Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Vida fraterna – IV

05/03/2021

 

Todos nós queremos uma vida fraterna que nos faça felizes. Que nos realize afetivamente. Que seja apoio e consolo nas nossas dificuldades e sofrimentos. Que seja amparo na velhice. Que seja uma acolhida e lugar de crescimento e progresso espiritual para os que estão entrando na congregação. Que os que já há anos rezam todos os dias, assistem ao menos duas missas por semana, que fazem retiro todos os anos, que festejam bodas, que trabalharam anos nas diferentes obras da congregação, sejam quais forem os trabalhos que fizeram, que foram um dia postulantes, noviços, junioristas, que foram superiores, conselheiros, provinciais, gerais, que foram mestres de noviços, de junioristas, que foram um dia religiosos saídos do forno da profissão perpétua, jubilandos de 25 anos de profissão, de 50, de 70, de 80, de 100 anos de profissão (e se não cuidarmos depois da morte para o céu a dentro), os que fizeram cursos, estudos especiais de graduação, de mestrado e até de doutorado, portanto todos nós g r (/// atenção, interrompemos a transmissão para dar um aviso importante para a vida fraterna: eu, sim eu, vou agora olhar para dentro de mim e perguntar a mim mesmo, sincera e seriamente: quando li há pouco todos nós pensei em quem, em primeiro lugar? Em congregação? Nos que estão agora entrando na congregação? Se sou alguém que tem o serviço de coordenar, de comando, de ser responsável sobre outros, pensei nos que me estão confiados e que me dão dor de cabeça? Se sou alguém que tem sobre mim pessoas responsáveis que antigamente se chamavam superiores, neles? Etc., etc., portanto, ao ler há pouco as palavras todos nós, pensei em primeiro lugar em quem??? Nos outros? Ou somente em você, isto é, leu as palavras todos nós no seu sentido real e verdadeiro como cada um, i. é, eu, todos pensando em primeiro lugar em si mesmo, todos no sentido de cada um, ou leu assim no sentido vago, indeterminado: nos outros, fulano de tal, sicrano de tal, num grupo de religiosos, em toda a congregação, no conselho e seu geral, ou em todo mundo em geral? E se eu sou alguém que em primeiro lugar pensei em mim mesmo, não pensou em si, porque eu tenho o vício de não pensar, mas sim de com escrúpulos visto carapuça a cada hora e me culpo, ou se faz de humilde e submisso e em vez de analisar a si, de olhar-se e se ver, tenho um outro vício de se culpar, se censurar, de, antes de saber de que se trata, querer me corrigir etc. etc. etc.? r /// Atenção, terminamos a transmissão urgente e importante para a vida fraterna: de eu, sem medo, sem ficar-me enrolando em sentimentos de que tipo for, olhar-me e me ver, para captar em que situação me acho para me estudar, para me exercitar em preparar-me, para me conhecer melhor e então com calma, sem dar bolas para sentimentos de angústia, de medo, de raiva, de o que quer que seja, começar eu mesmo, seja com ajuda dos outros ou sem eles, bolar, cranear, matutar o que posso começar a fazer para dar um jeito de eu, ao menos eu, e não o outro, não fulano, não sicrano, melhorar, não de uma vez para sempre, não logo imediatamente, mas aos poucos, mas, mas, mas realmente, e não apenas no desejo e sentimento. rn repetindo, portanto todos nós, i. é, eu, o que fiz de real em mim, para que fôssemos, não tanto, ou não exclusivamente consumidor, usufruidor do que desejamos como vida fraterna, i. é, quanto tempo, com que consciência, treinei só comigo ou com a ajuda dos outros o meu corpo, a minha alma, a minha mente para realmente ser construtor, trabalhador operário, para entrar na luta, na briga sim, na espera, no estudo criativo, na observação longo e paciente de mim e dos outros etc. Não é assim que a minha mentalidade no fundo é de buscar, buscar (e nisso eu tenho razão e direito) a felicidade na vida fraterna, mas como consumidor, como quem carente quer receber da comunidade, uma vida fraterna que realmente é de paz, harmonia, compreensão mútua etc., e mesmo que, de minha parte, eu me esforçado, me sacrificado para isso, no passado e ainda agora, eu não percebi que antes de tudo, para tudo isso, e principalmente para ser feliz e criar uma vida fraterna satisfatória, eu devo p. ex. aprender a construir a minha vida, não em cima de sentir, vivenciar, de usufruir, de me animar porque gozo o que desejo, mas sim de olhar-me e ver e exercitar com mais ambição, desejo de crescer, a capacidade de compreender e querer, capacidade de ver atrás das mixórdias que se ajuntam no cotidiano da vida fraterna, uma realidade mais complexa, difícil de mudar sem mais nem menos, mas que muda, se começo a me mudar nessa parte da comunidade que sou eu mesmo.

