Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Querida Laudato Si’

Querida Laudato Si'

No 8º aniversário da Laudato Si’, reflexões e questionamentos

No próximo dia 24, a encíclica Laudato Si’ – sobre o cuidado da Casa Comum, do Papa Francisco, completa oito anos. Dentro do espírito da Semana Laudato Si’, de 21 a 28 de maio, trazemos reflexões sobre essa “encíclica social”, como chama o Papa. O Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, relembra, a cada dia da semana em vídeos, os sete dos grandes conceitos e ideias contidos na Laudato Si’. “Estes objetivos fornecem orientações sobre ações urgentes e imediatas que cada um de nós pode realizar no cuidado de nossa casa comum”, lembra Frei Paulo.

A primeira reflexão é “Resposta ao Clamor da Terra”, a segunda “Resposta ao clamor dos pobres”; na sequência “Economia Ecológica”, “Adoção de estilos de vida sustentáveis”, “Educação ecológica”, “Espiritualidade Ecológica” e “Resiliência e empoderamento da comunidade”.

O Papa Francisco abre esta Carta com a citação do “Cântico das Criaturas” de São Francisco de Assis, onde o Poverello louva a Deus cantando suas criaturas: o sol, a lua e as estrelas, o vento, o fogo, a Terra, a água, a morte. “Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam por teu amor, e suportam enfermidades e tribulações. Bem aventurados os que sustentam a paz, que por ti, Altíssimo, serão coroados”. Segundo o Papa, o santo italiano “recordava-nos que a nossa Casa Comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços” (LS, 1). No planeta, habitam os seres humanos e todo o conjunto da criação em profunda relação com o ser humano: “O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos” (LS, 2).

A Semana Laudato Si’ 2023 será celebrada de 21 a 28 de maio com o filme “A Carta” para marcar o oitavo aniversário da Encíclica, segundo o Movimento Laudato Si’: “Esta celebração global unirá os católicos para nos alegrarmos com o progresso feito para vida com a Laudato Si’ e mostrar como os protagonistas de ‘A Carta’ já estão fazendo isso”.

Neste Especial, os frades e leigos apresentam reflexões que podem ser feitas hoje sobre a Laudato Si’ e o que ela inspira na nossa realidade.

Frei Sandro Roberto da Costa, Frei João Reinert, Robson Ribeiro de Oliveira Castro Chaves, Frei Samuel Ferreira de Lima, Frei Augusto Luiz Gabriel, Frei Pedro Pinheiro, Frei Fábio Vasconcelos, Frei Claudino Gilz, Frei Marx Rodrigues e Frei Diego Atalino de Melo nos ajudam nessas reflexões.

Boa reflexão!


Moacir Beggo

Foto principal: Povos indígenas de Colatina durante a Romaria desta Diocese na Festa da Penha 2023

 

 

"Os sete objetivos da Laudato Si'", por Frei Paulo Roberto Pereira

1. OBJETIVOS LAUDATO SI’
Estes objetivos fornecem orientações sobre ações urgentes e imediatas que cada um de nós pode realizar no cuidado de nossa casa comum. Todos nós podemos cooperar como
instrumentos de Deus para o cuidado da criação, cada um de acordo com sua própria cultura, experiência, envolvimento e talentos (Laudato Si’ 39; 14).

Frei Paulo Roberto Pereira, OFM
Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição do Brasil

2. RESPOSTA AO CLAMOR DA TERRA
A Resposta ao Clamor da Terra é um chamado a proteger nossa Casa Comum para o bem de todos, à medida que abordamos equitativamente a crise climática, a perda de biodiversidade e a sustentabilidade ecológica.

As ações podem incluir a adoção de energias renováveis e medidas de suficiência energética, alcançar a neutralidade do carbono, proteger a biodiversidade, promover a agricultura sustentável e garantir o acesso à água potável para todos.

3. RESPOSTA AO CLAMOR DOS POBRES
A Resposta ao Clamor dos Pobres é um chamado a promover a eco-justiça, conscientes de que somos chamados a defender a vida humana desde a concepção até a morte, e todas as formas de vida na Terra.

As ações podem incluir projetos de promoção da solidariedade, com atenção especial aos grupos vulneráveis, como comunidades indígenas, refugiados, migrantes e crianças em risco, análise e melhoria dos sistemas sociais e programas de serviço social.

4. ECONOMIA ECOLÓGICA

A Economia Ecológica reconhece que a economia é um subsistema da sociedade humana, que por sua vez se encontra inserida na biosfera – nossa casa comum.

As ações podem incluir produção e consumo sustentáveis, investimentos éticos, desinvestimento em combustíveis fósseis e qualquer atividade prejudicial ao planeta e às pessoas, apoiar economias circulares, priorizar o trabalho de cuidado e proteger a dignidade dos trabalhadores.

5. ADOÇÃO DE ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS

A Adoção de Estilos de Vida Sustentáveis se baseia na ideia de suficiência e de promover a sobriedade no uso dos recursos e de energia.

As ações podem incluir a redução do desperdício e a reciclagem, a adoção de hábitos alimentares sustentáveis (optando por uma alimentação à base de plantas e reduzir o consumo de carne), maior uso de transporte público, mobilidade ativa (caminhada, bicicleta) e evitar itens de uso único (por exemplo, plástico e o isopor.)

6. EDUCAÇÃO ECOLÓGICA

A Educação Ecológica trata de repensar e redefinir a reforma curricular e institucional no espírito da ecologia integral para cultivar a conscientização ecológica e ação transformadora.

 As ações podem incluir a garantia de acesso equitativo à educação para todos e a promoção dos direitos humanos, fomentar os temas da Laudato Si’ na comunidade, incentivar a liderança ecológica (alunos, professores) e atividades de restauração ecológica.

7. ESPIRITUALIDADE ECOLÓGICA

A Espiritualidade Ecológica nasce de uma profunda conversão ecológica e ajuda-nos a “descobrir Deus em todas as coisas”, tanto na beleza da criação como nos suspiros dos enfermos e gemidos dos aflitos, conscientes de que a vida do espírito não está dissociada das realidades mundanas. As ações podem incluir a promoção de celebrações litúrgicas baseadas na criação, o desenvolvimento de catequese ecológica, retiros e programas de formação, etc.

8. RESILIÊNCIA E EMPODERAMENTO DA COMUNIDADE

A resiliência e o empoderamento da comunidade preveem uma jornada sinodal de envolvimento da comunidade e ação participativa em vários níveis.

As ações podem incluir a promoção da defesa de direitos e o desenvolvimento de campanhas populares, incentivando o enraizamento e um sentimento de pertença nas comunidades locais e nos ecossistemas da vizinhança.

“É muito nobre assumir o dever de cuidar da criação com pequenas ações diárias, e é maravilhoso que a educação seja capaz de motivar para elas até dar forma a um estilo de vida”. (LS 211)


"A Carta"

O Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) da Província da Imaculada Conceição, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com o Movimento Laudato Si’ (MLS) e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), lançaram a Campanha Laudato Si’ durante a 60ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em Aparecida. A proposta foi apresentada no estande no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, além de exibições do filme “A Carta: uma mensagem para nossa Terra” e distribuição de materiais da Campanha Laudato Si’.

A CNBB, o MLS, REPAM-Brasil e o JPIC vêm atuando, tendo documentário como apoio, em vista de mobilizar outros agentes do universo religioso, especialmente católico, na implementação de novas políticas socioambientais e ecológicas. O filme apresenta o diálogo do Papa Francisco com lideranças da linha de frente no combate às crises climática e socioambiental. É o registro de um verdadeiro encontro e um convite autêntico para uma ação transformadora.

