“Se doar em favor do próximo, e como Maria fez dizer sim ao projeto do Reino dos Céus”.
A alegria foi o sentimento mais presente nesta manhã de encontro foi a alegria. Desde o sorriso de Ir. Marilsa que acolheu a todos no início, até o último abraço de despedida no final. Como lembro Irmão Pedro: “Onde há religiosos, há alegria”. A animação de todos e os cantos da Celebração Eucarística ficou a encargo dos frades estudantes de Rondinha.
Quem brindou a manhã de formação com sábias palavras foi Frei Clodovis Boff, OSM. Frei Clodovis é da Ordem dos Servos de Maria, doutor em Teologia e atualmente é professor da PUC em Curitiba. O tema da palestra foi o mesmo do encontro: “Maria modelo de consagração”! Leia abaixo alguns trechos da fala de Frei Clodovis:
“Cristo é o consagrado por excelência, portanto todo cristão é ungido pelo Espírito Santo. Os religiosos radicalizam esta unção através dos votos, no estado de vida consagrado. Os votos, portanto, são um poder libertador, não para nossos caprichos pessoais, mas para uma entrega total e disponível a Deus”, ressaltou frei Boff.
“O estado de vida religiosa é santo, mesmo que por vezes como os apóstolos no momento da cruz, somos fracos e por vezes negamos o projeto. Convido vocês agora a juntos lermos o número 104 do documento Vita Consecrata: Diversos são aqueles que hoje se interrogam perplexos: Porquê a vida consagrada? Porquê abraçar este gênero de vida, quando existem tantas urgências, no âmbito da assistência e mesmo da evangelização, às quais se pode responder igualmente sem assumir os compromissos peculiares da vida consagrada? Porventura não é a vida consagrada uma espécie de « desperdício » de energias humanas que podiam ser utilizadas, segundo critérios de eficiência, para um bem maior da humanidade e da Igreja?
Estas perguntas são mais frequentes na nossa época, porque incentivadas por uma cultura utilitarista e tecnocrática que tende a avaliar a importância das coisas e também das pessoas sobre a base da sua « funcionalidade » imediata. Mas sempre existiram interrogações semelhantes, como o demonstra eloquentemente o episódio evangélico da unção de Betânia: « Maria, tomando uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-os com os cabelos; e a casa encheu-se com o cheiro do perfume » (Jo 12,3). A Judas que, tomando como pretexto as necessidades dos pobres, se lamentava por tão grande desperdício, Jesus respondeu: « Deixa-a fazer! » (cf. Jo 12,7).
Esta é a resposta, sempre válida, à pergunta que tantos, mesmo em boa fé, colocam acerca da actualidade da vida consagrada: não se poderia empregar a própria existência, de um modo mais eficiente e racional, para a melhoria da sociedade? Eis a resposta de Jesus: « Deixa-a fazer »!
A quem foi concedido o dom de seguir mais de perto o Senhor Jesus, é óbvio que Ele possa e deva ser amado com coração indiviso, que se Lhe possa dedicar a vida toda e não apenas alguns gestos, alguns momentos ou algumas actividades. O perfume de alto preço, derramado como puro ato de amor e, por conseguinte, fora de qualquer consideração « utilitarista », é sinal de uma superabundância de gratuidade, como a que transparece numa vida gasta a amar e a servir o Senhor, a dedicar-se à sua Pessoa e ao seu Corpo Místico. Mas é desta vida « derramada » sem reservas que se difunde um perfume que enche toda a casa. A casa de Deus, a Igreja, é adornada e enriquecida hoje, não menos que outrora, pela presença da vida consagrada.
Aquilo que pode parecer aos olhos dos homens um desperdício, para a pessoa fascinada no segredo do coração pela beleza e bondade do Senhor é uma óbvia resposta de amor, é gratidão e regozijo por ter sida admitida de modo absolutamente especial ao conhecimento do Filho e na partilha da sua missão divina no mundo.
« Se um filho de Deus conhecesse e saboreasse o amor divino, Deus incriado, Deus encarnado, Deus apaixonado, que é o sumo bem, dar-Lhe-ia tudo, livrar-se-ia não só das outras criaturas, mas até de si próprio, e, com tudo o que é, amaria este Deus de amor até se transformar todo no Deus-Homem, sumamente Amado »”, explanou assim frei Clodovis.
“Se não existisse a Vida Religiosa, não haveria perfume na Igreja e no Mundo. O gérmen desta vida consagrada em nós, veio por Maria, e através de nossa consagração somos a continuação de Maria e sua consagração”, concluiu assim frei Clodovis.
Logo após a palestra, aconteceu a partilha dos alimentos em uma confraternização, muito familiar e fraterna, os religiosos e religiosas presentes conversaram, brincaram e celebraram a vida. A manhã terminou com a celebração Eucarísitica que é a centralidade de toda a Vida Religiosa. E com a certeza de que Maria sempre intercede pela vocação de todos os religiosos voltaram para as suas casas, para continuar o projeto do Reino dos Céus.