Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Prova parcial da Estética – I Semestre de 1996

19/04/2021

 

As perguntas de 1 a 3 e de 4 b sequentes a 8 podem (i. é, não necessariamente devem) ser respondidas a partir do texto distribuído que tem o verbete Estética e que foi tirado da enciclopédia de filosofia Verbum.  É ler bem esse texto pois ali estão todas as respostas. Ao responder as perguntas 1 a 8 favor não copiar simplesmente o texto. Antes dizer com suas próprias palavras o que entendeu e  refletir rapidamente sobre o assunto.

As perguntas 8 a 10 pedem respostas que vem do que você  realmente pensa sobre o assunto a partir da sua experiência e concepção que tem. Trata-se de rápidas reflexões que expressam  o seu pensamento pessoal.

  1. O texto diz: “A fortuna da estética ocidental está ligada não só à raiz etimológica grega como também a um genuíno sentimento dos gregos que o termo evoca.
  2. a) Qual é esta raiz etimológica?
  3. b) Qual é esse genuíno sentimento dos gregos que o termo evoca?
  4. Para que direção orientou Platão o destino da estética?
  5. O texto diz que no étimo grego já se perfilam desde logo os elementos fundamentais que vão moldar o uso corrente do conceito estética e da própria disciplina filosófica, constituída explicitamente com a obra de Baumgarten.
  6. a) Quais os aspectos especiais que Baumgarten reconheceu dentro da significação do étimo grego que designa estética?
  7. b) Esses aspectos têm muito a ver com a caracterização fixada por Platão entre o modo de ser da atividade sensível e o modo de ser da atividade inteligível? Se sim, em que sentido? Se não, pôr que?
  8. a) Quem foi Alexandre Gottlieb Baumgarten? Quais as suas obras?
  9. b) Como se chama o I tomo do livro escrito por Baumgarten que se refere à estética e quando foi escrito. c) Como se chama a primeira revista especializada da estética e o que significa o título da revista?
  10. d) Onde e por quem e quando a estética apareceu como disciplina universitária?

5.

  1. a) Segundo Baumgarten e Leibniz o que é a beleza?
  2. b) O que é a estética, segundo Hegel?

6.

  1. a) Qual a diferença entre a estética e a filosofia da arte?
  2. b) Quais são e como se formulam as questões específicas da filosofia da arte?
  3. Qual a diferença entre a poética e a estética?
  4. Diga criativamente o seu próprio pensamento sobre o assunto: Você como uma pessoa humana preocupada e interessada na formação humana sua e de seu próximo, qual a utilidade da arte e o cultivo do gosto artístico para o despertar e o crescimento humano?
  5. Vimos nas aulas que a antigüidade grega e a medieval acentuou como realidade suprema e absoluta o mundo supra-sensível (espiritual), colocando no segundo lugar a sensibilidade física e o mundo sensível. Como aparece segundo você essa opção preferencial pelo supra-sensível na nossa vida religiosa cristã ? Dê 2 exemplos bem marcantes. E diga a sua opinião sobre os exemplos que deu.
  6. Na arte e nas obras de arte existem muitas representações do sensível erótico muitas vezes acentuadamente sensuais sim até ‘pornográficos’.
  7. a) Você distingue o sensual do sensorial? Se sim, dê os critérios de distinção. Se não, por quê?
  8. b) Segundo você é possível distinguir o pornográfico do artístico? Se sim, como? Se não, por que

Entregar o trabalho até o dia 23 de abril, meia-noite; colocar na caixa dependurada na porta do quarto de Hermógenes.

PROVA DE INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

1a)

Algumas atitudes existenciais exigidas para o estudo da filosofia:

* Atitude de espera para ver o inesperado;

* Espírito Crítico;

* Existência teorética;

* Intrepidez e humildade;

* Empenho incansável na vida de estudo;

* Autonomia e liberdade de ter que ser.

1b)

Tenho como atitude existencial primeira e básica para o estudo da  filosofia a autonomia e liberdade de ter que ser na vida de estudo. Ao “entrarmos” no estudo da filosofia é imprescindível o empenho incansável no estudo. Por ser algo tão óbvio, essa questão deveria dispensar qualquer comentário. No entanto isso não é tão óbvio como parece ser. O natural quer, e por vezes consegue imperar. O homem é sempre ter que ser. O homem não é só aquilo que aparece nessa ou naquela circunstância. Essa atitude existencial de empenho do homem de ter que ser, deve ser encarada em todo e qualquer lugar em que se encontrar. Toda a ação deve revestir-se de um querer, de uma decisão, postura e engajamento. Tudo depende dessa minha postura frente ao que significa ser homem. Sem isso não me adiantará usufruir dos melhores professores, de um ambiente favorável e tempo em abundância para o estudo.

Ao homem cabe o compromisso de superar-se, transcender-se. Viver não é fazer o que eu quero. O ser humano para ser tem que superar o espontâneo natural. Deve assumir o natural e colocá-lo no nível da atinência. Atinência é aptidão, autonomia, liberdade. É a coragem de assumir aquilo que é o núcleo de minha vida com intrepidez.

Com facilidade compreendemos liberdade e autonomia como sinônimos de libertinagem. Isso acontece quando temos uma compreensão antropológica errada. Ao contrário, liberdade e autonomia aparecem no homem quando este com intrepidez assume o dia-a-dia e suas conseqüências. Sempre buscando transcender-se. Ser livre e autônomo é dar-se ordens, por-se de pé, levantar-se a si mesmo. Ter que ser não é obrigação, mas empenho livre e autônomo. É aquilo que caracteriza o homem, isto é, o superar a finitude. Isso é privilégio humano e não escravidão. Ser livre e autônomo é ser homem.