Se você é uma pessoa que, mesmo com todas as suas habilidades, e com todos os seus saberes, informações e agilidade de raciocínio, não se exercitou muito no pensar, é capaz de aparentemente com razão estar dizendo com seus botões: mas por que eu, por que eu, por que só eu devo me trabalhar… e os outros? É revoltante que só de mim exigem que mude, trabalhe, me exercite. Por que também não exigem dos outros. Por que não diz direto e com mais coragem os responsáveis pela província, pela congregação: fulano de tal, que és superior, que és alguém que tem debaixo de si súditos (como se dizia antigamente, numa linguagem horrível de classe), o Sr. deve mudar, deve trabalhar a si muito mais, deve corrigir certos vícios e manias que nem se quer percebe que tem etc. etc.,??? Por que só pegam as pessoas mais humildes, os que estão mais abaixo, e ali exigem que corrija, que se trabalhe a si mesmo, etc. etc.? Por que eu, por que eu? E os outros? Principalmente os que estão em cima e por cima? Atenção ghiEsse é o problema que reina em toda a vida fraterna, na vida religiosa. Isso, na proporção pode ser sentido de diferentes modos e peso, conforme se a comunidade fraterna é pequena, média ou grande, mas esse problema, essa queixa existe para a regional, para a província, para congregação toda. E isso em todas as congregações e ordens, tanto masculinas como femininas. E mesmo nas congregações que você acha legais, formidáveis, com gente estudada, com gente de cursos de espiritualidades, de psicólogos, diretores de colégios e de universidades etc. etc., tudo é por dentro, para quem está vivendo dentro o cotidiano, é tudo a mesma coisa. Aqui vale o ditado alemão que diz: seja rico, seja pobre, todo mundo cozinha com água. Mas vejamos, olhemos: quando assim nos queixamos, de que é que estamos falando? Estamos apontando o fato de o outro não fazer, de o outro dever também colaborar, de constatar que não adianta só eu fizer, se o outro também não colabora, a coisa não vai para frente, que a comunidade, a regional, a província, a ordem, sim a Igreja, o mundo não muda. Essa constatação é importante, aliás disso todo mundo sabe. Não é propriamente nem é uma constatação. É um princípio. Princípio que diz, se há um grupo que se ajuntou para buscar um fim, um bem, um ideal comum, se a maioria não busca o fim para o qual foi feito o grupo, o grupo não tem sentido, é um grupo que está ali aparentemente, mas na realidade ele não existe. Se você está num grupo assim, que na realidade não existe, mas faz de conta que existe, e pior, cada qual acusando o outro de não pertencer ao grupo, como se o grupo em si existisse sem a participação de cada um, portanto, se eu constato isso realmente, então somente há três desfechos – e não soluções: a saber: 1) eu digo tchau para a congregação e vou buscar um grupo, onde a maioria busca o fim proposto pela congregação e não fica ali se lamuriando e se queixando mutuamente, um acusando o outro ou os outros ou muitas vezes a si mesmo que não faz.. Ou fico, porque tenho medo de sair, porque sair custa muito mais do que ficar dentro, tendo o status de religioso, tendo cama e mesa asseguradas. Ou fica, mas então fica para que, por que, fica buscando o que?ihg Por que toda essa aparente moralização? Só para olhar-nos e ver-nos que não estamos abordando, enfrentando, os problemas da vida fraterna buscando a boa compreensão e buscando realmente querer para melhorar; mas que estamos sem o perceber, impulsionados, carregados de sentimentos de diversos tipos, pela necessidade mal analisada dentro de nós, pela necessidade que é do direito da gente buscar, mas que não serve de princípio e de móvel essencial para a vida fraterna para um grupo de pessoas que querem seguir Jesus Cristo e serem operários, criadores, e construtores do reino dos céus; que querem não dizer tchau ao grupo, que querem ficar, não porque é mais cômodo ficar, mas porque querem lá onde já estão, não só apesar de toda a mixórdia, mas, atenção, justamente por causa da mixórdia, permanecer, se incentivar, se converter, a seguir Jesus Cristo, por onde e para onde ele vai. Se eu acordar para esse modo de ser da necessidade livre, então não digo: por que só eu, por que só eu, e não também os outros, mas eu sei que eu, que em me convertendo assim para o seguimento, entendendo a essência da vida religiosa que não é isso ou aquilo como muitas vezes imaginamos, desejamos e sonhamos, mas que é o Seguimento de Jesus Cristo, portanto, repetindo: só assim começo a ver e a me animar a trabalhar; embora externamente um só, porque o meu corpo está aqui e agora, por dentro, a alma (de toda a alma do Mandamento) e muito mais a mente (de todo a mente = espírito) é comunidade, transformada na vida fraternal. Se você entender isso, então percebe que dizer: por que só eu, e não os outros, é sintoma de que ainda não entendi de que se trata, quando digo vida fraterna, na vida fraterna consagrada.

