Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

O equívoco da sacrificação como grandeza da vida cristã

05/03/2021

 

Ser cristão é ser como Cristo, grande, profundo, cordial, obediente, i. é, ob-audiente ao Pai, mesmo até a morte na Cruz. Se eu digo “nossa! não consigo ser assim sacrificado. É duro demais! Mas em nome de Deus consigo ou, se treinar muito, consigo”, estou numa impostação defasada, ou melhor, torta em referência ao método, i. é, ao modo de caminhar bem da vida cristã. Com o tempo, essa impostação cria em mim tanta ojeriza da minha vocação, que vai se me acumular ressentimento, raiva, angústia, nojo de certas pessoas ou coisas da instituição, e isso sem a gente perceber leva à indiferença, e, de repente, a gente pensa que não tem mais sentido ser seguidor de Cristo. A essa situação só chega quem toma a sério a vida religiosa e se esforça para ser grande, profundo, cordial e obediente como Cristo. Quem de antemão não se esforça, jamais chega a uma tal crise e encruzilhada, que na realidade não é encruzilhada, mas um esvair-se do primeiro amor, por não se ter dado conta de que é necessário, desde o início, pesquisar mais, entender mais, se esclarecer mais, não em relação aos passos que se dão, mas “ao fundamento, que é o Cristo”. A secura e a indiferença das pessoas que buscam seriamente ser grandes não são outra coisa do que ter avançado até o fundo da sua colocação não bem compreendida, e sentir-se necessitado de uma renovação não nisso ou naquilo, mas na impostação de base, na direção da busca do sentido do ser.

O nosso modo de esclarecer-nos não é ter mais clareza a respeito da vida religiosa, mas sim de ir percebendo cada vez mais defeitos, corrupções, defasagens do ideal que entrevi como num vislumbre da vida ideal religiosa, mas que não me aprofundei de modo a me tornar cada vez mais claro e não, tanto, mais “sabudo”, no que usualmente se tem por ideal. O nosso modo de nos esclarecer é saber mais a partir de nossas medidas, e não de ver, i. é, nos clarear acerca da justiça, i. é, da medida plena e originária da vida religiosa.

No livro chamado “A dinâmica do provisório”, o fundador de Taizé, Roger Schutz disse mais ou menos o seguinte pensamento: ser cristão não é ideal, é encarnação. É que ideal não me faz ver. Ele só me diz o que deve ou não deve ser de antemão. Não me esclarece o que e como posso ser alguém que quer realmente aqui e agora ser o que quero.

Na questão da diferença entre o psicológico e o espiritual, entre terapia e orientação espiritual, possamos talvez dizer que o princípio que comanda a terapia é o modo de ser do ideal; ao passo que modo de ser da orientação espiritual (o Espírito do Senhor e o seu santo modo de operar) é encarnação.

Na terapia, o ideal não é outra coisa do que a imagem materializada do projeto do interesse da interpelação produtiva do positum inicial a modo hipotético. Assim, o que aparentemente está diante de mim como ideal a ser ainda e um dia alcançado é uma objetivação fixa do positum como a primeira fixação já materializada do lance hipotético. Assim, o ideal que está diante de mim é no fundo a “fixação” já “padronizada” que está na base do lance e portanto como medida prefixada, a partir e dentro da qual o que é normal e o que não é normal se estabelece. E o que ultrapassa a abertura dessa primeira fixação é deixado de lado como não pertencente à objetividade do lance, portanto, é considerado subjetivo, muitas vezes, sob uma dogmatização que afirma que aquele é menos real.

A orientação espiritual, ao contrário, está continuamente na insuportável ambigüidade da crise da autocompreensão. Não se trata de dúvida nem de ignorância da situação; antes, é exatamente, ou melhor, precisamente o engajamento no ponto nevrálgico da questão. Não se trata de curar, melhorar, transformar a existência humana e seus ideais ou suas normalidades ou anormalidades. Trata-se de sempre de novo, continuamente, receber a encruzilhada da ambigüidade da existência na encarnação, e deixar-se com grande empenho e dedicação trabalhar pela e através do estar no centro da cruz, i. é, o vertical e o horizontal ao mesmo tempo da existência humana que não é soma dos dois, nem complementação dos dois, mas sim uma nova realidade, uma nova criatura, cunhada, sovada, malhada, temperada na forja do Espírito do Senhor e do seu santo modo de operar. Por isso para esse modo de encaminhamento é necessário antes de tudo ter a capacidade de ser a aberta como busca do sentido do ser, mas sempre de novo encarnado numa situação que aparece como contradição.

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