Procurei ressaltar essa atitude, pois acredito ser ela elementar para o estudo da filosofia. Quando o empenho se faz presente tudo o mais é arrostado. É preciso o empenho de um atleta que se propõe  a correr uma maratona, isto é, estar disposto a buscar aquilo que verdadeiramente somos, um eterno transcender-se

“O homem, assim o definia Nietzsche, é uma corda que se constitui como o nó entre o Animal e o Sobre- homem, – uma corda sobre um abismo. Um perigoso Para-além, um perigoso Em- caminho, um perigoso Retrospecto, um perigoso calafrio e Ficar-Parado. O que é grande no homem é isto, que ele é uma ponte e não um fim: o que pode ser amado no homem é isto, que ele é uma passagem e um ocaso” (F. Nietzsche, Assim falou Zarathustra).

2)

No decorrer de nossa vida de estudo ou social, é-nos incutido alguns preconceitos, os quais carregamos conosco. Assumimos e os carregamos conosco encarando-os como corretos, talvez pelo fato de serem normais e úteis para a sociedade. Porém, para o estudo da filosofia faz-se necessário que nos desfaçamos deles. Nos sentamos sobre certos preconceitos sem jamais pensá-los ou repensá-los. Essa re-flexão (flexão) isto é, coragem de repensar é fundamental na filosofia. Caminhar na filosofia é também voltar. A “entrada” na filosofia é um processo lento mas contínuo. Não é algo sistemático e regrado. Não são etapas, pois já estamos dentro, basta nadar. Para nadar faz-se necessária a despoluição de alguns preconceitos não úteis à filosofia, mas que no entanto não nos impedem de filosofar. Ao contrário, por ser impedimento tal coisa já é possibilidade para filosofar. Elencarei alguns, a saber:

* Filosofia é ciência;

* Filosofia é mundividência;

* Filosofia é história.

Esclarecimento: filosofia é história?

Corremos o risco de compreender filosofia como cultura, e esta por sua vez como acervo de dados acerca das mais diversas culturas. Reduzimos assim a filosofia a fenômenos culturais, tornado-nos assim professores de história e não pensadores. Não podemos considerar a filosofia  como cultura. Dados históricos não nos garantem e não são condição indispensável para poder pensar. A ciência historiográfica, nada mais faz do que uma crítica acurada, a fim de recuperar os textos originais. As investigações submetem os documentos conservados a um processamento que visa a constatar, analisar, aproveitar e interpretar as fontes, para assim estabelecer os textos originais. Visa unicamente a objetividade da história, compreendendo objetividade como comparação com outros textos. Um maior conhecimento crítico do contexto dos textos estabelecidos podem não nos ajudar a pensar o pensamento de um pensador ou de uma época. A história pode se tornar uma luz que aparentemente esclarece até por demais, chegando a obscurecer.

Tudo isso no entanto não é falha do método de pesquisa historiográfica. Deve-se ao abismo do mistério que está na raiz de cada pensador. O essencial, o original do pensamento não nos oferece a ciência historiográfica. Isso não quer desmerecer ou dizer ser irrelevante o trabalho ou o saber histórico. Ótimo seria se pudéssemos ser hábeis em guardar dados e ao mesmo tempo pensar profundamente. A reflexão filosófica procura ir além da história. Existem certas realidades no ser que a história não capta. Existem dimensões de profundidade humana as quais não teremos acesso sem um engajamento. Buscar filosofando, sentindo-se sempre insatisfeito com o pouco oferecido pela história. Descer ao mais profundo de cada realidade é o caminho do pensar, da filosofia, do crescimento. esse é o modo, o caminho de viver a vida. A insatisfação do pensamento em querer ir além do historiográfico é que  gera o pensar filosófico.

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­3)

Cada disciplina é uma parte, cuja soma constitui o todo de um curso, abrangendo um conjunto de informações acerca dos mais variados temas. Ao falarmos partes não se afirma a separação ou isolamento de cada uma. É claro que cada qual tem seu conteúdo específico. Porém, nas disciplinas filosóficas há uma ligação de fundamentação (raiz, tronco e galhos). Buscar ver essa ligação é o grande trabalho a ser feito. Se percebermos esta ligação, perceberemos que as mais variadas disciplinas estão interligadas interiormente. Uma é causa da outra. Todo o conjunto de informações (superfície), há uma profundidade que amarra tudo. Na filosofia as informações são flexa a indicar a profundidade. Essa profundidade é a familiaridade que produziu as informações. Descer a profundidade, a raiz de um grande pensador é a possibilidade de partir do singular e perceber o fio condutor. As várias disciplinas filosóficas e seus conteúdos só formam o todo se percebermos esse fio condutor. Ao contrário, veremos conteúdos isolados e em cada aula ouviremos o professor falar em uma língua. Para perceber o fio condutor é preciso buscar o fundamento do fundamento. O superficial não dá unidade. “Vemos tantas árvores que não vemos a mata.” Olhar do helicóptero é diferente que entrar na mata. É preciso entrar e ver a linha mestra que me possibilita atravessar a floresta. É através dessa entrada que nascem as outras pequenas estradas. Do tronco surgem as ramificações . Esse tronco ou estrada principal é a metafísica.

Temos dificuldade de ver a unidade interna entre as disciplinas. Uma ligação interdisciplinar. A possibilidade dessa ligação é por a metafísica no centro. Quem se coloca na busca filosófica está fazendo metafísica. Metafísica como centro, suco da filosofia interdisciplinar.

