, preocupado com o clima antijesuítico provocado pela atuação do Marquês de Pombal, aconselhou Antônio a entrar na Ordem dos Frades Menores Descalços da reforma de São Pedro de Alcântara.
Estes tinham um Convento em Taubaté, não muito longe de Guaratinguetá. Aos 21 anos, no dia 15 de abril de 1760, Antônio ingressou no noviciado do Convento de São Boaventura, na Vila de Macacu, no Rio de Janeiro.
Durante este período distinguiu-se pela piedade e pelas práticas das virtudes, tanto que no “Livro dos Religiosos Brasileiros” encontramos grande elogio a seu respeito.
Aos 16 de abril de 1761 fez a profissão solene e o juramento, segundo o uso dos Franciscanos, de se empenhar na defesa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, doutrina ainda controvertida, mas aceita e defendida pela Ordem Franciscana.
Um ano depois da profissão religiosa, Frei Antônio foi admitido à ordenação sacerdotal aos 11 de julho de 1762. Os Superiores permitiram a sagrada ordenação porque julgaram suficientes os estudos teológicos feitos anteriormente.
Este privilégio foi também um sinal evidente da confiança que os Superiores nutriam pelo jovem clérigo. Depois de ordenado foi mandado para o Convento de São Francisco em São Paulo, com a finalidade de aperfeiçoar os estudos de filosofia e teologia, como também exercitar-se no apostolado.
Sua maturidade espiritual franciscano-mariana teve expressão máxima na “entrega a Maria” como o seu “filho e escravo perpétuo”, entrega assinada com o próprio sangue aos 9 de novembro de 1766.
Terminados os estudos, em 1768, foi nomeado Pregador, Confessor dos leigos e Porteiro do convento cargo este considerado importante, porque pela comunicação com as pessoas permitia fazer um grande apostolado, ouvindo e aconselhando a todos.
Foi confessor estimado e procurado, e quando era chamado ia sempre a pé, mesmo aos lugares distantes. Em 1769-70 foi designado Confessor de um Recolhimento de piedosas mulheres, as “Recolhidas de Santa Teresa” em São Paulo.
Neste Recolhimento encontrou a Irmã Helena Maria do Espírito Santo, religiosa de profunda oração e grande penitência, observante da vida comum, que afirmava ter visões pelas quais Jesus lhe pedia para fundar um novo Recolhimento.
Frei Galvão, como confessor, ouviu e estudou tais mensagens e solicitou o parecer de pessoas sábias e esclarecidas, que reconheceram tais visões como válidas. A data oficial da fundação do novo Recolhimento é 2 de fevereiro de 1774.
Irmã Helena queria modelar o Recolhimento segundo a ordem carmelitana, mas o Bispo de São Paulo, franciscano e intrépido defensor da Imaculada, quis que fosse segundo as Concepcionistas, aprovadas pelo Papa Júlio II em 1511.
A fundação passou a se chamar “Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência” e Frei Galvão, o fundador de uma instituição que continua até os nossos dias.
O Recolhimento, no início, era uma Casa que acolhia jovens para viver como religiosas sem o compromisso dos votos. Foi um expediente do momento histórico para subtrair do veto do Marquês de Pombal que não permitia novas fundações e consagrações religiosas. Para toda decisão de certa importância, em âmbito religioso, era necessário o “placet regio”.
Aos 23 de fevereiro de 1775 morreu, quase improvisadamente, Irmã Helena. Frei Galvão encontrou-se como único sustentáculo das Recolhidas, missão que exerceu com humildade e grande prudência. Entrementes, o novo Capitão-General de São Paulo, homem inflexível e duro (ao contrário do seu predecessor), retirou a permissão e ordenou o fechamento do Recolhimento.
Frei Galvão aceitou com fé e também as Recolhidas obedeceram; mas não deixaram a casa, resistindo até os extremos das forças físicas. Depois de um mês, graças à pressão do povo e do Bispo, o Recolhimento foi reaberto.
Devido ao grande número de vocações, o Servo de Deus se viu obrigado a aumentar o Recolhimento. Para tanto contribuíram as famílias das Recolhidas, muitas das quais, sendo ricas, podiam dispor dos escravos da família como mão-de-obra.
Durante catorze anos (1774-1788) Frei Galvão cuidou da construção do Recolhimento. Outros catorze anos (1788-1802) dedicou à construção da igreja, inaugurada aos 15 de agosto de 1802. A obra, “materialização do gênio e da santidade de Frei Galvão”, em 1988, tornou-se “patrimônio cultural da humanidade” por decisão da Unesco.
Frei Galvão, além da construção e dos encargos especiais dentro e fora da Ordem Franciscana, deu muita atenção e o melhor das suas forças à formação das Recolhidas. Para elas, escreveu um regulamento ou Estatuto, excelente guia de vida interior e de disciplina religiosa.
O Estatuto é o principal escrito, o que melhor manifesta a personalidade do Servo de Deus. O Bispo de São Paulo acrescentou ao Estatuto a permissão para as Recolhidas emitirem os votos enquanto permanecessem na Casa religiosa.
Em 1929, o Recolhimento tornou-se Mosteiro, incorporado à Ordem da Imaculada Conceição (Concepcionistas). A vida discorria serena e rica de espiritualidade quando sobreveio um episódio doloroso: Frei Galvão foi mandado para o exílio pelo Capitão-General de São Paulo.
Este homem violento, para defender o filho que sofrera uma pequena ofensa, condenou à morte um soldado (Gaetaninho). Como Frei Galvão assumiu a defesa do soldado, foi afastado e obrigado a seguir para o Rio de Janeiro.
A população, porém, se levantou contra a injustiça de tal ordem, que imediatamente foi revogada. Em 1781, o Servo de Deus foi nomeado Mestre do noviciado de Macacu, Rio de Janeiro, pelos qualidades pessoais, profunda vida espiritual e grande zelo apostólico.
O Bispo, porém, que o queria em São Paulo, não lhe fez chegar a carta do Superior Provincial “para não privar seu bispado de tão virtuoso religioso […] que, desde que entrou na religião até o presente dia, tem tido um procedimento exemplaríssimo pela qual razão o aclamam santo”.
Frei Galvão foi nomeado Guardião do Convento de São Francisco, em São Paulo, em 1798, e reeleito em 1801. A nomeação de Guardião provocou desorientação nas Recolhidas da Luz. Á preocupação das religiosas é necessário acrescentar aquela do “Senado da Câmara de São Paulo” e do Bispo da cidade, que escreveram ao Provincial: “todos os moradores desta Cidade não poderão suportar um só momento a ausência do dito religioso. […] este homem tão necessário às religiosas da Luz, é preciosíssimo a toda esta Cidade e Vilas da Capitania de São Paulo; é homem religiosíssimo e de prudente conselho; todos acodem a pedir-lho; é o homem da paz e da caridade”.
Graças a estas cartas, Frei Galvão tornou-se Guardião sem deixar a direção espiritual das Recolhidas e povo de São Paulo. Em 1802, Frei Galvão recebeu o privilégio de Definidor pela solicitação do Provincial ao Núncio Apostólico de Portugal, porque “é um religioso que por seus costumes e por sua exemplaríssima vida serve de honra e de consolação a todos os seus Irmãos, e todo o Povo daquela Capitania de São Paulo, Senado da Câmara e o mesmo Bispo Diocesano o respeitam corpo um varão santo”.
Em 1808, pela estima que gozava dentro de sua Ordem, foi-lhe confiado o cargo de Visitador-Geral e Presidente do Capítulo, mas devido ao seu estado de saúde foi obrigado a renunciar, embora desejasse obedecer prontamente.
Em 1811, a pedido do Bispo de São Paulo, fundou o Recolhimento de Santa Clara em Sorocaba, no Estado de São Paulo. Ai permaneceu onze meses para organizar a comunidade e dirigir os trabalhos iniciais da construção da Casa. Voltou para São Paulo e ali viveu mais 10 anos.
Quando as suas forças eram insuficientes para o ir-e-vir diário do Convento de São Francisco ao Recolhimento, obteve dos Superiores (Bispo e Guardião) a autorização para ficar no Recolhimento da Luz.
Durante a última doença, Frei Antônio passou a morar num “quartinho” (espécie de corredor) atrás do Tabernáculo, no fundo da igreja, graças à insistência das religiosas, que desejavam prestar-lhe algum alivio e conforto.
Terminou sua vida terrena aos 23 de dezembro de 1822, pelas 10 horas da manhã, confortado pelos sacramentos e assistido pelo Padre Guardião, dois confrades e dois sacerdotes diocesanos.
Frei Galvão, a pedido das religiosas e do povo, foi sepultado na Igreja do Recolhimento, que ele mesmo construíra. O seu túmulo sempre foi, e continua sendo até os nossos dias, lugar de peregrinação constante dos fiéis, que pedem e agradecem graças por intercessão do “homem da paz e da caridade” e fundador do Recolhimento de Nossa Senhora da Luz, cujo carisma é a “laus perennis”, ou seja, adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento, vivida em grande pobreza e continua penitência com alegre simplicidade.
Escreveu Lúcio Cristiano em 1954: “Entre os heróis que plasmaram o destino de São Paulo, merece lugar de destaque a inconfundível figura de Frei Antônio de Sant’Anna Galvão, o apóstolo de São Paulo entre os séculos XVIll e XIX”, cuja lembrança continua viva no coração do povo paulista.
