Ordenação

Xaxim (SC) – “Nós vos pedimos, Pai todo-poderoso, constituí este vosso servo na dignidade de Presbítero; renovai em seu coração o Espírito de santidade; obtenha, ó Deus, o segundo grau da Ordem sacerdotal, que de vós procede, e sua vida seja exemplo para todos”. Foi ouvindo esta prece da ordenação e quando sentiu sobre a sua cabeça as mãos do bispo diocesano de Chapecó (SC), Dom Odelir José Magri, que o coração de Frei Augusto Luiz Gabriel bateu mais forte. O momento que tanto esperava, havia chegado: ele recebia o segundo sacramento da Ordem Presbiteral.

A Celebração Eucarística, às 16 horas deste sábado (14/10), teve início num dia com o clima ameno, contribuindo para o espírito festivo e alegre do momento único na vida deste jovem xaxinense. A riqueza da liturgia da ordenação presbiteral ganhou mais graça, beleza e leveza com as vozes únicas dos Canarinhos de Petrópolis, sob a regência do maestro Marco Aurélio Lischt. Frei Augusto, no tempo de estudos da Teologia, fez seu trabalho pastoral no Instituto dos Canarinhos.

(toque para ampliá-las)

O povo de Xaxim (SC), um grupo de paroquianos que veio de Colatina (ES), onde reside o ordenando, o Coral dos Canarinhos de Petrópolis (RJ), conhecidos e amigos de Frei Augusto lotaram a Matriz São Luiz Gonzaga, e participaram com alegria desta festa de toda a Comunidade, da Ordem dos Frades Menores e de toda a Igreja. E a festa ficou ainda mais bonita com a presença dos seus confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição, especialmente os que fizeram parte da Semana Missionária. Além do Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, do Vigário Provincial, Frei Gustavo Wayand Medella, o governo se fez presente com o Definidor Frei Alex Ciarnoscki.

Depois que terminou Teologia, no ano passado, Frei Augusto passou a residir na Fraternidade Franciscana Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, em Colatina, servindo ao povo da Paróquia Santa Clara, sendo também da equipe que anima os eventos provinciais das juventudes. O processo formativo da Província da Imaculada Conceição teve início ao ingressar no Seminário em 2009, portanto uma caminhada de catorze anos.

INÍCIO DO RITO

O Rito da ordenação começou depois da Liturgia da Palavra, com a eleição do candidato, onde ele foi chamado pelo pároco Frei Gilson Kammer para se apresentar diante da comunidade. O Ministro Provincial testemunhou a seu respeito, lembrando que ainda menino começou o seu itinerário vocacional conosco, na família franciscana. “Com muito proveito, ele trilhou o caminho dos estudos e também com muita dedicação o caminho da formação religiosa franciscana. Portanto, ouvindo seus formadores, ouvindo os confrades que com ele conviveram durante todo este tempo e, sobretudo, trazendo com ele a voz do povo que com ele convive, nossa Província o escolheu para receber esse dom da Igreja”, disse Frei Paulo. Dom Odelir, então, escolheu “este nosso irmão para a Ordem do Presbiterado”.

Dom Odelir saudou Frei Paulo Roberto  e, em seu nome, todos os frades, Frei Augusto e sua família, e saudou toda a comunidade presente e o Coral dos Canarinhos que veio de Petrópolis. Perguntou como estava o coração para Frei Augusto e de sua mãe.

Na sua homilia, partiu da leitura do Profeta Jeremias que fala: “Antes de formar-te no seio de tua mãe, eu já te conhecia, antes de saíres do ventre, eu te consagrei”. “Isso para dizer que toda vocação, em primeiro lugar, é dom de Deus. E nós poderíamos começar dizendo que a primeira vocação é a vocação à vida.

Depois temos outras, como a vocação à vida consagrada, a vocação de ser pai e mãe, a vocação presbiteral”, explicou.