4)

O sinônimo de filosofia no mais profundo e originário grego chama-se metafísica. Esse movimento que vem dos gregos até os nossos dias, esse vigor originário que é base e motor de todo o Ocidente, chamamos filosofia, metafísica. Metafísica é Meta ta fisika = depois de, para além das coisas físicas. Esse além é um tipo de saber que em todas as épocas, como também  hoje, mexe com os estudiosos. É uma atração sempre a atrair. Sabemos que buscar esse saber é difícil, mas é uma dificuldade que nos prende. Por não conseguirmos prendê-la é que somos sempre atraídos e prendidos. As definições dos maiores pensadores não conseguem prendê-la. Ela fala do além, das coisas supra-sensíveis, inteligíveis. O que significa além de, depois??? É uma ciência não mensurável e nem empiricamente provável. Esse mensurável que temos como verdade, pode ser geométrico aparente, enquanto a verdadeira realidade está no supra-sensível. Este não se trata de religião ou crença.

Metafísica nos lembra o que transcende, lembra o ideal posto adiante. Esse posto adiante aparece no cotidiano do homem. Cotidiano que está carregado por essa realidade profunda chamada metafísica. O que é isto o homem que sempre busca, que é insaciável, continuamente criando e transcendendo-se? Queremos sempre mais o fundamento do fundamento. O que é essa tentação de projetar sempre para frente, de querer sempre superar-se a si mesmo? A metafísica é a disciplina que está sempre analisando esse além no homem, essa atração. O ser nos entes. Esse ser que é tudo aquilo que nos entes os atrai para  um abismo que é mais profundo que a aparência de todas as coisas. Tudo o que nos rodeia é físico e possível de reduzi-lo ao geométrico, de captar pelos sentidos. Mas essa realidade oculta no físico e buscada pela metafísica não pode ser captada pelos sentidos, mas parece ser uma realidade mais profunda e fontal. Esse reino que está além é a força que nos move. A busca desse anterior chamamos de homem. A busca desse vigor anterior que tudo une.

Temos então a Metafísica Geral e Metafísica  Especial:

– Metafísica Geral – Trata do ente enquanto ente —> Ser do ente—-> Ontologia.

– Metafísica Especial – Deus, Homem e Universo —-> coisas suprasensíveis—-> Ente em três totalidades diferentes—-> Ontologias regionais. Todos os entes podem ser colocados ou subsumidos dentro dos entes Deus, Homem e Universo. Esses três entes indicam uma totalidade. A ciência chamada metafísica procura ver o que está no fundo desses entes da natureza. Busca o que é mais extenso, profundo e originário. Busca o vigor que une estas três grandes áreas, o SER. Essas áreas não podemos compreedê-las no sentido usual. É preciso abstrair. São três áreas de experiência humana. São três dimensões que estão além do ente, cujo ser, a unidade que traz a fala uma imensidão, a metafísica tem por tarefa buscar.  Busca o ente enquanto ente, Esta busca é o ser que se chama filosofia.

A pergunta fundamental da metafísica é: O que é isto? (ti to on?)  O que é isso que nos move, fascina e nos impulsiona a projetarmos? O que é isso que move a humanidade quotidianamente e faz com que o homem jamais estacione? Querer sempre mais a verdade é uma inquietação que está dentro de nós? A isso o grego chama de lógos. O Ocidente chama de homem racional, isto é, disposto a buscar as últimas causas. Isso é vigor, razão. Isto é metafísica. Esse ímpeto se apresenta em cada época de forma nítida e que por sua vez caracteriza a época.

Faz-se necessário que fique claro que ao falar em além, depois, trans, não se trata de uma “coisa sensível”. Não podemos medir e tocar, mas sabemos que há um reino não captável pelos sentidos. Vivemos numa época que procura negar esse reino. O filósofo dever ser a negação dessa negação. Pois nesse reino está pendurada toda nossa existência. O esquecimento dessa pesquisa do ente enquanto ente, causou o “nascimento” das ciências positivas.

A busca desse sentido último exige esforço e empenho. Esse sentido não vem espontâneo. Pois tudo o que é profundo, vasto, não vem sem um tremendo trabalho. Nós modernos estamos nos esquecendo de fazer esse trabalho. Nietzsche recordou ao homem que deve criar-se a si mesmo, levantar-se a si mesmo. Levantar-se a partir da busca desse sentido último e radical. O ontológico é raiz. Dessa raiz surge o tronco e as ramificações. As folhas, os galhos, são todos momentos em que a vitalidade sugada pelas raízes toma corpo. Para captar essa vitalidade é preciso desenvolver um olho não sensível.

5 a)

Um não entendimento do que vem a ser fragmento pode gerar uma resposta afirmativa. Com freqüência se pressupõe que os fragmentos sejam fragmentos de pensamentos, como no caso de um papiro deteriorado ou um papal rasgado cujo pensamento fora interrompido. Na verdade não se trata disso e nem de fragmentos casuais e nem de partes cujo resto foi perdido, mas de fragmentos intencionais em forma de citações.

Diz-se que a qualidade de um livro deve-se medir não pela quantidade de páginas, mas pelo tempo gasto para lê-lo. Existem livros que seriam mais curtos se não fossem tão “curtos”. Os fragmentos não são quantidade mas qualidade. São o condensado de todo um pensamento. É uma riqueza escondida, compacta, difícil de ser captada. O difícil é desafio, possibilidade. O fácil não existe na filosofia. Debruçar-se sobre um fragmento é trabalho árduo. Pois não são frases jogadas ao vento, mas concentração de um pensamento. Chamar Heráclito de obscuro não é uma tentativa de camuflar nossa falta de coragem em buscar o núcleo de seu pensamento? Verificar cada dobra de um fragmento é talvez a possibilidade de compreender Heráclito. O prefixo pré, faz com que as vezes os qualifiquemos com primitivos e ridicularizemos alguns fragmentos. Sempre os ridicularizaremos se nunca nos dermos o trabalho de compreendê-los. O que é grande e profundo é caminho longo.