O Processo de Beatificação e Canonização iniciado em 1938 foi reaberto solenemente em 1986 e concluído em 1991. Aos 8 de abril de 1997 foi promulgado pelo Papa João Paulo II o Decreto das Virtudes Heroicas e aos 6 de abril de 1998, o Decreto sobre o Milagre. Frei Galvão foi declarado bem-aventurado no dia 25 de outubro de 1998.
Homilia do Papa Bento XVI na Canonização de Frei Galvão
“Bendirei continuamente ao Senhor, seu louvor não deixará meus lábios” (Sl 33,2)
Alegremo-nos no Senhor, neste dia em que contemplamos outra das maravilhas de Deus que, por sua admirável providência, nos permite saborear um vestígio da sua presença, neste ato de entrega de Amor representado no Santo Sacrifício do Altar. Sim, não deixemos de louvar ao nosso Deus. Louvemos todos nós, povos do Brasil e da América, cantemos ao Senhor as suas maravilhas, porque fez em nós grandes coisas. Hoje, a Divina sabedoria permite que nos encontremos ao redor do seu altar em ato de louvor e de agradecimento por nos ter concedido a graça da Canonização do Frei Antônio de Sant’Anna Galvão.
Nesta solene celebração eucarística foi proclamado o Evangelho no qual Cristo, em atitude de grande enlevo, proclama: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos” (Mt 11,25). Por isso, sinto-me feliz porque a elevação do Frei Galvão aos altares ficará para sempre emoldurada na liturgia que hoje a Igreja nos oferece. Saúdo com afeto a toda a comunidade franciscana e, de modo especial, as monjas concepcionistas que, do Mosteiro da Luz, da Capital paulista, irradiam a espiritualidade e o carisma do primeiro brasileiro elevado à glória dos altares.
Demos graças a Deus pelos contínuos benefícios alcançados pelo poderoso influxo evangelizador que o Espírito Santo imprimiu em tantas almas através do Frei Galvão. O carisma franciscano, evangelicamente vivido, produziu frutos significativos através do seu testemunho de fervoroso adorador da Eucaristia, de prudente e sábio orientador das almas que o procuravam e de grande devoto da Imaculada Conceição de Maria, de quem ele se considerava “filho e perpétuo escravo”.
Deus vem ao nosso encontro, “procura conquistar- nos até à Última Ceia, até ao Coração trespassado na cruz, até as aparições e as grandes obras pelas quais Ele, através da ação dos Apóstolos, guiou o caminho da Igreja nascente” (Carta encl. Deus caritas est, 17). Ele se revela através da sua Palavra, nos Sacramentos, especialmente da Eucaristia. Por isso, a vida da Igreja é essencialmente eucarística. O Senhor, na sua amorosa providência deixou-nos um sinal visível da sua presença.
Quando contemplarmos na Santa Missa o Senhor, levantado no alto pelo sacerdote, depois da Consagração do pão e do vinho, ou o adorarmos com devoção exposto no Ostensório, renovemos com profunda humildade nossa fé, como fazia Frei Galvão em “laus perennis”, em atitude constante de adoração.
Na Sagrada Eucaristia está contido todo o bem espiritual da Igreja, ou seja, o mesmo Cristo, nossa Páscoa, o Pão vivo que desceu do Céu vivificado pelo Espírito Santo e vivificante porque dá Vida aos homens. Esta misteriosa e inefável manifestação do amor de Deus pela humanidade ocupa um lugar privilegiado no coração dos cristãos. Eles devem poder conhecer a fé da Igreja, através dos seus ministros ordenados, pela exemplaridade com que estes cumprem os ritos prescritos que estão sempre a indicar na liturgia eucarística o cerne de toda obra de evangelização. Por sua vez, os fiéis devem procurar receber e reverenciar o Santíssimo Sacramento com piedade e devoção, querendo acolher ao Senhor Jesus com fé e sempre, quando necessário, sabendo recorrer ao Sacramento da reconciliação para purificar a alma de todo pecado grave.
Significativo é o exemplo do Frei Galvão pela sua disponibilidade para servir o povo sempre quando era solicitado. Conselheiro de fama, pacificador das almas e das famílias, dispensador da caridade especialmente dos pobres e dos enfermos. Muito procurado para as confissões, pois era zeloso, sábio e prudente. Uma característica de quem ama de verdade é não querer que o Amado seja ofendido, por isso a conversão dos pecadores era a grande paixão do nosso Santo. A Irmã Helena Maria, que foi a primeira “recolhida” destinada a dar início ao “Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição”, testemunhou aquilo que Frei Galvão disse: “Rezai para que Deus Nosso Senhor levante os pecadores com o seu potente braço do abismo miserável das culpas em que se encontram”. Possa essa delicada advertência servir-nos de estímulo para reconhecer na misericórdia divina o caminho para a reconciliação com Deus e com o próximo e para a paz das nossas consciências.
Unidos em comunhão suprema com o Senhor na Eucaristia e reconciliados com Deus e com o nosso próximo, seremos portadores daquela paz que o mundo não pode dar. Poderão os homens e as mulheres deste mundo encontrar a paz, se não se conscientizarem acerca da necessidade de se reconciliarem com Deus, com o próximo e consigo mesmos? De elevado significado foi, neste sentido, aquilo que a Câmara do Senado de São Paulo escreveu ao Ministro Provincial dos Franciscanos no final do século XVIII, definindo Frei Galvão como “homem de paz e de caridade”. Que nos pede o Senhor?: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amo”. Mas logo a seguir acrescenta: que “deis fruto e o vosso fruto permaneça” (cf. Jo 15,12.16) E que fruto nos pede Ele, senão que saibamos amar, inspirando-nos no exemplo do Santo de Guaratinguetá?
A fama da sua imensa caridade não tinha limites. Pessoas de toda a geografia nacional iam ver Frei Galvão que a todos acolhia paternalmente. Eram pobres, doentes no corpo e no espírito que lhe imploravam ajuda.
Jesus abre o seu coração e nos revela o fulcro de toda a sua mensagem redentora: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (ib.v. 13). Ele mesmo amou até entregar sua vida por nós sobre a Cruz. Também a ação da Igreja e dos cristãos na sociedade deve possuir esta mesma inspiração. As pastorais sociais, se forem orientadas para o bem dos pobres e dos enfermos, levam em si mesmas este sigilo divino. O Senhor conta conosco e nos chama amigos, pois só aos que se ama desta maneira se é capaz de dar a vida proporcionada por Jesus com sua graça.
Como sabemos a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano terá como tema básico: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida”. Como não ver então a necessidade de acudir com renovado ardor à chamada, a fim de responder generosamente aos desafios que a Igreja no Brasil e na América Latina está chamada a enfrentar?
“Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei”, diz o Senhor no Evangelho (Mt 11,28). Esta é a recomendação final que o Senhor nos dirige Como não ver aqui este sentimento paterno, e ao mesmo tempo materno, de Deus por todos os seus filhos? Maria, a Mãe de Deus e Mãe nossa, se encontra particularmente ligada a nós neste momento. Frei Galvão assumiu com voz profética a verdade da Imaculada Conceição. Ela, a Tota Pulchra, a Virgem Puríssima, que concebeu em seu seio o Redentor dos homens e foi preservada de toda mancha original, quer ser o sigilo definitivo do nosso encontro com Deus, nosso Salvador.
Não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora.
De fato, este nosso Santo entregou-se de modo irrevogável à Mãe de Jesus desde a sua juventude, querendo pertencer-lhe para sempre e escolhendo a Virgem Maria como Mãe e Protetora das suas filhas espirituais.
Queridos amigos e amigas, que belo exemplo a seguir deixou-nos Frei Galvão! Como soam atuais para nós, que vivemos numa época tão cheia de hedonismo, as palavras que aparecem na Cédula de consagração da sua castidade: “tirai-me antes a vida que ofender o vosso bendito Filho, meu Senhor”. São palavras fortes de uma alma apaixonada, que deveriam fazer parte da vida normal de cada cristão, seja ele consagrado ou não, e que despertam desejos de fidelidade a Deus dentro ou fora do matrimônio. O mundo precisa de vidas limpas, de almas claras, de inteligências simples que rejeitem ser consideradas criaturas objeto de prazer. É preciso dizer não àqueles meios de comunicação social que ridicularizam a santidade do matrimônio e a virgindade antes do casamento.
É neste momento que teremos em Nossa Senhora a melhor defesa contra os males que afligem a vida moderna; a devoção mariana é garantia certa de proteção maternal e de amparo na hora da tentação. Não será esta misteriosa presença da Virgem Puríssima, quando invocamos proteção e auxílio à Senhora Aparecida? Vamos depositar em suas mãos santíssimas a vida dos sacerdotes e leigos consagrados, dos seminaristas e de todos os vocacionados para a vida religiosa.
Agradeçamos a Deus Pai, a Deus Filho, a Deus Espírito Santo, dos quais nos vêm, por intercessão da Virgem Maria, todas as bênçãos do céu; este dom que, juntamente com a fé, é a maior graça que o Senhor pode conceder a uma criatura: o firme anseio de alcançar a plenitude da caridade, na convicção de que não só é possível, mas também necessária a santidade, cada um no seu estado de vida, para revelar ao mundo o verdadeiro rosto de Cristo, nosso amigo! Amém!
Uma vida no Convento São Francisco (SP)
Desde que foi transferido para o Convento São Francisco de São Paulo, para fazer os estudos de Filosofia e Teologia, em 24 de junho de 1762, Frei Galvão não deixou mais a capital paulista. Até a sua morte, em 1822, ele viveu como frade do Convento. Mesmo residindo no Recolhimento da Luz, a partir de 1819, ele não deixou de ser frade com residência no Convento dos franciscanos. Para residir no recolhimento, teve autorização dos superiores franciscanos e do Bispo.
