Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Encerramento da Visita Canônica em nossa Fraternidade

29/04/2018

Durante o último final de semana, frei Miguel Kleinhans, Visitador Geral, conviveu com os frades estudantes e a fraternidade permanente do Convento São Boaventura.



Frei Rodrigo José Silva, ofm

Neste domingo (29/04), a tradicional Santa Missa Dominical foi presidida pelo Visitador Geral, Frei Miguel Kleinhans, encerrando assim a Visita Canônica a Fraternidade São Boaventura, iniciada na última sexta-feira (27/04). A missa teve como concelebrantes: Frei Rodrigo da Silva Santos, Frei Ary Pintarelli, Frei Valdir Laurentino e Frei Jean Ajluni.

Em sua homilia, Frei Rodrigo destacou, entre outros pontos, a dificuldade enfrentada por Saulo, logo após a sua conversão e aproximação com os apóstolos. De um lado, aqueles que não acreditavam na sua conversão (cristãos de Damasco) tinham medo dele, e de outro aqueles que acreditavam (fariseus de Jerusalém) queriam matá-lo. Ressaltou a atitude dos discípulos que enviaram Saulo para um lugar distante e mais seguro, a fim de protege-lo, pois, “uma comunidade que ama, respeita e protege os seus, para que seus frutos possam ser oferecidos ao mundo”.

Fazendo menção ao Evangelho, disse ainda da importância de se podar uma videira, para fazer com que ela produza frutos. “Quanto mais compridos são os galhos, quanto mais longe do tronco, mais fraca a planta se torna e, portanto, incapaz de produzir frutos.”

Em sua reflexão lança ainda a pergunta: “Como encaramos as “podas” que ocorrem em nossa caminhada cristã?” E completa: “Talvez o medo do que os outros vão dizer, o comodismo e outros tantos fatores vão aos poucos esfriando nossa fé. Não podemos deixar que isto ocorra. Queremos ser comunidades vivas a luz do Evangelho. Queremos produzir frutos. Queremos nos importar mais e para isso devemos aprender a “podar” uns aos outros. Não no sentido de cortar, proibir, restringir, mas na intenção de se preocupar, corrigir, cuidar de nosso próximo de modo que a grande vinha do Senhor, sempre mais se fortaleça e produza muitos e bons frutos em cada um de nós.”

Marcando o fim da visita canônica, após a missa Frei Miguel falou a todos, trazendo para a reflexão, o texto de Tomás de Celano (2Cel, 31):

“Aconteceu que num dia de Páscoa, os frades prepararam no eremitério de Greccio uma mesa mais bonita, com objetos brancos e de vidro. Quando o santo pai desceu de sua cela e foi para a mesa, viu-a arrumada em lugar elevado e ostentosamente enfeitada: toda ela ria, mas ele não sorriu. Voltou às escondidas e devagarinho, pôs na cabeça o chapéu de um pobre que lá estava, tomou um bordão e foi para fora. Esperou lá fora à porta até que os frades começaram a comer, porque estavam acostumados a não o esperar quando não vinha ao sinal. Quando iniciaram o almoço, clamou à porta como um pobre de verdade: “Dai uma esmola, por amor de Deus, para um peregrino pobre e doente”. Os frades responderam: “Entra, homem, pelo amor daquele que invocaste”. Entrou logo e se apresentou aos comensais. Que espanto provocou esse peregrino! Deram-lhe uma escudela, e ele se sentou à parte, pondo o prato na cinza. E disse: “Agora estou sentado como um frade menor”. Dirigindo-se aos irmãos, disse: “Mais do que os outros religiosos, devemos deixar-nos levar pela pobreza do Filho de Deus. Vi a mesa preparada e enfeitada, e vi que não era de pobres que pedem esmola de porta em porta”. O fato demonstra que ele era semelhante àquele outro peregrino que ficou sozinho em Jerusalém nesse mesmo dia de Páscoa. Mas, quando falou, deixou abrasado o coração de seus discípulos. ”
No coração de Francisco ardia a pobreza evangélica de Cristo. Isto fez com que ele ensinasse uma belíssima lição de humildade aos frades que ceavam em virtude da celebração da Páscoa. Mais que carnes e vinhos, Francisco faz com que se recordem do verdadeiro sentido da Páscoa que é sim alegria, mas também é sofrimento, o total desapego das vontades. A alegria fundamental deve vir da Páscoa do Cristo e não do que nos é servido à mesa.

Frei Miguel agradeceu a acolhida, elogiou a composição da fraternidade permanente, formada por frades de diferentes idades, advindos de diferentes realidades, trazendo as mais diversas experiências, enriquecendo assim a convivência com os frades estudantes. Também mencionou a excelente capacitação dos formadores e finalizou citando Basílio de Cesareia (São Basílio Magno) que em uma de suas mais brilhantes homilias repete o sábio conselho: “cuida de si mesmo” no sentido de que cada um deve olhar para dentro de si, refletir suas atitudes, avaliar seu papel dentro da fraternidade, visando um convívio sempre mais produtivo, harmonioso e próximo do ideal de vida franciscano.

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