Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Minoridade com relação a si mesmo

A minoridade na nossa relação com Deus desdobra-se na minoridade na nossa relação conosco mesmos, vale dizer, num profundo senso de realidade a respeito da nossa própria condição, tão claramente expresso por Francisco num texto que sintetiza a sua concepção de ser humano: “Presta atenção, ó homem, à grande excelência em que te colocou o Senhor Deus, porque te criou e te formou à imagem do seu dileto Filho segundo o corpo e à sua semelhança segundo o espírito. E todas as criaturas que há sob o céu, à sua maneira, servem, reconhecem e obedecem ao seu Criador melhor do que tu. E também não foram os demônios que o crucificaram, mas tu, com eles, o crucificaste e ainda o crucificas, deleitando-te em vícios e pecados (Ad 5,1-3).
Como se pode perceber, para Francisco, a nossa exata dimensão consiste, por um lado, em termos sido criados à imagem e semelhança de Deus, dignidade conferida pelo Criador somente a nós: por outro, na possibilidade de, pelo mau uso da nossa liberdade, decairmos dessa grande dignidade, vivendo “em vícios e pecados”, em outras palavras, numa existência absolutamente egocêntrica, autorreferencial. Daí por que, com grandíssimo senso de realidade, ele conclui a Admoestação dizendo que somente de uma coisa podemos gloriar-nos: “de nossas fraquezas (cf. 2Cor 12,5) e de carregar todos os dias a santa cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Lc 14,27)” (Ad 5,8), pois, como dirá Paulo na conclusão da citação na qual Francisco se inspira: “é na fraqueza que a força chega à perfeição” (2Cor 12,9).

Frei Fábio César Gomes, “Introdução à espiritualidade Franciscana”, Vozes

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