Portanto, durante 60 anos, Frei Galvão construiu uma história no Convento São Francisco.
O Convento São Francisco foi uma das grandes casas de formação para religiosos e candidatos ao clero secular. Os frades que lá moravam dedicavam-se a todos os tipos de trabalhos apostólicos, como também à pregação de missões populares pelo interior da Capitania.
Segundo o livro “História e Vida de Frei Galvão”, de Frei Paulo Back, durante esse tempo de estudos, em São Paulo, o jovem sacerdote Frei Antônio de Sant’Ana Galvão começou a chamar a atenção dos confrades franciscanos e dos fiéis, tanto pela sua piedade como pelas demonstração de qualidades excepcionais de seu caráter. Tornou-se, assim, uma pessoa muito querida.
Em 23 de julho de 1768, o Capítulo Provincial atribui a Frei Galvão as tarefas de pregador, confessor e porteiro do Convento São Francisco. Nos capítulos de 1770 e 1773, Frei Galvão foi mantido por seus superiores nessas tarefas e funções.
Mais tarde ele foi nomeado para ser confessor do Recolhimento de Santa Teresa, primeira casa religiosa de vida contemplativa em São Paulo.
Foi eleito guardião do Convento São Francisco em 1798 e reeleito em 1801. Enquanto construía o novo Recolhimento da Luz, foi nomeado Definidor e Visitador dos Conventos do Sul, funções mais altas na hierarquia da Província franciscana.
O santo que conheceu a colher de pedreiro
Os operários da construção civil brasileira, especialmente os pedreiros, podem se orgulhar porque agora têm um Padroeiro. O primeiro santo brasileiro gastou 28 anos de sua vida usando a colher de pedreiro, além de traçar no papel ou em alguma tábua a planta do Recolhimento (hoje, Mosteiro) e da Igreja da Luz, em São Paulo!
Frei António de Sant’Anna Galvão, além de franciscano, sacerdote e fundador, pode, ou melhor, deve ser apresentado também como construtor e invocado como padroeiro de quem ganha o pão trabalhando entre andaimes, erguendo paredes, construindo casas ou projetando prédios, como fazem os engenheiros, os pedreiros e os serventes de pedreiro.
A tela de Carlos Oswald imortalizou Frei Galvão exercendo a dura profissão de pedreiro, como os Evangelhos imortalizaram José e Jesus de Nazaré na profissão de carpinteiros.
Para Deus, o que conta é o trabalho feito com dignidade e com o objetivo de colaborar na transformação do mundo e no bem-estar das pessoas. Isto é a glória de Jesus! Isto é santidade na sua expressão humano-divina!
As mãos que na Santa Missa erguiam ao Pai o Corpo e Sangue de Jesus para pedir misericórdia, erguiam também o tijolo e a colher com argamassa para o bem-estar dos homens, filhos de Deus.
Os poderes de Frei Galvão
Frei Galvão conquistou fama de santo devido aos seus “poderes sobrenaturais” como andar sem pisar no chão, estar em dois locais ao mesmo tempo e prever acontecimentos. A seguir, algumas das histórias registradas no livro “Frei Galvão – sua terra e sua vida”, de Thereza Regina e Tom Maia.
OS FIÉIS E A CHUVA
Frei Galvão estava celebrando uma missa em frente à igreja de Santo Antônio quando, na hora do sermão, formou-se uma grande tempestade e os fiéis ameaçaram sair correndo. O frei pediu para que ficassem, pois nada aconteceria para eles. O temporal atingiu toda a cidade, menos o local onde eles estavam rezando.
O LENÇO
A família de um senhor de Taubaté, que estava doente e prestes a morrer, lembraram-no de que ele deveria fazer uma confissão. O homem disse que já havia se confessado com Frei Galvão, mas ninguém acreditou porque o frei não estava na cidade. Para provar que estava falando a verdade, ele tirou debaixo do travesseiro um lenço que o frei tinha esquecido ali na hora da confissão. Na época, os familiares acabaram acreditando porque o frei já tinha fama do poder de bilocação (estar em dois lugares ao mesmo tempo).
O FRANGO DO DIABO
Em Itu, um escravo ficou doente e fez promessa que, caso sarasse, levaria alguns frangos para Frei Galvão. Quando foi curado, o escravo amarrou os frangos em uma vara, mas no meio do caminho três deles fugiram. Dois foram capturados rapidamente e o terceiro, um carijó, fugiu velozmente. O escravo gritou “volta, frango do diabo” e a ave se enroscou em uma moita de espinhos e foi capturada. Quando ele foi dar o presente, o frei aceitou todos os frangos, menos o carijó, “porque este frango já o deste ao diabo”.
A Virgem milagrosa doada por Frei Galvão
Frei Clarêncio Neotti
Frei Galvão está estreitamente ligado ao povo do vale do Rio Piraí, no Estado do Paraná. Em 1808, Frei Antônio de Sant’Anna Galvão, já com 70 anos, fora nomeado visitador provincial dos conventos franciscanos do Sul.
Saindo de São Paulo, passou por Sorocaba e, continuando pela estrada dos tropeiros e boiadeiros, alcançou as margens do Piraí. Lá, encontrando algumas famílias, fez o que sempre fazia em suas viagens a pé. Estacionou para pregar.
Domiciliou-se em casa de Dona Ana Rosa Maria da Conceição e, por alguns dias, atendeu o povo. Na despedida, deixou com Dona Ana Rosa uma estampa de Nossa Senhora, animando-a a confiar na Mãe Imaculada, intercessora e capaz de todos os milagres.
Chegou a dizer-lhe que a estampa era milagrosa. A mulher colou a estampa numa cartolina, escreveu embaixo: “Lembrança do Frei Galvão” e a pôs numa moldura de madeira, provavelmente a moldura de um velho espelho quebrado.E foi diante dela que Dona Ana Rosa passou a fazer suas orações.
A estampa doada por Frei Galvão é de uma singeleza absoluta. Mede 10 x 16 cm. No braço direito, Maria segura o Menino. A mão esquerda pousa leve e maternalmente no peito de Jesus. O Menino encosta a face no rosto da Mãe. Os pés de Maria pousam sobre nuvens sustentadas por três anjos. Além da auréola, doze estrelas, que lembram os privilégios de Maria, rodeiam a figura. Nas duas margens laterais vemos casas pobres e vasos de flores.
Hoje sabe-se que é cópia da popularmente chamada em Portugal “Nossa Senhora das Barracas”. E o nome vem do fato de estar a gravura encimada pelos dizeres latinos: “Sicut Tabernacula Cedar”, ou seja, “Como as tendas (barracas) de Cedar”.
A frase é tirada dos Cânticos, do começo da Canção da Amada: “Sou morena, porém graciosa como as tendas de Cedar, como os pavilhões de Salomão”.
Os cedarenos eram nômades e costumavam viver em barracas simples. A frase ligada a Maria recorda a origem pobre e a insegurança de sua vida. Mas, de imediato, se recorda a riqueza de Salomão.
Maria se torna a mulher mais rica, a cheia de graça, por causa do Menino que carrega no braço.
Viúva, Dona Ana Rosa da Conceição contraiu novas núpcias e mudou de casa. Na mudança, perdeu o quadro.
Procurou por tudo e não o encontrou. Tempos depois, passando por uma região que sofrera grande incêndio, surpreendentemente encontrou o quadro entre as cinzas e os brotos novos da vegetação: a moldura queimada, mas a imagem intacta.
A mulher compreendeu que acontecera alguma coisa de extraordinário. Compreendeu que a estampa dada por Frei Galvão e por ele chamada de “milagrosa” devia sair do âmbito familiar para a devoção pública.
O milagre se espalhou. Os tropeiros contaram adiante com admiração. A partir de então os boiadeiros calculavam o tempo em suas viagens para pernoitarem, eles e seu gado, nas redondezas da capela que a Virgem recebeu da devoção do povo.
O povo não se lembrou da Nossa Senhora das Barracas e rebatizou a estampa com o nome de Nossa Senhora das Brotas, para lembrar que fora reencontrada intacta entre cinzas e rebentos.
Mas não sabiam que no Alentejo, em Portugal, desde o século XVI, se venerava uma Virgem sob o título de Nossa Senhora das Brotas, invocada sobretudo pelos guardadores de animais.
Tive o privilégio de concelebrar a Missa solene de inauguração do novo Santuário de Nossa Senhora das Brotas, em Pirai do Sul, em dezembro de 1987.
Como o quadro de Frei Galvão fora reencontrado no dia 26 de dezembro, criou-se o costume de celebrar-lhe a festa no primeiro domingo depois do Natal.
Uma longa procissão de mais de cinco mil devotos sai a pé da igreja paroquial do Menino Deus e caminha cantando e rezando os três quilômetros até o Santuário, situado romântica e devotamente em meio ao verde de um bosque e à sombra de grandes pinheiros.
Que a devoção mariana do novo Beato nos leve a incrementar no Povo de Deus esse grande amor a Nossa Senhora, nossa Mãe!
Frei Galvão, Missionário da Paz
Frei Atílio Abati, ofm
Frei Galvão, no cenário brasileiro-franciscano, é para nós uma honra e uma glória, por ser o primeiro santo brasileiro a subir às honras do altar, destacando-se como o “Missionário da Paz e da Caridade”.