Uma pergunta indiscreta a todos, i. é, a cada um de vocês. Não precisa me responder, nem quem é responsável pela comunidade, congregação, organização do retiro, seja quem for, nem começar a se mobilizar para mudar nesse retiro alguma coisa da sua parte, p. ex. incitando as pessoas, o grupo para satisfazer o padreco pregador. Eu pessoalmente não me considero nesse sentido nem padre, nem pregador, numa imagem assim piedosa ou autêntica que a gente costuma fazer, nem me incomodo, digamos na gíria estudantil, pouco estou me lixando, se você escuta, trabalha, aproveita o retiro. Por outro lado, eu sei mesmo, que vocês são gente muito boa (e isso não estou dizendo para as consolar, ou dar sátiras, estou dizendo com toda a sinceridade). E isso entre nós, se ainda não souberam, tanto frei Dorvalino, frei Sebastião, acho também frei Raimundo que pregou para vocês se não me engano, ou outros padres da minha província, e também Irmã Regina daquela congregação japonesa da qual sou assistente, e eu em primeiro lugar, ficamos realmente encantados com o vosso modo disposto, pronto para servir, acolher, e trabalhar fisicamente. Nesse sentido, favor não me interpretar erradamente, pensando que estou descontente, aborrecido por falta de participação. Sei e sinto que há muita participação, e sei que até certo ponto, posso estar de alguma forma sendo útil para vocês. Não, não estou pensando nem por nada falando dessas coisas. Para essas coisas, como disse, estou pouco me lixando, não porque sou virtuoso, despregado, humilde (todas essas qualificações são coisas piegas da nossa maneira de ver a vida cristã, por isso deixemos tudo isso de lado, para não nos distrairmos do exercício de ver e olhar a realidade invisível chamada o modo de ser do espírito e o seu modo de agir). A pergunta que quero indiscretamente fazer não exige resposta, nem reação (re-ação não é ação, mas sempre no fundo é para desagradar ou agradar a outro, e não uma busca ativa, dinâmica para o próprio crescimento. P. ex. reage porque foi dito, reage para satisfazer o pedido ou exigência do outro). Um tal relacionamento num retiro de reflexão é um relacionamento falso, prejudicial. Portanto, aqui, da parte de vocês, estejam à vontade comigo, e vocês também como eu pouco se importem se você corresponde ou não a suposta exigência, expectativa da minha parte, o que eu não tenho. Como disse, nem estou me sacrificando, me estafando para isso ou aquilo ou fazendo favor a você. Estou com gratidão, tentando refletir, o que faço de boa vontade se houver uma pessoa, duas pessoas, mil pessoas, se as pessoas me aceitam ou não. Mas então afinal, qual é essa pergunta indiscreta que eu quero fazer a vocês. A pergunta é: estão muito difíceis as reflexões que estamos fazendo? Entendem tudo? Ou acham muito difícil, não entendem quase nada? O que eu estranho é o seguinte: Se é difícil, e se não entendem muita coisa, ou nada, ou mesmo se você acha que sua mente, a sua capacidade de refletir não é para essas coisas, ou acha que a reflexão toca num assunto que é um tanto penoso, perigoso de equívocos, ou que é muito moralizante etc. etc., digamos seja o que for, por que não pergunta? Por que fica assim calado? Atenção: eu não estou querendo que você fale só porque quero que você participe mais. Como disse, posso estar enganado, mas sinto que você está participando bem. Mas é o seguinte: se eu não entendo, se tenho dificuldade, num encontro de reflexão eu pergunto, eu objeto, eu dou contra, pois eu quero ver, quero me ver e me olhar, quero entender de que se trata, sem me acusar que faço ou não faço, mas quero ver, ver, ver, para ficar mais claro comigo mesmo. Disse antes, pergunta discreta, porque a sensação que tenho é de que você está com medo de alguma coisa. Eu estou perguntando, não para que você me responda, mas porque esse modo de ser me parece um filme que já vi, antigamente, quando eu era formador e dava aula para nossos estudantes jovens filósofos. Na filosofia onde não se moraliza, mas simplesmente tenta-se exercitar em olhar-se, ver-se, e ver a situação mais claramente, os meus confrades não perguntavam. Havia algo no ar. Depois fiquei sabendo. Estavam com o medo de que se perguntassem, as pessoas, i. é, os próprios colegas, e também eu que era professor, e que mestres e os formadores que ficavam logo sabendo pelos outros o que perguntavam, aplicassem um julgamento sobre isso, e fizessem a imagem fixa deles. Essa atmosfera de medo, de fofocas, de julgamentos não fundamentados na realidade, bem examinada, pensada, olhada, vista é sintoma, não de maldade, não da falta de disposição, nem de esforço de ambas as partes, tanto dos que têm a coordenação como da parte dos que recebem a coordenação; não é sintoma de fraqueza das pessoas, dos vícios e defeitos de coração, bondade, falta de fraternismo sentimental, mas sim e isso bastante, sintoma de um infantilismo na mente. Toda essa mixórdia vem e se acumula cada vez mais, e mesmo que se queira melhorar, pode até aumentar, se não se enfrentar o medo com coragem, paciência e um bom trabalho na maneira de ver e compreender a vida e a existência humana, portanto, também a vida religiosa consagrada. Atenção, não estou pedindo, nem esperando nem falando que hoje, amanhã, nesse retiro etc. enfrente o medo de perguntar, e comece a colocar bastantes questões. Mas sim que se comece, depois do retiro, ao voltar para casa, cada qual, i. é, todos comecem a dar mais importância ao exercício de pensar, de aprender a pensar, de ver a realidade chamada vida humana, a existência humana.