Concluo afirmando a possibilidade de compreender todo o pensamento de Heráclito por meio de seus fragmentos. Aos fragmentos não falta nada, falta a nós a coragem de compreendê-los. Ninguém discorda das dificuldades por nós encontradas. Mas isso é normal. Anormal é o homem não saber que pode transcender não só as dificuldades, mas a si mesmo.

5b)

Diálogo filosófico difere-se daquilo que usualmente chamamos de diálogo. Diálogo filosófico é dialegestai —> legein.

dia–> forma de discussão, através de, “atravessar-se”.

legestai–> forma de diálogo, falar, dizer, ajuntar (colheita).

Dialegestai é uma ação de deixar-se atravessar por inteiro (abertura). Um desvelamento das minhas mais profundas convicções. Diálogo filosófico é confronto de convicções. É arena onde ninguém entra em desvantagem. Nesse choque não vence o mais forte e não há submissão do fraco. Quem é o mais forte ou mais fraco?

O diálogo que leva a um acordo não está muito interessado em caminhar para profundidade. Pois acordo é junção de partes e por fim um consenso. Esse estilo de diálogo é também importante, porém não é diálogo filosófico. Este, o filosófico, se traduz como um crescer com o choque das diferenças. Choque limpo, nítido entre duas ou mais convicções. É um movimento de ida e volta, examinando meus argumentos. Em fazendo isso, cada qual passa a conhecer-se melhor. O conhecimento de mim mesmo, possibilita-me a chance de crescer. Quando a empáfia do saber entra em crise, dá-se o momento de de-cisão. Inicia-se o caminhar para a profundidade e assim o florescer de fortes convicções.

No diálogo platônico aparece claramente o que é diálogo filosófico. A princípio e como condição indispensável, cada qual tem uma posição. O primeiro desejo e objetivo é vencer. É argumentar e enquadrar o outro dentro da minha maneira de pensar. Então assim temos:

1º – Um vence

2º – O outro vence

3º – O terceiro coloca em dúvida o primeiro e o segundo.

4º – O 1º e o 2º ficam iguais num não saber. O 3º ao colocar o 1º e o 2º em dúvida é atingido também pela dúvida, isto é, no momento não tem uma resposta convincente e segura. Essa é a primeira e grande etapa que culmina na dúvida e no não-saber, que não é carência de saber.

Creio ser possível comparar isso com o que Sócrates chama de ironia e maiêutica. Na primeira etapa, ironia, Sócrates leva seus interlocutores a repensarem seus argumentos. Conduze-os até a dúvida. Assim temos a primeira parte do diálogo como uma preparação para a Filosofia. Uma discussão que nos conduz à dúvida. Um aquecimento inicial. Estamos prontos para a filosofia quando começamos a desconfiar que não sabemos. Enquanto pensamos que sabemos, mas na verdade não sabemos, não nos interessamos pela verdade, pelo pensar.

Poderíamos chamar a primeira parte do diálogo de “parte destrutiva,” isto é, dúvida. E a segunda parte de construtiva, o que Sócrates chama de maiêutica. Agora o caminhar de ambos é direcionado para a profundidade, a fim de construir o conhecimento. A crise de segurança nos tira de nossa parca subjetividade e começamos teoricamente atingir as raízes das compreensões. Na filosofia há várias compreensões. Assumo uma, mas me abro para as demais. A dúvida, o desconfiar do meu saber é que gera essa abertura, essa sede de profundidade. Faz com que eu não afirme mais dogmaticamente minha posição ou venha negar a do outro. O não-saber é estar com o coração e a mente disponível e aberta para escutar acerca daquilo que é novo.

A toda essa busca Sócrates chama de agapaw= amor. E no seu discurso no banquete deixa claro que o amor é a filosofia. Filosofia que não dogmatiza, mas termina o diálogo em aberto. Esse em aberto que nos atrai e dá abertura para buscar e esperar o desvelamento do inesperado.

5c)

O disputatio brotou do diálogo como fruto da discussão. Tem como primeira exigência que cada qual firme e deixe nítida sua posição .Estabelece-se a tese, tema ou assunto a ser discutido. A essa tese chamamos Utrum ou An = SE. Por ex: Se deve o frade estudar ou não. Determinado o estado da questão a ser discutida, como também seu objetivo, cada qual assume sua posição de defesa da tese, sim ou não. Para que esta seja melhor defendida e argumentada em bases sólidas, ambos fazem uso de inúmeros e fortes argumentos. É feito então um levantamento, uma espécie de “perguntas”(pergunto) às grandes autoridades no assunto, prós e contras a minha posição. Ver o que já foi discutido no decorrer da história, porque e por quem foi discutido. Quais as decisões tomadas, vantagens e desvantagens. Não são argumentos jogados ao vento, mas o dizer e pensar de autoridades que tem certo gabarito de profundidade. Pessoas renomadas e respeitadas no tocante ao assunto discutido.

Tendo recorrido a ajuda das autoridades e exposto o pensar das mesmas, faço agora a exposição de meus próprios argumentos e convicções. Uma espécie de resposta própria, um parecer convicto sobre a minha posição. Compete a esses argumentos defenderem a minha posição e dar satisfação àqueles que disseram não, caso minha posição tenha sido sim. Convencer as autoridades que se opuseram a minha posição. Ainda como tarefa, cabe aos meus argumentos  melhorar os argumentos dos que disseram sim. Daí a importância de fortes e embasados argumentos.