"Tudo o que foi criado merece viver", por Frei Sandro R. da Costa

Frei Sandro Roberto da Costa, OFM

No dia 24 de maio de 2015, o Papa Francisco lançava a Encíclica Laudato Si’, sobre o Cuidado da Casa Comum. Desde então, esta Encíclica tem se revelado extremamente atual e até profética. Infelizmente, as denúncias, os problemas e desafios ali apontados apenas se acentuaram e se tornaram questões dramáticas, afetando cada vez mais as populações mais pobres no mundo inteiro.

Uma das maiores tragédias que aconteceu no Brasil, relacionada à questão climática, foram as enchentes e desabamentos que ocorreram em Petrópolis, em 15 de fevereiro de 2022. Mas deve-se dizer: o problema não foi causado pelas chuvas e pelo clima. O principal responsável pelas tragédias foi o ser humano. Por um lado, temos a ganância humana, desmatando áreas de preservação, assoreando os rios e incentivando a especulação imobiliária. Por outro lado, a injusta distribuição de renda e a ineficiente política habitacional gera uma cada vez mais uma massa de deserdados que não têm uma casa digna para morar, empurrados para as encostas e morros, para as beiras de rios ou outras áreas extremamente vulneráveis, os pobres são os primeiros a sofrer com a chuvas.

A Encíclica Laudato Si’, como já afirmado, torna-se cada vez mais atual ao adiantar-se a uma situação que está se tornando cada vez mais comum, infelizmente. Na Encíclica, o Papa propõe algumas reflexões sobre o tema que devem nortear a humanidade na busca de soluções e enfrentamento, consciente, maduro, crítico e eficiente da situação. O Papa usa algumas expressões que acabaram tornando-se clássicas, ao menos nos ambientes onde se refletem de modo sério sobre o tema.

A Casa Comum é um deles. O Papa usa o termo para referir-se ao Planeta Terra. Francisco de Assis chamava a Terra de irmã e de mãe, a Mãe Terra. Outra expressão que se tornou comum é ecologia integral e a proposta de uma nova forma de encarar o tema da ecologia ou do meio ambiente, vendo-a a partir de uma perspectiva mais ampla, inclusiva e global, de modo que quando falamos de ecologia integral, estamos nos referindo a vários aspectos da crise em que nos encontramos. As dimensões humanas e sociais, as desigualdades econômicas, a ecologia ambiental, a ecologia cultural, uma ecologia da vida cotidiana entre outros temas.

Junto com a ideia de ecologia integral, o Papa convoca a todos a uma conversão ecológica. Esta é uma outra expressão que se tornou bem conhecida e explicita bem o seu modo de pensar e as ideias que o Papa defende na Laudato Si’. Conversão tem a ver com pecado, com desvio, com desarmonia. Ora, o Papa apela para uma profunda conversão interior, uma mudança de comportamento, de paradigma, de hábitos em favor do meio ambiente.

Nesse sentido, outra expressão famosa de Francisco é: “Tudo está interligado”. Trata-se, na verdade, da constatação de que estamos profundamente compenetrados na natureza. Fazemos parte dela. E tudo que fazemos, todos os nossos atos, opções e escolhas têm uma incidência direta sobre a Casa Comum e, consequentemente, sobre toda a humanidade. Nada existe sozinho neste mundo. Somos uma teia de relações, tecidas às vezes com os fios muito tênues, sensíveis, que com mínimo desequilíbrio podem se romper a qualquer momento, causando verdadeiras tragédias.

Nesse sentido, afirma o Papa, a crise ecológica tem uma raiz humana. Por isso, a saída passa por deixar de lado o consumismo e passar a um novo estilo de vida, que comporte novos hábitos, novas atitudes, que seja fruto de novas convicções. Seria uma espécie de regeneração, o despertar de uma nova consciência, fruto de um esforço amplo de reeducação humana. Um novo processo pedagógico, uma nova espiritualidade. É preciso uma verdadeira transformação, uma mudança de paradigma, substituindo o olhar e o comportamento antropocêntrico por um comportamento ecocêntrico e até biocêntrico. Despertar para a consciência de que o ser humano não é o centro do universo, o antropocentrismo, de que não vivemos sozinhos sobre a terra e nem podemos sobreviver sem os animais, sem as plantas, sem a água, sem os insetos, sem tudo que existe na natureza e tudo aquilo que foi criado por Deus.

A partir de um olhar biocêntrico, um olhar que coloca no centro todas as formas de vida, passaríamos a uma reverência para com todas as formas de existência. Tudo o que foi criado merece viver. Essa é uma visão e um comportamento tipicamente franciscano, onde sejam de fato respeitadas todas as formas de vida, criando novas formas de relações humanas e animais.

A Laudato Si’, ancorada na experiência e na espiritualidade de Francisco de Assis, propõe o caminho da espiritualidade, da contemplação, das relações marcadas pela sobriedade, pelo cuidado, pelo respeito, pela partilha. E, sobretudo, pela gratuidade, pelo reconhecimento e pela gratidão.

Louvados sejas, meu Senhor!


Frei Sandro Roberto da Costa, OFM, é Doutorado em História da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Itália (2000), foi diretor do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis por dois mandatos (2007-2009/2010-2012). Atualmente é professor no Instituto Teológico Franciscano – Petrópolis, RJ, onde leciona as disciplinas História da Igreja Antiga e História da Igreja na idade Média.

"A conversão socioambiental tem a ver com o Evangelho", por Frei João Reinert

João Fernandes Reinert, OFM,

Penso que a encíclica Laudato Si’ tem tido êxito em sua recepção universal graças à capacidade, típica do Papa Francisco, de dialogar com a mesma profundidade tanto com o universo científico-acadêmico como com os meios mais populares.

Problemas sociais e ambientais sempre existiram e desde sempre as causas e consequências de um de outro estão interligadas, contudo, nem sempre foram vistos a partir de um olhar integral. Nas palavras do Papa, “não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise sócio-ambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza” (LS n. 139). Com a mesma profecia continua o bispo de Roma: “toda análise dos problemas ambientais é inseparável da análise dos contextos humanos, familiares, trabalhistas, urbanos e da relação de cada pessoa consigo mesma que cria um determinado modo de relação com os outros e com o ambiente” (LS n. 141).

Nesse sentido, especificamente na realidade de Imbariê, o principal fruto da Encíclica é a conscientização que ela vem suscitando nas pessoas, que começam a ler/enxergar os problemas reais e cotidianos de modo mais abrangente, a partir do ‘grito da terra e do grito dos pobres’. Um exemplo concreto: Há falta de água generalizada nas casas das pessoas de nossa região, com um ‘detalhe’: um dos reservatórios da CEDAE, companhia que abaste água ao Estado do Rio de Janeiro, encontra-se a dois quilômetros daqui (no bairro Taquara). Vizinha ao reservatório da CEDAE, por ‘coincidência’ encontra-se a fábrica da Coca Cola, cujos caminhões passam diuturnamente, carregados de seus produtos, em frentes às mesmas casas cujas torneiras não têm água fornecida pelo Estado.

Se essa triste realidade da Mãe Terra, que é apenas um exemplo dentre tantos outros, a serviço de interesses privados sempre foi assim, nem sempre foi evidente a percepção de que a exploração de água a serviço das multinacionais e a falta de água para as pessoas de baixa renda vivem juntas. Dessa nova consciência, aos poucos vão surgindo propostas e protestos, e chance de uma maior presença eclesial junto às lutas de outros atores sociais. Portanto, o estudo da Laudato Si’ tem proporcionado refletir de modo mais consciente os problemas reais de nossa realidade.