A vocação, segundo ele, é um mistério. “Esse chamado de Deus se manifestou de alguma forma e ele o sentiu e foi respondendo. Todo esse processo de diferentes mãos e pessoas pelos quais a vocação foi sendo trabalhada. E certamente você vai lembrar de todo mundo que faz parte de sua história. Teus formadores, professores, a comunidade, pessoas que rezaram e rezam por você. Tudo isso faz com esse mistério vá se realizando, vá se concretizando até chegar esse dia, em que você tem essa graça do ministério ordenado. Colocando a sua vida nas mãos de Deus, à disposição de Deus para o serviço da missão e da Igreja numa congregação, num carisma específico, os freis franciscanos. E aí com missão desafiadora. Não é muito simples ser franciscano. É uma exigência e uma missão que já traz no nome toda uma responsabilidade”, observou.

Na segunda leitura, Paulo vai dizer “não sou nada, um vaso frágil, mas aquilo que carrego é uma coisa digna, e eu não sou nem digno dessa graça que recebi. Mas na minha pequenez, eu sei que o que testemunho, o que vivo, o que sou, não vem de mim, mas vem de Deus”, situou.

Para o bispo, dirigindo-se a Frei Augusto, disse que em primeiro lugar não é mérito dele, mérito da sua resposta e da sua disponibilidade, mas aquilo que Deus está realizando em você e vai realizar através de você. Essa é a graça da missão. Por isso, o único e verdadeiro sacerdote é Jesus Cristo. Sacerdote por excelência. Nós, como sacerdotes, somos representantes de Jesus Cristo. Através de nós é Cristo que realiza o mistério da consagração do pão e do vinho, que perdoa os pecados”, lembrou.

(toque para ampliá-las)

“E por isso, no mundo em que vivemos, pensar que um jovem de 29 anos, como o Augusto, nessa idade teve a oportunidade de se preparar, teve uma vida bela, tem uma família, um cara que não é feio, é bonitão né? Mas que teria tantas oportunidades na vida, decide consagrar a sua vida vivendo os conselhos evangélicos, fazendo voto de pobreza, obediência e castidade. No nosso mundo de hoje, parece que aquilo que conta, aquilo que é importante seria o contrário disso. Mas por isso que a vida consagrada, o sacerdócio tem esse aspecto de testemunho pela própria escolha que faz. Temos nossos limites, mas contamos com a força de Deus. E essa missão não é para ser vivida só para mim, nem só para a minha congregação, mas para o mundo inteiro, por isso o lema que o Augusto escolheu. Ai claro, mais do que eu falar do lema, ele vai dizer porque escolheu esse lema. Diga para nós”, pediu.

Segundo o ordenando, “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda Criatura”, foi o lema que escolheu para a Ordenação Presbiteral, um versículo retirado do Evangelho de São Marcos 16,15. “Ao longo de nossos estudos e de nossa caminhada formativa, a gente vai pensando com carinho e atenção em um lema que marcará nossa ordenação e eu escolhi este por alguns motivos e eu destaco três”, disse

“Primeiro, neste mês de outubro a Igreja vive o Mês Missionário. E nós como batizados somos todos convidados a sermos missionários onde quer que nos encontremos. Eu sendo batizado aqui nesta igreja, então, sou convidado a ser um missionário, a anunciar pelo mundo inteiro o Evangelho, onde que que eu seja enviado, transferido!

Em segundo, anunciar o Evangelho a toda criatura é um apelo de nosso Seráfico Pai e de nosso Papa, ambos com o nome de Francisco. E esses dois personagens, Francisco de Assis e Francisco de Roma, me fazem reafirmar que o Evangelho de Jesus Cristo, do Bom Pastor, é para todos, sem distinções, sem raça, cor. Então, Jesus, ao dizer aos seus discípulos “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda Criatura”, também me desafia na realidade em que me encontrar, a comunicar por todo o mundo, o ‘Evangelho a toda criatura`.

(toque nas imagens menores para ampliá-las)

E em terceiro, Francisco de Assis nos ensina que é precioso anunciar o Evangelho com obras, com ações concretas e se necessário usar de palavras. Caro Dom Odelir e todos aqui presentes, é com este desejo honesto, que me coloco à disposição de toda Fraternidade, como frade menor, ao assumir este serviço, com responsabilidade, afinco e gratidão por até aqui ter nos conduzido a graça do Senhor”, completou Frei Augusto.