Do conjunto de Utrums é que se forma a summa, os comentários, tratados etc…

Frei Eduardo Mateus Valandro

I Prova da História da Filosofia Medieval, Semestre I, 1997

    1. No estudo da História da Filosofia Medieval a Ciência positiva chamada Historiografia trata a Filosofia e a Idade Média como fatos culturais. Quando, porém, na Filosofia estudamos a História da Filosofia Medieval não fazemos como o faz a Historiografia da Filosofia da Idade Média, mas abordamos a Filosofia Medieval filosoficamente.
    2. a) Dizer em que consiste esse modo diferente, filosófico de ver e considerar a História.
    3. b) Dar um exemplo do modo como a Historiografia aborda o pensamento medieval e o modo como a Filosofia aborda o pensamento medieval.
    4. c) Dar 3 argumentos, porque você estuda o pensamento medieval que é do passado e hoje não tem mais sentido, tomá-lo a sério, pois ele não é atual.
    5. d) Por que Idade Média se chama Idade Média? Que implicância tem a afirmação banal: “Para a Idade Média não há Idade Média?”.
    6. Quantos diferentes conceitos de História você conhece?
    7. a) Definir e explicar cada um deles.
    8. b) O que significa a diferença da compreensão do tempo como tempo kairótico e tempo cronológico? Que diferença traz esses diferentes compreensões do tempo, para a compreensão da História?
    9. c) Que diferença há entre o Histórico (Histoire) e o historial (Geschichte)?
    10. d) O que significam as afirmações: O nascimento de Cristo é um evento historial; e o nascimento de Cristo é um acontecimento histórico?
    11. Acerca das Universidades e da Escolástica:
    12. a) Qual a ligação existente entre as escolas monásticas e o surgimento das Universidades da Idade Média, no Ocidente?
    13. b) O que indica a palavra Escolástica? Que fenômeno cultural medieval indicava? De que palavra grega vem? O que significa essa palavra grega? Dar os nomes de 3 autores famosos da Escolástica (cfr. o Manual).
    14. c) Que fenômeno cultural indica a palavra Neo-escolástica? Que diferença há entre a Escolástica e neo-escolástica? Dar os nomes de 3 conhecidos autores da neo-escolástica.
    15. d) O que é septivium? O que é trivium? O que é quadrivium? O que significa a palavra facultas, faculdade? Que fenômeno cultural medieval indicava a palavra faculdades? Quais eram as faculdades que formavam a Universidade? O que significa a palavra universitas? Que fenômeno cultural medieval indicava a palavra universitas?
    16. Acerca do método de aprendizagem e ensino na Escolástica:
    17. a) O que é lectio, disputatio, quaestio? O que são disputationes ordinariae? Disputationes de quolibet?
    18. b) Quais eram as formas literárias através das quais os escolásticos expressavam os seus pensamentos? O que são os reportata? Summa?
    19. c) Quem foi Alberto Magno? Tomás de Aquino? João Duns Scotus? Guilherme de Ockham? (cfr. o Manual).
    20. d) O que indica o título Aeterni Patris? Qual o seu conteúdo?
    21. Acerca de alguns conceitos fundamentais da Escolástica:
    22. a) O que significa: “creatio ou ens creatum é o ontologicum do pensamento medieval?
    23. b) A afirmação: “No pensamento medieval a Criação não indica propriamente o fato de o universo ter tido um começo”, está certa ou errada? Se certa, por que? Se errada, por que? Se errada, o que significa então para os medievais a Criação?
    24. c) O que é ens a se? Ens in se? Ens ab alio? Ens in alio? Qual um outro nome para dizer o binômio ens in se – ens in alio?
    25. d) O que é participatio? Communicatio? Univocidade do ente? Analogia do ente? Que problemática se oculta atrás da analogia do ente? Por que o pensamento medieval sempre teve que lutar contra o Panteísmo?

NB:

Þ Favor entregar sem falta o trabalho até o dia 28 (sábado) de junho, meia-noite. Colocar o trabalho, como de costume, na caixa dependurada na porta da cela de H.H.

Þ Favor fazer o trabalho individualmente. Pode se discutir à vontade os assuntos. Mas não ajudar o confrade na redação do trabalho. Nem fazer o trabalho a modo do trabalho em grupo.

Þ Favor escrever o trabalho na máquina de escrever ou no computador. Nas formulações não são aceitas o estilo telegráfico. Ao responder as perguntas, observar a ordem das perguntas, sem pular, nem responder numa pergunta incluindo as outras. Se tirou os pensamentos de outros livros ou fontes que não são das aulas ou das apostilhas de HH, indicar donde os tirou, seguindo as regras aprendidas na metodologia.

Þ Podem ser usadas as aulas para discutir em comum os temas que aparecem nessas perguntas. Mas então formular bem as perguntas acerca dos temas a serem debatidos.

Rondinha, aos 26 de maio de 97.

I Prova da Analítica da Existência, Semestre I, 1997

    1. Na apostilha da Analítica da existência 1997 – 1, está dito no item 5: A analítica da existência, i. é, enquanto analítica é portanto fenomenologia. Sem copiar da apostilha diretamente, mas estudando a apostilha, dizer com suas próprias palavras por que a analítica da existência é fenomenologia.
    2. Na apostilha da Analítica da existência 1997 – 2, no segundo parágrafo se diz: Nesse desvelamento da physis no seu surgir como Mundo, o Homem é a clareira desse desvelamento, pois, é na medida em que o Homem é a disposição de acolher e colher, sim de ajuntar essa dinâmica, de ser ajuntado por essa dinâmica e nela se recolher, que o desdobrar-se da physis vem à luz, vem à fala como Mundo ou Universo. Sem copiar da apostilha diretamente, mas estudando esta apostilha 1997 – 2 e também 1997 – 1, dizer com suas próprias palavras por que e em que sentido o Homem é a clareira do desvelamento da physis.
    3. Na apostilha da Analítica da existência 1997 – 4 na página do verso, no parágrafo 3 se fala da contraposição do realismo e idealismo. E continua: no entanto essa contraposição não traz à fala a diferença essencial entre o realismo e idealismo.