É bonito ver, sobretudo as pessoas mais simples conseguirem fazer uma leitura da realidade articulando uma série de questões interconectadas entre si: questão ambiental, justiça social, crise ambiental e desigualdade social. Aos poucos conceitos e realidades já consagradas no vocabulário sócio ambiental vão sendo alargados a partir dessa nova consciência sócio ambiental, como por exemplo, ‘Casa Comum’. A pergunta que temos feito coletivamente é: quando a Casa Comum é realmente comum a todos? Como falar de Casa comum quando os moradores das periferias da capital fluminense não têm os mesmos direitos que os moradores da zona sul do Rio de Janeiro? Como falar de Casa Comum quando a lógica neoliberal privatiza os direitos fundamentais, como saúde, educação, segurança? Para o neoliberalismo, esses não são mais direitos, e sim mercadorias a serem vendidas e compradas. Trata-se, em última instância, da privatização da própria Casa Comum.

Enfim, o caminho percorrido em nossa realidade pastoral, inspirados pela Laudato Si’, tem sido integrar, na reflexão e prática, as diversas iniciativas sócio ambientais a partir desse olhar crítico e integral que o Papa Francisco nos presenteia através de sua Encíclica. Dois exemplos de tentativas de ações sócio ambientais articuladas entre si:

1) Há, hoje, na Paróquia Santa Clara duas turmas de reforço escolar para crianças do primeiro ao quinto ano. A literatura utilizada no reforço é sobre questões ambientais, ou seja, simultâneo à busca de superação de déficit escolar está o trabalho de despertar nova consciência ecológica.

  2) Outra atividade é a coleta de óleo de cozinha realizada em cada comunidade paroquial. Os paroquianos levam o óleo para sua comunidade. O óleo usado é vendido e o dinheiro arrecadado é revertido em cestas básicas.

São pequenas ações que, mais do que o resultado em si, o ganho está na nova consciência de que a conversão socioambiental tem a ver com o Evangelho. São essas, pequenas ações de um longo caminho a percorrer. O desafio que permanece é envolver mais pessoas nessa empreitada.


João Fernandes Reinert, OFM, é pároco na paróquia Santa clara de Assis, em Duque de Caxias (RJ), e professor do Instituto Teológico Franciscano em Petrópolis. Possui mestrado e doutado em Teologica Sistemático-Pastoral pela Pontifícia Universidade Católica RJ. Atua em cursos e seminários sobre eclesiologia e pastoral urbana.

"Semana Laudato Si’ 2023", por Robson Ribeiro Chaves 

Robson Ribeiro Chaves

Em 2015, o Papa Francisco publicou a Encíclica Laudato Si’ (LS), uma crítica à sociedade do consumo e a forma inconsequente e irresponsável do desenvolvimento humano a todo custo. É necessário observar que o documento apresenta aspectos para repensar a realidade do nosso mundo e as transformações trazidas ao meio ambiente.

uNeste ano, 2023, a Semana Laudato Si’ será celebrada de 21 a 28 de maio, para marcar o oitavo aniversário da histórica encíclica do Papa Francisco sobre o cuidado da criação. Esta celebração global unirá os católicos para se alegrar com o progresso que fizemos ao dar vida à Laudato Si’ e mostrar como os protagonistas de “A Carta” já estão fazendo isso.

O filme “A Carta” foi lançado em 2022 e conta a história de uma viagem a Roma dos líderes da linha de frente para discutir a carta encíclica Laudato Si com o Papa Francisco. O diálogo exclusivo com o Papa, incluído no filme, oferece uma visão reveladora sobre a história pessoal do Papa Francisco e histórias nunca vistas. O filme foi lançado no Vaticano no dia 4 de outubro do ano passado, dia de São Francisco, e abordou o poder da humanidade para deter a crise ecológica. Os protagonistas do documentário são um indígena da Amazônia, um refugiado do Senegal, uma jovem ativista indiana e dois cientistas estadunidenses. O longa-metragem é um excelente recurso pedagógico-pastoral. Francisco nos dá condições de lutar e refletir sobre os problemas que enfrentamos.

Francisco faz apelo a todos e todas para uma mudança na condução do planeta: “Esta irmã [Mãe Terra] clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou.” (LS, n. 2). A Laudato Si’ é um marco na realidade de uma ética social e o que chamamos de Doutrina Social da Igreja, pois apresenta a realidade da sociedade e do respeito ao meio ambiente. Para tanto, é preciso observar o caminho vivido e, diante da realidade, mudar nossa conduta. Na encíclica, Francisco apresenta a realidade do bem comum e o cuidado pela pessoa humana, principalmente em uma sociedade individualista e egoísta: “O bem comum pressupõe o respeito pela pessoa humana enquanto tal, com direitos fundamentais e inalienáveis orientados para o seu desenvolvimento integral” (LS n. 157).

Infelizmente, o ser humano, com sua necessidade de poder e ganância, compromete a natureza e o bem de todos. Diante deste cenário, o antropocentrismo comprometeu todo o ecossistema pois colocou o ser humano como o centro de tudo. Para tanto, é preciso estar atento à convocação do Papa Francisco, que admoesta o ser humano que se acha o dono e proprietário de tudo no planeta. Em tempos de crise, a sociedade não pode viver apenas para o consumo, onde o importante é acumular tudo que for possível desde bens materiais até os bens imateriais.

Francisco é crítico e categórico no parágrafo 119 da Laudato Si’: “A crítica do antropocentrismo desordenado não deveria deixar em segundo plano também o valor das relações entre as pessoas. Se a crise ecológica é uma expressão ou uma manifestação externa da crise ética, cultural e espiritual da modernidade, não podemos iludir-nos de sanar a nossa relação com a natureza e o meio ambiente, sem curar todas as relações humanas fundamentais”.

O caminho a ser trilhado é do acolhimento e da responsabilidade com o meio ambiente. Não se pode achar que os bens naturais são ilimitados. Desta forma é urgente pensar em que mundo queremos viver e deixaremos para as futuras gerações. De fato, neste contexto, precisamos observar a dor do outro e sua condição neste mundo: “O meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos. Quem possui uma parte é apenas para administrá-la em benefício de todos. Se não o fizermos, carregamos na consciência o peso de negar a existência aos outros” (LS, n. 95).

Atento ao clamor de uma sociedade excludente e individualista, Francisco nos lembra que vivemos em uma relação social: “É necessário voltar a sentir que precisamos uns dos outros, que temos uma responsabilidade para com os outros e o mundo, que vale a pena ser bons e honestos. Vivemos já muito tempo na degradação moral, baldando-nos à ética, à bondade, à fé, à honestidade; chegou o momento de reconhecer que esta alegre superficialidade de pouco nos serviu. Uma tal destruição de todo o fundamento da vida social acaba por colocar-nos uns contra os outros na defesa dos próprios interesses, provoca o despertar de novas formas de violência e crueldade e impede o desenvolvimento de uma verdadeira cultura do cuidado do meio ambiente” (LS n. 229).

Que possamos colocar em prática boas ações e lutar pela manutenção da Terra nos empenhando, verdadeiramente, na defesa e preservação da vida, sobretudo, dos mais pobres e sofredores.


Robson Ribeiro de Oliveira Castro Chaves é mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), em BH, professor de teologia no Instituto Teológico Franciscano (ITF), em Petrópolis (RJ) e membro do Conselho Regional de Formação (CRF) – LESTE II do CNLB.

"Uma Encíclica ainda mais atual", por Frei Samuel F. de Lima

Frei Samuel Ferreira de Lima, OFM

As reflexões que hoje nós podemos fazer a partir da Laudato Si’ são muitas. Nesses oito anos, ela desencadeou para todos nós uma reflexão, em primeiro lugar, de percebemos que não somos os donos da natureza e das coisas, mas somos parte. Que cada vez que nós utilizamos os recursos naturais de uma forma autoritária, de uma forma sem harmonia, nós geramos destruição, sofrimento, dor e morte. E isso está bem presente no que acontece nas terras dos povos Yanomami. A degradação, a doença, a contaminação da terra nos faz perceber que essa forma de lidarmos com as coisas como se não tivessem fim e que tudo tem que estar em função do lucro, do poder, da ganância, faz com que a gente desarmonize, crie um colapso que leva a um grande sofrimento e à morte, a nossa própria e de toda a natureza, tendo em vista a desorganização e desarmonia que isso traz. Por isso, penso que cada vez mais a Laudato Si’ é muito atual porque nos faz pensar de como a gente deve lidar e se relacionar com a natureza, com os recursos, com os animais, com a flora, com as próprias pessoas e nós como seres humanos.

