Modelo das subdivisões das disciplinas da Metafísica em Christian Wolff[1]
A filosofia, segundo Wolff, é ciência de tudo que é possível, e assim podem e devem se tornar objeto da filosofia todas as coisas, sejam quais forem, sejam que existam ou não. Filosofia é a ciência de tudo quanto é ou ocorre e para o qual se pode dar uma fundamentação. O possível é isso que não contém em si nenhuma contradição ou tudo que é pensável. A isso pertence também a essência de Deus e suas propriedades. A filosofia deve dar justificação através do pensar racional sobre todos os possíveis objetos. A filosofia somente pode crescer na Liberdade do pensar. A verdadeira Filosofia nada pode defender que seja contra a verdade. Juntamente com a dedução racional do que é pensável, a filosofia tem também como tarefa prática fomentar a plena realização e com isso a felicidade do homem. Vale como prático o que é útil para a vida. O filósofo procede na realização plena da sua tarefa, seguindo os ditames dos supremos princípios da razão, a saber: o princípio de não contradição, de identidade, da razão suficiente e utiliza-se do processo silogístico, da análise, indução e dedução. Também os resultados da experiência, que repousam nas mais baixas faculdades sensíveis da alma, devem ser utilizados. Eles nos dão matéria para conhecimento superior racional, mas permanecem confusos. O método matemático e filosófico coincidem. A primeira fonte de conhecimento e ao mesmo tempo a prova da nossa existência é nossa autoconsciência. Também o mundo exterior nos é sempre consciente.
- Ciências racionais teoréticas ou metafísica:
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- Ontologia ou primeira filosofia
- Cosmologia (mundo)
- Psicologia racional (alma)
- Teologia natural (Deus)
- Ciências racionais práticas:
- Filosofia prática e direito natural
- Ética (o homem como indivíduo)
- Política (o homem como cidadão)
- Economia (o homem como membro da família)
- Ciências empíricas teoréticas:
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- Psicologia
- Teleologia ou teologia empírica
- Física dogmática
- Ciências empíricas práticas:
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- Tecnologia
- Física experimental.
A lógica é uma espécie de introdução ao sistema das ciências e cuida das forças do conhecimento do homem e seu uso correto.
A ontologia, a parte fundamental da metafísica, é ciência do objeto como tal, do ente (coisa) no sentido geral e suas propriedades. Coisa é tudo que pode ser, seja que exista realmente ou não; é, a saber, o que é livre de contradição no sentido lógico, o possível. A coisa plenamente ou completamente determinada é real. Ela se fundamenta no relacionamento de conjunto das coisas. Necessário é aquilo, cujo contrário é impossível e contraditório. Casual ou o acaso é o não necessário com o contrário contraditório. Na essência da coisa está a razão, o fundo de tudo isso que lhe (coisa) convém. A relação convém à coisa somente em referência à outra. A relação a mais geral é igualdade e diferença. A extensão é o ser ao mesmo tempo de coisas; o espaço é a ordenação das coisas, que são ao mesmo tempo; o tempo é a ordenação do que sucede um ao outro mutuamente. A substância é o portador contínuo e ao mesmo tempo mutável de aparências ou aparecimentos. Ela atua e é afetada pela força constante da tendência de agir.
A cosmologia ou filosofia da natureza é ciência do mundo ou universo físico. Este consiste numa série de coisas e eventos contingentes ligados mutuamente entre si. Ele é logicamente causal. O que nele sucede está sujeito ao rigor da exata causalidade. O evento dentro do mundo físico é movimento.
A psicologia, que pode ser racional ou empírica, tem por objeto o que é possível através da alma humana.
Na Teologia natural se distingue entre conhecimento que se tem pela religião natural e conhecimento que se tem pela revelação cristã. A força natural do homem religioso é grande, e nela se baseiam as verdades gerais religiosas.