Foi um homem marcado pela fé e pela alegria, por ser possuído de Deus, por estar comprometido com os homens de seu tempo, fermentando em seu coração o Espírito do Senhor, fazendo-o o Apóstolo da Paz e do Bem. Frei Galvão é uma Bênção para a Província Franciscana da Imaculada e um Benfeitor para o povo brasileiro.
Este é o meu modesto parecer sobre este homem de Deus.
Aspectos da Espiritualidade e do Apostolado
Dom Frei Caetano Ferrari
1 – Místico e Contemplativo: Homem de oração e devoto de Nossa Senhora
Frei Galvão distingui-se, primeiramente, por uma rica “espiritualidade franciscana e mariana”. Um verdadeiro filho de São Francisco: homem de oração, de vida simples e penitente. Um devoto apaixonado de Nossa Senhora: no dia em que professou na Ordem, fez “juramento de defesa à Imaculada Conceição” como era costume naquele tempo. Os Frades eram defensores do privilégio da Conceição Imaculada, cujo dogma só foi proclamado em 1854. Mas, 4 anos depois da ordenação, aprofundou aquele compromisso, assinando com o próprio sangue uma “Cédula irrevogável de filial entrega a Maria Santíssima, minha Senhora, digna Mãe e Advogada”, pela qual consagrava-se “como filho e perpétuo escravo” da Mãe de Deus.
Era uma espiritualidade que nasceu e se alimentava de uma forte experiência de Deus. E se manifestava em convicções e atitudes muito claras e firmes: absoluta confiança na Providência Divina e submissão total à vontade de Deus.
A partir dessa base, dá para entender bastante bem de seu comportamento e ações. Era de obediência irrestrita. Nomeações e transferências: logo as assumia e se punha a cumprir. Decisões de autoridades a seu respeito: obedecia sem pestanejar. Vejam-se, por exemplo, a nomeação e transferência para o Noviciado de Macacu, a ordem do Governador quanto ao fechamento do Mosteiro e quanto a sua expulsão da cidade, etc. O que entendia ser vontade de Deus, como as inspirações da Irmã Helena, corria para pôr em prática. Por traz havia sempre a serenidade de quem confia em Deus.
Podem ser vistas como expressões fortes da mística e contemplação de Frei Galvão sua luta e empenho, por mais de 40 anos, em favor da fundação do Recolhimento da Luz e da formação e direção espiritual das Irmãs para a vida contemplativa, e sua fidelidade, por 60 anos, ao juramento de servir à causa da Conceição Imaculada e propagar sua devoção.
2 – Pregador e Missionário itinerante: Apóstolo de São Paulo
Impulsionado pelo amor de Deus, que trazia no coração, Frei Galvão foi o grande pregador e anunciador da Palavra de Deus, tendo como centro de sua ação evangelizadora a cidade de Paulo. Logo que terminou os estudos, foi eleito em Capítulo Provincial “Pregador, Confessor e Porteiro” no Convento São Francisco. A sua pregação estava sempre aliada com o contato direto com o povo: a acolhida no Confessionário e Portaria, sua bondade e compreensão, seus conselhos e orientações, seu socorro e ajuda aos necessitados, enfermos e sofredores. Pouco a pouco sua fama atravessou fronteiras.
Sempre a pé, andou a pregar por muitas localidades fora da cidade: Sorocaba, Porto Feliz, Itu, Taubaté, Parnaiba, Indaiatuba, Mogi das Cruzes, Paraitinga, Pindamonhangaba, Guaratinguetá. A serviço da Província, viajou para mais longe: ao Rio de Janeiro, mais de uma vez, e chegou até Castro, Paraná, como Visitador da Ordem. As viagens, feitas a pé, se transformavam em roteiros missionários de pregação às diversas localidades. Em todos os lugares anunciava o Evangelho e a devoção à Imaculada. Ao passar por Piraí do Sul, indo para Castro, deixou a estampa de Nossa Senhora das Brotas, que lá se encontra na Capela das Brotas, e é venerada até os dias de hoje. Não seria exagerado dizer que a devoção à Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Aparecida, a partir de seu Santuário na pequena cidade do Vale do Paraíba e ao lado de Guaratinguetá, tivesse sido alimentada pelo trabalho de difusão desta devoção por parte de Frei Galvão.
Frei Galvão foi chamado “Apóstolo de São Paulo”. Sua pregação tocava as pessoas e era acolhida pelo povo de todos os lugares, que para ouvi-lo se reunia em multidão.
Como Comissário da Ordem Terceira de São Francisco, eleito por duas vezes, cuidou de formar os Irmãos na vivência do ideal franciscano como caminho de santificação e de verdadeiro apostolado leigo.
3 – Confessor e Conselheiro: Missionário da paz e da caridade
O maior bem que Frei Galvão trazia no coração era Deus. Este bem ele distribuía a quem o procurava. As pessoas da cidade e de longe vinham a procura de Frei Galvão para se confessar, para buscar seu conselho e orientação de vida. Ele se destacou como confessor e conselheiro do povo. Portador da bênção e do perdão de Deus, só podia mesmo trazer a paz: a paz da reconciliação com Deus, a paz da pessoa com outra pessoa, a paz na família, a paz na sociedade. Em Itu, deu-se o caso de pacificação de uma família que se costuma contar. Ele era um conselheiro sábio, prudente, maduro, mais do que isso, cheio de Deus. Por isso mesmo era considerado “Homem virtuosíssimo” e foi chamado “Homem da paz”.
Além de Confessor do povo, dedicou parte importante de sua vida, primeiro como Confessor e Atendente das Irmãs Carmelitas, no Recolhimento Santa Teresa, depois, até o fim da vida, como Confessor e Diretor espiritual das Irmãs Concepcionistas do Recolhimento da Luz. Para o Recolhimento da Luz foi tudo: co-fundador com a Irmã Helena, construtor, arquiteto, pedreiro, esmoler, sustentador, Confessor, Capelão e Orientador espiritual.
Embora sendo pacífico e pacificador, era defensor da justiça. Basta lembrar o caso da condenação à morte do soldado conhecido pelo nome de “Caetaninho”. Frei Galvão não hesitou em pôr-se declaradamente em sua defesa, não obstante o confronto inevitável com o Governador da Capitania que ordenara a condenação, uma condenação injusta e arbitrária.
Se era todo amor para Deus, era-o também para os necessitados. Aprendera em família a dar esmolas. Conta-se que, em criança, dera uma toalha de crivo e bordado da Mãe a um pobre que pedia esmolas. Acostumara a ser generoso, sobretudo com os pobres e necessitados. Conta-se também que ao tempo da construção do Mosteiro da Luz passava toda semana pelos bares das proximidades e pagava as dívidas dos serventes da obra, que eram negros escravos.
O povo o amava e o defendia. Assim aconteceu quando o Governador por vingança decretara o desterro de Frei Galvão. O povo cercou a casa do Governador que se viu obrigado a revogar a sentença. Com razão o povo distinguiu Frei Galvão com o nome de “Homem da caridade”.
Por todos estes títulos, o povo considerava Frei Galvão um santo, e sendo assim, ainda em vida, todos o chamavam “Padre Santo”. Fama esta que não se extinguiu depois da morte, mas perdurou por todo o tempo e o está levando, finalmente, à Beatificação.
Para a glória da Ssma. Trindade, o louvor da Imaculada Conceição, a honra de São Francisco e o bem de todos nós franciscanos e franciscanas e de todo o povo de Deus. Assim Seja!
As Pílulas de Frei Galvão
Frei Walter Hugo de Almeida
As pílulas de Frei Galvão nasceram do grande amor, zelo e caridade que Frei Galvão tinha para com os doentes. Um dia, não podendo visitar um rapaz que estava com muitas dores, escreveu em um papelzinho uma invocação à Virgem Imaculada, e disse ao portador: “leve ao enfermo e diga-lhe para tomar isso com fé e devoção à Maria”. Daí aconteceu a cura. Posteriormente, fez a mesma coisa para uma senhora em perigo de morte, no parto. Ela e o filho se salvaram.
Quando ele morreu, as Irmãs Concepcionistas, a quem ele orientava espiritualmente, faziam estas pílulas e as distribuíam ao povo que acorria às portas dos mosteiros. Há quase duzentos anos, existe a tradição das Pílulas Milagrosas de Frei Galvão.
Que são as pílulas? Um sacramental, objeto de fé. Um sacramental liga-se profundamente à fé, ao Mistério de Jesus, Salvador. O Sacramental sempre se relaciona com Cristo, Maria ou os santos.
Exemplos: uma imagem, uma medalha, o terço etc. No caso das pílulas, trata-se de um sinal de fé e de devoção que Frei Galvão tinha à Virgem Imaculada. As pílulas são expressões do seu amor e compaixão para com os doentes, sinal de sua confiança na proteção de Maria. Devem ser tomadas em espírito de fé e devoção.
Temos notícias constantes das inúmeras graças e curas alcançadas por meio da Novena das Pílulas de Frei Galvão. Destinam-se aos enfermos do corpo ou do espírito. A cada enfermo, costumamos distribuir uma novena: isto é, uma oração para se rezar 9 dias e um pacotinho com 3 pílulas. Toma-se uma no 1° dia; outra, no 5º dia; e a terceira no último dia da novena. Não costumamos enviar grandes quantidades para uma pessoa distribuir. Nosso costume é endereçar a Novena das Pílulas para uma pessoa concreta. O quanto possível, jamais distribuí-las para que alguém faça ‘estoque’ para atender outras pessoas.
BÊNÇÃO DAS PÍLULAS
1. Acolhida:
A bênção figura entre os Sacramentais na Igreja e prepara o cristão para receber os frutos da Salvação que Cristo nos trouxe.