E uma grande reflexão que nos provoca muito é essa ideia de que  tudo fosse uma mercadoria e que tudo tivesse de dar lucro. Essa relação de consumo que, de forma desenfreada, faz com que a gente mesmo perca a identidade daquilo que somos. Muitas vezes se relacionamos com as pessoas como se elas também fossem mercadoria ou coisa. Esquecemos de que tudo devia, segundo o próprio livro do Gênesis, governar, cuidar, significa fazer com que as coisas se multipliquem e se desenvolvam de forma criativa a trazer plenitude e vida nova.

Essa relação que a gente tem de lucro faz com que percamos o sentido último da vida. E, acima de tudo, de perceber que nós somos parte da natureza e estamos interligados. Tudo aquilo que a gente faz contra a natureza também vai ter impacto sobre nós, vai ter uma repercussão de uma forma imediata. E isso a gente vê hoje nas mudanças climáticas, nos sofrimentos que têm surgido diante das calamidades, que têm afetado principalmente as populações mais pobres, mais vulneráveis, nas cidades ribeirinhas, nas favelas, da agricultura familiar com secas, as enchentes, os terremotos. É preciso a gente parar e começar a refletir sobre a forma como queremos lidar com a vida, com os recursos que têm um dono: o Criador.

A Laudato Si’ nos faz perceber isso. Não somos donos das coisas. Existe um Criador que é Senhor de todas as coisas. Somos criaturas e parte de todas as coisas criadas. Por isso a gente precisa refletir como pensar,  agir, para que a gente mude a nossa forma de estar no mundo, não vendo as coisas apenas como um instrumento para o lucro, para se dar bem na vida, para se enriquecer, mas pensar que precisamos construir uma sociedade nova, onde os recursos sejam pautados para promover a vida de todos. Para que as pessoas tenham dignidade, para que haja um respeito mútuo em relação à floresta, aos animais, à própria terra, ao uso ético responsável e social da Terra, dos recursos naturais que a gente tem.

O que a gente vê hoje são gananciosos que querem se apropriar de tudo, destruir tudo em função dos seus desejos, dos seus interesses, dos objetivos escusos, muitas vezes egoístas, que traz dor, sofrimento, destruição, morte e degradação.

A Laudato Si’ nos faz refletir profundamente  como nós, humanos e filhos de Deus, podemos e devemos estar no mundo, em relação à Casa Comum, a essa nova realidade que precisamos mudar. Todos nós precisamos mudar. Nós, muitas vezes hoje, temos um discurso de cuidado, mas não dá um passo seguinte para ações concretas. Muitas vezes nós não nos perguntamos: o que estamos consumindo, de onde está vindo, quais são as formas de produção. Isso tem um respeito de sustentabilidade, isso é um recurso renovável. Então, muitas vezes,  a gente não se questiona como é o nosso modo de estar  em relação a todas as coisas. Continuamos no vício de comprar, comprar, comprar. Em cada festa, em cada celebração, a gente quer comprar coisas e não nos perguntamos como essas coisas foram geradas, de onde estão vindo os recursos. De que forma essas realidades foram produzidas. Quantas mercadorias hoje são frutos de trabalho escravo, quantas mercadorias são frutos da degradação das florestas, da morte dos animais, de uma forma feita sem racionalidade, sem respeito, sem ética, sem visar a dimensão social do bem comum.

Então, a Laudato Si’ continua numa atualidade muito grande porque ela provoca todos nós a aprofundar cada vez mais a nossa relação com as coisas, a nossa relação com o ser humano, a nossa relação com os recursos naturais. E penso que ela nos inspira na realidade concreta que a gente vive hoje, que a gente precisa parar e começar a pontuar o nosso fazer, o nosso ser. Tudo que a gente vive, tudo aquilo que a gente utiliza, tem que ter o bem social, tem que ter uma dimensão de sustentabilidade, tem que ter propósito ético de vida, para que a gente possa quebrar essa cadeia de destruição, de poluição, de degradação, de violência contra a Casa Comum, contra o ser humano, porque todos nós estamos vendo a degradação que está  atingindo a nós próprios de uma forma muito forte. Quantas pessoas estão sofrendo por causa das catástrofes, por causa  da exploração e de uma mentalidade de consumo, de bem-estar, que não pensa na totalidade, que não pensa que a gente é parte.

Então, ao celebrarmos o aniversário da Laudato Si’, todos nós devemos criar uma consciência de como eu estou me relacionando com a Casa Comum. Qual a contribuição que eu estou dando para quebrar esta cadeia de destruição, de degradação? O que estou, de forma concreta, vivenciando para que a gente trabalhe numa harmonização, numa reorganização e numa mudança para que percebermos que somos parte, estamos interligados, integrados, precisamos buscar uma nova forma de agir, de se relacionar com todas as coisas, de forma que a gente perceba que as coisas não são mercadorias. A natureza não é um mercado onde a gente vai lá e tira, tira, tira.

A natureza somos nós todos e precisamos mudar a forma de ver, de se relacionar, para que todos nós, principalmente os cristãos, possamos ter presente as palavras de Jesus em João 10,10. “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância. Tudo aquilo que a gente faz, que a gente compra, devemos pensar: Isso está gerando vida? Nos traz vida? Isso está numa harmonização para que a vida se torne realmente plena e assim a gente realmente entre nesse processo de conversão, de mudança e possamos então ser tocados por essas palavras desta Encíclica, que é tão atual, tão profunda, tão questionadora e que nós leva realmente a vivenciar uma experiência nova, de conversão, de promoção da vida, de cuidado da Casa Comum e de cuidado com a vida humana na sua plenitude, na sua dignidade.

Paz e bem!


Frei Samuel Ferreira de Lima, OFM, é mestre dos Noviços da Província da Imaculada Conceição do Brasil. Ele foi missionário na Missão de Angola por mais de dez anos e retornou para trabalhar no tempo da Filosofia como mestre. Mas foi chamado novamente para ser mestre no Noviciado.

"A opção franciscana e o clamor por uma ecologia integral", por Frei Augusto L. Gabriel

Há mais de três anos, o Papa Francisco apresentou ao mundo a Exortação Apostólica “Querida Amazônia”, um resultado do Sínodo dos Bispos endereçada ao povo de Deus e às pessoas de boa vontade. Neste documento construído a muitas mãos, o Santo Padre faz um forte apelo para salvar a Amazônia. O evento que congregou bispos, líderes católicos, religiosos, indígenas e ativistas de nove países da América do Sul, teve forte influência do pensamento de São Francisco de Assis, patrono da Ecologia e também um fiel companheiro do Papa, que além de admirá-lo, escolheu para seu ministério o mesmo nome. Vale ressaltar que o Sínodo da Amazônia se soma a um conjunto de ações do Pontífice que olham para o cuidado da Casa Comum, que teve início com a Encíclica Laudato Si’, já há oito anos.

Lindas, exuberantes e verdes. É assim que nos acostumamos a ver as florestas. No entanto, nos bastidores, um acelerado de desmatamento preocupa. O que os olhos dos governantes não veem, tem gerado inúmeras consequências para todo Brasil e o mundo.

O planeta todo nos foi entregue para ser utilizado com sabedoria. A natureza é uma herança gratuita que recebemos de Deus e que devemos cultivar. Ela não é um deus, mas sinal da expressão da bondade e da beleza que emanam do único e verdadeiro Deus. Ainda mais, ao violentar a natureza, ela adoece ou é ferida gravemente. O que nos foi dado para ser uma bênção se transforma em maldição.