Motivado pelo bispo, Frei Augusto manifestou seu consentimento a respeito de seu chamado ao Ministério Presbiteral, suas funções e seu modo de vida. O momento em que Frei Augusto se prostrou ao chão, pedindo a oração e intercessão de todos, ilustra bem o sentido de toda a celebração: “Roguemos, irmãos e irmãs, a Deus Pai todo-poderoso que derrame com largueza a sua graça sobre este seu servo, que ele escolheu para o cargo de Presbítero”, pediu Dom Odelir José antes da Ladainha de todos os Santos.

(toque nas imagens para ampliá-las)

MOMENTO CENTRAL

Frei Augusto se levantou com o término da Ladainha e se aproximou do Bispo, ajoelhando-se diante dele. Em silêncio, o Bispo impôs as mãos sobre a sua cabeça, gesto que foi acompanhado por todos os presbíteros. Cada um deles foi se posicionando para formar um círculo em torno do bispo e do ordenando, enquanto o bispo rezou a oração consecratória.

A Celebração seguiu seu ritmo normal e sereno e cada momento ou gesto foi explicado pelo comentarista Frei Gabriel Dellandrea. Segundo Frei Gabriel, pela imposição das mãos do bispo e pela prece de Ordenação foi conferido a Frei Augusto o dom do Espírito Santo, que o transforma e o capacita para a sua missão.

Terminado este momento, Frei Augusto recebeu as vestes de presbítero (casula e estola), trazidas pela irmã Tatiana, o cunhado Luciano e a sobrinha Angela. Ele foi revestido com as vestes presbiterais por Frei Lauro Formigoni, Frei Pedro Oliveira (seu guardião) e Frei Gabriel Dellandrea (colega de turma) e foi saudado como o novo presbítero. Depois, com a unção das mãos com o óleo do santo Crisma, Dom Odelir amarrou as mãos de Frei Augusto e coube a seus pais desatá-las, para receberem, com grande emoção, a primeira bênção do neopresbítero. Momentos fortes que, sem dúvida, emocionaram a todos, principalmente àqueles que participaram de uma Ordenação pela primeira vez.

O rito está quase no final quando, do meio da Igreja, Maria e Onório Pecinatto trazem o pão na patena, e o vinho e a água no cálice, para a celebração da Missa. O casal é muito querido por Frei Augusto e pela sua família, por ser vizinho deles. Trazer o vinho teve um significado especial porque eles são viticultores e também fabricam o vinho.

Finalizando o rito, Frei Augusto recebeu das mãos de Dom Odelir o cálice e a patena para poder oferecer a Deus, em nome de seu povo, o santo sacrifício eucarístico. Após o ritual de ordenação, num gesto de comunhão fraterna, os presbíteros e confrades acolheram com entusiasmo o mais jovem ordenado na Ordem do Presbiterado.

A Celebração continuou com a preparação das oferendas e a liturgia Eucarística.

AGRADECIMENTOS

Rosane Gasparin falou em nome do Conselho Paroquial. “Que a sua vida seja guiada pela luz e pela força do Espírito Santo. Que esse seu sim possa produzir muitos frutos na vida franciscana”, desejou.

Segundo Frei Paulo Roberto, coube a ele falar em nome dos freis franciscanos que partilham do privilégio de viver aqui em Xaxim. “Nossa Fraternidade Franciscana está aqui há bastante tempo. E essa igreja construída pela devoção, piedade e generosidade desse povo, pode ser vista de diversos ângulos. Quando a gente vem ali pela estrada, logo avista e chama atenção essa igreja, inclusive está sendo restaurada. E essa igreja já foi testemunha de muitas ordenações, inclusive de frades franciscanos também. É verdade que tem um intervalo muito grande entre a última ordenação e a do Frei Augusto. Fica aqui o convite para os jovens xaxinenses. Dom Odelir já lembrava que ser franciscano não é muito fácil e até chamou muito a atenção no rito da ordenação e muitos meninos vieram ver de perto quando o Augusto se prostou. É sinal que entende que é difícil, frágil, feito de chão da terra. Mas com o auxílio dos irmãos, e o auxílio do Céu, a gente vai muito longe, Frei Augusto. Conte conosco! E rezem por nós e pelo Frei Augusto, que ele seja fiel anunciador do Reino, que seja espalhador da Paz e do Bem”, pediu o Ministro Provincial.