Toda bênção é um louvor, um reconhecimento a Deus Pai, fonte de todas as graças. É por isto que a Igreja distribui bênçãos e abençoa, invocando o nome de Cristo Jesus e fazendo o sinal da cruz de Cristo sobre objetos e pessoas. Vamos agora abençoar as Pílulas de Frei Galvão – um sacramental – em atitude de fé e de devoção à Virgem Imaculada e ao Bem-aventurado Frei Galvão.
2. Palavra de Deus: (Mt 4,23-25)
Jesus percorria a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda doença e enfermidade do povo. Sua fama chegou a toda a Síria.
Traziam a Jesus os que sofriam de algum mal: os atacados de doenças e dores diversas e ele as curava… Grandes multidões o seguiam da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia e da Transjordânia’.
Palavra da Salvação.
3. Bênção das Pílulas
S – A nossa proteção está no nome do Senhor!
T – Que fez o céu e a terra!
S – Rogai por nós, Bem-aventurado Frei Galvão
T – Para que sejamos dignos das promessas de Cristo
S – Oremos: Ó Pai de Misericórdia, Deus de toda a consolação, que nos consolais por vosso Filho Jesus, no Espírito Santo, e acompanhais com vossa bênção particular as que sofrem tribulações e enfermidades do corpo e do espírito.
Nós vos suplicamos que, pela intercessão de Maria Imaculada e do vosso servo, o Bem-Aventurado Frei Galvão, abençoai estas pílulas, objetos sacramentais da fé e da devoção do vosso povo santo; fazei, Senhor, que todos os que na fé, e pela fé, delas fizerem uso, possam receber a graça da cura, conforme a vossa santíssima vontade. Amém (Abençoar com água benta)
Onde obter as pílulas:
1. Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz
Tel.: (11) 3311-8745
Av. Tiradentes, 676
CEP: 01102-000 – São Paulo (SP)
2. Seminário Frei Galvão
Av. Integração, 151
Bairro de São Bento
12.522030 – Guaratinguetá – SP
Cinquenta Invocações a Frei Galvão
Frei Carmelo Surian, ofm
1. Frei Galvão, abrasado do desejo do infinito, que teu exemplo nos revigore no carisma seráfico. 2. Frei Galvão, herdeiro zeloso do carisma total de São Francisco, que teu exemplo nos desperte para a plenitude da nossa vocação. 3. Frei Galvão, amante da Regra Seráfica, que teu exemplo renove nosso ardor seráfico. 4. Frei Galvão, esplendor da Ordem Seráfica, que o brilho de tua vida prenda a nossa atenção. 5. Frei Galvão, Pai e Servo das Irmãs Contemplativas Concepcionistas, que apreciemos devidamente a “melhor parte” do Reino. 6. Frei Galvão, orientador seguro da Ordem Terceira, que teu exemplo suscite nos frades a urgência de transmitir a muitos leigos a dimensão leiga do nosso carisma. 7. Frei Galvão, alegre Filho de São Francisco de Assis, que saibamos também nós honrar tão grande Pai. 8. Frei Galvão, pobre por amor a Cristo pobre, que nossa pobreza seja ambiciosa das promessas de Jesus. 9. Frei Galvão, obediente por amor a Cristo obediente, que nossa obediência complete a obediência da cruz. 10. Frei Galvão, casto por amor a Cristo casto, que a urgência do Reino seja a nossa única forma de amar. 11. Frei Galvão, cultor da vida em fraternidade, que o Cristo esteja sempre à vontade no meio de nós. 12. Frei Galvão, simples como Francisco, que a simplicidade franciscana seja o ninho da nossa fé em Cristo e na Igreja. 13. Frei Galvão, astuto conforme o Evangelho, que nosso empenho pelo Reino seja pleno e vigoroso. 14. Frei Galvão, fidelíssimo à graça divina, que alimentemos viva consciência do nosso nada e nos deixemos atrair pelo tudo da cruz. 15. Frei Galvão, santo querido pelos confrades, que nossas fraternidades sejam sinais eloqüentes da caridade de Cristo. 16. Frei Galvão, superior sempre a serviço, que estejamos sempre atentos para lavar os pés uns aos outros. 17. Frei Galvão, respeitador dos pecadores, que jamais um frade menor atire a primeira pedra. 18. Frei Galvão, generoso e pronto no perdão, sejamos os primeiros no abraço reconciliado, mesmo quando a culpa “é do outro”. 19. Frei Galvão, rico de piedade para com os irmãos falecidos, que cultivemos com amor seráfico a memória de nossos mortos. 20. Frei Galvão, instrumento franciscano da paz, sejamos todos apaixonados promotores da paz que Cristo nos trouxe. 21. Frei Galvão, co-fundador do Mosteiro da Luz, sejamos mais ousados e menos comodistas na construção do Reino de Deus. 22. Frei Galvão, místico e fecundo na ação, que jamais nossa atividade amordace o grito da nossa oração. 23. Frei Gaivão, edificado sobre a rocha da humildade, seja a “kênosis” de Cristo a de nossa vida franciscana. 24. Frei Galvão, porteiro fiel e acolhedor. que saibamos acolher como gostamos de ser acolhidos. 25. Frei Galvão, renovador do evangelho franciscano, que saibamos renovar com fidelidade a herança recebida do Pai Seráfico. 26. Frei Galvão, morto para o mundo e renascido em Cristo, que o espírito do mundo prevaleça em nossas casas. 27. Frei Galvão, consagrado pelo sangue à Senhora Imaculada, que o Sangue Eucarístico do Cordeiro nos mantenha fiéis aos nossos votos. 28. Frei Galvão, ternamente agradecido a Jesus Crucificado, que seja a nossa vida uma perene Eucaristia. 29. Frei Galvão, testemunho do trabalho franciscano, que revelemos para o mundo, alegremente, que o trabalho é graça fecunda para o Reino e para o trabalhador. 30. Frei Galvão, franciscano de nome e de coração, que o frade menor seja a alma pura do nosso pensar e agir. 31. Frei Galvão, vigoroso às exigências da fé, que da rocha da fé bebamos a água viva que é Cristo. 32. Frei Galvão, caminheiro imperturbável da esperança cristã, que tenhamos sempre ao vivo: “grandes coisas prometemos, maiores nos foram prometidas”. 33. Frei Galvão, todo amor para Deus e para os irmãos, nosso espelho seja sempre: “Sede perfeitos como o Pai Celeste”. 34. Frei Galvão, liturg. por excelência, que jamais percamos a consciência de que a liturgia é antes de tudo “a Ação de Cristo Glorioso”. 35. Frei Galvão, rei, profeta e sacerdote segundo Cristo, que vivamos em plenitude estas funções que o Batismo nos confere. 36. Frei Galvão, zelosíssimo sacerdote do Altíssimo, que jamais percamos de vista a grandeza do ministério sacerdotal. 37. Frei Galvão, ministro da vida batismal, que o nosso compromisso franciscano se harmonize sempre com as promessas do Batismo. 38. Frei Galvão, educador da vida eucarística, sejamos todos segundo o coração eucarístico do Pai Seráfico. 39. Frei Galvão, reconciliador da vida cristã, que jamais esqueçamos que esta vida é a vida de Cristo. 40. Frei Galvão, testemunha da graça crismal, transpareça em nós o vigor da graça de Cristo, Sacerdote, Profeta e Rei! 41. Frei Galvão, fonte de benções para a vida matrimonial, que nosso zelo apostólico priorize a vida familiar. 42. Frei Galvão, sábio ministro da Palavra de Deus, tenhamos por ela o santo respeito que São Francisco cultivou e tanto recomendou. 43. Frei Galvão, seguro orientador das consciências, que ajudemos as pessoas a serem imagens vivas de Cristo. 44. Frei Galvão, pregador ambulante do Reino, sejamos testemunhas permanentes do Evangelho. 45. Frei Galvão, apoio fraterno dos sacerdotes, sejamos amigos sinceros de todos os sacerdotes. 46. Frei Galvão, fidelíssimo à hierarquia da Igreja, alimentemos sempre uma visão sacramental deste mistério. 47. Frei Galvão, convertedor dos corações, saibamos atrair a todos para o lado aberto de Cristo. 48. Frei Galvão, leitor penetrante do recôndito das almas, descubramos em todos a imagem viva ou morta de Deus Uno e Trino. 49. Frei Galvão, arquiteto da Casa de Deus, sejamos pedras vivas da Igreja de Cristo. 50. Frei Galvão, reflexo da Infinita Bondade de Deus, que saibamos ser “sorrisos do Pai para bons e para maus”.
Oração: Altíssimo Senhor do céu e da terra, que, na vossa admirável providência, quisestes fossem franciscanos os primeiros mensageiros da fé no Brasil, permiti, nós vos suplicamos, seja o franciscano Frei Antônio de Sant’Ana Galvão, vosso sacerdote e seu servidor, o primeiro brasileiro a merecer a glória dos altares, atraindo, assim, muitos ao vosso Evangelho, de tal forma que nosso país venha a ser realmente a Terra de Santa Cruz. Amém!
