Iniciamos hoje o Tempo Quaresmal, itinerário esse marcado por momentos fortes de oração e jejum. Convidados a entrar com o Cristo no deserto e viver com Ele quarenta dias de experiência da graça divina, os cristãos católicos procuram viver este tempo de modo mais sóbrio para bem preparar o espírito e celebrar com dignidade o mistério pascal.
A quaresma tem como motivação a preparação para a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Nesse período, cada discípulo do Senhor Jesus é chamado à conversão, não apenas enquanto movimento inserido no contexto moral e religioso, mas como resposta à palavra de Deus no contexto social, sobretudo no cuidado para com a casa comum, apelo esse apresentado pela Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15).
O Papa Francisco, em sua mensagem para o Tempo Quaresmal desse ano, nos diz: “A Quaresma é um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa de Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. Este tempo não cessa de nos dirigir um forte convite à conversão: o cristão é chamado a voltar-se para Deus «de todo o coração» (Jl 2, 12), não se contentando com uma vida medíocre, mas crescendo na amizade do Senhor. Jesus é o amigo fiel que nunca nos abandona, pois, mesmo quando pecamos, espera pacientemente pelo nosso regresso a Ele e, com esta espera, manifesta a sua vontade de perdão” (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).
O caminho de conversão nos coloca numa busca constante, a fim de realizar em nós os ensinamentos do Cristo, o seu jeito de viver; maneira de olhar e lidar com a vida à luz da misericórdia, justiça e da paz. A conversão nos faz reconhecer Deus como autor da vida e aponta a nossa participação na criação, como corresponsáveis pela manutenção dos ecossistemas e das diferentes manifestações da presença divina no mundo.
Exorta-nos ainda o Papa Francisco: “A Quaresma é o momento favorável para intensificarmos a vida espiritual através dos meios santos que a Igreja nos propõe: o jejum, a oração e a esmola. Na base de tudo isto está a Palavra de Deus, portanto, somos convidados a ouvi-la e medita-la com maior assiduidade neste período. Aqui queria deter-me, em particular, na parábola do homem rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31). Deixemo-nos inspirar por esta página tão significativa, que nos dá a chave para compreender como temos de agir para alcançarmos a verdadeira felicidade e a vida eterna, incitando-nos a uma sincera conversão” (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).
Que a Quaresma seja para nós esse tempo de mudança de vida, a começar pelo básico, pelas pequenas ações e atitudes do dia a dia. Estejamos de fato, com o coração aberto para essa experiência do deserto com Jesus, para junto d’Ele entrar em Jerusalém, abraçar a cruz, subir rumo ao calvário, a fim de com Ele morrer e com Ele ressurgir para uma vida nova.
Que o Senhor nos conceda o dom da sobriedade e do desprendimento para melhor cultivarmos a oração, o amor e a solidariedade nesta quaresma. Paz e Bem!