Frei Augusto, na sua mensagem disse que o coração batia mais forte de gratidão. “É imprescindível dizer que não cheguei até aqui sozinho e que a celebração de hoje não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida”, disse o neopresbítero.

“Dito isto, começo assim agradecendo a Deus pela dádiva da vida e pelo dom da vocação, agradeço o Bispo Dom Odelir, o atual Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, e os anteriores, Frei Fidêncio Vanboemmel e Frei César Külkamp, que foram meus formadores. Em nome do Ministro Provincial, gradeceu a todos os frades da Província da Imaculada Conceição, especialmente os frades do Serviço de Animação Vocacional, os frades da Paróquia São Luiz Gonzaga, Frei Gilson Kammer e Frei Jacir Zolet”, acrescentou, não esquecendo das famílias acolhedoras e das comunidades.

“Aos meus familiares, em especial ao sr. Domingos, Dona Elenir, minha irmã Tatiana, cunhado Luciano e a pequena Angela Hellena, as palavras não têm tamanho suficiente para agradecer vocês que sempre acreditaram, me incentivaram e me acompanharam com muita alegria”, disse.

Também reservou um longo agradecimento para o Coral dos Canarinhos, que enfrentou mais de 28 horas de viagem! Também de longe, da Paróquia Santa Clara de Colatina (ES) vieram 16 pessoas, bem como ao seu confrade de Fraternidade, Frei Pedro de Oliveira. E não esqueceu das Irmãs Clarissas: “Obrigado por nos acompanhar, abençoar e estarem sempre em sintonia conosco através de suas orações”.

No final, citando o lema “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda Criatura”, agradeceu aos profissionais de comunicação, como os do Conexão Fraterna, projeto que participa; a PASCOM da Paróquia São Luiz Gonzaga; ao jornalista da Província, Moacir Beggo, e a equipe do Marcelo Bassi. “E a você, estimado irmão e irmã que veio até esta igreja celebrar conosco, muito obrigado pela sua presença e participação. Paz e Bem e muito, muito obrigado!”, completou.

Sua Primeira Missa será celebrada no dia 15 de outubro, às 10 horas, na Comunidade Nossa Sra. da Salete de Vila Tigre, em Xaxim.

---

Moacir Beggo e Diogo Rossoni, pela Pascom da Paróquia São Luiz Gonzaga

Primeira Missa

Xaxim (SC) – Ordenado presbítero neste sábado, Frei Augusto Luiz Gabriel celebrou a sua Primeira Missa neste domingo (15/10), 28º Domingo do Tempo Comum, na Capela da Comunidade Linha do Tigre, onde reside seus pais e o viu nascer e crescer. A igreja, que tem como Padroeira Nossa Senhora Salete, lotou para celebrar este momento tão especial na vida do neopresbítero. Normalmente, a primeira Missa é um momento de expectativa e ansiedade, mas Frei Augusto conduziu a celebração com leveza, devoção e segurança, tendo ao seu lado os concelebrantes Frei Paulo Roberto Pereira, Ministro Provincial; Frei Gustavo Medella, Vigário Provincial; Frei Gabriel Dellandrea, do Serviço de Animação Vocacional; e Frei David Belineli, no serviço do altar.

(toque nas imagens para ampliá-las)

Um grande número de frades de toda a Província, entre eles o pároco Frei Gilson Kammer e o guardião Frei Jacir Zolet, que não mediram esforços para tornar essa celebração uma grande festa, como disse Frei Medella na homilia. A celebração começou às 10 horas de uma manhã dominical com temperatura agradável. E o Coral dos Canarinhos encantou o povo novamente, deixando a liturgia solene e bela.