(com aprovação eclesiástica)
Textos litúrgicos da Missa de Frei Galvão
No Calendário Litúrgico da Igreja Católica celebrado no dia 25 de Outubro
COMENTÁRIO INICIAL
Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, franciscano da Província da Província da Imaculada Conceição do Brasil, da Ordem dos Frades Menores e Fundador do Mosteiro de Nossa Senhora da Luz, foi canonizado pelo Papa Bento 16, em São Paulo, no dia 11 de maio de 2007, como o primeiro santo brasileiro. Em 25 de outubro de 1998, por ocasião de sua beatificação, o Papa João Paulo II cunhou a expressão que caracteriza sua vida a serviço do Evangelho: “Homem da Paz e da Caridade – a doçura de Deus”. Dando graças ao Deus Altíssimo, à sua admirável Providência, vamos participar desta Celebração. Abramos nossos lábios em preces e cantos de louvor, e unindo-nos num só coração, peçamos que Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, Sacerdote segundo o Coração de Cristo, filho e servo fiel de Maria, a Mãe Imaculada, evangélico missionário Franciscano, interceda por nós e nossa comunidade, rogue à Santíssima Trindade, ao Deus Todo-poderoso e cheio de bondade, por todo o Povo brasileiro, e que, na Pátria e Terra de Santa Cruz, floresçam a caridade transformadora e a verdadeira paz.
ATO PENITENCIAL
1. Muitas vezes, Senhor, te esquecemos e andamos bem longe de ti.
T.: Piedade, piedade, piedade de nós.
2. No irmão tua face não vemos e no pobre o Cristo humilhamos.
3. Teu Espírito nos ilumina mas seu fogo em nós apagamos.
Celebrante:
Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós,
perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna.
T.: Amém
ORAÇÃO COLETA
Celebrante:
Oremos.
Ó Deus, Pai de misericórdia, que fizeste de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão um instrumento de caridade e de paz no meio dos irmãos, concedei-nos, por sua intercessão, favorecer sempre a verdadeira concórdia.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
T.: Amém
PRIMEIRA LEITURA
“Deverás praticar a humildade, e assim encontrarás graça diante do Senhor”
Leitura do Livro do Eclesiástico. 3, 19-26
Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem generoso. Na medida em fores grande, deverás praticar a humildade, e assim, encontrarás graça diante do Senhor.
Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que ele revela seus mistérios. Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes.
Não procures o que é muito difícil para ti nem investigues o que ultrapassa as tuas forças; pensa apenas no que te foi mandado por Deus, e não sejas curioso acerca das suas várias obras, pois tu não precisas de ver com os teus olhos o que está oculto.
Não te esgotes com o que ultrapassa tuas forças, pois já te foi mostrado mais do que os homens compreendem.
A opinião própria já extraviou a muitos; más teorias desviaram seus pensamentos. Sem a pupila, falta-te a luz; sem o conhecimento, não terás sabedoria.
Palavra do Senhor.
T.: Graças a Deus.
SALMO RESPONSORIAL 33 (34), 2-11
T.: Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo!
1. Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor;
que ouçam os humildes e se alegrem! T.:
2. Comigo engrandecei ao Senhor Deus,
exaltemos todos juntos o seu nome!
Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu,
e de todos os temores me livrou. T.:
3. Contemplai a sua face e alegrai-vos,
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido,
e o Senhor o libertou de toda angústia.
T.:
4. O anjo do Senhor vem acampar
ao redor dos que o temem, e os salva.
Provai e vede quão suave é o Senhor!
Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!
T.:
5. Respeitai o Senhor Deus, seus santos todos,
porque nada faltará aos que o temem.
Os ricos empobrecem, passam fome,
mas aos que buscam o Senhor não falta nada.
T.:
SEGUNDA LEITURA
“Deus escolheu o que o mundo considera como fraco”
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios. 1, 26-31
Irmãos, considerai vós mesmos, como fostes chamados por Deus. Pois entre vós não há muitos sábios de sabedoria humana nem muitos poderosos nem muitos nobres.
Na verdade, Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte; Deus escolheu o que para o mundo é sem importância e desprezado, o que não tem nenhuma serventia, para assim mostrar a inutilidade do que é considerado importante, para que ninguém possa gloriar-se diante dele.
É graças a ele que vós estais em Cristo Jesus, o qual se tornou para nós, da parte de Deus sabedoria, justiça, santificação e libertação, para que, como está escrito, “quem se gloria, glorie-se ao Senhor”.
Palavra do Senhor.
T.: Graças a Deus.
ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
T.: Aleluia, Aleluia, Aleluia.
Graças, Senhor do céu e da terra,
revelastes aos pequenos os mistérios do Reino do céu.
T.: Aleluia, Aleluia, Aleluia.
EVANGELHO
“Escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”
Diácono:
O Senhor esteja convosco.
T.: Ele está no meio de nós.
*Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus. 11, 25-30
T.: Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.
Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso.
Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
Palavra da Salvação.
T.: Glória a vós, Senhor.
ORAÇÃO DOS FIÉIS
Cel.: Pela intercessão de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, com profunda confiança de filhos, apresentemos nossas preces a Deus nosso Pai, doador de todas as bênçãos e todas as graças.
LI.:“A exemplo de Santo Antonio Galvão, todos os batizados são chamados a ser Discípulos Missionários de Jesus Cristo”.
L2.: Pela Igreja do Deus vivo, para que a sua evangelização nova e renovadora, junto aos povos e governos da terra, alcance que a ajuda solícita das nações mais ricas às nações emergentes e em via de desenvolvimento, o respeito pelos recursos naturais e meio ambiente, a aplicação justa das descobertas científicas, o uso reto dos meios de comunicação social, preparem hoje a consciência de uma fraternidade universal e um novo tipo de humanidade, peçamos ao Senhor.
T.: Senhor escutai a nossa prece.
LI.:“Vocês serão minhas testemunhas por toda a terra”.
L2.: Pelo Papa Francisco, pelos Bispos, Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, para que vivam com generoso amor e fidelidade a sua consagração, e para que os leigos, sejam testemunhas do Reino de Deus, sendo sal da terra e luz do mundo, peçamos ao Senhor.
LI.:“Jesus olhou o jovem com olhos complacentes de bondade e amor”.
L2.: Por todos os Jovens do Brasil e do mundo, a fim de que se conscientizem e trabalhem por uma humanidade melhor, através da não-violência, da denúncia do racismo, da intolerância e da guerra, e sintam a alegria evangélica de serem semeadores de um mundo novo, peçamos ao Senhor.
LI.:“A Paz é possível. A Paz é um dever”.
L2.: Para que, a exemplo do mensageiro da paz, Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, nos empenhemos, mediante os inúmeros atos da vida quotidiana, a construir a paz em cada Família, no coração de nossa cidade, em cada canto de nosso Brasil. Peçamos ao Senhor.
LI.:“O desafio da paz, tal como se apresenta atualmente a cada consciência humana, inclui o problema de uma razoável qualidade de vida para todos, o problema da sobrevivência para toda a humanidade”.
L2.: Para que, ao estilo franciscano de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, nos comprometamos a respeitar, proteger e promover a vida humana desde sua concepção até sua morte natural, em favor das pessoas e dos povos, e de modo especial dos fracos, dos pobres, dos oprimidos e abandonados. Peçamos ao Senhor.
LI.:“Entre tantos benefícios que recebemos diariamente da generosidade do Pai de todas as misericórdias está a nossa vocação”.
L2.: Para que Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, servo e filho de Maria, atraia do Coração Imaculado da Mãe de Deus especial bênção para todos os leigos e leigas que dedicam suas vidas ao anúncio e testemunho do Reino de Deus. Peçamos ao Senhor.
LI.:“Derramai sobre vós as minhas bênçãos, e estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos”.
L2.: Para que Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, incansável na sua missão, interceda por nossa comunidade de fé e oração, particularmente pelas pessoas que, como ele, dedicam-se silenciosa e incansavelmente aos mais sofridos e necessitados, especialmente os enfermos e idosos. Peçamos ao Senhor.
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS
Ó Deus de bondade,
que destruindo o velho homem
criastes em Santo Antônio de Sant’Anna Galvão
um homem novo segundo a vossa imagem,
dai que possamos, igualmente renovados,
oferecer este sacrifício de reparação.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.
PREFÁCIO DOS SANTOS, II
O exemplo dos Santos
Celebrante:
O Senhor esteja convosco.
T.: Ele está no meio de nós.
Corações ao alto!
T.: O nosso coração está em Deus.
Demos graças ao Senhor, nosso Deus.
T.: É nosso dever e nossa salvação.
Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Deus eterno e todo-poderoso e celebrar a vossa admirável providência nos Santos e Santas que se consagraram ao Cristo, vosso Filho e Senhor nosso.
Neles, chamais novamente os fiéis à santidade original e a experimentar, já aqui na terra, construindo o vosso Reino, os dons reservados para o céu.
Unidos à multidão dos anjos e dos santos, proclamamos a vossa bondade, cantando a uma só voz:
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO
Celebrante:
Oremos.
Fortificados por este sacramento, nós vos pedimos, ó Deus todo-poderoso, que aprendamos com Santo Antônio de Sant’Ana Galvão a buscar-vos sempre acima de tudo, e a viver neste mundo a vida nova do cristão.
Por Cristo, nosso Senhor.
T.: Amém
MENSAGEM FINAL
“Cumpram sempre os seus compromissos, vivam em obras de amor”. Assim nos exorta Santo Antônio de Sant’Ana Galvão. Ao nos despedirmos agora, irmãos e irmãs, desta celebração de louvor e ação de graças, sigamos de coração aberto a nossa vida de cada dia e a vida do nosso mundo. Iluminados pela luz inspiradora do nosso compatriota Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, e encorajados pelo amor renovador da Eucaristia, anunciemos ao mundo a paz e a caridade.
BÊNÇÃO DE FREI GALVÃO
Pela imposição de minhas mãos,
pela intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e sua Imaculada Conceição
e pela invocação de Santo Antônio de Santana Galvão,
o Senhor vos abençoe, proteja,
faça de vós inflamados apóstolos da caridade
e construtores da concórdia e da paz!
