Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Missão e Evangelização

05/03/2021

 

  1. Costumamos colocar essa questão da Missão e Evangelização, empostando-a na perspectiva do nosso ser franciscano. Nessa perspectiva é uso formular então a questão mais ou menos nesse teor: Qual é a Missão do franciscano ou da franciscana na Evangelizão?

Colocar as nossas perguntas dentro de uma perspectiva é necessário, principalmente em se tratando de uma ação efetiva, que responde a uma convocação. Por isso, esse modo de colocar a questão, na realidade, é expressão de um interesse muito grande e amor para com a efetividade real de nossas ações, para que elas não fiquem simplesmente num desejo romântico ou numa veleidade, mas que seja um sim bem engajado, ao serviço da convocação.

Não sei porque, nós religiosos, hoje, quando falamos de Missão e Evangelização ou de temas similares, já na formulação do tema, acentuamos muito a importância do élan do engajamento, da disposição pessoal e coletiva de dizer sim à convocação.  Será que toda essa insistência não é porque, embora tudo que dizemos e planejamos com a boca e com a escrita, pareça demostrar uma grande intensidade da consciência de um engajamento pessoal e comunitário, na realidade, há muito pouco engajamento real e efetivamente feito nesse tipo de disponibilidade que chamamos de Missão? Que, embora haja muito engajamento, esforço, doação e sacrifício, tudo isso no fundo é movído por uma motivação que poderíamos chamar de gosto próprio, necessidade da afirmação de mim mesmo, do meu interesse, das idéias que tenho, enfim, motivos que estão centrados ao redor do meu próprio eu subjetivo? E que, portanto, essa insistência no engajamento por uma causa, no fundo, esconde uma situação que deveria ser examinada bem, exatamente, para que o nosso engajamento seja realmente um engajamento pela causa da missão e incumbência, que vem de uma convocação transcendente, e não simplesmente um eflúvio da nossa própria autoafirmação, seja individual, seja grupal.

Se tudo que acabamos de dizer, de alguma forma, tem um fundamento real, então não é nada inútil, refletir acerca da Missão e Evangelização, antes de responder ou tentar responder à pergunta já empostada em função do engajamento “qual é a Missão do franciscano ou da franciscana na Evangelização”.

  1. Na linguagem usual, a palavra missão significa uma tarefa. Mas não qualquer tarefa. Por ex. a uma tarefa de geometria que um colegial recebe da professora para fazer em casa, agente não chama de Missão geométrica. A tarefa que a mãe de família tem de buscar todos os dias os seus filhos na porta da escola, agente não a chama de Missão maternal ou caseira. Mas a função de um ministro ou alto funcionário de um governo, de representar o seu país num outro pais, se chama Missão diplomática. O conjunto de ações, todas elas referidas ao engajamento que os membros da Igreja Católica realiza na propagação da sua fé nos países não-cristãos se chama Missões e os seus agentes Missionários. Na linguagem usual, portanto, Missão significa uma tarefa que uma pessoa ou que um grupo de pessoas recebe como incumbência, que não vem da pessoa, mas que vem de uma instância superior que tem autoridade sobre essa pessoa e à qual ela está subordinada e deve dar contas da sua gestão.
  2. É nesse sentido que entendemos a palavra Missão, quando falamos de Missão e Evangelização? Nós religiosos, quando escutamos ou pronunciamos a palavra Missão, sentimos certamente alguma coisa tocando dentro de nós. Sentimos algo fora do comum, algo que nos tira da monotonia da indiferença, algo que me acorda e convoca. Seria iteressante, cada qual fazer um levantamento, do que sente quando ouve falar a palavra Missão e tentar dizer para si mesmo, afinal o que entende por Missão.

Mas qual é a finalidade desse levantamento? Para sentir o que sentimos e entendemos, quando dizemos Missão. Mas que utilidade tem uma tal sondagem, se o que vamos encontrar é algo pessoal, individual, subjetivo? Mas é isso mesmo que queremos examinar, examinar alguma coisa que está bem perto de nós, algo pessoal, subjetivo, pois, sim, mas algo que eu mesmo experimentei e que não fui buscar fora de mim, na opinião pública, no que todo mundo diz, no que a sociedade diz.