À mão dessa apostilha, e de tudo que falamos da estrutura Sujeito-Objeto, e do que se estudou na Teoria do Conhecimento, dizer com próprias palavras em que consiste essa contraposição e porque não traz à fala a diferença essencial entre o realismo e o idealismo.

    1. e 5. Tomar a apostilha que reproduz do livro Pensamentos de Pascal, o nr. 72 – Desproporção do Homem, lê-lo e estudar o pensamento ali exposto, e a) escolher desse longo texto um trecho que mais o impressiona e comentá-lo; b) Dizer com suas próprias palavras o que tem esse trecho escolhido por você a ver com a Analítica da Existência.

 

NB:

    1. Favor entregar o trabalho até o dia 29 de junho, meia-noite, colocando-o na caixa à porta da cela de HH.
    2. Favor escrever ou na máquina ou no computador.

 

Rondinha, aos 27 de maio de 1997.

I Prova da Fenomenologia da Religião, semestre I, 1997

    1. Na apostilha Frel 12 – 97, no primeiro parágrafo, se pergunta: “Não parece, pois, que a Filosofia é supérflua para Religião? Ou até perigosa?”. Em estudando e refletindo a apostilha Frel 11, 12, 13, 14 – 1997 responder às perguntas:
    2. a) Em que sentido a Filosofia é supérflua ou até perigosa à Religião?
    3. b) Em que sentido o diálogo e o confronto é possível?
    4. c) Quando o confronto se torna necessário?
    5. Em estudando todas as apostilhas dadas no I Semestre e suas anotações das aulas, responder às seguintes perguntas:
    6. a) O que é segundo Nietzsche o nihilismo europeu?
    7. b) Quando o nihilismo europeu é incompleto?
    8. c) Quando o nihilismo europeu se torna completo ou clássico?
    9. d) O que significa propriamente na Filosofia “A morte de Deus?”.
    10. O que é secularização?
    11. O que é secularismo?

 

  1. Quais os argumentos que fundamentam a Filosofia Cristã. Filosoficamente esses argumentos o convencem? Sim? Por quê? Não? Por quê?

NB:

    1. Favor entregar o trabalho até o dia 29 (domingo) de junho, colocando-o na caixa junto à porta da cela de HH.
    2. Favor escrever à máquina ou ao computador.
    3. Favor evitar estilo telegráfico.

Rondinha, aos 27 de maio de 97.

I Prova parcial da Antropologia Filosófica, Semestre I, 1997

Terceiro Ano

    1. Em estudando a apostilha Afil 1-1997:
    2. a) Caracterizar a antropologia científica: em que consiste o seu caráter ôntico?
    3. b) Caracterizar a antropologia filosófica: em que consiste o seu caráter ontológico?
    4. c) O que quer dizer: “O que caracteriza o ser do Homem é Facticidade ou Existencialidade” ? (cf. n. 10, 11).
    5. d) Qual a diferença entre História como Histoire e História como Geschichte?
    6. Em estudando a apostilha Afil 2-1997 e suas anotações de aulas, caracterizar com suas próprias palavras o ser do Homem na antropologia substancialista grega, através da definição do Homem como zóon lógon échon, o vivente atinente ao lógos.
    7. Em estudando a Afil 3-1997 e suas anotações de aulas, responder com suas próprias palavras às seguintes propostas:
    8. a) O que quer dizer em concreto a afirmação: “O cristianismo não muda a concepção antropológica grega, mas subsume a concepção no que há de fundamental, a torna mais aguda, leva à radicalidade e assim a transforma totalmente”.
    9. b) Mencione, na medida do possível, todos os pontos nevrálgicos dessa transformação nomeados na apostilha em conceito fundamental como p. ex. conversão, humildade, finitude etc.
    10. c) Fale brevemente sobre conversão, vocação, confissão, escatologia enquanto categorias fundamentais ou característicos básicos do ser do Homem na antropologia substancialista.
    11. d) Em que consiste o personalismo cristão conforme a apostilha?
    12. Ler bem e estudar o texto do Mestre Eckhart na apostilha Afil 6-1997 e responder às seguintes perguntas:
    13. a) O que tem a ver esse texto com a essência da antropologia substancialista cristã da Idade Média (cfr. também Afil 3, 4, 5)?.
    14. b) Como aparece nesse texto a diferença entre a Antropologia substancialista grega e Antropologia substancialista cristã?
    15. Em estudando a apostilha Afil 7a, responder às seguintes propostas:
    16. a) Em que conceitos principais do Pensamento Medieval ocorre o esvaziamento da ontologia substancialista através do nominalismo medieval? Comente rapidamente cada um desses esvaziamentos operados nos conceitos fundamentais do pensamento medieval substancialista.
    17. b) Quais são as características principais que a Filosofia Moderna recebeu através desses esvaziamentos, operados nos conceitos fundamentais do pensamento medieval substancialista? (cfr. Descartes, pg. 3 da apostilha). Usando as características principais da Filosofia Moderna, traçar o tipo humano que essas características da Filosofia Moderna
    18. c) O que é na Filosofia Moderna de Nietzsche a Morte de Deus? Como é o tipo humano que surge dessa morte de Deus, chamado por Nietzsche Super-Homem (Übermensch)? O que significa com precisão o prefixo super (über)?
    19. d) Estudando bem a apostilha com o texto de Nietzsche As três transformações e o comentário de Arcângelo Buzzi, dizer onde fica nessas três transformações a Morte de Deus.

NB:

1) Favor entregar o trabalho até o dia 26 de junho, meia-noite, colocando-o como de costume na caixa dependurada à porta da cela de HH.

2) Favor fazer o trabalho individualmente, evitando o estilo do trabalho em grupo ou a dois etc..