Destruir a Amazônia provoca grandes impactos em todo universo. A chuva que é produzida na Amazônia é importante não apenas para a região. Ela ajuda na geração de energia, na produção de alimentos e no abastecimento de água no Centro, Sul e Sudeste brasileiro. Para os mais de 20 milhões de brasileiros que habitam a Amazônia, o desmatamento nunca trouxe desenvolvimento social, pelo contrário, cerca de 85% dos casos de trabalho escravo do país ocorrem nas áreas desmatadas da Amazônia.

A Igreja não pode se calar diante disto de tamanha devastação da biodiversidade e do uso abusivo da terra. Ainda nos dias atuais, muitos são os exemplos proféticos e de corajosos cristãos, missionários, religiosos e ‘padroeiros’ do meio ambiente que protagonizaram a história da preservação da floresta e do cuidado pela vida. Infelizmente muitos são mártires, como por exemplo Pe. Ezequiel Ramin, Irmã Dorothy Stang e Irmã Cleusa Coelho. Nestes ‘protagonistas cristãos’, vemos a história profética de quem lutou pelo direito das comunidades, dos indígenas e de muitos outros povos que dependem da floresta para a sua substância.

Segundo Frei Michael Perry, ex-Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, o grito dos povos da Amazônia atinge diretamente as ações ligadas à ecologia. É necessário recordar que “para promover uma ecologia integral na vida de todos os dias da Amazônia, é preciso compreender também a noção de justiça e comunicação intergeracional, que inclui a transmissão da experiência ancestral, cosmologias, espiritualidades e teologias dos povos indígenas, em volta do cuidado da Casa Comum” (Instrumentum Laboris do Sínodo, 50).

Muitas são as ações que a Igreja tem tomado perante o combate ao desmatamento.  Reafirmando seu compromisso basilar com os povos da Pan-Amazônia, a Igreja busca ser presença evangelizadora, mesmo com o número escasso de sacerdotes, religiosos e religiosas. Além disso, a Igreja cobra dos governos o respeito para com a Mãe Terra, como definiu São Francisco de Assis, e indica necessários caminhos de cuidado da Casa Comum.

Na Paróquia Santa Clara de Assis, a Pastoral da Ecologia é uma ação da igreja particular da Diocese de Colatina (ES) em “defesa da integridade da criação”.  Tendo como direcionamento bíblico o texto de Gênesis 2 versículo 15, “cultivar e guardar a criação”, os objetivos específicos de atuação da Pastoral da Ecologia são: educar para os valores essenciais à vida; desenvolver uma nova cultura de preservação do planeta e despertar para a necessidade do desenvolvimento sustentável.

Por isso, a Paróquia Santa Clara mobiliza suas comunidades e desenvolve projetos voltados para a temática do cuidado da Casa Comum, tendo São Francisco de Assis como inspiração. Entre os trabalhos, destacam-se as caminhadas ecológicas, o cuidado com os recicláveis, a correta destinação do óleo de cozinha e o atendimento no Centro Socioambiental São Francisco de Assis (CEAF), cujo objetivo principal é preservar e defender o meio ambiente e todos os seus recursos naturais e sustentáveis, por meio de ações de recuperação, reflorestamento, sensibilização e inclusão social, visando às condições socioambientais de qualidade para a sobrevivência, e, com isso, conquistar a valorização, a proteção e a sustentabilidade da vida em geral.

Jorge Mario Bergoglio ecoa a opção franciscana e o clamor por uma ecologia integral que exige “uma conversão pessoal, social e ecológica (cf. LS 210)”. Além disso, carecemos de políticas públicas e da nossa participação na proteção e conservação da natureza. A garantia da vida no Planeta requer relacionamento saudável com o mundo, e, sobretudo, integração entre o amor a natureza, Deus e as criaturas.

São Francisco de Assis, patrono da ecologia, rogai por nós!


Frei Augusto Luiz Gabriel, OFM, a serviço da evangelização na Fraternidade Frei Galvão, Paróquia Santa Clara de Assis, em Colatina (ES).

"Junho Verde", por Dom Evaristo Spengler

Dom Evaristo Pascoal Spengler. OFM

A Paz de Cristo e sua Vida, em abundância, para as pessoas e a criação inteira!

Um dos temas abordados durante a 60ª Assembleia Geral da CNBB foi a Campanha Laudato Si’, iniciativa conjunta de CNBB, REPAM e Movimento Laudato Si’, com adesão de outras 20 organizações e entidades eclesiais, apoiada de modo particular pela Comissão para Ação Sociotransformadora e pela Comissão de Ecologia Integral e Mineração.

Como explicado, a Campanha visa conectar, inicialmente durante o ano de 2023, os três principais momentos eclesiais de estudo, compromisso e mobilização para a promoção da Ecologia Integral: a Semana Laudato Si’ (21-28 de maio), o Junho Verde e o Tempo da Criação (1 de setembro – 4 de outubro).

Esta comunicação vem apresentar com mais detalhes propostas e convites em vista do Junho Verde.

Recordamos que se trata de uma iniciativa promovida pela CNBB, que pela Presidência apresentou proposta de alteração da Política Nacional de Educação Ambiental
(Lei 14.393/2022), a qual foi sancionada para instituir a celebração deste mês temático. O objetivo é enfatizar o compromisso pela conservação dos ecossistemas naturais e de todos os seres vivos, bem como o controle da poluição e da degradação dos bens naturais, que são dons de Deus e obras da Criação.

A Lei visa estimular iniciativas do poder público em parceria com escolas, universidades, empresas públicas e privadas, igrejas, comércio, entidades da sociedade civil,
comunidades tradicionais e populações indígenas etc.
Há muitas iniciativas possíveis e realizáveis em todas as dioceses e paróquias. A seguir, sugerimos algumas delas, colocando-nos à disposição para assessorar e/ou fornecer
materiais úteis para suas ações pastorais.

Educação para o Cuidado da Vida
Um grupo de trabalho da Campanha Laudato Si’ está articulando iniciativas junto à Comissão para Educação e Cultura, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) e representações juvenis da Igreja, envolvendo as escolas católicas e tentando
alcançar também a rede pública com materiais de estudo. Uma primeira proposta, que estará pronta no final de maio, é uma roda de conversa para juventudes sobre Fome e cuidado da Casa Comum, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2023.

pPara as paróquias, estamos preparando e diagramando também dois roteiros online para catequese, sobre o Cuidado da Casa Comum, que estarão à disposição em breve.

Incidência política em defesa da Casa Comum
O mês de junho traz à tona dois debates essenciais para a defesa da vida: o julgamento do Marco Temporal para o direito dos povos indígenas a seus territórios e a
incidência para a ratificação no Brasil do Acordo de Escazú, o mais importante acordo socioambiental em América Latina e Caribe, que precisa ser assumido formalmente também em nosso País.

A Igreja Católica está atenta e empenhada no acompanhamento destes dois processos. Também em nível local podem ser propostas iniciativas de reflexão e debate sobre “a política melhor” em defesa da Casa Comum. Sugerimos, por exemplo, que as igrejas
locais, em diálogo com os movimentos populares e o poder legislativo e judiciário, promovam audiências públicas ou debates, durante o mês de junho, para avaliar as
urgências e necessidades nos territórios frente aos principais desafios socioambientais.

Iniciativas de visibilidade e divulgação
É oportuno também encontrar símbolos e gestos que deem visibilidade ao Junho Verde como iniciativa da Igreja em diálogo com a sociedade.

Por exemplo, pode-se pensar em iluminar de verde, à noite, as igrejas ou outros lugares cristãos emblemáticos. Podem ser expostos cartazes da Campanha Laudato Si’ nas
igrejas, ou produzidos materiais que evidenciem o apoio ao Junho Verde, com a logomarca da Campanha Laudato Si’.