  1. A Evangelização, a ação de anunciar o Evangelho (eu-anggelízomai) haure a sua Dinâmica, o seu deslanche da APOSTOLICIDADE (apostéllo). A E­van­gelização vem do ENVIO, que vem do Pai de Jesus Cristo, através Dele, Nele, com Ele. Isto significa que anterior a todos os nossos interesses, gostos, modos de ser, pensar e fazer, anterior a todos os nossos métodos, projetos, a todas as nossas técnicas e experiên­cias, há um Envio, uma Incumbência não de uma idéia, não de uma sociedade ou instituição, não de uma época, não de uma raça, não de uma classe social ou de um partido, mas do Deus de Jesus Cristo, a quem seguimos no total empenho, i. é, estudo (studium) do Seguimento discipu­lar. E a partir e dentro desse envio, dessa imcumbência que fazemos a Pastoral, auscultamos as necessidades, os gritos dos nossos irmãos, tentamos captar os sinais dos tempos. Com outras palavras, a Evan­gelização e a sua Dinâmica, é anterior e mais vasta, mais profunda e mais originária do que a Pastoral. A Evangelização e a sua Dinâmica atingem dizem respeito a, incumbem tanto o empenho e o engajamento no Estudo, como o empenho e o engajamento na Pas­to­ral. E quando um tal envio, i. é, uma tal incumbência como a proveniente do Deus de Jesus Cristo nos atinge, tanto, no empenho do estudo como no em­penho da pastoral, o modo de ser do empenho não é mais do estar em função de mas sim do estar a serviço de. É que, o modo de ser do estudo, em função de é do funcionário. O estudo funcionário apenas estuda para funcionar. Como tal só vê o objetivo que está diante de si, em função  do qual está se doutrinando, se adestrando. Não pensa, nem consegue ponderar, sopesar o todo, a partir de onde este ou aquele objetivo recebe o seu sentido e vigor. Não sabe auscultar as suas próprias pressuposições, as examinar, não sabe questioná-  las, inclinando-se todo ouvido a significações mais profundas, provenientes de dimensões mais originárias. Ao passo que o modo de ser do estudo ao serviço de, está continua­mente a se dispor,  em se limpando de ideologias, dogmatismos, pressuposições não analisadas, numa busca atenta, cuidadosa e diferenciada, mas de grande generosidade, intrepidez e ousadia, para captar “examinata e castamente” a Verdade, a Lógica, do envio e do seu modo de atuar, a que um tal estudo se doa inteira e continuamente.
  2. A palavra servir, a serviço de, pode ter duas significações. A de disponi­bilidade humilde, generosa, cheia de cordialidade e simpatia para se submeter livremente à medida e à lógica de um envio maior do que e ante­rior e transcen­dente a todas as nossas medidas; e a de ser usável, de ser útil, ser capaz de, estar à altura de.

Essas duas significações juntas indicam o modo de ser do nosso inte­leto ao qual a nossa formação intelectual, i. é, o estudo nos deve conduzir, para poder estar ao serviço da Evangelização. Para que todo o ser do nosso inteleto possa realmente “Desiderare habere Spiritum Domini et sanctam eius opera­tionem” (RegB 10, 8).

  1. O cuidado de não identificar simplesmente a Evangelização e Pasto­ral, o estudo ao serviço de e o estudo em função de é para não atrelar os nossos programas da formação intelectual a objetivos funcionários de inte­resses peque­nos e passageiros, mas sim deixar o espaço livre e aberto para a vastidão, a profundidade, e originariedade da formação do nosso intelecto, para que ele realmente sirva para tão grande e inaudito envio: a Evangeliza­ção. O ESTUDO è EMPENHO DA EVANGELIZAÇAO.
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