Como é de costume na Província, o neopresbítero não faz a primeira homilia e convida uma pessoa que marcou a sua história de vida, especialmente no período de formação.  Frei Augusto convidou o o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, seu formador e amigo.

“O Reino de Deus é uma festa. É o que Jesus nos ensina na parábola deste domingo, tentando fazer aquele povo de cabeça dura entender a proposta de Deus para os filhos e filhas que Ele tanto ama. Festa é alegria, confraternização, música, dança, comida e bebida, mas é, sobretudo, presença. Sem presença, mesmo que tudo esteja pronto e preparado, do bom e do melhor, não há festa”, abriu a sua reflexão Frei Medella.

A Frei Augusto disse: Na Festa do Reino, você já escolheu, e precisa seguir escolhendo, ser presença garantida. Presença próxima e fiel ao Dono da Festa, Jesus Cristo. Você já respondeu SIM ao convite, no Batismo, na profissão religiosa, na ordenação diaconal e reafirmou seu sim na Ordenação Presbiteral. Você não é mais convidado! Você é escolhido!

“E esta escolha, Frei Augusto, é um privilégio, uma graça!”, disse.

“Sua missão não é apenas aproveitar da Festa, mas garantir que ela aconteça. Olhos, ouvidos, mãos, pés, coração, cem por cento atentos e sintonizados com Cristo para contornar qualquer imprevisto ou dificuldade, dispondo-se a fazer o que for, quando preciso for. Você vai ser porteiro, garçom, faxineiro, assador, repórter, enfermeiro, ou seja, vai ter que ‘se virar nos trinta…’”, acrescentou.

Para Frei Medella, o compromisso maior de Frei Augusto é garantir que a festa seja para todos e que todos se sintam bem: festa da fartura, festa da inclusão, festa da bênção, festa do respeito, festa da dignidade, festa da partilha, festa do Cuidado com a Casa Comum. Cada sacramento que você celebrar seja sinal deste compromisso que você tem abraçado de sinalizar o amor e a bondade de DDeus onde quer que se encontre.

“E você está capacitado para esta missão, pode estar certo disso! Aprendeu desde os seus primeiros passos, no seio da família! É emocionante ler o relato da sua família. Gente simples, trabalhadora, honesta, perseverante, gente de fé. O terço em família, a fidelidade no serviço, a generosidade nas relações, tudo isso, Frei Augusto, é a base do Ministério que você escolheu assumir. Gostei da história revelada em primeira mão pela Dona Elenir, quando, ainda no ventre materno, você imitou São João Batista e se movimentou no momento em que, numa carona, sua mãe ouviu uma provocação de que já estava na hora da Vila Tigre, terra do querido Frei Ludovico Garmus, oferecer mais um frade franciscano à Igreja e ao Mundo. Antes de nascer, ainda na barriga da mãe, você se apresentou para a missão, inspirado no capixaba Roberto Carlos, e disse, sem falar: 3Esse cara sou eu!’”, recordou o Vigário Provincial.

“A figura que você escolheu para ilustrar o convite de ordenação é muito sugestiva. A imagem do Cristo, Bom Pastor, num modelo para os dias de hoje. Parece até você, no relato de sua mãe, chapéu cheio de estilo, calça jeans de pegar frango, camiseta regata, sandália. Faltaram os óculos escuros que, segunda a Dona Elenir, faziam parte do visual. Este Cristo traz uma ovelha pequena nos braços, que faz lembrar os bezerrinhos de quem você se despediu quando partiu para Agudos, segurando para não chorar. Os bezerrinhos ficaram na Vila Tigre, mas o cuidado e a atenção você trouxe consigo e é com eles que você vai levar o propósito que assumiu no lema de ordenação: ‘Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura’ (Mc 16,15). Da Vila Tigre para o mundo inteiro. E agora, Frei Augusto, este mundo inteiro se chama Fraternidade Santo Antônio de Santana Galvão, na Paróquia Santa Clara, em Colatina. É ali o seu chão sagrado, o lugar para onde o Senhor lhe enviou para ser Sal na Terra e Luz do Mundo”, exortou.