Portanto, as coisas que estamos dizendo nesse retiro, nas quais talvez você, porque não está acostumado a exercitar-se no olhar-se e se ver, sinta de mais como sendo sido criticado no defeito seu, ou em algo falho, que diminui a você, a sua congregação etc., não são coisas específicas, próprias da sua congregação ou de você em particular. São coisas com as quais todos nós temos que nos medir, pois como já disse várias vezes, todos nós sofremos desse infantilismo da mente acima mencionado. Portanto, não confundir esse infantilismo do pensar, da mente, com a falta de cabeça, inteligência, de estudo etc. É algo bem diferente. Por isso, esse infantilismo aparece também nos estudados, e muitas vezes principalmente nos estudados, em mim mormente, pois se fico falando todo tempo disso, é porque em me olhando e me vendo descubro esse infantilismo dentro de mim, e que começo cada vez mais a diagnosticar que é ele que cria mixórdia e confusão na vida fraterna, e não as coisas que costumamos mencionar como má vontade, maldade, fraqueza, idade nova, idade velha etc. Mencionemos uma porção dessas coisas que atrapalham a vida fraterna.

Exemplos: “Sabe com quem estou falando, seu ignorante”, quem diz isso, não é nem orgulhoso, nem pessoa de má caráter, nem pessoa que não tem sensibilidade, ou tem falta de coração bom. Essa pessoa é infantil na mente. Não se vê. É só isso. Se começa a exercitar no pensar, e se começa a se ver, começará a ter vergonha de si, e em pouco tempo vai corrigir essa falha. Se demora a se corrigir, não é porque está endurecida, mas porque mudar a mente, começar a realmente se ver demora mais do que nunca, para quem não está exercitado ou não tem um grande desejo de aprender isso. Mas se alguém que sofre uma tal “agressão do autoritarismo” fica acabrunhado pensando que alguém que deveria por ofício ser mais humilde, modesto e mais inteligente a tal ponto que se veja e não cometa tal gafe ridícula para um adulto, e não só fica acabrunhado, mas revoltado e desanimado, essa pessoa pode ser muito responsável, amorosa, mesmo amando a pessoa que é tão autoritária por ser seu amigo, toda essa vivência-sentimento que me toma conta, é porque na mente é infantil, e não aprendeu a se ver e a se olhar, pois se soubesse fazer isso, logo perceberia que a pessoa não é má, não é mau caráter, que me quer o mal, mas que ela é infantil na mente. Se assim enxergasse, teria muito mais facilidade de a aceitar como é, e se não gosta, ou se se irrita contra essa pessoa, não ficaria por sua vez com má consciência de ter ofendido a Deus, ou faltado à caridade, mas se esforça tranqüilamente a se ver e a se olhar, e nisso àquela pessoa. Portanto, a maior parte das desavenças comunitárias na vida fraterna que me desgasta, me deixa doente, vem de uma formação pessoal, que no fim é da minha própria responsabilidade, por pior educação que eu tenha recebido no passado, onde se cuidou muito de informação, em acumular saber padronizado, criar sensibilidade no sentir, habilidades manuais de trabalho etc. etc., de gostar de rezar etc. etc., mas muito ou quase nada em pensar, de se ver e se olhar e através desse exercício adquirir olho para ver dentro, fora, ao redor de si os outros e as outras coisas. Atenção, embora seja chato, de tanto insistir na mesma tecla, se olhe e se veja, se agora nesse momento, você não está no fundo chateado, culpando a educação do passado que só lhe deu informação etc. etc. por você hoje estar nesse estado de não ver, e pensar. Percebeu que nesse momento você caiu no infantilismo mental? E assim, nem sequer está agradecido que no passado, a sua educação lhe