Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Da maternidade que nasce Cristo nasce também a Igreja

09/05/2022

 

Maria e o Menino Jesus, São Jorge e São Teodoro. Ícone c.600, no Mosteiro de Santa Catarina (domínio público, Wikipédia)

Frei Paulo Roberto Santos Santana

Maria é Mãe do Verbo encarnado e, pela obediência ao que lhe foi confiado: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc, 1,38), e ela se faz mãe da humanidade também pelo que lhe foi confiado no Calvário, pelo próprio Verbo, “Mulher, este é o teu filho. Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe” (Jo 19,25-27). Consequentemente, se torna a “Mater Eclesie”, segundo o que nos afirma Santo Agostinho: “Maria é Mãe da cabeça do Corpo Místico e também dos seus membros”. Assim nos diz a Lumen Gentium:

Assim Maria, filha de Adão, consentindo na palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus, e abraçando com generosidade e sem pecado algum a vontade salvífica de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e obra de seu Filho, servindo ao mistério da redenção sob a sua dependência e com ele, pela graça de Deus onipotente. Com razão afirmam os santos padres que Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e com inteira obediência. Como diz Santo Irineu, “pela obediência, ela tornou-se causa de salvação, para si e para todo o gênero humano” (LG 56).1

É mister dizer que, diante da narrativa de São João (Jo 19,25-27), nasce aos pés da Cruz do Senhor a Igreja, sobre os cuidados da Mãe do Redentor. Ela torna-se a Mãe da humanidade. Isto é, por vontade do Filho e pela ação do Espírito e o “seu santo modo de operar”, faz da Igreja a Mãe de todos os fiéis. Portanto, a cooperadora de Cristo no mistério da salvação dos homens. Em Maria se revela o “lugar” singular em toda a economia da salvação, como nos exorta São João Paulo II na Redemptoris Mater, 24:

“As palavras que Jesus pronuncia do alto da Cruz significam que a maternidade da sua Genetriz tem uma ‘nova’ continuação na Igreja e mediante a Igreja, simbolizada e representada por São João. Deste modo, aquela que, como ‘a cheia de graça’, foi introduzida no mistério de Cristo para ser sua Mãe, isto é, a Santa Genetriz de Deus, por meio da Igreja permanece naquele mistério como ‘a mulher’ indicada pelo Livro do Gênesis (cf. 3,15), no princípio, e pelo Apocalipse (cf. 12, 1), no final da história da salvação. Segundo o eterno desígnio da Providência, a maternidade divina de Maria deve estender-se à Igreja, como estão a indicar certas afirmações da Tradição, segundo as quais a maternidade de Maria para com a Igreja é o reflexo e o prolongamento da sua maternidade para com o Filho de Deus.” 2

A função da “maternidade eclesial” de Maria é essencialmente soteriológica, pois manifesta a vontade salvadora de Deus para a humanidade, pois ela é Mãe do Salvador. A Maternidade Divina se une à Maternidade do Corpo Místico de Cristo, ao mesmo tempo que é Mãe é também membro do Corpo Místico de Cristo, e ocupa um lugar por excelência, mesmo depois de ser elevada ao céu, ela continua a interceder pelos homens e pela sua salvação. Diz a LG: “A Igreja não hesita em professar abertamente uma função assim subordinada em Maria; experimenta-a continuamente e recomenda-a ao amor dos fiéis, para que apoiados nesta proteção maternal, eles se unam mais intimamente ao Mediador e Salvador” (LG 61).

Embora na narrativa bíblica não esteja explícita a participação constante de Maria na vida pública de Jesus, ela sempre esteve presente, muitas vezes aparentemente “oculta”, contudo, Maria desempenha um papel preponderante na ação messiânica de Jesus no mistério da Redenção, “faça tudo o que Ele vos dizer” (Lc 1,38).

Nessa escuta, aos pés da Cruz, a humanidade é representada por Maria, onde ela é intitulada coparticipante no Sacrífício Redentor de Cristo. Sacrifício este que a Igreja perpetua no Sacrifico Memorial Eucarístico.

No sacrifício redentor, aos pés da Cruz, só alguém sem mácula, sem mancha, poderia ser integrada, incorporada, pois o Cordeiro imolado era o próprio Filho de Deus, sem mancha, e por isso ela se junta ao sofrimento e à dor do seu próprio filho Jesus. Ela continua ao lado dos sofrimentos dos aflitos e pobres, onde nosso Senhor ainda continua sendo crucificado, e ela, por sua vez, continua a interceder em nossas infindáveis atribulações, por causa da dureza dos corações dos homens (cf. Lc 1,59).

É aos pés da Cruz que a Maternidade Divina assume a Maternidade dos homens, a “maternidade eclesial” na participação do mérito universal, quando Jesus diz: Mulher, eis aí o seu filho, filho eis aí a sua mãe” (Jo 19,26-27). Contudo há uma inclusão recíproca, uma íntima relação entre a Anunciação e o Calvário, de onde a Igreja dá os seus primeiros passos. O “servo” sofredor que se faz dom por amor a toda humana criatura.

Da maternidade Divina de Maria, nasce a Igreja, a qual deve olhar para Maria como modelo de obediência e serviço, no seguimento de nosso Senhor Jesus Cristo. O modelo de amor Materno de Maria, deve nos impulsionar a estarmos animados e renovados para a missão que a Igreja nos confia em sua ação apostólica para a salvação dos homens, assim como nos foi confiado em Maria e ao discípulo que Ele amava (cf. LG 65 – Jo 9,25-27).


Frei Paulo Roberto Santos Santana, OFM, é o pároco da Paróquia São Francisco em Duque de Caxias (RJ).


1 – CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição Dogmática “Lumen Gentium” sobre a Igreja, São Paulo: Paulus, 1997.
2 – JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Redemptoris Mater do Sumo Pontífice João Paulo II sobre a Bem-Aventurada Virgem Maria na vida da Igreja que está a caminho. 14. ed. São Paulo: Paulinas, 2008.

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