“Nesta missão abençoada, Frei Augusto, Nossa Senhora o acompanha. A Virgem da Salete, que nesta Comunidade lhe viu nascer e crescer, será a grande intercessora de seu Ministério. Jamais se esqueça dela, nenhum dia sequer, porque ela é a Mãe do Dono da Festa, a quem ele disse: ‘Mãe, não deixe faltar nada para ninguém’. A Dona ELenir sabe que o pedido do filho, para a mãe, é uma ordem. A Festa, com o carinho e a atenção da Mãe, fica mais bonita, mais alegre, mais plena. É Frei Augusto, a Festa está só começando. O seu lugar, você já escolheu. O lugar do serviço alegre e generoso ao Povo, serviço empenhado, incansável, para que o Reino de Deus se torne realidade de vida plena, vida para todos. Muito obrigado pelo seu SIM é que Deus sempre lhe abençoe”, concuiu o Vigário Provincial.

Frei Augusto recebeu mais homenagens da Vila Tigre, onde todos o conhecem e também da caravana que veio de Colatina, onde ele reside. Convidou a todos para o almoço e agradeceu a sua família que se dedicou para oferecer a melhor confraternização na festa do filho. Frei Augusto também fez uma homenagem aos professores, lembrando que hoje é o seu. Muitos que deram aulas para ele, estavam presentes. No grande salão da Comunidade, recebeu outras homenagens.

Frei Augusto fica até sexta-feira em Xaxim e volta a celebrar a Eucaristia na Vila Tigre, na próxima quinta-feira, às 19 horas.

---

Moacir Beggo

Entrevista

“Ser Presbítero é ter disposição ‘infinita para Servir’”

Pelas mãos de Dom Odelir José Magri, bispo diocesano de Chapecó (SC), Frei Augusto Luiz Gabriel será ordenado presbítero no próximo dia 14 de outubro, às 16 horas, na Igreja Matriz São Luiz Gonzaga, em Xaxim (SC). Sua Primeira Missa será celebrada no dia 15 de outubro, às 10 horas, na Comunidade N. Sra. da Salete de Vila Tigre, em Xaxim. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura”, é o lema de Frei Augusto para a ordenação presbiteral.

Filho de Domingos Gabriel e Elenir Fátima Roman Gabriel, Frei Augusto é natural de Xaxim (SC), onde nasceu no dia 9 de julho de 1994. É irmão de Tatiana, casada com Luciano Dervanoski, pais da pequena Angela Hellena.

Frei Augusto Ingressou no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP) em 2009, onde cursou o Ensino Médio, concluindo em 2011 no Seminário São Francisco de Assis em Ituporanga (SC). Fez o Noviciado em Rodeio (SC) durante os anos de 2013 até 2 de agosto de 2014, data de sua Primeira Profissão Religiosa. Fez uma experiência pastoral em Santo Amaro da Imperatriz (SC) antes de cursar Filosofia (2015-2017). Em 2018, viveu o Ano Missionário no Convento São Francisco em São Paulo (SP), onde atuou na Frente de Evangelização da Comunicação. Cursou Teologia de 2019 a 2022. Em 5 de dezembro de 2020 fez a Profissão Solene na Ordem dos Frades Menores e, em 17 de dezembro de 2022, foi ordenado diácono. Em 2023 está a serviço da Evangelização em Colatina (ES), na Fraternidade Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, e é também animador das Juventudes.

Acompanhe a entrevista!

Site Franciscanos – Como se deu o seu discernimento vocacional? Você sempre quis ser franciscano?

Frei Augusto – Desde quando me conheço por gente, a vida dos franciscanos me despertava certa curiosidade. Com a graça de Deus venho de uma “paróquia franciscana”, então o contato com os frades era frequente e ainda criança gostava de vê-los usando “aquela roupa marrom”. O tempo passou, tinha outros planos. Hoje brinco, que meus primeiros animadores vocacionais foram meus pais. Eles percebiam este anseio, talvez pelas muitas perguntas minhas, e volta e meia conversavam sobre o assunto, do jeito deles. Interessante, que os primeiros dois livros franciscanos que li, são do meu pai, do tempo de encontro de jovens dele.

