O discípulo da Misericórdia
Frei Heberti Senra Inácio, ofm
“Depois, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas secretamente, por medo dos judeus, pediu a Pilatos que lhe permitisse retirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Vieram, então, e retiraram seu corpo”. (Jo 19,38).
Queres conhecer a misericórdia de Cristo? Voltemos o nosso olhar para a ação do discípulo escondido: José de Arimatéia se abriu para “vida nova” ao fechar no sepulcro o Cristo morto sobre a cruz.
José de Arimatéia não permaneceu indiferente diante da violência brutal que o seu Mestre sofrera. Desta forma, ele venceu o medo e se expôs a autoridade de Pôncio Pilatos ao pedir o corpo de Jesus, mesmo sabendo do risco que sofreria.
Contudo, José respondeu com amor, ao amor que Cristo sentia pelos seus. O Mestre acolheu-o como ele era, sem precisar esconder os seus pecados. Com isso, o discípulo escondido e amedrontado agora se revela.
Desta forma, com o olhar da fé, José enxerga que Jesus assumiu no corpo os seus pecados e libertou-nos para trilharmos uma vida nova. Uma vez aceito pelo Senhor, ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus.
Vejam a bondade do Senhor! A Sua misericórdia é revelada por meio de seu lado transpassado pelo soldado. Sangue e água jorram para se realizar o mistério dos sacramentos do Batismo e da Eucaristia, berço da Santa Igreja e salvação de toda a humanidade.
São assim os corações que buscam a Deus: se lançam totalmente para encontrar o Amado. Irmã Faustina sentiu este amor pelo Senhor e em um momento de oração diz: “O meu maior desejo é que as almas conheçam que Vós sois a felicidade eterna, que creiam na vossa bondade e glorifiquem para sempre a vossa misericórdia”.
Quão belo é apreciar a obra de misericórdia do Senhor em nossas vidas. Sendo assim, a alegria do reconhecimento da misericórdia do Pai, não pode ser expresso apenas em palavras, mas havemos de manifestá-lo por meio de um esforço de doação generosa e fiel convicção. Canta o salmista: “ Tende piedade ó meu Deus misericórdia, na imensidão do vosso amor purificai-me (Sl 51) ”. Ao se reconhecer pecador, mas sobretudo amado por Deus, o homem apela para a misericórdia do Pai, consumado pela “justiça” e “salvação” divina por meio de seu filho Jesus.
Que nesta sexta-feira da Paixão do Senhor, momento no qual se abre para Igreja um novo tempo cheio de misericórdia divina, possamos, animados pelos “desejos honestos” de José de Arimatéia, rezar como na Oração Eucarística I: “ E a todos nós, que confiamos na vossa imensa misericórdia,