AMÉM.
Textos poéticos alusivos a Frei Galvão
(Missa de Frei Galvão) Letra: Frei Walter Hugo de Almeida, ofm
O Brasil vê seu filho, o primeiro,
Ser honrado no altar do Senhor,
Frei Galvão, santo sim, brasileiro,
Mensageiro da Paz e do Amor.
Maravilha de Deus, Frei Galvão,
Hoje em festa no céu com certeza,
Canta a Deus, junto a nós, a canção,
No milagre do Pão desta mesa.
Frei Galvão lá do céu, lá da glória,
Em favor desta terra sofrida,
Intercede a Jesus pela história,
De um Brasil transbordante de vida.
De Francisco de Assis, Seguidor,
Porta-voz da Palavra Sagrada,
Traze a bênção de Deus, traze o amor,
Que abrasava teu peito na estrada…
Dos tropeiros, zeloso em caminhos,
A levar o Evangelho da Luz,
O consolo da dor nos espinhos
E o sentido da força da Cruz.
A tua Palavra, luz é norte da vida
Pedimos, Deus, que em nós faze feliz medrar,
Para que seja pão e força da subida,
Que por vezes, na estrada temos que enfrentar
O coração de pedra nos tira, ó Jesus,
Põe no lugar, Senhor, um coração de flor,
E nossos lábios queima com línguas de luz,
Para o teu Verbo em nós fazer nascer o amor.
Faze de nós profetas da alegria,
Um sacrifício vivo para a tua glória,
Faze, Senhor, de nós no altar do dia a dia,
Homens de Deus, jogando luz em nossa história.
A Palavra de Deus é semente
Que Jesus nos plantou no caminho,
Mas só vinga no peito da gente,
Se a regamos com todo o carinho.
A Palavra de Deus, nosso pão,
É farol, nossa força na estrada,
Pra Francisco de Assis foi paixão,
É a certeza da terra encantada.
Frei Galvão, missionário em caminhos,
Fiel Servo da Mãe do Criador,
Vem conosco queimar os espinhos,
Com a Palavra de Nosso Senhor.
Nosso Brasil te oferta, Deus de amor,
Sua carência, tanta dor, tristeza,
Saúde, e mais e tudo, ó meu Senhor,
E o que mais triste, falta pão na mesa.
Põe, ó Senhor, no coração da gente,
Esse desejo de partir o pão,
Faze que o amor pra nós seja a semente,
E o fruto bom pra nosso irmão.
Meu Deus, aceita nosso dom no altar,
Todos os problemas desse triste povo,
Aceita a prece, ó Deus deste cantar,
O nosso sonho de um Brasil mais novo.
Meu Deus, aceita a dor de quem na vida,
Onde viver não tem lugar, Senhor,
Meu Deus, aceita a dor desta ferida,
Deste teu povo que te pede amor.
Meu Deus, te peço emprego e moradia,
Para os teus filhos sem rumo e sem norte,
Meu Deus, te peço por tua Mãe Maria,
Vem nos trazer a estrela desta sorte!..
O amor que nos reúne nesta santa mesa,
Em que a partilha é lei sagrada e desafia,
Nos compromete e dá-nos toda a fortaleza,
Faz-nos profetas fortes do bem, da alegria.
Nós te pedimos, Deus, a paz por Frei Galvão,
A caridade que ele celebrou no altar,
Nós te pedimos, Deus, que a força deste Pão,
Não deixe nunca nosso coração secar.
O amor que um dia Deus nos pôs no coração,
Para plantar a paz e perfumar estradas,
Há de encantar o mundo e florir o perdão,
E nos fazer sonhar com novas madrugadas…
Dá-nos, Senhor, o dom de sermos teus sinais,
Flechas de luz, de fé, que apontam os teus valores,
Que o nosso amor por ti não morra, não, jamais,
Para abrandarmos neste mundo tantas dores.
O bem maior da Igreja de Jesus no mundo,
A Eucaristia, Páscoa santa da unidade,
Nosso louvor central, Mistério mais profundo,
É imperativo pra viver fraternidade.
Ó Guará, a cidade das garças,
Brancas garças da paz e do bem,
Lá do céu, Frei Galvão pede graças,
Para o novo milênio que vem…
Que as famílias no centro do lar,
Tenham sempre Maria e Jesus,
Como estrelas num céu a brilhar,
Apontando o caminho da Luz.
Exultante São Paulo festeja
Frei Galvão deste solo querido,
Na união com o Brasil, sua Igreja,
A sonhar um amanhã mais florido.
A sonharem feliz gravidez
As mulheres com fé, devoção,
Vão buscar no milagre do santo,
Parto bom que lhes dá Frei Galvão.
Lá do céu, São Francisco de Assis,
Com seu filho no alegre louvor,
Roga a Deus pra um Brasil mais feliz:
Longe a fome, e a tragédia e a dor.
Santuário de Frei Galvão Descrição:É a primeira igreja dedicada à Frei Galvão no Brasil, onde acontecem todos os dias a sua novena perpétua. O local recebe romarias vindas de todo o Brasil. Serviço:Há distribuição de pílulas. Endereço: Av. Antônio de Sant’Anna Galvão – Jardim do Vale Telefone: (12) 3125-1444
Casa de Frei Galvão. Descrição:Casa onde o santo nasceu e viveu parte de sua infância. Possui sala de relíquias com vários quadros, imagens e pertences que mostram sua história, fragmento de osso e um pedaço do tecido da veste com que foi enterrado, incrustados no peito da sua imagem em madeira. Serviço:Próximo a Casa de Frei Galvão há uma fonte, um memorial e a sala dos milagres.Há distribuição de pílulas. Endereço: Frei Lucas, nº 23 – Centro Telefone: (12) 3133-7269
Seminário Frei Galvão Descrição:Fundado em 1942 o local é um centro de evangelização e formação de jovens da ordem franciscana. Conta com um salão para exposições, via sacra, gruta de Nossa Senhora de Lourdes, mausoléu e no seu jardim há uma grande estátua de Nossa Senhora de Fátima medindo 10 metros de altura. Serviço:Há distribuição de pílulas. Endereço: Av. Integração, nº 151 – São Bento Telefone: (12) 3132-6233
Catedral de Santo Antônio
Descrição:Marco inicial da cidade, a Catedral foi construída em 1630, e tem em seu interior quadros, imagens em estilo barroco com altares de madeira com detalhes em ouro.Local onde Frei Galvão rezou sua primeira missa. Abriga também a capela com relíquias e pia batismal onde o santo recebeu os primeiros sacramentos. Serviço: Há distribuição de pílulas. Endereço: Praça Santo Antônio – Centro Telefone: (12) 3122-4840
Gruta Nossa Senhora de Lourdes Descrição:Construída em 1921 na Casa do Puríssimo Coração de Maria para abrigar a pedra trazida da cidade de Lourdes, na França, por Monsenhor Filippo. A Gruta recebe milhares de romeiros de todo país, em busca das “águas milagrosas”. Endereço: Av. João Pessoa, 677 – Pedregulho Telefone: (12) 3125-7810
Fazenda Esperança Descrição: Propriedade na área rural que acolhe jovens dependentes químicos do Brasil e de outros países, que vêm em busca da recuperação através da fé, trabalho e oração. Serviço: No local há uma capela inaugurada pelo Papa Bento XVI em sua visita à Fazenda da Esperança, no Brasil em 2007. Endereço: Estrada Municipal do Taquaral, nº 3000 – Taquaral Telefone: (12) 3128-2707
Bicentenário da Morte de São Frei Galvão (1822-2022)
Caros irmãos e irmãs,
Paz e Bem.
Em diferentes ocasiões, nossas bocas, mentes e coração fazem chegar aos céus esta instante prece “Concedei-nos o convívio dos Eleitos”. O desejo de conviver com os santos, os eleitos, é sustentado pela firme convicção de que Deus, Nosso Senhor, reserva para os seus amados a palma da vitória: “Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua: conservavam-se em pé diante do trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas nas mãos. Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7,9.14).
Antes de ser um anseio projetado aos tempos futuros, a santidade é, como afirmava João Paulo II, “a prioridade de todos os tempos”. Os tempos passados, os que vivemos e os que viveremos estão imbricados no mesmo dinamismo, brotam da mesma fonte e nos levam ao mesmo norte.
Juntamente com Frei Clarêncio Neotti, por ocasião da recordação dos duzentos anos da morte de São Frei Galvão, ofereço aos irmãos e irmãs algumas provocações para que, em fraternidade e a partir dos desafios da nossa missão, possamos construir caminhos de santidade. Aproveitemos a graça deste jubileu para revigorar nossa escolha pelo serviço aos pobres, pela vivência da caridade e movidos pelo espírito missionário. O exemplo e a intercessão do Santo do Vale do Paraíba e de outros confrades, santos também, nos comprometam e inspirem.
Em dezembro deste ano de 2022 teremos o bicentenário da morte de Frei Galvão. Fato que deve ser celebrado. Convido a todos os Confrades da Província a celebrá-lo de muitas formas, usando a criatividade de cada Fraternidade. Celebrar é trazer para o presente um fato do passado. A vida de São Frei Galvão tem muito a nos ensinar, apesar dos duzentos anos que nos separam.