3) Como se trata de trabalho para o qual é possível consultar apostilhas, anotações e outras fontes, tendo-se quase um mês de tempo, não são aceitas as formulações do estilo telegráfico.

4) Favor escrever o trabalho ou à máquina ou ao computador.

5) Ao responder as perguntas, observar a ordem das perguntas, sem pular nem responder p. ex. uma pergunta, incluindo-a na outra. Se tirou os pensamentos de outros livros ou fontes que não são das aulas ou das apostilhas de HH,  indicar donde os tirou, seguindo as regras de citação aprendidas na metodologia.

Rondinha, aos 28 de maio de 97.

I Prova parcial da Introdução à Filosofia

Semestre I, 1997, Primeiro Ano

Reflexão preliminar: Na Filosofia devemos pensar o que sabemos e saber o que pensamos. Pensar o que sabemos significa: ponderar, sopesar, sentir bem “na carne” o que já sabemos e aprendemos como informação. E saber (como uma das realizações do saber) é formular, expressar, quer oralmente quer por escrito, o que pensamos. Os seguintes exercícios do pensar e saber, que constituem a nossa I Prova Parcial, Semestre I, 1997, da Introdução à Filosofia, consistem pois em reestudar as apostilhas, as suas anotações das aulas, tudo quanto você leu, ouviu ou aprendeu de outras fontes que não sejam as aulas da Introdução à Filosofia; ponderá-los bem, ver de que se trata, e então, seguindo o fio condutor das perguntas feitas aqui, respondê-las, de tal modo que você tenha o intuito de  elaborar um pequeno trabalho, certamente não volumoso, mas bem feito, bem escrito. Para isso:

Þ Ler e reler bem as perguntas. Entendê-las bem naquele ponto sobre o qual está colocada a interrogação.

Þ Recordar onde nas apostilhas ou nas suas anotações você pode encontrar colocações referentes ao ponto interrogado. Estudar então bem essas apostilhas e suas anotações, e tentar ponderar bem o que você já apreendeu ou devia ter apreendido.

Þ Tendo, assim, uma vez clara a pergunta e tendo examinado o que foi dito nas aulas e nas apostilhas, você, com a cabeça e experiência que já tem, pondera a questão; pondera você mesmo, como se fosse uma questão pessoal, da qual você mesmo deve descobrir o fio condutor, para levar a questão adiante, quer na linha de uma solução, quer na linha de maior compreensão da própria questão.

Þ Em seguida, tentar dizer por escrito o que você ponderou, da melhor maneira possível. Para isso não esquecer:

– Que expressar-se no pensar não é expressão de nossa vivência pessoal, não é a partilha de nossa opinião particular, não é confissão, confidência, desabafo ou uma redação, composição literária sobre nossos sentimentos, idéias particulares.

– Que expressar-se no pensar, quer por escrito, quer oralmente, é antes um trabalho racional, acadêmico, por menor e humilde que seja, da área do saber chamado filosofia. Por isso, mesmo que você ainda não tenha muito treino em tudo isso, tente dizer o que pensa e sabe de modo bem objetivo, colocando-o numa frase completa, ligando uma frase à outra, de modo coerente e lógico.

– Que, por isso, não é válido escrever no estilo telegráfico, nem no estilo literário enfeitado, nem no estilo de relato de suas próprias vivências, mas expondo, discutindo a questão, racionalmente.

– Que é necessário sempre de novo reler o que escreveu, corrigindo-o, melhorando-o, quer gramaticalmente, quer em referência à clareza do pensamento expresso.

– Que não vale pensar do seguinte modo, facilitando a tarefa para si mesmo: quem me lê, principalmente o professor, já me entende; eu sou fraco na redação, não consigo dizer… ora, pois, que me advinhem os outros. Antes, pensar assim: Quem me lê só pode e deve me julgar pelo que consegui dizer por escrito.

Perguntas:

    1. Quais as diferenças básicas existentes entre as Introduções às ciências positivas e a Introdução à filosofia?
    2. a) Mencione as diferenças.
    3. b) E as caracterize brevemente, comentando-as uma por uma.
    4. Quanto às disciplinas filosóficas:
    5. a) – Quais são as disciplinas filosóficas existentes hoje?

– Quais as disciplinas filosóficas e não filosóficas que compõem o nosso curso?

    1. b) Quais são as disciplinas que formam o núcleo da filosofia e que aparecem na divisão dada à filosofia por Christian Wolf? Enumerá-las e comentar brevemente uma por uma, o que elas ensinam.
    2. c) Como esse núcleo aparece distribuído e disfarçado nas disciplinas filosóficas hoje existentes?
    3. d) Qual a idéia fundamental que está implícita na palavra disciplina, ao indicar a matéria de aprendizagem e ensino acadêmico.
    4. Na apostilha com o texto de M. Heidegger, intitulado “a função crítica da filosofia”, como separar e diferenciar entre ente e ser?
    5. a) O que quer dizer: a crítica nas ciências positivas significa diferenciar entre ente e ente. Como é esse diferenciar? O que é aqui a diferença? Como se relaciona a diferença em referência aos entes que são diferenciados? Ilustre o que você disse com um exemplo.
    6. b) Reproduzir literalmente, ou você mesmo formulando, tudo quanto o texto diz direta ou indiretamente sobre a crítica, realçada da ciência, chamada de filosofia, que distingue entre ente e ser.
    7. c) Comentar do texto o que você realçou no ponto b).
    8. d) Através do que fez no b) e c), por fim, dizer o que significa diferenciar entre ente e ser; e dizer, como pode, o que você entende por ente e ser.
    9. Em estudando as apostilhas e suas anotações das aulas e o que você buscou nas outras aulas ou fontes, experimente dizer, a partir de você mesmo, o que você realmente entende por busca do sentido do ser (cf. a apostilha “Reflexões preliminares para a Filosofia” e “Questão do sentido do ser”, que ainda vamos ler nas aulas).
    10. No livro “Interpretação fenomenológica da Crítica da Razão Pura”, p. 1-2; diz Martin Heidegger (fal. + 1976):

“A originariedade dos empenhos realmente autênticos e originários jamais deixa de lado a questão: volta sempre de novo ao mesmo ponto e dali haure o seu vigor.