Podem ser organizadas entrevistas e transmissões nas TVs e rádios católicas, ou outras iniciativas sugeridas pela criatividade das PASCOM locais.

Estas e outras ações podem estar conectadas à exibição do documentário “A Carta: uma mensagem para a nossa Terra”, que foi produzido pelo Movimento Laudato Si’ e representa uma ferramenta importante para inserir o diálogo sobre cuidado da casa comum nas
comunidades (o documentário está disponível gratuitamente no YouTube).

Pode-se dar particular destaque ao dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, ou a propostas distribuídas ao longo do mês todo.

Para tudo isso, e eventuais outras iniciativas que queiram empreender, as assessorias de nossas Comissões, a REPAM e o Movimento Laudato Si’ estão à disposição dos senhores.

Podemos seguir dialogando à distância e eventualmente marcar uma reunião online para aprofundar iniciativas e colaborações.

Pretendemos também construir um mapa das atividades que estarão sendo realizadas durante o Junho Verde no país todo, para dar visibilidade à criatividade e ao
compromisso da Igreja sobre este tema, em coerente continuidade à iniciativa de Lei proposta pela CNBB no ano passado.

Agradecemos muito pela atenção e permanecemos à disposição para qualquer esclarecimento e contato.


Dom Evaristo Pascoal Spengler
Bispo de Roraima- RR
Presidente da REPAM-BRASIL

"A  economia de Deus é outra", por Frei Pedro Pinheiro..

Frei Pedro da Silva Pinheiro, OFM

Para mim é impossível viver sem estar envolvido com arte. A minha compreensão da razão do fazer arte é porque eu entendo dentro daquela proposta teológica de que somos imagem e semelhança de Deus criador, por consequência somos criadores. Deus habita em nós. O Divino Espírito Santo de Deus nos ocupa como templo e somos diuturnamente provocados, motivados a fazer arte, porque Deus é criador. O Espírito de Deus é inspirador e, constantemente, sinto mais do que nunca que hoje eu sou uma ferramenta, sou uma mera ferramenta. Não quero parecer pretensioso, mas na verdade, o que conta é que estou disponível. Essa ideia de Maria dizendo ‘sim’. Eu percebo isso a cada momento, ali do meu dia a dia no produzir arte, porque eu me ofereço como ferramenta.

Quando cheguei em Agudos (Seminário Santo Antônio), percebi que não tinha a possibilidade de criar um acervo novo, de criar uma nova pesquisa, uma nova compreensão da vida. Vi que o lugar se oferecia para encontros e, por consequência, produzia muito material, tanto orgânico como reciclável. Até na Fazenda do Seminário havia muito material – ferro, grades, arame farpado -, enfim, muito lixo ocupando espaço ali. Um dia, Frei Osmar Dalazen foi comigo de caminhãozinho e trouxemos uma grande quantidade de material. Frei Aristides Luiz Pasquali morava lá na época e separava cuidadosamente todo o lixo plástico no Seminário. Era impressionante o trabalho dele. Foi uma das grandes e importantes influências nessa minha abordagem e compreensão do que eu estou produzindo atualmente. Havia gente que não era artista e oferecia condições de sustentabilidade ao planeta, de um modo pequeno, bem pessoal, individual, mas fazia. Era um grão de areia, mas era. Então, com o tempo eu me deixei tocar por essa influência maravilhosa do Frei Aristides e também pelo potencial do lugar que produzia muito descartável.

Então, eu comecei a perceber que aquilo tudo poderia configurar um texto, um discurso visual eloquente. Isso vai acontecer provavelmente em meados deste ano, em Bragança Paulista, no Centro Cultural Carlos Gomes, junto ao Festival de Arte da Serrinha. Provavelmente vai ser a minha exposição mais séria. Vai ser uma amostragem do que nós estamos fazendo com nossa Casa Comum, a partir desse meu acesso à arte e dessa matéria prima, que não é aproveitamento, mas uso objetivo, o uso do material que é subtexto desse discurso visual para falar do que nós estamos fazendo da nossa Casa Comum.

Eu fico sempre emocionalmente muito envolvido com cada peça, com cada item que estou desenvolvendo e minha maior satisfação é perceber que agora, mais do que nunca na minha vida, a obra e cada item estão estreitamente relacionados. Tudo configura um acervo que quer falar de transcendência, que quer falar de imanência, do chão em que a gente pisa e o que a gente está pisando, o que a gente está produzindo, como a gente está fazendo a manutenção desse nosso ambiente, tão precário, hoje em dia com outros valores que são totalmente inadequados para exigência que o planeta tem. A natureza nos oferece de um modo tão grato, tão gracioso, tão abundante, tão generoso, nos provendo de tudo e nós estamos querendo transformar isso em poder, dinheiro. Mas a economia de Deus é outra.

Cada vez que você defende esse planeta, você está se aproximando de Deus, está correspondendo ao sonho desse Deus criador.


Frei Pedro da Silva Pinheiro, OFM, é artista plástico da Província da Imaculada Conceição

"Sonhos e caminhos para a Ecologia integral na Amazônia", por Frei Fábio Vasconcelos

Frei Fábio Vasconcelos, OFM

 A Laudato Si’ tem se mostrado cada dia mais atual e necessária. O cuidado com a Casa Comum e o sonho de uma ecologia integral tem se mostrado urgências do nosso tempo. As estradas e convites da Laudato Si’ continuam nos desafiando. Diante do conteúdo profético da Laudato Sí’ podemos ainda hoje nos perguntar: o que continua acontecendo com a irmã e mãe Terra? E nos indagar também, à luz da Evangelho da Criação, o que podemos fazer?

O Sínodo para Amazônia foi um movimento de busca por novos caminhos para e Igreja e por uma ecologia integral. A sua ligação com a Laudato Si’ é bem evidente. O Sonho ecológico da exortação Querida Amazônia tem suas raízes nas reflexões da encíclica sobre o cuidado do Criação. Como alguém que vem da Amazônia sinto que o grito da Terra e dos povos dessa região do planeta foram amplificados e chegaram aos ouvidos de muitos, mas passos ainda precisam ser dados.

“Louvado Sejas, meu Senhor”, estas palavras de louvor que iniciam a encíclica inspiram as atitudes franciscanas da gratidão e da fraternidade universal. Somos convidados a olhar Francisco de Assis como exemplo de cuidado com a Casa Comum e nos motivar para todo tipo de ação em favor da nossa Terra e dos seus habitantes. O olhar contemplativo e apaixonado pelo Senhor é que nos leva amar toda a beleza da criação. Nesses rastros que nos atraem e admiram, é que ouvimos o que Ele está a nos dizer. Somos chamados a atualizar toda a profundidade da eco-espiritualidade que Francisco de Assis viveu, mesmo que ele nunca tenha usado ou dado esse nome.

Esse caminho de cuidado da casa comum se tece na luta, na aquisição de consciência, mas também com poesia e com sonho. Por isso, com licença poética, fico me perguntando se aquele Pobrezinho de Assis vivesse hoje na Amazônia, o que ele faria? Certamente choraria com os sofrimentos dos pobres e da natureza ultrajados. Ficaria louvando e cantando a Deus ao ver um encontro da águas, se somando a tantos cantadores que têm o mesmo gesto jogralesco. Também imagino eu, que o Santo de Assis, iria querer aprender com cada cultura, quem sabe aprender a tocar instrumentos indígenas, convidar seus irmãos e irmãs para o louvor ao som do maracá e de flautas. Mas em nós, ele está aqui e conosco, em sua comunhão e companhia, somos Chico também.

Não saberia dizer o momento exato quando percebi que era eu um amazônida, porque aquilo sempre esteve em mim. Mas um sei que em algum momento, graças principalmente à reflexão da Igreja em nossa região, eu despertei do sono, e percebi que a ecologia era um tema muito importante para nossa vida. No itinerário da formação franciscana também pude ver o quanto esse aspecto da defesa da integridade da criação é pulsante em nosso carisma.