A decisão de conversar com um franciscano sobre o “como faz pra ser frei”, foi após a celebração de sétimo dia de meu tio, Arquimedes Turra. Na ocasião, Frei René Zarpelon presidiu a Eucaristia e no final da missa fui conversar com ele. Era meados de janeiro de 2008. A partir daquele dia vi que a coisa era séria. E então comecei a fazer os encontros vocacionais e depois percorri o caminho formativo franciscano, como está descrito no início desta entrevista.

Vejo como Deus em tudo foi me conduzindo e concedendo a graça de ser hoje também um religioso franciscano, além de me capacitar para as diferentes realidades. Um frade que, como tantos outros, busca ser fiel, com alegria, disposição e responsabilidade ao que prometeu – com muita naturalidade –, à Igreja, Ordem e Província, mesmo diante de desafios, crises, pecados e limitações. Muitos anos depois, já sendo frade temporariamente professo, lembrei-me que meu tio, Arquimedes Turra, era jornalista, um ilustre comunicador que diariamente rezava pelas ondas do rádio a oração do Angelus com uma voz imponente e marcante, da manhã e da tarde, sempre as seis horas. Hoje, tenho clareza e convicção que tudo faz sentido e que sou desafiado, na realidade em que me encontrar, a comunicar por todo o mundo, o ‘Evangelho a toda criatura’, lema de minha Ordenação Presbiteral.

Por isso, sim, sempre quis ser frade franciscano. Durante o discernimento vocacional, também conheci outros carismas, mas São Francisco me conquistou primeiro e por isso busquei ser fiel a este encontro, a este chamado que foi se concretizando no dia a dia do percurso vocacional. Aos poucos, no decorrer da vida, vamos descobrindo que as coisas vão fazendo sentido, vão se encaixando, vão nos realizando, por isso, é preciso perseverar, acreditar, colocar-se nas mãos de Deus e confiar!

Site Franciscanos – O que é para você o ministério presbiteral?

Frei Augusto – Diante da grandeza deste ministério me sinto pequeno. Ser presbítero é uma grande graça, missão, uma vocação. Certamente, daqui a um tempo saberei responder melhor esta pergunta, mas, de antemão vale dizer que me coloquei à disposição para assumir este ministério estando aberto para a graça de Deus. “É por Ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado” (Rm 1,5), foi o lema de minha Ordenação Diaconal e até então, como diácono, descobri na vivência diária a importância de estar aberto para a graça de Deus que nos prepara para a missão. Porém, não basta ter uma atitude de abertura – isso é sim importante –, mas também vejo que um presbítero precisa estar atento aos sinais do nosso tempo, de nossa Igreja, fraternidade, Ordem, Província e do local em que se encontrar. Então, neste sentido, ser presbítero é ter disposição ‘infinita para servir’, ‘para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino, como verdadeiro sacerdote do Novo Testamento’. Que Deus nos ajude a trilhar este caminho de Jesus, um caminho trinitário, que dê lugar ao “Espírito do Senhor e à sua santa operação”, para poder caminhar sobre as pegadas de Cristo e chegar com Ele ao Pai. Assumo o ministério do presbiterado, tendo consciência da grandiosidade deste serviço, bem como da importância desta missão que Deus nos concede a graça e nos prepara dia após dia para viver.

Site Franciscanos – Quais as suas expectativas como presbítero no Pontificado do Papa Francisco?

Frei Augusto – Agradeço por esta pergunta e por me lembrar que serei presbítero no Pontificado do Papa Francisco, grande pastor, sábio profeta e um grande divulgador de nosso carisma franciscano! O Papa Francisco é criativo, firme, ousado, novo, feliz, assim como foi o de Assis, e olha que até rimou, embora não seja poeta. Sua vida e sua missão sem dúvida me inspiram e ensinam. Assim, minhas expectativas enquanto um jovem e futuro presbítero é ser fiel, obediente e estar em comunhão com Francisco, nosso Papa.