A sua consistência não está numa regularidade progressiva de um ‘ir-adiante’ no sentido do progresso. Progresso só acontece na área da existência humana, onde reina a superficialidade sem importância, sem um ‘atingimento’ pessoal. A filosofia não se desenvolve no sentido de um progresso, mas ela é o empenho de explicitação e aclaramento de alguns poucos e mesmos problemas. Ela é a luta autônoma e livre, fundamental, da existência humana contra a escuridão que a cada momento se abate sobre ela. E todo e qualquer esclarecimento abre novos abismos. Decadência e estagnação, a instalação na filosofia acontece não quando não se vai adiante, mas quando se esquece o centro da questão. Por isso, cada renovação filosófica é um recordar, acordar para o regresso ao mesmo ponto”.

Ludwig Wittgenstein (fal. + 1951), no prefácio do seu livro Observações filosóficas, diz:

“Este livro foi escrito para aqueles que se colocam com coração amigo diante do espírito deste livro. Esse espírito é diferente daquele pertencente à grande corrente da civilização européia e americana, na qual todos estamos. Este se externa e vem a si num progresso, numa construção de estruturas cada vez mais gigantescas e complicadas. Aquele outro, no empenho pela clareza e transparência, sejam quais forem as estruturas. Este quer compreender o mundo na sua periferia – na sua multiplicidade –, aquele, no seu centro, na sua essência. Daí, este enfileira e acrescenta um sistema ao outro, sobe sempre adiante de degrau em degrau, enquanto aquele lá permanece, onde ele está e quer sempre de novo compreender o mesmo. Eu gostaria de dizer que ‘este livro foi escrito para a glória de Deus’, mas isto hoje seria uma trapaça, i. é, não seria compreendido com retidão. Diga-se, pois, que foi escrito na boa vontade e, na medida em que não foi escrito com a boa vontade, portanto, na medida em que foi escrito a partir da vaidade etc., enquanto tal, o autor do livro gostaria que o livro fosse condenado. Ele, o autor, não pode purificar o livro desses ingredientes, mais do que ele mesmo deles esteja livre”.

Usando toda a sua valentia e criatividade, escolha um desses textos, e tente dizer, o que este texto nos ensina a respeito do que seja a introdução à filosofia. Com outras palavras, conforme o que esses textos nos dizem da filosofia, como deve ser a introdução à filosofia?

NB:

    1. Favor entregar o trabalho até o dia 27 de junho, meia-noite, colocando-o como de costume na caixa dependurada à porta da cela de HH.
    2. Pode-se discutir livremente os temas dessas perguntas e trocar idéias. Mas favor depois, trabalhar individualmente na elaboração da prova, evitando o estilo do trabalho em grupo ou a dois etc.
    3. Como se trata de trabalho para o qual é possível consultar apostilhas, anotações etc., tendo-se quase um mês de tempo, não são aceitas as formulações do estilo telegráfico.
    4. Favor responder as perguntas, observando a ordem das perguntas, sem pular nem responder p. ex. uma pergunta, incluindo-a na outra. Se tirou os pensamentos de outros livros ou de outras fontes que não são aulas ou apostilhas de HH, indicar donde os tirou, seguindo as regras de citação.

Rondinha, aos 28 de maio de 97.

Prova final da Teoria de Conhecimento 1997/IIS

    1. Dar a definição clássica tradicional da Verdade (ou do conhecimento verdadeiro) em duas variantes que indicam suas implicações.
    2. O que significa intelecto (intellectus) em cada uma dessas implicações?
    3. O que significa coisa (res) em cada uma dessas implicações?
      1. Fale brevemente sobre cada uma das implicações.
    4. No livro Da essência da verdade, Heidegger fala da concordância em diversos sentidos.
    5. Quais são esses diversos sentidos principais da concordância, nomeados por Heidegger?
    6. Em que consiste a diferença entre os diversos sentidos?
    7. Comente e explique a frase:

“Todo o comportamento, porém, se caracteriza pelo fato de, estabelecido no seio do aberto, se manter referido àquilo que é manifesto enquanto tal. Somente isto que, assim, no sentido estrito da palavra, está manifesto foi experimentado precocemente pelo pensamento ocidental como ‘aquilo que está presente’ e já, desde há muito tempo, é chamado ‘ente’.

O comportamento está aberto sobre o ente. Toda relação de abertura, pela qual se instaura a abertura para algo, é um comportamento. A abertura que o homem mantém se diferencia conforme a natureza do ente e o modo do comportamento. Todo trabalho e toda realização, toda ação e toda previsão se mantêm na abertura de um âmbito aberto, no seio do qual o ente se põe propriamente e se torna suscetível de ser expresso naquilo que é e como é”.

    1. Tente dizer, em poucas palavras, o que você entendeu da afirmação do livro Da essência da verdade: “A essência da verdade é liberdade”.
    2. Diz Heidegger no livro Da essência da verdade: “A liberdade se revela como o que deixa-ser o ente”.
    3. Dê varias acepções usuais da expressão deixar ser.
    4. Em que sentido devemos entender o deixar ser como liberdade enquanto essência da verdade?

Entregar o trabalho por escrito até o dia 20 de novembro na caixa existente à porta do quarto de Hermógenes. O meu quarto é agora no segundo andar, nr. 111.

Muito obrigado.

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