Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Introdução à metafísica – XII

19/04/2021

 

Dia 17 de junho

O que se deve compreender por substância, entendida como a categoria fundamental ou palavra-chave da metafísica substancialista, portanto, da metafísica ou filosofia antiga, seja ela grega ou medieval:

1.Substância, substancial na significação usada por nós no cotidiano, sem tomar muita consciência do que dizemos, é algo que é denso, compacto, algo que é principal. Exemplo: O gestor diz aos que se reuniram para discutir um novo plano, “Favor, concentrar-se no que é a substância da coisa, deixando de lado aspectos acidentais e secundários do assunto”; No restaurante: “Garçom, essa sopa não tem substância nenhuma! Parece apenas água quente salgada!”

2. Nessa significação usual de hoje, ainda soa, ainda está presente como eco longínquo o sentido do ser denominado pela metafísica antiga (grega e/ou medieval) de substância.Mas isso só o percebemos se estivermos atentos ao nuance da significação. Assim, a significação de substância inclina mais para um abstrato pontual quê algo, quê material, p. ex.: substância química.

3. Na vigência, no vigor do sentido do ser denominado pelos medievais de substância, a significação do termo substância usado pelos medievais dizia: o quê assentado em si, o ser pleno, tornar-se e ser plenitude, o quê próprio do ser em si, do ser pleno. Dito no jargão filosófico: ser ente no seu ser, o ser do ente, o ente no seu ser, o ser do ente, atuando na sua potência, na vigência do seu poder. Exemplos: macieira em flor; o esplendor contido da floresta de oliveiras na Palestina; o brilho da vitalidade da Mata Atlântica em mil e mil nuances matizadas de manifestação do seu aspecto (eidos, idéia, species, face); animal solto e livre no seu habitat; a fonte, o nascente, o seu esgueirar-se pelo cerrado, o avolumar-se num rio caudaloso; o erguer-se de uma construção que se torna moradia; bebê recém nascido; menino e menina na sua vivacidade (chineses dizem a menina é como peixe); a graça e o encanto da menina de Ipanema (Vinícius de Moraes), o rosto enrugado de uma mulher camponesa no trabalho; o lutador; o guerreiro; a espada, cortante no brilho de seu aço azul; o pensador; o sacerdote, o estadista, a mãe, Mãe de Deus, Filho de Deus, uma obra, homem ou mulher de caráter, confiável, o sábio, o santo etc.; a obra per-feita, o que é bom, agathón, perfeição, cháris, tendo no fundo a imensidão, a profundidade e criatividade, finitude do ser em si: ens in se. Substância é o que surge, cresce, se consuma na imensidão, profundidade abissal da possibilidade de ser, na plena soltura, liberdade cheia de graça, encanto e esplendor da pura positividade da dinâmica de ser. O todo, o fundo, a dimensão que tudo impregna, cada ente, cada coisa nesse vigor e nessa beleza, no toque desse assentamento na terra mãe da gratuidade e liberalidade, prodigalidade de ser se chama substância, e tudo quanto está matizado desse esplendor é substância, como isso e aquilo integrado na substancialidade do ser. Essa densidade de ser não exclui o mal, a escuridão, a negatividade, mas os inclui como elemento de peso, profundidade e plasticidade do ser. Não é a beleza pura da estética e histeria amesquinhada do ser. Cf. figuras de van Gogh e as beldades e celebridades da revista Caras.

4. Substância, nessa acepção do sentido do ser, acolhido e cultivado pela metafísica antiga (grega e/ou medieval) é fonte, origem, donde se abre a potência, a possibilidade de ser, o poder ser, a luz e força da existência grega e/ou existência medieval; com outras palavras, a dinâmica que cria, constrói, lança o mundo grego, o mundo medieval como cultura, civilização, nação: artes, arquitetura, letras, “filosofias”, leis e normas, cidades, religião, templos, estudos, saber etc.

5. Por isso, sentido do ser não é significação da palavra ser ou conceito, mas sim a dinâmica ontológica do surgimento, crescimento e consumação da época, da história na sucessão e na propriedade, cada vez suas, da positividade de ser.

6. No mundo onde substância é sentido do ser de todas as coisas, o modo de ser e pesar de tudo quanto ocorre nesse mundo pressupõe e tem como pré-jacência, como fundamento, como o a priori o modo de ser-substância, na acepção acima mencionada. Por isso physis, nos gregos, e Deus (criador), nos medievais, não são objetos, entes intramundanos, mas o a priori, a aberta da possibilidade de ser e pensar do todo: é a condição da possibilidade do mundo na imensidão, profundidade e criatividade do ser. Assim pedra era pedra como substância, sendo pedra ela mesma em si, planta, planta, animal, animal, homem, homem, espíritos, espíritos, a própria physis, physis, o próprio Deus, Deus em sendo substância, na identidade e diferença da sua própria plenitude, na graça, liberdade de ser em si a partir de si mesmo. Só que no caso de physis e de Deus, a sua identidade era de ser ela/ele mesmo a partir de si (a se) e em si (in se) como o abismo da possibilidade de ser e como o toque do ser, em sendo assim todos os entes no seu ser, e ao mesmo tempo ente no ser cuja diferença com outros entes era de ser a plenitude de ser, o ser ipsum essse, origem e possibilidade de ser em tudo. Deste modo physis e/ou Deus era a toda a paisagem e ao mesmo tempo um ente “intramundano”. No caso de physis é uma vez como abrangendo e impregnando tudo e outra vez como uma grande região chamada também physis (natureza nos medievais) contraposta à região homem.

7. O homem e as criaturas não são também objetos, contrapostos ao homem, mas são concreções do todo, como detalhes destacados da paisagem, cada qual como substância, como o que e como quem.

8. Descrever a forma defasada do ser do homem.

Download WordPress Themes Free
Premium WordPress Themes Download
Download Premium WordPress Themes Free
Premium WordPress Themes Download
free download udemy paid course
download coolpad firmware
Download WordPress Themes Free
free online course