deu a capacidade de possuir muita informação, de saber muitas coisas padronizadas, que o possibilitam andar na rua de ônibus etc. etc. A falta de pensar, de ver-se e se olhar é como a boa vontade. Não há causa, não há móvel da minha boa vontade a não ser apenas a própria vontade. A falta e a falha de boa vontade só se cura, agora e aqui, empenhado-se em fazer a boa vontade, em querendo. O mesmo vale para ver-se e se olhar, i. é, para o pensar. Não existe e é contraditório um estado, uma chave, uma estabilidade na dinâmica de querer, da boa vontade. O mesmo acontece no pensar, na arte de se ver e olhar. Ou se faz na hora, cada vez, e cada vez novo, ou não se faz, não existe em si. Pois é uma ação existencial.

Por isso, por causa desse infantilismo mental que só pode ser removido cada vez de novo, em mil e mil repetições renovadas, é que achamos que a nossa mente infantil, a nossa vontade “fraca” ou mesmo a má vontade, em mim e nos outros, vem por causa das dificuldades causadas pela mixórdia proveniente da maldade, do mau caráter, da ausência de compreensão etc. etc. dos outros e também de mim mesmo; isto é assim porque, ao olhar-me na força de querer e de ver, eu penso que querer e ver é um estado de coisa a ser adquirido, e não vejo que querer e ver só é, se cada vez, e cada vez de novo, eu assumo a ver e a querer, todos os dias, todos os momentos.

Se assim, aos poucos você começa a ver a si, à vida, à existência humana, e se torna perito nesse olhar, há de compreender bem, sem aquelas emoções irracionais que tomam conta, que as mixórdias, as dificuldades da Vida Fraterna estão ali e são coisa boa, para que eu aprenda, cresça na boa vontade e no pensar. E se chegar a pensar e querer, e sentir assim, então não mais busco na vida fraterna o substituto e compensação ou complementação para a vida familiar que deixei quando saí da infância e da adolescência, mas sim uma nova realidade humana, onde o que vale não é mais tanto a necessidade vital, mas sim mesmo também pela luta pela necessidade vital, buscar como projeto de uma nova realização o crescimento na necessidade livre de um amor à imagem e semelhança do Filho de Deus.

Finalizando, favor não confundir esse crescimento no compreender e querer, portanto essa acentuação destacada da necessidade de pensar, de se ver e se compreender, e de não construir a existência humana, principalmente a existência consagrada no Seguimento de Jesus Cristo no sentimento, nas vivências e sentimentalismos, por mais nobres que eles sejam, com o racionalismo e muito menos com o que os psicólogos chamam de racionalização. Racionalismo é uma ideologia, onde dogmaticamente coloca como tese comprovada e certa de que a razão entendida como a faculdade chamada razão, em contraposição ou em comparação com outras faculdades chamadas sentimento e vontade, tem a supremacia absoluta como essência do homem. O que estamos dizendo aqui não tem nada a ver com o racionalismo. O que chamamos aqui de ver-se, olhar-se, de compreender e querer tem tudo a ver com a dimensão humana de profundidade que a Grande Tradição do Ocidente chamou de espírito e o seu modo de agir. Racionalização é o ato de você meter o seu ver, o seu encarar-se, num buraco feito no chão, para não ver a realidade, e ficar dando motivos e desculpas para não assumir o trabalho de se olhar e se ver. P. ex. Eu sou fraco de cabeça porque não estudei, porque sou analfabeto. Em vez de dizer porque eu não estudei, posso e devo esforçar-me mais e trabalhar mais do que os outros e assim ficar mais forte do que os outros na mente.

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