A cada Eucaristia a Igreja prevê que rezemos pelo Papa, que assumindo o nome de Francisco, nos remete para uma ética do cuidado, da Casa Comum, da irmandade, fraternidade, cuidado aos pequenos, aos que não têm voz e vez. Francisco nos ensina a ser do povo, abraçar as pessoas, olhar com amor para os que vêm ao nosso encontro e saber ouvir, mais do que discursar. Francisco de nome, Francisco de espírito, Francisco Papa que nos desafia enquanto franciscanos a olharmos sempre para o Santo de Assis e buscarmos inspiração para nossa missão diária e para a nossa vida. Para além de expectativas, ser presbítero no tempo de Francisco – que é o nosso tempo –, é também um grande desafio, porém, nos sobram exemplos!

Site Franciscanos – Você compõe a equipe de Evangelização com as Juventudes na Província. Como você apresentaria São Francisco e Santa Clara aos jovens.

Frei Augusto – São Francisco e Santa Clara são jovens que provocam, que propõem mudanças, que desejam fazer, reconstruir, recomeçar, que buscam ser melhores, empáticos, acessíveis, comprometidos… Aos jovens franciscanos de nossas paróquias, conventos, provinciais, custódias e Ordem, busco apresentar este carisma que provém de Assis com estas características e virtudes. Assim como São Francisco e Santa Clara, nossos jovens provocam, buscam pela novidade do Evangelho e do carisma. Longe da rotina, querem mais roteiros, mais missões, caminhadas, encontros, formações e mais vivência prática e evangélica. E, sem dúvidas, Santa Clara e São Francisco são nossa inspiração para que neste caminho juvenil possamos levá-los a percorrerem os caminhos de Jesus, nosso Mestre. É para Ele, com o auxílio e exemplo de nossos santos franciscanos e fundadores de nossos carismas, bem como de nossas fraternidades e frades, que buscamos indicar a direção e apresentar este carisma tão rico e necessário.

Site Franciscanos – A oração é o pilar da vida consagrada. Quem é a sua fonte de inspiração? Onde busca alimento para sua espiritualidade?

Frei Augusto – Recorro ao texto de Tomás de Celano, intitulado ‘O amor de Francisco pela oração’, para responder sobre a fonte de inspiração: “Frequentemente, sem mover os lábios, meditava por longo tempo dentro de si, concentrando internamente as potências exteriores, se elevava com o espírito ao céu. Deste modo, dirigia toda a mente e o afeto àquela única coisa que pedia a Deus: não era tanto um que rezava, quanto, ele mesmo todo transformado na própria oração” (2Cel 61,95). Assim, em um tempo em que muitas coisas tiram nossa atenção e nos desafiam ainda mais a manter o foco no essencial, a inspiração sem dúvida é a partir dos textos espirituais franciscanos, da oração em fraternidade, da oração como defesa contra o ativismo, entendendo que dependemos da graça de Deus enquanto alimento para nossa espiritualidade. Rezar neste sentido significa confiar no Pai, deixando que Ele de fato conduza a nossa vida. Assim, vejo que a experiência da oração constitui uma das mais relevantes formas de viver o tempo!

Site Franciscanos – O que diria para um jovem sobre a vida religiosa franciscana?

Frei Augusto – Vale a pena ser franciscano! Se você sente em seu coração este chamado não tenha receio de tentar, de começar, de dar ouvido ao que sente. É preciso coragem, entusiasmo, perseverança e insistência. É um caminho gratificante que nos realiza, nos congrega, nos preenche e nos faz irmãos de tudo e todos, desde a Casa Comum à aquele que bate em nossa porta pedindo por ajuda. Ser franciscano é um caminho de possibilidades, mas mais do que isso, é um caminho realmente feliz.

Aproveito o espaço para a agradecer a todos os frades da Província, bem como às Irmãs Clarissas que rezam sempre por nós e nos acompanham. E, em especial, os formadores, que desde os tempos iniciais zelaram pela nossa formação e mesmo diante de contínuas transformações e desafios buscaram sempre oferecer o melhor. Nossa gratidão também a todos os colaboradores e pessoas que nesta caminhada nos auxiliaram, formando uma grande fraternidade. Por tudo, sou grato!

---

Moacir Beggo