Francisco de Assis, em seu processo de crescimento pessoal, busca e seguimento do Senhor, foi se apercebendo de muita coisa. Se dando conta da realidade, sentindo o que precisava ser reconstruído, deixando o evangelho o questionar. Também nós, em nossos dias, e contextos somos interpelados pelos sinais dos tempos. Podemos ir nos situando, tomando parte daquilo que podemos fazer para reconstruir nosso planeta. Espero que a Laudato Sí’ continue despertando pessoas para sonhar acordadas.

Os gestos do Papa Francisco em relação a Amazônia, e o carinho e cuidado do saudoso cardeal Cláudio Hummes, são também imagens daqueles que querem reconstruir a Nossa Casa. Esses gestos fizeram sentir que Francisco de Assis fizesse essa viagem pelos rios da Amazônia, e não só tivesse passado, mas que aqui tivesse estabelecido sua maloca e atado a sua rede. Ao olhar para Amazônia se reconheceu que precisamos seu rosto diverso que precisa de cuidado.

A Laudato Si’ e Querida Amazônia, em tudo isso que afirmo, me inspiram para pensar uma espiritualidade ecológica que dialogue com a espiritualidade amazônica. Que seja um caminho que desperta e convida para uma conversão integral. O barco de sonhos e desafios da Igreja navega nos rios, junto de todas as pessoas de boa vontade, levando esperança e conclamando ao cuidado. Assim como São Francisco convidava a louvar o Criador, desejo que a Laudato Sí’ permaneça como esse convite à profecia. Como o Santo de Assis, que queria itinerar pelo mundo, a Laudato Si’ estimula a movimentar-nos para sairmos da crise e trilharmos novos caminhos.


Fábio Vasconcelos, OFM, é frade da Custódia São Benedito da Amazônia e faz o  4º ano de Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis.

"Na Educação, um marco inspiracional", por Frei Claudino Gilz

Frei Claudino Gilz

 

 Aos que atuam como evangelizadores no contexto da Educação, a publicação da Carta Encíclica Laudato Si’ em maio de 2015 significou um auspicioso ponto de partida para o desenvolvimento de diversas iniciativas promissoras, de momentos celebrativos, de projetos acadêmicos e atividades em sala de aula etc., privilegiando:

1.ª) Envolver de modo mais abrangente a comunidade escolar/universitária na reflexão sobre a importância do cuidado com a Criação e da prática do amor a todas as criaturas como um dos principais ensinamentos de São Francisco de Assis;

2.ª) Reconsiderar São Francisco de Assis como inspiração e exemplo na promoção de uma cultura escolar/universitária vivida com alegria e simplicidade em prol de uma ecologia integral, em prol da saída ao encontro dos menos favorecidos (os pobres), inúmeros deles infelizmente abandonados à penúria, à fome e a tantos outros flagelos;

3.ª) Redescobrir em São Francisco de Assis um modo peculiar de escuta e de obediência à convocação divina, tanto no cuidado da Criação quanto na instauração de uma convivência fraterna, pacífica e respeitosa no cotidiano educacional, nas famílias e na sociedade, visto que a Fraternidade testemunhada por São Francisco não se restringe ao âmbito das relações humanas, ela é inclusive cósmica;

4.ª) Reavaliar as atitudes humanas que historicamente contribuíram à deterioração da nossa Casa Comum, seja por meio da poluição em demasia, da contaminação das fontes de água, da perda da biodiversidade, seja do comprometimento da qualidade de vida e da degradação social alinhada à corrupção, à ganância, à falta de ética, ao ódio, à falsidade, à insensibilidade com os mais pobres e marginalizados, entre outros;

5.ª) Reaprender de São Francisco a arte de recuperar os distintos níveis do equilíbrio ecológico: o interior consigo mesmo, o solidário com os outros, o natural com os seres vivos e o espiritual com Deus;

6.ª) Promover junto à comunidade escolar/universitária a compreensão de que é pelo amor à Criação e pelo cuidado da Casa Comum que o ser humano desvela o melhor de si, o melhor de suas intenções e de seus sentimentos.

Ao contexto da Educação, a Carta Encíclica Laudato Si foi e continua sendo um marco inspiracional na formação de inúmeras crianças, adolescentes, jovens e adultos no estilo de vida inaugurado por São Francisco de Assis. Estilo de vida esse capaz de nos mobilizar, sempre de novo, a humanidade à arte de fazer boas escolhas em prol de modo de viver samaritano, fraterno, solidário, zeloso da Mãe Terra e feliz uns com os outros. Estilo de vida esse capaz de levar a escola/universidade estar na proximidade com os mais pobres e esquecidos da sociedade e, em cada um deles, ao Criador amar e servir ‘com grande humildade’ e alegria.


Frei Claudino Gilz, OFM, é coordenador da Frente de Evangelização da Educação desta Província da Imaculada Conceição e tua como Coordenador do FAE Social, do Bom Jesus, docente da FAE Centro Universitário.

"Atualidade da Laudato Si' e as atividades na Província", por Frei Marx dos Reis

Frei Marx Rodrigues dos Reis, OFM

A grande característica da Carta Encíclica Laudato Si’ é a sua atualidade. Os problemas contidos nela são a expressão mais aguda de nosso tempo, as relações entre as formas de vida na Terra e os graves problemas climáticos que enfrentamos. “Os problemas sociais se misturam aos problemas ambientais”.

Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura da superfície do planeta já aumentou 1,09 °C desde a época pré-industrial – mais rápido do que em qualquer outro momento, pelo menos, nos últimos 2000 anos.

As marcas destas rápidas alterações climáticas podem ser encontradas na atmosfera, no oceano, na criosfera e biosfera, desde o degelo dos glaciares até à subida do nível dos mares.

Eventos extremados já vividos no Brasil são consequência dessa mudança brusca da temperatura terrestre. Refiro-me aos desastres de Petrópolis (RJ), Litoral Norte (SP), Região Sul da Bahia, entre outros.

A vida humana na Terra corre grave risco e essa Carta une a voz de quem está entre lágrimas, luto e lamas para buscar uma fonte de esperança para toda a humanidade. Se por um lado, o homem foi se tornando um sujeito mortífero, capaz de ferir a Terra e eliminar a biodiversidade, por outro lado somos capazes do sagrado, da reverência, de tornar a nossa vida em poesia social.

Um dos grandes avanços dessa Carta é a ecologia, da qual São Francisco de Assis é patrono. Nela vemos as relações entre os seres vivos. O Papa Francisco nos provoca a pensar qual é a relação que estamos tendo, qual é a espiritualidade que se dá entre os irmãos e a criação. Ele nos provoca a criar algo novo, a sermos espiritualmente criativos e fazer da vida uma poesia de esperança.

Volto à pergunta, qual é a importância da Laudato Si’? É entender o que ocorre em nosso mundo e forjar poesia para sermos capazes de praticar a esperança do mundo.

Frei Marx Rodrigues dos Reis, OFM, animador do Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação e coordenador da Frente de Solidariedade para com os Empobrecidos.


SEMANA LAUDATO SI’

Propostas de ações nas paróquias e em outras Frentes de Evangelização

APRESENTAÇÃO

Nossa Província, em comunhão com a Igreja em todo o mundo, deseja somar forças à Semana Laudato Si’ (21-28 de maio de 2023). A proposta é realizarmos uma série de orações e ações baseadas nos Objetivos da Carta Encíclica Laudato Si’, para que nossas comunidades se provoquem e busquem dar respostas à luz de nosso carisma.