A velha Província era de mentalidade alcantarina, com forte acento na pobreza, no carisma missionário, na piedade cristocêntrica e no serviço gratuito aos necessitados. Esta mentalidade produziu dezenas de frades que morreram em fama de santidade. Lembremos apenas dois, que são os mais citados entre nós hoje: Frei Fabiano de Cristo (1676-1747) e Frei Antônio Galvão (1739-1822).
Os missionários alemães, que restauraram a velha Província, decaída não por falta de santidade, mas por proibição de receber noviços, tinham a mesma mentalidade e cultivavam com afinco os mesmos carismas: o desapego dos interesses pessoais; a evangelização do povo, não importando se rico se pobre; a oração primeiro vivida e só depois ensinada; a disponibilidade diurna e noturna de servir sem pensar em ser servido.
Poderíamos lembrar dezenas de nomes, mas recordo só dois: Frei Bruno Linden (1876-1960) e Frei Rui Depiné (1942-2020).
Estes carismas cabem inteiros dentro da palavra “caridade”, que Jesus disse ser o mandamento que engloba todos os outros, e São João disse que é a qualidade por excelência de Deus (1Jo 4,8). A caridade verdadeira, ou seja, a caridade evangélica, que só existe na gratuidade, brota de um chão onde prevalece o desapego, sinônimo de pobreza. E é a força propulsora da missionariedade. E tanto a caridade quanto o desapego florescem quando envolvidos na piedade, virtude que é para todos os serviços o que a carne é para nosso corpo.
São Paulo escreveu aos coríntios que era a caridade que o impelia (2Cor 5,14). A caridade me impele para onde? Para o apostolado missionário.
A celebração do bicentenário da morte de São Frei Galvão, a quem o Papa Bento XVI chamou de “apóstolo da caridade sem limites”, nos deve lembrar e levar a refletir sobre o exercício da caridade. Se o ambiente da caridade é o normal de todo batizado, tanto que todos deveriam em seu comportamento normal praticar a caridade, muito mais nós, que herdamos de São Francisco o carisma da caridade. De fato, se o franciscanismo só existe em fraternidade e nós sabemos que a fraternidade só é possível se enraizada e alimentada pela caridade, devemos sempre de novo olhar o tamanho e o âmbito da nossa caridade.
A de Frei Galvão tinha duas dimensões nítidas: a sacramental (o Papa chamou a atenção sobre sua fama no confessionário e sua fama de frade eucarístico) e a prática de cada dia, que vem antes e segue a sacramental e dando-lhe sentido. Lembremos seu cuidado com as empregadas domésticas, que o levou a fundar o Mosteiro da Luz para protegê-las; para com os escravos, sem defesa jurídica, que ele visitava na prisão e defendia diante dos juízes; para com os doentes e precisados de cuidados médicos, para quem inventou e abençoou as famosas pílulas; para com as famílias em crise, que ele costumava visitar em casa, levando com sua visita abençoada muitas vezes a pacificação tanto entre si, quanto com a vizinhança.
Não precisamos exemplificar mais. Não importa se os tempos eram e são outros. A criatura humana dos nossos dias continua precisando de proteção, de defesa, de saúde, de pacificação, de segurança. Bendigo os confrades que em diferentes lugares, são protetores e defensores de minorias, de enfraquecidos, de periféricos, de perplexos, honrando o nome de Menores entre os pequenos, que trazemos aposto ao nosso nome de batismo. A humildade que cultivamos nos leva sermos pessoas do todo, da unidade, da comunhão. Somos portadores e praticantes da caridade ensinada pelo Evangelho, caridade que não divide, mas unifica; caridade que não olha o ter, mas o ser da pessoa, imagem e semelhança de Deus, mas sempre criatura, ou seja, necessitada de compreensão e amparo. Frei Galvão se santificou e santificou muita gente, vivendo este carisma da caridade, que não tem partidos.
Desta caridade nasce o carisma missionário. O carisma missionário jamais nasce e vinga no terreno dos interesses. Se nascer, não é apostólico, mas proselitista. Que é mau, que sectariza, que impede a comunhão.
Nenhum campo do apostolado é estranho a nós franciscanos. Mas é estranha qualquer iniciativa ou atividade que não crie comunhão.
São Frei Galvão não tinha propriedades. Tinha qualidades, entre as quais a humildade, fundamento de todas as virtudes, e o desapego, só possível se enraizado na humildade. Nascemos apegados, e por isso interesseiros.
O desapego aprendemos no exercício da humildade, ou seja, no serviço gratuito aos necessitados. Jesus nos deu o exemplo. São Francisco nos deu o exemplo. São Frei Galvão nos deu o exemplo. Sejamos nós exemplo aos que nos cercam. O Papa chamou Frei Galvão de “andarilho missionário”.
São Francisco nos mandou na Regra viver como peregrinos. Jesus nos recomendou não levar vida afora nem sacola nem bastão de comando e não ter medo de crítica e aplauso.
Vivemos num tempo de muita religião sectária. Quanto maior o sectarismo religioso, tanto menos o Evangelho está presente. A religião sectária é sempre interesseira. Não podemos cultivá-la. No centro da religião não pode estar nosso bem-estar. Não pode estar a solução de nossas dificuldades. Não pode estar nossa ideologia. Não podemos estar nós e nossas circunstâncias, mas o Cristo dos Evangelhos.
Quanta seriedade na afirmação do apóstolo Paulo: “Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim; vivo minha vida presente no Cristo, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). São Francisco pode repetir a frase de São Paulo. Tanto que o Papa Pio XI, em 1926, no sétimo centenário da morte do santo de Assis, escreveu numa encíclica: “Podemos afirmar que na face da terra em nenhum homem brilhou mais viva e mais parecida a imagem de Jesus Cristo que em Francisco. Podemos, portanto, saudá-lo como um outro Cristo por se apresentar aos contemporâneos e aos séculos futuros como um quase Cristo redivivo” (Rite expiatis). No processo de canonização de Frei Galvão se afirmou: “Pode-se dizer que sua vida foi uma verdadeira imitatio Christi , um esforço contínuo para reproduzir no seu corpo os mistérios de Cristo” (Vida Franciscana, dezembro de 1998, p. 63).
São Francisco e São Frei Galvão nos aconselham o mesmo que São Paulo: “Tudo quanto fizerdes, em palavras e em atos, fazei-o em nome do Senhor Jesus” (Cl 3,17). Aliás, Jesus nos lembrou: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Somos cristocêntricos, cristóforos. Podemos dizer: “Sem Jesus, nada devemos fazer”. Com Jesus queremos, ao celebrar o bicentenário da morte de Frei Galvão, refletir sobre nossos principais carismas herdados de São Francisco, os mesmos vividos por Frei Galvão, através da espiritualidade alcantarina e recoletina: o desapego, também chamado pobreza, que, para existir, precisa da humildade; a caridade, que me impulsiona para a missão, mas que antes exige de mim o desapego dos meus interesses e dos sectarismos, e um ativo, efetivo e cultivado espírito de comunhão. O carisma do serviço, que caracteriza o franciscano, pressupõe a gratuidade, que faz conjunto com a caridade.
Citei quatro confrades. Os quatro emblemáticos. Olhando a vida de Frei Fabiano e Frei Rui, podemos refazer o propósito de atender bem, em nome de Jesus, a quantos nos procuram. O acolhimento não tem horário.
O acolhimento gera simpatia e comunhão. É sábio o conselho de São Francisco: “Não haja irmão no mundo que, após ver os teus olhos, se sinta obrigado a sair de tua presença sem obter misericórdia. Ama-o, procurando conquistá-lo para o Senhor” (cf. Mn 9-11).
Frei Bruno e Frei Galvão praticaram de forma clara e continuada uma pastoral, que nunca perdeu sua atualidade: a visita às famílias, em sua casa. Não só para celebrar aniversários ou batizados, ou para experimentar qualidades culinárias. Mas, principalmente, para abençoar, reconciliar, partilhar alegrias e dores, ser Cireneu (se preciso), ser anjo de Natal no campo de pastores (sempre). Para esta pastoral não precisamos de manuais de teologia, nem títulos acadêmicos, nem cargos na Fraternidade. Precisamos de humildade e desapego, que são excelentes carregadores de graça e de esperança. Precisamos de bom senso e gratuidade, que chamam confiança e não deixam nossa caridade ser interesseira. Em linguagem bem popular: precisamos vestir a camisa de Frei Galvão, que ganhou de São Francisco, que a recebeu do próprio Jesus no Lava-pés.
Frei Clarêncio Neotti , OFM
Frei Paulo Roberto Pereira, OFM Ministro Provincial
Liturgia do Bicentenário de Morte de Santo Antônio de Sant'Anna Galvão
Clique aquipara acessar as Partituras das Músicas para a Novena e Missa.
Hino do Bicentenário de Morte de Santo Antônio de Sant'Anna Galvão
Composição: Idmauro Alves Letra: Idmauro Alves e Frei Leandro Costa, OFM Arranjo: Thiago Costa
Chegou a hora vamos todos celebrar. São Frei Galvão duzentos anos lá nos céus. Santo do povo, da Paz e Bem! Rogai à Deus, por nós, amém! (2x)
1. Renunciou todas riquezas materiais.
Para viver a sua santa vocação.
Franciscano missionário com ardor.
Levando a todos o Evangelho do Senhor.
2. Em sua vida Jesus Cristo expressou.
Encarnando o Evangelho entre nós.
Para o mundo assim viver a lei Divina.
São Frei Galvão figura viva do Senhor.
3. Somos todos peregrinos neste mundo.
A Vida eterna é a mensagem do Senhor.
Mesmo morrendo em Cristo, vidas não se perdem.
Nossa esperança está no nome do Senhor.