São algumas breves sugestões. Temos certeza de que muitas outras ações vão nascer da criatividade e do entusiasmo que pulsam em nossas fraternidades. Desejo, desde já, seja momento de graça e crescimento para nossa Fraternidade Provincial no engajamento com a causa de Justiça, Paz e Integridade da Criação.

Paz e Bem!

Frei Marx Rodrigues dos Reis, OFM

Animador Provincial do Serviço JPIC

DICAS DE ATIVIDADES

1) Série de Vídeos – Objetivos da Laudato Si’

Nosso Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, gravou uma série de vídeos breves onde aborda os Principais Objetivos propostos pela Carta Encíclica Laudato Si’. Será importante referência tanto para a Formação Permanente quanto nas bases. Estará disponível no YouTube, através do Canal TV Franciscanos.

 2) Reprodução do Filme A Carta.

Este vídeo foi produzido pelo YouTube com o Dicastério do Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e com o Papa Francisco, convida pessoas da periferia do mundo para conversar sobre a Carta Encíclica Laudato Si’, trazendo os que estão à margem para ocupar o centro da discussão socioambiental.

O filme tem 1h20’ de duração pode ser visto ou baixado gratuitamente no link https://youtu.be/Rps9bs85BII

Sugestões para a exibição

– Faça uma acolhida e explique a importância de aderir a esse projeto em um momento de profunda crise Climática.

– Faça a exibição do filme.

– Aproveite o momento para um bate-papo, podendo ou não convidar alguém de fora.

– Aproveite o material para a Catequese, fazendo uma sessão de cinema com pipoca

– Caso acredite que o filme seja muito longo, selecione uma parte a ser exibida.

– Faça a divulgação nas celebrações.

– Em São Paulo, a exibição oficial do Filme A Carta será no dia 27/05, no Auditório da UNIFAI (Vila Mariana) às 14h. Após a exibição haverá uma conversa com lideranças indígenas, pesquisadores e teólogos sobre como, enquanto Igreja, podemos contribuir com a nossa Casa Comum.

Dia: 27/05 –  14h

Local: UNIFAI – Rua Afonso Celso, 671/711, (Vila Mariana, São Paulo,SP).

3) Recordação do Aniversário da Carta Encíclica Laudato Si’

Dar destaque à data em avisos paroquiais, com estas palavras ou semelhantes:

Semana Laudato Si’: A necessidade de ações urgentes para combater a crise ambiental e social não é nova. Há cada vez mais alertas globais para tentar conscientizar a humanidade de que algo precisa mudar. A degradação do mundo natural já está prejudicando o bem-estar de 3,2 bilhões de pessoas, ou seja, 40% da humanidade. Por isso, o Papa Francisco nos convida a dar uma resposta à luz de nossa fé, convidando-nos a refletir e rezar pela nossa Casa Comum e nossos irmãos vulneráveis. Para nos ajudar, o Papa nos ofertou o filme A Carta: uma mensagem da Terra. Já está disponível no YouTube e os franciscanos estão apoiando o Santo Padre nesta divulgação. Vamos assistir e divulgar.

4) Preces Comunitárias (podem ser adicionadas ás preces dos fiéis nas missas e celebrações e/ou nos ofícios das comunidades)

– DOMINGO: Pelas dioceses e paróquias:

Senhor da Criação, pedimos-te pelas nossas paróquias e dioceses. Que estejam atentas ao grito da Terra e promovam energias limpas, garantam ar e água limpos para todos e protejam a tua criação, especialmente a sua biodiversidade e o seu clima. Que nós e nossas paróquias e dioceses redescubramos nossa vocação original de cuidadores da nossa casa comum e uns dos outros.

– SEGUNDA-FEIRA: Famílias

Amante dos pobres, pedimos-te por todas as famílias, para que sejam “o lugar onde a vida – dom de Deus – possa ser devidamente acolhida e protegida”. Que as famílias estejam especialmente atentas ao grito dos pobres e trabalhem pela plenitude da vida para todos, especialmente pelos membros mais vulneráveis ​​e abandonados da nossa casa comum.

– TERÇA-FEIRA: Economia

Deus providente, ajuda-nos a reunir “os diferentes campos do conhecimento, incluindo a economia”, e promover “novos modelos de desenvolvimento integral”. Que trabalhemos por um novo paradigma econômico a serviço do bem comum, “não deixando ninguém para trás”.

– QUARTA-FEIRA: Instituições de saúde

Deus de bondade, pedimos-te que nossas instituições, especialmente nossos hospitais e centros médicos, cresçam na capacidade de cuidar. Que todos possamos entender e apreciar como gestos concretos e estilos de vida simples tornam possível que outros vivam e floresçam.

– QUINTA-FEIRA: Instituições educacionais

Deus do conhecimento e da virtude, ajuda-nos a “crescer em solidariedade, responsabilidade e cuidado compassivo”. Que nossas escolas e universidades, de modo especial, promovam uma educação que possa ajudar a restaurar “a harmonia dentro de nós mesmos, com os outros, com a natureza e outros seres vivos, e com Deus”.

– SEXTA-FEIRA: Grupos e organizações

Deus Trino, ajuda nossos movimentos, organizações não-governamentais, centros de comunicação e todos os grupos que trabalham pelo bem comum a desenvolver uma espiritualidade de solidariedade global que brote do mistério do que Tu és: uma comunidade interconectada de amor.

– SÁBADO: Ordens religiosas

Deus de comunhão, faz com que nos tornemos comunidades de ação participativa e de uma denúncia profética que amplifica o grito da Terra e dos pobres. Nós te pedimos, ó Deus, que ajudes nossas comunidades religiosas a serem líderes servidoras proféticas no cuidado da nossa casa comum e dos pequenos entre nós.

5) Promover uma ação de solidariedade para com os pequeninos ou para com a nossa Mãe Terra

– Não se preocupar que seja algo muito amplo, mas que tenha um objetivo pedagógico.

– Pode-se fazer uma caminhada ecológica em um parque ou área de preservação.

– Pode-se plantar uma árvore, instalar uma placa para ter na comunidade uma referência da Carta Encíclica Laudato Si’ (faça uma benção,  leitura de parágrafo da Carta e um Pai nosso).

– Visita a uma comunidade de periferias, que sofre com a falta de urbanização, moradia e outros danos causados pela destruição do meio ambiente.

“Louvado sejas, meu Senhor, por todas as tuas criaturas!”

São Francisco de Assis

"A Laudato Si' e Frei Galvão", por Frei Diego A. de Melo

Frei Diego Atalino de Melo, OFM,

Mais do que um conceito teórico, a Laudato Si’ é um estilo de vida, uma forma de se relacionar com todas as coisas, pessoas e realidades.

Particularmente, pude apropriar-me mais dessa Carta Encíclica do Papa Francisco ao preparar e realizar a Missão Franciscana da Juventude, acontecida em 2020, em Xaxim – SC. Com o desejo de proporcionar aos jovens um aprofundamento acerca da importância do cuidado com a Casa Comum, pude perceber o quanto podemos e devemos rever nossos hábitos, escolhas e rotinas.

Atualmente, estando no Santuário Frei Galvão, também temos procurado criar a cultura da preocupação com a nossa mãe e irmã, a Terra. Um passo importante foi a própria definição dos nossos Valores institucionais, dentre os quais foi aprovada a inserção do valor da Sustentabilidade.

Inspirado pela Laudato Si’, o novo Santuário já nasce com a marca ecológica, reflorestando uma área de 20 mil metros quadrados, expressando, assim, o cuidado com o meio ambiente e com a preservação da nossa Casa Comum. Além disso, já implantamos a coleta seletiva de lixo, através de uma bonita parceria com a Coopera Guará, um projeto de reciclagem da cidade de Guaratinguetá – SP, que além de dar o destino correto ao material descartável também tem gerado renda para quem está envolvido nessa atividade.


Frei Diego Atalino de Melo, OFM, é reitor do Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP).

Live - Debate sobre o filme "A Carta"